Rede de Solidariedade (3)

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Por Luiz Otávio.

Saímos ontem, 05/04 (Domingo), para a nossa segunda ação de distribuição de alimentos para pessoas em situação de rua no Largo do Machado, Rio de Janeiro (RJ).

Nosso grupo ainda nem tem um nome. Talvez isso nem importe.

Ou talvez importe, para facilitar o mapeamento das ações neste sentido no que diz respeito a local, dia da semana e horário das diversas ações em favor deste segmento da população, bem como facilitar a comunicação entre as diversas mobilizações que estão acontecendo na cidade …

Enfim, saberemos em breve.

Dizia eu, nosso grupo demonstrou um aprendizado muito rápido e A AÇÃO FOI BREVE, e minimizar o tempo de exposição decorrente da proximidade de cada um dos envolvidos, tanto doadores quanto receptores, é de extrema importância.

A AÇÃO FOI ORDEIRA, pois conseguimos dispor os assistidos em fila, de forma que cada um mantivesse a distância interpessoal mínima preconizada pelas autoridades sanitárias visando a biossegurança.

(Queria aproveitar para dividir com vocês um pequeno truque retórico do qual nos valemos para fazer com que todos respeitassem fila e distanciamento interpessoal, o que por vezes é difícil de conseguir.

Se nas camadas mais instruídas, incluindo aí até mesmo alguns profissionais da área da saúde, a resistência ao confinamento é significativa, esta dificuldade não pode, de forma alguma nos surpreender.

Então, para que todos respeitassem a fila e mantivessem a distância, dissemos a eles que se eles não se organizassem e se amontoassem, poderia acontecer de atrair a atenção da polícia e dispersar a distribuição do alimento, o que não era interesse de nenhum de nós.

Funcionou de imediato e é justo registrar que havia ali, naquele momento, a presença de uma dupla de policiais militares que não só não interferiu, como também ainda nos aplaudiu e agradeceu pela iniciativa.

Por fim, A AÇÃO FOI BEM RECEBIDA, o que é, sem dúvida o maior estímulo de reforço que necessitamos para prosseguir na iniciativa.

E eis que no dia seguinte, eu recebo do Duplo Expresso um vídeo de uma ação deste tipo em algum lugar em Duque de Caxias.

O contraste foi gritante. Perto desta, a nossa parecia que estava ocorrendo no Japão.

A distribuição sendo feita em vielas estreitas, pessoas muito próximas umas das outras, tocando-se com frequência, enfim, um convite, que, se não nos surpreende, torna concreta a necessidade de pensar mais profundamente e de lutar com mais intensidade contra essa desigualdade estrutural existente no Brasil, pois este contraste nada mais é do que a sua expressão.

O Covid-19 é também um momento para discutirmos o papel do Estado no Brasil.

É um momento de crise, de onde devemos retirar os critérios segundo os quais vamos avaliar esta questão.

Crise e critério são duas palavras de origem grega, vindas do antigo verbo kríno, que significa JULGAR.

É o que precisamos fazer TAMBÉM, porque o que não podemos fazer é interromper a distribuição de recursos a quem precisa por conta das condições locais, o que sempre acaba culpabilizando as vítimas.

Toda força aos companheiros de Caxias e a outros que lutam em condições ainda piores.