ONU: tiro de Bolsonaro sai pela culatra. Lulistas agradecem: “Golpe é Golpe”!

Por Romulus Maya[1], para o Duplo Expresso
Publicado 19/ago/2018 – 15:21
Atualizado 19/ago/2018 – 20:29

  • Segundo visão míope e paternalista, a verdade, quando adversa, “desmobilizaria” as bases Lulistas. Por exemplo, “não iriam a Porto Alegre se acreditassem que haveria um 3×0”. Naquela oportunidade, mais uma vez preferiam adotar a tática “mobilizadora” (sic) – i.e., segundo eles – do Flautista de Hamelin. Aquele que mesmeriza ratinhos tocando melodias hipnóticas (“o sonho vai se realizar, basta querer de verdade!”), até que, em transe, possam ser facilmente afogados – todos de uma vez – no rio que circunda a cidade alemã.
  • Como daquela vez, na sexta-feira fomos nós os “estraga-prazeres” que avisamos, antes mesmo do Itamaraty, que a decisão da ONU seria descumprida pelo Golpe. Seguindo Gramsci, pessimistas na análise e otimistas na ação, dizíamos como o fato – que estava dado porque, afinal, “Golpe é Golpe” – deveria ser explorado na nossa luta política.
  • Não tenham dúvida: mais do que os agentes do Golpe (i.e., os ostensivos), quem mais se abalou com a decisão da ONU foram os conspiradores do “Plano B” dentro do PT. Como justificar agora a participação numa fraude, que até a ONU reconhece como tal, se não for para, tão somente, denunciá-la? Como sustentar a farsa de “discutir programa” com o candidato do Golpe (i.e., o ostensivo)? E não o fato de se tratar de uma fraude?
  • A fala de Bolsonaro de que “retirará o Brasil da ONU” acentua o contraste Golpe vs. ordem jurídica, seja ela nacional ou internacional. Aumentando o caráter de exceção do mesmo – de novo: Golpe é Golpe! – torna ainda mais difícil a tentativa dos defensores do “Plano B” dentro do PT de normalizar o descarte de Lula. E a participação “programática”, legitimadora, de Haddad na Fraude Eleitoral 2018.
  • O tiro de Bolsonaro sai pela culatra: fortalece Lula e aqueles que o defendem “até as últimas consequências”. Obrigado!

*

Algumas pessoas na política ainda se impressionam com a “capacidade” do Duplo Expresso de prever com antecedência os passos seguintes do Golpe. Foi assim, por exemplo, com o resultado de 3×0 em Porto Alegre em janeiro deste ano, cravado por nós com10 dias de antecedência.

Nada de sobrenatural a que atribuir tal acerto: além de seguirmos a lógica de que “Golpe é Golpe”, fonte no Mercado nos passara a informação de que os Marinho tinham se posicionado fortemente “comprados”. Como só trabalham com informação privilegiada, era certo que o resultado já estava dado. E que o mesmo fora passado a certos privilegiados, para que pudessem ganhar/ esquentar dinheiro com facilidade:

Como antecipamos no programa Duplo Expresso desta manhã, há um grande interessado num placar de três a zero, contrário ao ex-Presidente Lula, em Porto Alegre, no próximo dia 24: o mercado financeiro. E, em particular, os irmãos Marinho.

Para além da finalidade político-eleitoral, óbvia, fonte na finança revela um interesse mais imediato: o “capital vadio” (apud Requião) – aí incluídos os Marinho – estariam, no jargão do mercado, pesadamente “comprados”. Ou seja, fizeram apostas substanciais na jogatina financeira, apostando numa condenação – unânime – de Lula no TRF- 4: alta da bolsa, queda do dólar e dos juros futuros.

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Quando avisamos o quão politicamente contraproducente era ficar espalhando para as bases o boato – plantado pelo outro lado – de que “haveria um voto divergente” ou “pedido de vista”, apanhamos de alguns quadros ligados ao PT. Até de grupo de Whatsapp reunindo pessoas de formação jurídica apoiadoras do Presidente Lula fomos expulsos.

(Notem: grupo esse – viemos a saber – criado por infiltrados para saberem, com antecedência, a estratégia do campo lulista.
E, como vemos aqui, também para plantar contrainformação e diversionismo.
Genial!)

Segundo a visão míope e paternalista que alguns daqueles doutores mantinham das bases sociais do Lulismo, a verdade as “desmobilizaria”. Não iriam a Porto Alegre se acreditassem que haveria um 3×0. Então, mais uma vez, preferiam adotar a tática “mobilizadora” (sic) – i.e., segundo eles – do Flautista de Hamelin. Aquele que mesmeriza ratinhos tocando melodias hipnóticas (“o sonho vai se realizar, basta querer de verdade!”), até que, em transe, possam ser facilmente afogados – todos de uma vez – no rio que circunda a cidade alemã.

Sabe qual é o problema de tocar a “flauta mágica” na política?

A ressaca quando acaba a melodia!

Aprendam com “o cara”… ele mesmo: Lula!

Deixem o “bom mocismo” tecnicista do “eu acredito!” – atenção: absolutamente correto! – pro advogado, o competente Cristiano Zanin.
Liderança – política! – tem que manter o moral da tropa. E isso significa evitar que entrem em estado de choque com algo que foge ao controle do lado de cá e que, muito provavelmente, já está dado.
Quanto antes as bases assimilarem que a corrida é de maratona – e não de tiro de 100m rasos! – menor o prejuízo na mobilização com cada “jabzinho” que a gente leva deles.
A vitória não vai ser por nocaute.
Vai ser por pontos.
E lááá no finalzinho…
Talvez!

Mas… por outro lado…

Podemos gritar pras pessoas se prepararem pro pior, sem pânico, sem que ouçam – apenas! – duas palavras: “pior” e “pânico”?

“Que fazer?”, tio Lênin?

Bem… talvez tentar passar a mensagem (a adequada…) sem ser “no grito”?

Atenção: isso não é ser “derrotista”. Isso é se apropriar de um fato político – que está dado – e resignificá-lo, construindo a nossa “narrativa”: “quem será condenado no dia 24 é o Judiciário brasileiro”. Na sequência, dar as diretrizes para a ação no day after.

A Globo – ajudada por muita gente na “esquerda” (p.e., parte do PSOL; “príncipes” afoitos do PT de olho na herança do “rei” (morto?); Ciro – todos esses junto a seus respectivos apoiadores não muito discretos na blogosfera) decretarão, no dia 25 (atenção: como já fizeram com todas as “balas de prata” anteriores – até aqui frustradas!), que “agora vai”: “Lula é, finalmente, um cadáver político”. Essa será a tal da “narrativa”. Se a base de Lula “comprar” isso, portando-se como a viúva no funeral, aí ferrou!

Pergunta: cachorro velho aprende truque novo?

(Aprende, “Seu” Pavlov?)

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*

Não satisfeitos, retomamos o alerta quanto ao equívoco da tática do Flautista de Hamelin na véspera do julgamento: “Golpe é Golpe”!

(…) é também essa tática, a do “se colar, colou”, que vem sendo adotada no julgamento do Presidente Lula. Sucedem-se as arbitrariedades, numa escalada rumo a um “clímax” que todos conhecemos. Pari passu, vão vendo se haverá “desta vez” – ou não – reação popular.

E é assim que virá – quase uma certeza – a confirmação da condenação de Lula por Sergio Moro pelos três desembargadores do TRF-4, amanhã.

Algo diferente disso, se vier, será lucro!

Eu, Romulus, na minha ação política/ militante/ discursiva, já realizei o prejuízo.

Sendo a condenação confirmada em Porto Alegre, quaisquer recursos, sejam nesse processo “criminal” (triplex), sejam na Justiça Eleitoral com vistas à elegibilidade de Lula, serão julgados em Brasília:

– STJ, TSE e – finalmente – STF.

Acreditem em mim:

– Os Ministros dessas cortes superiores, que vem respaldando até aqui “juridicamente”, de forma infalível, cada novo passo do Golpe, também já decidiram.

Afinal, o Golpe não se completa caso Lula não seja impedido de concorrer nas próximas eleições.

*

Digo, concorrer e ganhar!

– Atenção, minha gente!

– Olho nessa história de Temer/ Meirelles/ FHC/ Rodrigo Maia dizendo por aí que Lula “deve ser derrotado nas urnas”!

Sim, nas urnas… as eletrônicas, sabe… as inauditáveis… as (deliberadamente) mantidas inseguras (há 15 anos!)… aquelas, hoje, confiadas às zelosas mãos de Gilmar Mendes e, dentro em pouco, de Luiz Fux!

(sim, de Luiz Fux, “primo” (doleiro) Dario Messer!)

*

Repito – os Ministros em Brasília já “decidiram”:

– Lula não pode concorrer.

(mais abaixo explico as aspas em “decidiram”, “primo” (doleiro) Dario Messer – bis)

Novamente: somente assim o Golpe se completará!

E é justamente por isso que Porto Alegre é tão importante:

– Realizar o prejuízo da confirmação da condenação lá, já nos articulando para a etapa “brasiliense” da disputa, não é “queimar etapas”.

(discordo, portanto, do caro Ministro Eugênio Aragão – ver no vídeo)

– Trata-se, na verdade, de situar Porto Alegre na longa – sim, longa… – marcha de resistência ao Golpe.

– Todo ele!

É imperativo mostrar a força da resistência democrática já agora em Porto Alegre. Como muito bem colocou meu parceiro de apresentação no Duplo Expresso, Wellington Calasans, o “24 de janeiro” trata-se, em realidade, do “Réveillon político 2018” do Brasil. É importante mostrar a força da mobilização, sinalizando que se trata da partida – e não da chegada! – de uma escalada: aquilo seria o “início”, que “só vai crescer”. Essa deve ser a percepção no day after. Isso para que, quando o(s) processo(s) chegar(em) em Brasília, esse “pessoal” – Ministros de Tribunais Superiores; políticos da direita (e infiltrados na esquerda – suspiro!) – seja forçado, diante da nova correlação de forças na sociedade, a “permitir” o exercício de um… direito:

– O direito da cidadania brasileira de, se assim quiser, rejeitar o projeto político-“jurídico”-econômico do Golpe.

– Incidentalmente, votando em Lula para Presidente.

*

Percebam:

– “Eles” não arrebentaram o Brasil – com o ataque deliberado, diuturno, às expectativas dos agentes econômicos (p.e., com a ameaça de “apagão” por 10 anos, Miriam Leitão); com as “jornadas de junho” de 2013; com os “não vai ter Copa/ Olimpíada”; e, finalmente, com a Lava Jato – para permitir que Lula retorne agora possa dar meia-volta no “transatlântico”.

Notem bem:

– “Eles”, digo, a contraparte “brasileira” (aspas!) do Golpe – Globo/ políticos da direita – não queriam, necessariamente, arrebentar a economia brasileira!

– Foi um pré-requisito para conseguirem tirar o PT do poder!

– E conseguiram!

Perguntar-se-ão, sem dúvida:

– Fizemos tudo isso… sacrificamos a economia brasileira (estamos nós mesmos, inclusive, no vermelho!); rasgamos as leis e a Constituição, demos golpe em Presidente eleita… para, agora…

– … desistirmos de todo esse nosso “investimento” – de anos! – e realizarmos tal “ativo” como perda? Entregando o poder de volta a Lula?

*

Nada disso: a conta não fecha!

Mesmo porque as ordens vêm de fora!

A maioria dos analistas e lideranças políticas no Brasil peca – mortalmente (quase em sentido literal!) – por não situar a disputa político-econômica “local” (aspas!) no tabuleiro geopolítico/ estratégico… global!

Acorda minha gente!

– A transmissão ao vivo do nosso programa diário, o Duplo Expresso, foi derrubada quatro vezes nos últimos dias!

– Por uma rede social americana!

(Facebook)

*

E por que todo esse interesse americano pelo Brasil?

Ora, os “gringos” não querem permanecer reféns do Oriente Médio. Desde os anos Bush Jr. os EUA traçaram para si como meta estratégica reduzir a dependência do petróleo dessa região, tão “conturbada”.

Os gringos sabem que “operar” no Brasil é bem mais fácil. É “estável”… não é um povo dado a grandes ondas de insubordinação civil coletiva organizada, a terrorismo, a guerra.

E o “melhor” de tudo:

– O petróleo fica no mar!

– Não tem nem gente perto!

De forma que podem lá colocar a Quarta Frota da Marinha americana, mandar os superpetroleiros gigantes estacionarem, em fila, e chupar, com canudinho, todo o “ouro negro” do Pré-Sal brasileiro. Despachando-o, ato contínuo, para a “matriz”. Diretamente. Sem maiores embaraços!

Muitos, até mesmo entre nós, enganam-se repetindo o mantra, falacioso, de que “não há petróleo de extração tão barata quanto o do Oriente Médio”.

Ora, o custo de extração do barril na região é caríssimo!

Não é, em absoluto, “US$ 2,00”, como tanto se repete…

Esse é apenas o custo nominal, direto, das petroleiras.

A ele tem que ser acrescentado, ainda, todo o custo indireto, referente à mobilização da máquina de guerrado Império na região:

– Guerras, episódicas (Afeganistão, Iraque, Síria); e

– Bases militares – perenes – para dissuasão/ “estabilização” do status quo regional. Arábia Saudita, Iraque, Afeganistão, Bahrein, Estreito de Ormuz, Chifre da África, Canal de Suez e, evidentemente, o patrocínio político-econômico-diplomático do Estado de Israel.

Tudo isso é caríssimo!

São trilhões de dólares do orçamento americano que têm de ser, portanto, computados no preço – digo, o real – do petróleo do Oriente Médio. É esse gasto, colossal, que permite a tal “extração a dois dólares” (aspas!) o barril.

Já no Pré-Sal brasileiro não há nada disso:

– A tecnologia já barateou e o custo de extração já se aproxima daquele da Península Arábica – atenção: do custo nominal!

– A qualidade do óleo é excelente.

– E, melhor de tudo, não há gente no mar!

– Pode-se já pegar o butim e despachá-lo, imediatamente, para “casa”!

– Sem complicações! E sem “base de apoio” cara a ser mantida!

*

(de repente, inclusive, conseguem até mesmo “terceirizar” esse custo, ainda que mínimo, entregando as Forças Armadas locais a entreguistas “anticomunistas” – aspas! – da cepa dos Generais Etchegoyen/ Mourão/ Heleno, sempre preocupados com o tal “inimigo interno” – dos americanos!)

*

Por tudo isso, os EUA não permitirão – atenção: sem resistir – que Lula retorne ao poder.

E, no pacote, retome a Petrobras e o Pré-sal para o Brasil.

– Ora, o Golpe foi feito por causa do Pré-sal!

O “gigante” Brasil foi “apenas” mais um – enorme, concedamos – a sucumbir à célebre “maldição do petróleo”.

Ficamos todos exultantes – eu em primeiro lugar, acreditem – com a descoberta das reservas colossais na costa brasileira…

Mas…

Convenhamos: se não houvesse Pré-sal, muito provavelmente não teria havido Golpe. Ao menos não nesta geração política.

*

Como disse, os gringos sabem que o Presidente Lula representa a retomada da Petrobras e do Pré-sal para o Brasil. E, exatamente por isso, exercerão todo o seu poder de pressão sobre os seus agentes locais – Globo/ Judiciário/ bancos/ políticos da direita – para que impeçam Lula de concorrer. Essa gente, digo, os “brasileiros” entre aspas, tem “podres” – todos eles de pleno conhecimento da – competentíssima, concedamos – inteligência americana.

A começar por eles: Sergio Moro e os irmãos Marinho.

São todos reféns!

Mais do que uma suposta “afinidade ideológica” – tenazmente trombeteada, criando um (semi?) álibi político-midiático – o que impera é a necessidade de cumprir as ordens que chegam de fora. Sobrevivência é instinto humano!

Sobre tal condição, de reféns do Império, recomendo fortemente a leitura do artigo “Sergio Moro & Dario Messer, o doleiro: o elo ‘perdido’ – e explosivo – ligando Lava Jato e Bane$tado” (7/1/2018). Para meu orgulho – e para desgosto de Sergio Moro & Dario Messer – trata-se do mais lido de “toda” a minha carreira de articulista – ainda curta, concedo.

*

Repito: são todos reféns, a começar por Sergio Moro!

(e pelos irmãos Marinho…)

Mas…

– … isso chega até o Supremo!

Por isso, somos nós, a resistência popular/ soberanista brasileira (sem aspas!), quem tem de fornecer o “álibi” para que esses reféns digam aos seus sequestradores, “louros de olhos azuis” (apud Lula):

– Olha, gostaríamos muito de cumprir as ordens dadas… vocês bem sabem, já à esta altura, o quão “solícitos” e “sensíveis” às suas “demandas” costumamos ser, não é mesmo?

– Contudo… nesta oportunidade… desculpem-nos, mas, infelizmente não haverá como, ok?

– Liguem na CNN e vejam vocês mesmos as ruas… estão em chamas!

Novamente: quem tem de fornecer a “desculpa” aos Ministros do STF somos nós, para que possam dizer aos americanos, dando de ombros:

– Lamentamos, mas não há condições, neste momento, de entregarmos a cabeça “do cara”.

*

Aprendamos a lição justamente com um dos (melhores) gringos: Franklin Delano Roosevelt!

O ex-Presidente americano – o único a ter sido eleito para 4 mandatos! – celebremente disse a líderes sindicais que o visitavam após a sua primeira eleição:

– Concordo com vocês. Quero fazer o que reivindicam. Pois agora saiam e obriguem-me a fazê-lo.

 

Percebem?

Roosevelt pediu aos líderes sindicais que, jogando com a dinâmica (“dinâmica”!) de correlação de forças na sociedade, construíssem o álibi político para que o Presidente pudesse enquadrar os entraves conservadores que resistiam no aparelho do Estado: Legislativo e Judiciário.

– Isso é política!

O resultado?

– O New Deal e os “30 gloriosos”!

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Pois então…

Brasil de 2018…

– Diferentemente de Roosevelt com os sindicalistas, mesmo sem pedido expresso dos Ministros do STF (imagine!), tomemos nós mesmos as ruas – numa escalada (“escalada”!), a começar amanhã em Porto Alegre – e obriguemos essa gente a “permitir” (!) que o povo brasileiro exerça o direito, soberano, de escolher o seu próprio destino.

– Via sufrágio universal!

(e não via concurso público e – falsa – “meritocracia”)

– Incidentalmente, votando – se assim quiser! – em Lula para Presidente.

– Montado, evidentemente, na plataforma do Referendo Revogatório e do velho – mas sempre vencedor! – “o petróleo é nosso”.

(vide 2006, 2010 e 2014)

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*

Mais uma vez na sexta-feira fomos nós os “estraga-prazeres” que avisamos, antes mesmo do Itamaraty, citado pela Globo, que a medida acautelatória (interim measure) expedida pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, seria descumprida pelo Golpe. Seguindo Gramsci, pessimistas na análise e otimistas na ação, dizíamos como o fato – que estava dado porque, afinal, “Golpe é Golpe” – deveria ser explorado na nossa luta política. Afinal, aqui fazemos análise. Sim, assumidamente engajada… mas não propaganda de guerra:

A decisão da ONU hoje significa que, mesmo antes de se pronunciar sobre se há ou não perseguição a Lula pelo Judiciário brasileiro, o Comitê reconhece que haverá prejuízo irreparável caso o ex-Presidente seja impedido de concorrer até que o mérito seja decidido. Mal comparando, é uma espécie de decisão “liminar”.
Trata-se de uma importante vitória. Mas que é eminentemente moral, e (portanto) política, dada a ausência de mecanismo de execução. Em vista disso, é na arena da política que pode – e deve – ser explorada:
– “O mundo reconhece que Lula é perseguido! E, para perseguir Lula, o Judiciário brasileiro, parte do Golpe, passa por cima até de decisão da ONU!”
Mais do que nunca, em consequência do pronunciamento da ONU, o PT tem a obrigação – política – de casar discurso e ação. Tratar o que, acertadamente, chama de Golpe como… Golpe. E levar às últimas consequências a (até aqui apenas…) palavra de ordem “eleição sem Lula é fraude”.
A verdade é que a decisão da ONU não afeta, muito, a linha de ação do Golpe. Apenas aumenta, um tantinho, o preço em desgaste de imagem que eles terão que pagar. E, certamente, estarão dispostos. Afinal, Golpe é… Golpe. No entanto, sobre as cabeças dos conspiradores do Plano B, ela cai como uma B’omba. Viva!

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É seguindo a mesma lógica singela – infalível até aqui – de que “Golpe é Golpe” que dizemos que a articulação para o descarte de Lula em favor do “Plano B” é a capitulação, consciente ou não, exigida pelo Golpe.

Não ganhamos nada e perdemos tudo ao continuar adiando – como vimos fazendo até aqui – um enfrentamento incontornável com o Judiciário.
Se é para perder, em ambos os casos, que seja pelo menor número de gols. Tática do empate.
Mas não… esse “Deus proverá” continuará sendo o álibi para quem não quer lutar (por “n” razões, inclusive a cooptação, mas não apenas) e/ ou acha que vai sobreviver à continuação do expurgo do PT.
Com Plano B não só deixamos entrar a goleada como concordamos com a amputação das nossas pernas.
Que militantes rasos já tenham esquecido os padrões de tudo o que aconteceu até 2 semanas atrás – afinal, é Golpe ou não é? – e já tenham entrado no frenesi de “Fla-Flu” eleitoral, entre vermelhos e azuis, eu compreendo. E condoo-me até. Imaginar uma “eleição”, totalmente controlada pelo Golpe, em que o Golpe sairia derrotado…
Mas numa discussão estratégica, em que se tenta ultrapassar as armadilhas dos (reconfortantes) vieses cognitivos, não há como não reconhecer que o Plano B é a capitulação que o Golpe há muito esperava.

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Não tenham dúvida: mais do que os agentes do Golpe (i.e., os ostensivos), quem mais se abalou com a decisão da ONU foram os conspiradores dentro do PT.

Como justificar agora a participação numa fraude, que até a ONU reconhece como tal, se não for para, tão somente, denunciá-la?

Como sustentar a farsa de “discutir programa” com o candidato do Golpe (i.e., o ostensivo)?

(qualquer que venha a ser)

E não o fato de se tratar de uma fraude?

Como seguir endossando – como faz o PT até aqui – o falso discurso, do lado de lá, de “total segurança” do sistema eletrônico de votação, quando ele é administrado pelo mesmo TSE que passará por cima de uma ordem internacional?

De tão previsíveis as jogadas do Golpe, está ficando repetitivo registrar o papel de Cassandra que vem sendo exercido pelo Duplo Expresso até aqui.
Dissemos ainda em julho: “veremos, como em TODAS as eleições desde 2002, os institutos de pesquisa (do esquema) relatarem uma alegada ‘disparada na reta final’ do candidato tucano nas últimas semanas antes do primeiro turno, que vai casar, ‘providencialmente’, com a dianteira – ‘surpreendente’ – que o candidato do PSDB ‘vai abrir’ – i.e., na apuração – com relação ao ‘terceiro colocado’ (entre aspas mesmo)”.
Pois adivinhem?
Desta vez, como o salto a “ser dado” por Alckmin é grande demais e a eleição mais curta, os defraudadores resolveram começar a tal “subida” ainda antes do início do – “redentor” (sic) – horário eleitoral gratuito (o álibi a que os “analistas” sempre recorrem para explica-la).
Registrem: no dia de ontem foi dada a largada da fraude 2018. E nas páginas da Veja!
Mas e o PT, hein? Que papel desempenhará em toda essa farsa?

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Para além de passar por cima também de leis, jurisprudência e Constituição brasileiras, evidentemente…

De novo: Golpe é Golpe!

Aceita que dói menos!

E, assim, possibilita reação mais eficaz!

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Em suma, a ONU deu xeque no Plano B:

  • Somos nós que vamos permitir, comissivamente, que o Golpe possa amanhã dizer que não violou o direito internacional?
  • Que não descumpriu a determinação do Comitê da ONU?
  • Isso porque vamos – nós próprios – substituir Lula, de livre espontânea vontade, como candidato?
  • E justo pelo “fofinho” Plano B?

*

Bolsonaro, na sua imbecilidade e logorreia, acaba de contrariar o discurso ditado pelo comando do Golpe, segundo o qual se deve minimizar, o quanto possível, a importância do pronunciamento do Comitê da ONU. Passando o maior recibo possível – inclusive da sua ignorância – disse que em sendo eleito Presidente retirará o Brasil da ONU!

“Se eu for presidente eu saio da ONU, não serve pra nada esta instituição”, afirmou Bolsonaro. “É uma reunião de comunistas, de gente que não tem qualquer compromisso com a América do Sul, pelo menos”, disse o candidato do PSL.

 

Sim, porque passa longe da cabeça dele a distinção entre “ONU”, de cujo Conselho de Segurança fazem parte p.e. os EUA, França e Reino Unido como membros permanentes, e de cuja Assembleia Geral fazem parte os 192 países da Terra, versus “Comitê da ONU de Direitos Humanos”, órgão composto por experts independentes encarregados de julgar alegações de violação de tratados de direitos humanos celebrados sob o guarda-chuva daquela organização.

O que importa é que a fala dele acentua o contraste Golpe vs. ordem jurídica, seja ela nacional ou internacional. Aumentando o caráter de exceção do mesmo – de novo: Golpe é Golpe – torna ainda mais difícil a tentativa dos defensores do Plano B dentro do PT de normalizar o descarte de Lula e a participação “programática”, legitimadora, sob Fernando Haddad na Fraude Eleitoral 2018.

Como poderá Haddad agora voltar a reduzir a exclusão de Lula como um mero “casuísmo” (sic), assentindo – para Reinaldo Azevedo! No Banco BTG Pactual! – que o PT reconhecerá a derrota nessa “eleição” (sic)?

Mais uma vez preparamos um condensado do Programa Duplo Expresso de hoje. Nele tratamos das desastradas – e desastrosas – declarações que Fernando Haddad deu ontem à Finança, na sede do Banco BTG Pactual. Teve de correr depois à imprensa (amiga) para tentar apagar o incêndio. Mas já era tarde: a declaração de que poderia apoiar “sem preconceitos” Alckmin num segundo turno contra Bolsonaro já se espalhara pelas redes. Inclusive petistas.
Mais que isso, num gesto de gentileza “PTucana” que só a USP explica, concordou em gravar a primeira peça a ser usada como spot de TV pela campanha de Geraldo Alckmin (!): um atestado da honestidade do (suposto) “adversário” (!)
Mas há um link a mais entre os articuladores do Plano B dentro do PT e o mesmo banco BTG Pactual, devidamente explorado neste programa…

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Atenção: “derrota” (sic) essa que virá – Golpe é Golpe!

Ou seja, o tiro de Bolsonaro sai pela culatra: fortalece Lula e aqueles que o defendem “até as últimas consequências”. Em prejuízo da capitulação, consciente ou não, com o Plano B.

Obrigado!

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  1. “Romulus Maya” no pseudônimo de militância política desde 2016 ou, na Certidão de Nascimento, Romulo Brillo, advogado formado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Pós-graduado em Direito do Comércio Internacional pela UERJ, Mestre em Direito Internacional e Integração Econômica pela UERJ; Mestre em Direito Internacional Econômico pela Universidade de Barcelona (LL.M.); Doutorando em Direito Internacional na Universidade de Berna.
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    Afinal, depois que um suposto “jornalista”, sem caráter, rompeu compromisso que assumira e expôs a identidade por trás do pseudônimo, não há por que não assinar este artigo em particular na “pessoa física”.

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P.S.: estão corretíssimos os advogados de Lula, juristas (“do bem”) em geral e, em especial, o Chanceler Celso Amorim e o diplomata Paulo Sergio Pinheiro (ex-secretário de direitos humanos e membro da Comissão Nacional da Verdade) em defender a “obrigatoriedade” do cumprimento da medida acautelatória concedida pelo Comitê da ONU, tendo em vista os princípios da boa-fé e pacta sunt servanda (“os acordos serão cumpridos”) no direito e nas relações internacionais.
Esse é, exatamente, o papel deles!
Outra coisa, bem diferente, é excluir do cálculo político a – certeza – de que o Golpe – que é, afinal, Golpe – passará por cima da mesma. Ainda mais por, nesse caso, não haver mecanismo de execução ou sanções possíveis, para além do desgaste de imagem do Regime Temer/ Lava Jato. Que eles estarão dispostos a pagar.
De novo: Golpe é Golpe!
Como observamos ainda em julho, há diversas condenações no mesmo órgão da ONU dirigidas à França, simplesmente o país que inventou em 1789 os direitos humanos. No entanto, o Estado francês segue ignorando-as, mantendo o banimento em espaços públicos de símbolos ostensivos de fé religiosa (por conta do primado da “laicidade”): véu islâmico, quipá judaico, turbante sikh, crucifixo para fora da roupa, p.e.
Da mesma forma, como exemplificado pelo Professor e constitucionalista Marcelo Neves, da UNB (candidato do PT ao Senado no DF), em participação recente no Duplo Expresso, o STF recusa-se até hoje a dar execução à condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos com relação à Lei da Anistia.
E olha que isso já ocorreu antes do Golpe, hein…
(que… é Golpe!)
De novo, aqui fazemos análise. Ainda que, assumidamente, com lado. A propaganda – necessária – fica por conta dos atores políticos. Como tem que ser.

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P.P.S.: saindo do “telecatch”, renovamos por oportuno, uma vez mais, a súplica para que os advogados de Lula o tirem da condição, literal, de sequestrado vindo à Suíça buscar os documentos que provam a sua inocência!
(e também a culpa daqueles que o Regime Temer/ Lava Jato acoberta até aqui)

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ATUALIZAÇÃO: evidentemente, este foi o tema do Duplo Expresso de Domingo.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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