Exclusivo: desmascarando o golpe da vaquinha “do Lula” (sic)

Publicado 6/jun/2019 – 19:37
Atualizado 8/jun/2019 – 15:50 – C.Q.D.s do artigo (final)

Vaquinha “do Lula” (sic): entendendo o novo golpe – jurídico e financeiro – do chamado “PT Jurídico”

“Pelo histórico da parceria – de décadas – entre “PT Jurídico” e Juristocracia, podemos estar certos de que de forma nenhuma pode servir à causa da resistência ao Golpe no Brasil esse pronunciamento da PGR pela “liberdade imediata” (?) de Lula. Pronunciamento esse (mal) “construído” a partir de postulação imposta pelo “PT Jurídico” no texto do recurso apresentado pela sua defesa. Ou seja, em mais uma – bem-sucedida – tabelinha entre Juristocracia e “PT Jurídico”.

Nunca, no passado, atuaram juntos em favor do Brasil.

Ou de Lula.

Seria diferente desta vez?

Não há motivos para crer nisso. A não ser que o escorpião, por algum motivo desconhecido, tivesse deixado de ver o sapo (barbudo) como ameaça aos seus planos.

Mas, enquanto não descobrimos a resposta, o “PT Jurídico” vai enchendo as burras de dinheiro – possivelmente até mesmo com esquentamento de caixa 2 – com o novo golpe na praça: a “vaquinha do Lula”.

“Vaquinha do Lula” essa que, estranhamente, não vai para Lula. Ou para a luta – efetiva – pela sua libertação (em qualquer hipótese).

Ora, onde estava esse diabo de “vaquinha”, e ímpeto arrecadador, quando os bens de Lula foram, anos atrás, congelados por Sergio Moro? E, como resultado, ele não mais pôde pagar seus advogados? Ou ajudar financeiramente os seus filhos? Que diabo de “Comitê Lula Livre” é esse que não se mobiliza para impedir o estrangulamento financeiro da defesa técnica do próprio… Lula? Objetivo mais que claro de Moro nesse bloqueio, de forma a forçar a capitulação, sua e dos seus advogados?

A grana da vaquinha “do Lula” (sic) vai, isso sim, para o próprio “PT Jurídico”! Para que esse possa financiar, com fartura, o seu projeto de poder – de décadas – de superação da ala lulista, popular e sindical, consolidando o controle – até aqui precário – que mantém sobre a sigla a partir da sucessão de Gleisi Hoffmann na Presidência do PT. O resultado sai em novembro próximo, mas as respectivas milícias já estão desde já em escaramuças – mais ou menos abafadas.

Uma última frase (seguida de um suspiro): Lula, não te esqueças do destino de José Dirceu quando esse, depois de servir na eleição de 2018 ao “PT Jurídico”, perdeu a sua utilidade para o mesmo. Fraco – fraquíssimo – o “Plano B” não sobreviveria a ninguém que lhe pudesse fazer sombra no PT – “refundado” ou não. Que dirá então Lula, o próprio sol, a própria estrela (vermelha)”.

*

Exclusivo: desmascarando o golpe da vaquinha “do Lula” (sic)

Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso

Duplo Expresso, a verdade chega primeiro”, lembram?

Pois:

 

*

Vimos há dois dias, com a ajuda da Comunidade Duplo Expresso em geral, e do criminalista Fernando Nogueira e da socióloga Thais Moya em particular, tentando montar o quebra-cabeça do tal parecer da PGR no âmbito do STJ – nominalmente – “favorável a Lula”. Analisamos, a seguir, (i) os seus antecedentes (até esta semana); (ii) a exploração política e financeira – fraudulenta – que possibilitou ao “PT Jurídico”; (iii) o contexto político mais amplo – de sucessão interna no PT e popularidade em queda de Bolsonaro; e (iv) a condicionante do futuro julgamento da constitucionalidade da prisão em segunda instância no STF. No final, apresentamos a conclusão.

Antecedentes:

(1) Desde janeiro de 2018 (julgamento no TRF-4), de forma ainda mais ostensiva, o Golpe tudo fez para Lula ser aprisionado e mantido em isolamento quase total, tendo como único meio de comunicação política com o mundo exterior membros do “PT Jurídico”. São esses que fazem a triagem de pessoas e informações que entram. E que saem.

(2) O trabalho dos advogados constituídos de Lula, Cristiano Zanin e Valeska Teixeira, em quem Lula sempre confiou até por sua relação afetiva (Valeska, filha do amigo Roberto Teixeira, vem a ser afilhada de Lula), vem sendo sabotado – sem muita discrição – desde o início pelo “PT Jurídico”, em geral, e por Carol Proner, em particular.

(não sabe quem é?
De se esperar mesmo…
Trata-se da ex-mulher de um advogado riquíssimo, dono de faculdade de direito, sem qualquer relevo profissional ou acadêmico pretérito. Estrategicamente posicionada pelo ex-marido (próximo ao PT) para cavalgar o calvário de Lula, conseguiu certa projeção e, como resultado, até mesmo o título-ostentação de “namorada do Chico Buarque”. Tem um apartamento luxuoso no Sétimo Arrondissement, em Paris, em que se hospedam em férias diversos membros do “PT Jurídico”.
Bem, talvez seja esse um dos bônus do ingresso no grupo, vai saber…
Aliás, a própria Dilma Rousseff é um dos membros desse “Clube – Proner – do Sétimo Arrondissement”)

(3) Carol Proner botou na praça, cerca de um mês e meio atrás, artigo em que – sem qualquer experiência em execução penal (o que fica, ademais, óbvio depois da leitura do mesmo) – lançou uma fake “tese jurídica” segundo a qual Lula já “poderia progredir de regime desde já” e ir para casa. A progressão, i.e., pelo Direito, incontestavelmente dar-se-ia somente em setembro.

Notar: isso, para a primeira condenação, apenas!

(explicação, detalhada, das contas aqui)

(4) Os advogados de Lula, Cristiano Zanin e Valeska Teixeira, até por conhecerem o Direito, disseram a Lula que a fake “tese” de Proner não fazia nenhum sentido. Pior ainda, como explicado por diversos juristas aqui mesmo no Duplo Expresso, caso fosse aplicada corretamente, resultaria não em benefício mas em prejuízo para Lula, com o adiamento da progressão de regime de setembro deste ano para agosto de 2020. Ou seja, seria atrasada em um ano (!).

(5) Dada a (falsa) “controvérsia jurídica”, Lula hesitou. Diante disso, o “PT Jurídico” botou todo o seu bloco na rua para “convencer” Lula. Até mesmo representação na OAB contra Zanin por “negligência na defesa de Lula”, que poderia (no pior cenário) resultar no seu banimento da advocacia, membro do “PT Jurídico” teve a audácia de propor. Ao final, com a promessa – mais uma vez – de “facilidades nas Cortes Superiores”, em Brasília – que estranhamente nunca vêm a se materializar ao fim e ao cabo –, o “PT Jurídico” levou a parada: Lula, o cliente, determinou que seus advogados colocassem a fake “tese” da “detração” penal no recurso que apresentaram ao STJ. Os advogados teriam assim – pela primeira vez – assinado peça encampando “tese” temerária. Não sem antes se resguardarem com um “contrato de gaveta” com Lula em que esse reconheceria os riscos que tal “tese” representava.

(6) Diversas publicações e vídeos deste Duplo Expresso esclareceram, para além de qualquer dúvida, que a fake “tese” era furada. Furadíssima. Tais publicações repercutiram muito e Carol Proner e aliados sofreram desmoralização até dentro do PT, gastando parte do vultoso “investimento”, de anos, que a projetou lá dentro. Para além dela, na última semana o Duplo Expresso também atingiu – com bombas de nêutron (aqui e aqui) – outros dois destacados membros do “PT Jurídico”, aliados de Proner: “Eugenio – ‘R$ 1.76 milhão’ – Aragão” & “Wadih – ‘R$ 21 mil/ mês’ – Damous”.

(para além de “Paulo – ‘arroz fantasma tipo exportação’ – Pimenta”)

*

Chegamos a esta semana

(7) Com grande estardalhaço, tanto no Cartel Midiático como na “Blogosfera (dita) Progressista”, sai a notícia dois dias atrás de que a representante do Ministério Público no STJ teria se pronunciado de maneira favorável ao recurso apresentado pela defesa de Lula. Estranhamente, até mesmo o Jornal Nacional da Rede Globo dá tratamento editorial simpático à novidade.

(8) No entanto, penalistas que se deram ao trabalho de ler as dezenas de páginas do parecer definem-no como… “João sem braço”. Propositalmente lacônico, cita, tão somente, (i) “progressão de regime”; (ii) menciona, na sequência, o Artigo 42 do Código Penal, que trata da detração penal – sem sequer mencioná-la nominalmente (!), sendo “progressão” e “detração” institutos totalmente diversos –; (iii) “subsome” (coteja logicamente) ambas as premissas e “conclui” que “Lula deve ir, já, para o regime semiaberto”.

Claramente, em vista do vexame jurídico, quem escreveu aquela peça não quis se comprometer mais do que o necessário. Da forma como ficou (não) “escrito”, cada leitor tira dali o que quiser. Deixando ainda mais claro o embaraço, a procuradora (Aurea Lustosa Pierre) não ousou aplicar as suas “premissas” ao caso concreto, o de Lula (!): sequer apresentou os cálculos numéricos da (suposta) “detração” e da (suposta) “progressão” aplicadas à sua pena, em específico. Do jeito que (não) ficou, “é porque é”. Mas… será mesmo?

(9) Importante: a procuradora manteve a multa de R$ 2.4 milhões. Essa condicionante foi amplamente enfatizada no noticiário. Em geral, ainda na manchete e no lead:

 

(10) Anteriormente, o Relator no STJ, Min. Felix Fischer, dissera às partes que pediria pauta para o julgamento do recurso tão logo o MPF se pronunciasse. Não se sabe se isso, de fato, ocorrerá.

(11) Tão logo a “pauta (jornalística) subiu”, como se diz no jargão, ou seja, assim que a “perspectiva de libertação iminente (sic) de Lula” se tornou ubíqua tanto no noticiário azul como no “vermelho” – atuando ambos, mais uma vez, em “pinça” –, o “PT Jurídico” mostrou as garras: começou a espalhar, por meio das suas conexões na mídia (dita) “vermelha”, que a liberdade de Lula “só depende de seus apoiadores mostrarem-se generosos e verdadeiramente engajados, abrindo as suas carteiras numa vaquinha virtual”.

 

(12) Tal golpe já estava armado havia meses. Em verdade, era a outra perna da fake “tese” da “detração” de Carol Proner et caterva. Ali, uma vez mais, o “PT Jurídico” recorreu à plantação de “notinha” na horta, digo “coluna”, da (agro-) jornalista Monica Bergamo:

 

(13) O Duplo Expresso, que – para desespero de alguns – mantém fontes no PT de todos os escalões, está de olho na jogada há mais de mês:

(…)

 

Ora, onde estava esse diabo de “vaquinha”, e ímpeto arrecadador, quando os bens de Lula foram, anos atrás, congelados por Sergio Moro? E, como resultado, ele não mais pôde pagar seus advogados? Ou ajudar financeiramente os seus filhos? Que diabo de “Comitê Lula Livre” é esse que não se mobiliza para impedir o estrangulamento financeiro da defesa técnica do próprio… Lula? Objetivo mais que claro de Moro nesse bloqueio, de forma a forçar a capitulação, sua e dos seus advogados?

Bem, a não ser que o “PT Jurídico”, que controla esse tal “Comitê”, tivesse na verdade a todo tempo jogando em tabelinha com Sergio Moro, certo?

Para que, juntos, lograssem finalmente chutar da defesa de Lula Cristiano Zanin e Valeska Teixeira, cuja advocacia sempre se caracterizou pela denúncia e enfrentamento da Lava Jato. Fontes ouvidas pelo blog estimam que o casal, à falta de pagamento, já teria desembolsado – de fundos próprios – mais de R$ 3 milhões para poderem manter os recursos de Lula no Judiciário.

E onde estava a “vaquinha”?

O ímpeto arrecadatório?

Toda essa “contradição” passa a fazer sentido quando lembramos que, desde o início, o “PT Jurídico” (em geral) e Carol Proner (em particular) vêm se empenhando para desestabilizar a defesa e forçar a sua renúncia. Ora, não seriam, portanto, Proner e o “PT Jurídico” a fazerem uma vaquinha para viabilizar o prosseguimento do trabalho – diligente e audaz – de Zanin e Valeska, certo?

Que dizer então dos filhos de Lula? Cuja situação lhe inspira grande preocupação de dentro da cadeia, conforme confidenciou na primeira entrevista que concedeu, semanas atrás?

De novo, a (agro-) jornalista:

*

Vaquinha “do Lula” (sic): um golpe – jurídico e financeiro – do chamado “PT Jurídico”

(14) O “PT Jurídico” é intimamente ligado ao MPF. Até mesmo nas figuras de “Eugênio – R$ 1.76 milhão – Aragão” e de alguns dos ex-PGRs de Lula. É possível, portanto, que o parecer “João sem braço” da Procuradora que funciona junto ao STJ tenha sido um favor prestado ao “PT Jurídico”.

Questão de timing: providencialmente, foi apresentado ao público – “fazendo a pauta subir” – no dia seguinte ao fuzilamento de Eugenio Aragão pelo Duplo Expresso.

Mas, mais importante do que isso, provavelmente visa a desmoralizar o trabalho de Zanin e Valeska aos olhos de Lula, que confia em ambos. Ora, o “PT Jurídico” havia trazido a “solução” que ia “tirá-lo da cadeia”, à qual ambos tinham se oposto fortemente. Não fosse a pressão pesada do “PT Jurídico”, Zanin e Valeska teriam impedido Lula de “ir para casa”, segundo a narrativa. Imaginemos o que não estará sendo dito a Lula desde terça-feira a esse respeito…

(15) Ao que parece, por falta de opção talvez, Lula teria – mais uma vez – aceitado bailar com o “PT Jurídico”. Esperamos contudo, ao menos, que o sapo (barbudo) não tenha alimentado a expectativa de que, desta feita, o escorpião tenha mudado sua natureza traiçoeira…

O sinal – ilustrativo – desse novo pacto com o “PT Jurídico” bem poderia ser o “anel de compromisso” que Lula passou a exibir inesperadamente, há coisa de duas semanas, no dedo anelar da mão direita. Sobre isso, ver “Timing: a ‘namorada’ de Lula e o roteiro do Golpe” (21/mai/2019).

(“a namorada de Lula”: mais uma “pauta” que “subiu”. E tornou-se ubíqua, em pinça azul-“vermelha”, lembram?)

Outro sinal seria a frieza com que Lula teria recebido Carlos Lupi, Presidente do PDT que lá fora – a pedido de Lula – na qualidade de emissário de Ciro Gomes. Interpretou-se que, entre o apelo de Lula e a chegada de Lupi um mês depois, o “PT Jurídico” interceptou a mensagem e – alarmado – entrou no circuito, com as suas renitentes promessas de “redenção nas Cortes Superiores em Brasília” – sempre, ao fim e ao cabo, frustradas. Teria sido esse novo “swing” de Lula para o lado do “PT Jurídico” que teria levado Ciro Gomes, a quem continua faltando superego, a soltar os cachorros em cima de Lula na live de estreia do seu canal no Youtube, dois dias depois.

(sobre esses bastidores, ver comentário do veterano do petróleo e analista político Rubem Gonzalez no Duplo Expresso de hoje, onde ele os revelou em primeiríssima mão)

(16) A verdade mais inconveniente, que o “PT Jurídico” e suas penas alugadas na “GloBosfera” tentarão censurar (por saturação com contrainformação), é aquela lembrada pelo criminalista Fernando Nogueira no Duplo Expresso desta manhã: quem não pode pagar a multa – em vez de apenas, em podendo, recusar-se a pagá-la – progride de regime do mesmo jeito, sem pagá-la.

Ora, à luz disso, não seria necessária vaquinha nenhuma, certo?

A não ser…

 

Bem, a não ser que a tal “vaquinha” – do “PT Jurídico” – nunca tivesse visado à libertação de Lula. Seja porque, de acordo com o plano conjunto “PT-Jurídico”-Juristocracia, ele nunca iria de qualquer jeito sair da cadeia, seja porque – mesmo que fosse sair – tal pagamento não lhe seria exigível.

Nota: lembremos, por óbvio, que o STJ não está obrigado, em nenhuma medida, a seguir o tal parecer (“João sem braço”) do MPF/ “PT Jurídico”!

 

 

*

O contexto político – sucessão interna no PT e popularidade em queda de Bolsonaro

 

(17) Embora publicamente “negada” (pero no mucho), é cada vez mais difícil esconder a luta entre o “PT Jurídico” e Lula pela presidência do partido. O “PT Jurídico” quer impor – novamente “de fora para dentro” – Fernando Haddad. Ao passo que Lula quer manter aquela que ao longo do ano passado lhe foi mais fiel: Gleisi Hoffmann.

Uma vez mais, (agro-) jornalismo, aquele que vive de plantar “notinhas”:

 

E, mais recentemente…

 

(18) O projeto de poder do “PT Jurídico” antecede e é muito maior do que Fernando Haddad. Vem desde os anos 1990, manifestado nos entreveros entre, de um lado, figuras como Tarso Genro e José Eduardo Cardozo, e, do outro, Lula e José Dirceu. A ala dos “doutores”, de formação jurídica, sempre teve desprezo pela ala popular e sindical, liderada – e sintetizada – por Lula. O problema é que os “doutores” são bons de canudo, mas ruins (muito ruins) de voto. Com Lula, o oposto. Por isso, toleraram a convivência com Lula até esse levar o partido ao poder. Chegando lá, uma vez que constituíam os quadros do partido com formação jurídica, colonizaram o Ministério da Justiça pelos 13 anos em que o PT esteve no governo. Com, sucessivamente: Marcio Thomaz Bastos, Tarso Genro, José Eduardo Cardozo e “Eugênio – R$ 1.76 milhão – Aragão”.

Dali, impulsionaram nas instituições a agenda legislativa da ENCCLA (“Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro”) – made in USA – de empoderamento dos Poderes não eleitos (Judiciário, Ministério Público, Polícias, Órgãos de Controle) em prejuízo dos Poderes que representam a soberania popular, o Executivo e o Legislativo. Agenda, por óbvio, cara a quem, como o “PT Jurídico”, é bom de canudo – e de concurso – mas ruim de voto.

Foram diversos os exemplos (ver, e.g., aqui, aqui, aqui e aqui), mas os marcos da obra do “PT Jurídico” que mais diretamente afetaram a condição de Lula – e determinaram a manietação da política brasileira por forças exógenas – foram:

(i) A Lei da Ficha Limpa, por razões óbvias. Foi relatada por José Eduardo Cardozo na Câmara e por Aloizio Mercadante no Senado, com Tarso Genro servindo como Ministro da Justiça. Que trinca, hein, Lula?;

(ii) O aparelhamento do STF com semelhantes: “doutores”, demofóbicos, com desprezo pela política;

(iii) A escolha do PGR mais votado em lista tríplice, que, na qualidade de virtual “presidente de sindicato”, tinha como norte não a estabilidade e a preservação da República mas a manutenção da fidelidade da sua base eleitoral (para si e para fazer sucessor, dentre os chamados “tuiuius”). Essa era conquistada com mimos corporativistas e com agenda de empoderamento adicional da categoria, tanto em nível institucional como individual (abolição de freios hierárquicos internos);

(iv) A nova redação do artigo 282 do Código de Processo Penal, estabelecendo um “liberou geral” para que juízes decretassem prisões preventivas (Lei No. 12.403/2011). Ou seja, a alteração legislativa que tornou legal o crime de extorsão mediante sequestro, desde que praticado por juízes e procuradores abusando de poderes de Estado.
Notem: essa nova redação viu a luz no primeiro ano – sim, no primeiro ano! – da dupla Dilma/ Cardozo no Planalto;

(v) A Lei de Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013). Ou seja, a “Lei PT” (não jurídico). Como se sabe, no Brasil da Lava Jato o PT (não jurídico) é a única “OrCrim” do país. Trata-se também da lei que instituiu as infames “delações premiadas”. Combinando os dispositivos desta lei com o novo artigo 282 do CPP (item anterior), criou-se, na realidade, a “delação torturada”. E também, como consequência direta, a própria Lava Jato.
O PAC morreu, sabemos todos, mas Dilma Rousseff segue amparada na maturidade. Afinal, é também a mãe da… Lava Jato. “Não vai ficar pedra sobre pedra”, lembram? Pois não ficou mesmo!
De notar que Dilma/ Cardozo encamparam imediatamente a tentativa de spin comunicacional que a Rede Globo e a Juristocracia tentavam dar nas “Jornadas de Junho” de 2013. Ou seja, aceitaram como se verdade fora que as pessoas que tomaram as ruas lutavam “contra a corrupção e a impunidade”.
Jogaram em tabelinha? Cardozo/ Dilma mais Globo/ Juristocracia?
Aproveitando esse sequestro midiático-político pró Juristocracia, não só enterraram a PEC-37 no Congresso – aquela que “apenas” tornava ainda mais explícita a Constituição e limitava os (super) poderes usurpados pelo MPF –, como ativaram o rolo compressor para aprovar, a toque de caixa, a tal “Lei de Organizações Criminosas”, cuja minuta já estava pronta – no âmbito da ENCCLA – anos antes.

(vi) Para completar a obra, os tais “acordos de cooperação internacional” para o combate à corrupção, abrindo as pernas do Brasil para o Department of Justice dos EUA. Sim, a “autoridade central” nos mesmos, responsável por filtrar o que interessaria – ou não! – à soberania brasileira era uma autoridade – por óbvio – política: o Ministro da Justiça. Ocorre que, uma vez que tal cargo era incidentalmente ocupado por indivíduos plenamente engajados no projeto anti-política (membros do “PT Jurídico”), o Ministério abdicou dessa função de filtragem soberana e permitiu que a Juristocracia (anti-) “nacional” se relacionasse diretamente com os seus handlers na CIA. Digo, no “DoJ”. E seguissem, com atrevimento ainda maior e total blindagem institucional, a agenda que vinha de fora.

Em síntese, é seguro afirmar: sem a nova redação do Art. 282 do CPC, somada à “delação premiada” e aos “acordos de cooperação” (mais “omissão” (?) do Ministro da Justiça) não teria havido Lava Jato. Ou Sergio Moro. Ou Lula preso.

É importante lembrar que, como não é ingrato, o “PT Jurídico”, na pessoa de Fernando Haddad, prometeu durante a campanha do ano passado dar ainda mais poderes à Juristocracia. Nomeadamente, criando competência exclusiva da Justiça Federal, do MPF e da PF para os crimes de “organizações criminosas”. Ora, foi graças à aliança estratégica com essas corporações, não eleitas, que lograram tirar – depois de décadas! – o PT de Lula.

Pensam que era só?

 

 

“Lista tríplice – constitucionalizada” (!)

“PF coordenando todas as polícias” (!)

Síndrome de Estocolmo?

Ou, em realidade, reconhecimento pelo débito do “PT Jurídico” junto à Juristocracia?

*

(19) É nesse contexto que surge a estória da “progressão de regime” de Lula. Para além da exploração política e financeira, analisada acima, será que haveria ainda outra jogada por trás?

Será que, mais uma vez, o “PT Jurídico” esconde o seu rabo de escorpião e tenta mesmerizar Lula, o sapo (barbudo), com mais um canto de sereia “juristocrático-brasiliense”?

Será que – assim como fizeram com José Dirceu no ano passado – oferecem a Lula uma troca?

A liberdade pela indicação – e empenho – na eleição de Haddad como Presidente do PT?

Consolidando a transição do seu comando para o “PT Jurídico”?

E a refundação da sigla, agora assumidamente como a seção “brasileira” do Partido Democrata… dos EUA?

(à falta do velho PSDB, já morto?)

Um “New (Left) PT”?

(20) “MENE, MENE, TEKEL, UPHARSIN” – A Escrita na Parede (Livro de Daniel, Cap. 5)
Se for o caso, esperemos que Lula, se não tiver colocado cera de abelha em suas duas orelhas como Odisseu, ao menos esteja fazendo “ouvido de mercador”.

Ora, basta ver o que aconteceu com José Dirceu depois que esse entregou o combinado e, em consequência, perdeu a utilidade para o “PT Jurídico”:

Dirceu preso – análise: depois de chupar sumo, Golpe joga fora bagaço

“Indignado com prisão, Dirceu se entrega à polícia no Paraná”
O sapo faz acordo com escorpião e depois reclama da ferroada?
Dirceu foi solto para ajudar a fazer o “Plano B” descer goela abaixo do PT.
Entregou.
E perdeu a serventia.
(para o Plano B, que já tem total controle do PT, e para o Golpe)
Não julgamos, mas tiramos lições e consequências políticas.

 

Ora, o “Plano B” é fraco. Fraquíssimo. Se se sentiu ameaçado com a sombra do – desgastado – José Dirceu, imagina se tolerariam o “sol” Lula, a própria estrela (vermelha) do sistema, uma vez que esse lhe tivesse entregado o controle do PT e, assim, perdido a sua utilidade.

Restando, meramente, como potencial ameaça ao mesmo.

Decerto, Lula voltaria para a cadeia – ou pior – ato contínuo.

Já ouviram falar em Complexo de Édipo?

Especialmente, em política?

Pois!

*

(21) Paralelamente, a popularidade de Bolsonaro se esvai ainda mais rápido do que se esperava. Como o antropólogo Piero Leirner teorizou, Lula e Bolsonaro assumiram, politicamente, uma dinâmica de cismogênese: atuariam socialmente um como o catalisador do potencial de agregação e mobilização do outro; aqueles opostos que se destacam pelo contraste, polarizando – em torno de si – a sociedade. Se um sobe, o outro também sobe em reação simétrica. Se um desce, o outro idem.

Portanto, nada melhor para estender o prazo de validade de Bolsonaro do que reavivar o “espantalho” Lula no imaginário coletivo.

Será essa a razão adicional por que, de bom grado, mídia azul e “vermelha” atuam mais uma vez em pinça para “subir a pauta” da “libertação iminente (sic) de Lula”?

Isso faria mais sentido ainda quando levamos em conta que – como revelamos com exclusividade há coisa de dez dias – há “um grande acordo (anti-) nacional, com Supremo, com tudo”, pelo “Fica, Bolsonaro!”.

Tal acordo reúne partes tão “heterogêneas” quanto: Finança, Globo, PT (“Jurídico” sobretudo), DEM (Presidentes da Câmara e do Senado), o Vice-Presidente Hamilton Mourão e o Alto Comando das Forças Armadas, os partidos do “Centrão” e o STF.

Sobre isso, ver:

Quem vai derrubar Bolsonaro? Eis a resposta

(1) O banquete de Bolsonaro
(2) Os militares nisso tudo 
(3) Entra em campo a Globo: a coisa muda de figura 
(4) “Pinça”: o PT (“Jurídico”) nessa jogada 
(5) “Um grande acordo (anti-) nacional” (Jucá, Romero) 
(6) O seguro anti-Mourão 
(7) A bomba (secreta) 
(8) Conclusão
O Brasil não é, mesmo, para principiantes.

*

(22) Última variável: o julgamento no STF da prisão em segunda instância

Na semana passada, a OAB, que “inesperadamente” tinha sentado em cima do processo sobre a constitucionalidade da execução provisória de pena não após trânsito em julgado – conforme determina a literalidade do Art. 5º da Constituição, rasgado pelo STF em 2016, para pegar (justamente) Lula – mas, sim, após a confirmação da sentença condenatória em segunda instância, resolveu liberar o processo. Assim, em tese, o Presidente do STF estaria liberado para pautar tal julgamento, de enorme repercussão, no Plenário da Corte.

*

Nota: o atual Presidente do Conselho Federal da OAB, Felipe Santa Cruz, é cria política de destacado membro do “PT Jurídico”: não outro que “Wadih – R$ 21 mil/ mês – Damous”. Com seu apadrinhamento, sucedeu-o na Presidência da OAB-RJ.
Já para ascender à Presidência da OAB Nacional, dada a mudança nos ventos políticos, “rompeu” com Damous. Quer dizer, sabemos de fonte segura (mais de uma na verdade) que se trata de mais um “Telecatch”: falsa briga, 100% coreografada, para o mero fim de exibição – e engambelação – do público espectador. Até de partido mudou, do PT para o MDB.
Na verdade, continua tão próximo de “Wadih – R$ 21 mil/ mês – Damous” quanto sempre foi. E foi, justamente, nessa qualidade de membro de honra do “PT Jurídico” que – meses atrás – tinha dado a desculpa de que o Presidente do STF (Dias Toffoli) necessitava para adiar o julgamento da prisão em segunda instância.
Ah, esse “PT Jurídico”…
Ah, esse “Telecatch”…
Ah, essas dobradinhas canastronas…

*

Ainda sobre esse julgamento, sabe-se que a tendência na Corte é seguirem rasgando a letra – expressa – da Constituição (presunção de inocência) mas, a partir daí, numa solução (pseudo) “salomônica”, determinando que a execução provisória da pena (grosso modo, a prisão) dê-se não mais no segundo, mas no “terceiro” grau de jurisdição. Ou seja, após a confirmação da condenação pelo STJ.

Como alertou o criminalista Fernando Nogueira no Duplo Expresso desta manhã, cético, caso o STF derrubasse a prisão em segunda instância Lula deveria, automaticamente, ser libertado. Aliás, junto a centenas de milhares de indivíduos por todo o Brasil. Sem que se precisasse falar em progressão de regime ou, pior ainda, em “detração penal” (sic).

Portanto, ceteris paribus, não faria sentido que o Presidente do STF pautasse esse julgamento até que o problema Lula fosse resolvido, de alguma outra forma, em alguma outra corte inferior.

A menos que…

Bem, a menos que – conforme aventamos no programa desta manhã – a invencionice no STF fosse ainda mais “rica” e, desta vez, os Ministros não apenas tirassem do bolso do colete a regra da “terceira instância” mas ainda modulassem tal decisão, de forma a conferir aos relatores dos recursos no STJ e no STF (Recurso Especial e Recurso Extraordinário, respectivamente) a capacidade de conferir (ou não!) aos mesmos, de maneira ad hoc (caso a caso), efeito suspensivo – também em matéria penal.

Assim, para além de poder enterrar a fake “tese” da “detração” penal para manter Lula na cadeia até setembro – ou, até mesmo, usá-la para lá deixa-lo por uma ano adicional, conforme descrevemos anteriormente – o STJ teria ainda no seu menu, caso o STF viesse a proceder dessa forma, a possibilidade de negar o efeito suspensivo ao recurso que a ele apresentará a defesa de Lula tão logo saia a – mais que esperada – confirmação no TRF-4 da condenação de Lula no segundo processo, o do “Sítio de Atibaia”. Se isso ocorrer antes de setembro, bye-bye progressão de regime, dada a unificação das duas penas. Na sequência, hão de vir outras ainda (caças Grippen; MP do setor automotivo, terreno do Instituto, …).

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Conclusão

Por tudo isso que vai acima, e pelo histórico da parceria – de décadas – entre “PT Jurídico” e Juristocracia, podemos estar certos de que de forma nenhuma pode servir à causa da resistência ao Golpe no Brasil esse pronunciamento da PGR pela “liberdade imediata” (?) de Lula. Pronunciamento esse (mal) “construído” a partir de postulação imposta pelo “PT Jurídico” no texto do recurso apresentado pela sua defesa. Ou seja, em mais uma – bem-sucedida – tabelinha entre Juristocracia e “PT Jurídico”.

Nunca, no passado, atuaram juntos em favor do Brasil.

Ou de Lula.

Seria diferente desta vez?

Não há motivos para crer nisso. A não ser que o escorpião, por algum motivo desconhecido, tivesse deixado de ver o sapo (barbudo) como ameaça aos seus planos.

Mas, enquanto não descobrimos a resposta, o “PT Jurídico” vai enchendo as burras de dinheiro – possivelmente até mesmo com esquentamento de caixa 2 – com o novo golpe na praça: a “vaquinha do Lula”.

“Vaquinha do Lula” essa que, estranhamente, não vai para Lula. Ou para a luta – efetiva – pela sua libertação (em qualquer hipótese).

Como observamos acima:

Ora, onde estava esse diabo de “vaquinha”, e ímpeto arrecadador, quando os bens de Lula foram, anos atrás, congelados por Sergio Moro? E, como resultado, ele não mais pôde pagar seus advogados? Ou ajudar financeiramente os seus filhos? Que diabo de “Comitê Lula Livre” é esse que não se mobiliza para impedir o estrangulamento financeiro da defesa técnica do próprio… Lula? Objetivo mais que claro de Moro nesse bloqueio, de forma a forçar a capitulação, sua e dos seus advogados?

A grana da vaquinha “do Lula” (sic) vai, isso sim, para o próprio “PT Jurídico”! Para que esse possa financiar, com fartura, o seu projeto de poder – de décadas – de superação da ala lulista, popular e sindical, consolidando o controle – até aqui precário – que mantém sobre a sigla a partir da sucessão de Gleisi Hoffmann na Presidência do PT. O resultado sai em novembro próximo, mas as respectivas milícias já estão desde já em escaramuças – mais ou menos abafadas.

Uma última frase (seguida de um suspiro): Lula, não te esqueças do destino de José Dirceu quando esse, depois de servir na eleição de 2018 ao “PT Jurídico”, perdeu a sua utilidade para o mesmo. Fraco – fraquíssimo – o “Plano B” não sobreviveria a ninguém que lhe pudesse fazer sombra no PT – “refundado” ou não. Que dirá então Lula, o próprio sol, a própria estrela (vermelha).

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Debate – sinceramente imperdível (na integralidade) – desse tema no Duplo Expresso desta manhã com Romulus Maya, o criminalista Fernando Nogueira, a socióloga Thais Moya e o analista político Rubem Gonzalez:

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Atualização 8/jun/2019: os C.Q.D.s deste artigo

Sim, minha gente: temos C.Q.D.s!

Mais evidências do trabalho em dobradinha entre “PT Jurídico” e Juristocracia para dar ao primeiro o comando do PT:

– Quem decide é a “carcereira” Lebos

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– “Paulo Bernardo” – leia-se “pai dos filhos de Gleisi Hoffmann” – na berlinda

Sim, o pai dos filhos de Gleisi Hoffman, “casualmente”, na “lista da Odebrecht”…

Aquela que vem sendo editada (!) – a posteriori (!) – por funcionário da empreiteira (chefe do TI) a pedido da Lava Jato (!), para a exclusão de nomes (!) inconvenientes…

(como o de #DarioMesser)

(leia mais sobre isso aqui

E também, possivelmente, para a inclusão de nomes, por que não?

“Lista” que, mesmo assim, segue usada como “prova”… para mandar pessoas para a cadeia!

Pois Paulo Bernardo virou réu, com base na “lista”, justo nesta semana…

Não há dois meses, não daqui a dois meses…

Mas nesta semana!

Coincidência incrível, não?

Pois daqui a pouco entra lá o nome da própria Gleisi, diretamente…

É só a dobradinha “PT Jurídico”/ Juristocracia estalar os dedos!

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Comentário no Duplo Expresso de 7/jun/2019:

 

 

 

 

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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