KM 32: na profundidade da Periferia

Por Josiane Martins.

Eu já fazia um trabalho social aqui na Comunidade. Aqui somos muito carentes, tudo é muito difícil. As pessoas não tem acesso, ficam vulneráveis. Não tem visibilidade.

Diante desta crise da pandemia eu estou me desdobrando. Em busca de alimentos, de água, de remédios, de atenção. Abraço também cura!

Estamos articulando redes de proteção.

O meu trabalho aqui é um trabalho de formiguinha. Se Deus me deu esta missão, essa coragem de fazer, estou fazendo.

Aqui eu faço de tudo um pouco. Organizo curso de “Família Solidária“, para ajudar jovens e adolescentes em situação de risco.

Vamos às crianças que ninguém vai. Damos assistência para tirar documentos, porque aqui tem muitas pessoas analfabetas.

O meu esposo é o meu maior amigo, companheiro de luta, sempre está dando a maior força.

Em 22/05/2018 eu perdi um filho aqui no meu Bairro, no KM 32. A partir de então comecei a participar da “Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado da Baixada Fluminense“.

Como líder comunitária eu sou muito conhecida, por isto me entregaram o corpo do meu filho. Mas tem mães que não tem o corpo do filho para enterrar.

Todo anos as mães fazem uma caminhada para marcar a chacina de 29 pessoas em 31/03/2005.

Depois do assassinato do meu filho eu me tornei uma militante. Estou sempre participando de movimento social. Eu já fazia antes, mas depois desta violência entrei de cara mesmo, sem medo de nada.

Faço um apelo para que se olhe mais para a Baixada, especialmente para o KM 32, onde a gente perde muitos jovens.

Até o momento tem muito gente gripada e com febre aqui. Mas ainda nenhum caso confirmado.

Aqui não temos esgoto decente, uma água potável para beber. Somos jogados de tudo., Aquilo é lugar esquecido. Aonde ninguém quer ir.

Oi. Deixa eu te falar. Eu acabei de saber aqui no meu grupo que uma das mães, eu até cadastrei ela esta semana, faleceu com a COVID-19.

Acabei de receber foto e informação agora.

É bem aqui na segunda rua após a minha.

Ai, Jesus do Céu. Agora eu estou apavorada.

 

Josiane Martins, liderança comunitária do KM 32, Nova Iguaçu (RJ).

 

 

 

Caminhada das Mães

 

Ato em protesto pelo assassinato da garota Ághata Félix, atingida nas costas por um tiro de fuzil dentro de uma Kombi no Complexo do Alemão, em 2019.

Outras publicações:

Frente CDD: Cidade de Deus (RJ)

Pandemia e periferia

Diários da Pandemia: Complexo da Maré (RJ)

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