Quem vai derrubar Bolsonaro? Eis a resposta
Publicado 26/mai/2019 – 12:57
Atualizado 27/mai/2019 – 9:22 – confirmação das teses do artigo.
Atualizado 28/mai/2019 – 14:45 – discussão com o antropólogo Piero Leirner
(1) O banquete de Bolsonaro
(2) Os militares nisso tudo
(3) Entra em campo a Globo: a coisa muda de figura
(4) “Pinça”: o PT (“Jurídico”) nessa jogada
(5) “Um grande acordo (anti-) nacional” (Jucá, Romero)
(6) O seguro anti-Mourão
(7) A bomba (secreta)
(8) Conclusão
O Brasil não é, mesmo, para principiantes.
Quem vai derrubar Bolsonaro? Eis a resposta
Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso
(1) O banquete
Presidente fraco é um manjar. Não só em Brasília, onde os contra-poderes – na política e nas instituições – aproveitam para aumentar o valor do pedágio, mas também em São Paulo (na verdade, em Nova York e Londres): quanto mais fraco um Presidente, menos capacidade tem para resistir à imposição – sem lubrificante – da agenda da Finança transnacional. Ou seja, Presidente fraco convém tanto ao varejo (brasiliense) como ao atacado (transnacional).
Espero que sejam poucos os que a isso objetem, aqui no Duplo Expresso, “Presidente fraco não aprova reforma impopular, como a da Previdência” – fórmula (contrafática) ubíqua no Cartel Midiático Brasileiro.
Ora, deve ser por isso que Michel Temer “não” aprovou nem Reforma Trabalhista nem o Teto de Gastos. Ih, peraí um pouquinho…
Mais: diferentemente do período Temer, estamos em início de legislatura, com renovação – e (suposta) “prestação” de contas ao eleitor – apenas em 2022. Em realidade, quantos no Brasil checam histórico de votação antes de definir seu voto para o Legislativo?
Essa escolha é, em regra, muito mais prospectiva do que retrospectiva.
Para além disso, haveria objeção de fundo, “ideológica”, do chamado “Centrão” e do DEM, que dirige as duas Casas do Congresso, bem como do restante da direita tradicional no Parlamento, a uma Reforma da Previdência anti-povo?
É evidente que não, não é verdade?
E o que explica o presente “impasse” então?
Para além da oportunidade de tais atores poderem se dedicar àquilo que fazem com maestria – extrair pedágio – há subsidiariamente a necessidade da dinâmica de “Telecatch” político, visando ao distinto público: “briga” encenada, coreografada de maneira elaborada, carregada nas tintas, de forma a suscitar paixões…
– … mas com final pré-definido desde o início – pelo empresário de ambos os “lutadores”.
Então, para manter a plateia do circo entretida, e permitir assim que essa não se dê conta do roubo às suas carteiras, coloca-se o velho “bode na sala”. Ou melhor, no centro do picadeiro. No final, para “alívio de todos”, o bode sai tosquiado. Enquanto as carteiras foram esvaziadas do mesmo jeito…
Desanimada, fonte em Brasília com incontestável compromisso com as causas populares e que bem conhece os corredores do Congresso confirma: a Reforma da Previdência já está, de fato, aprovada. Num “grande acordo (anti-) nacional” (apud Jucá), que reúne situação e (alegada) “oposição”. Restaria, apenas, acertar pedágios para a regulagem da máquina de tosqueio (de máquina zero a quatro) e, evidentemente, dar ao público o espetáculo do “Telecatch”.
*
Voltando ao início: Bolsonaro é o Presidente fraco que permite tudo isso. Mourão, com uma pistola na cintura (no sentido figurativo, espera-se), é uma incógnita. Não com relação ao perfil ideológico, sabidamente antipopular e entreguista, mas com relação a uma possível tendência autocrática. Ainda por cima, montado em cima de dissuasivos tanques…
(com sentido menos figurativo, imaginamos)
Diante disso, passam a correr risco tanto o varejo (brasiliense) como o atacado (norte-atlântico). Por mais entreguista e antipopular que seja – por convicção – um determinado General-Presidente, a pressão de números negativos sempre pode acabar por conduzi-lo a um surto “populista” (sic) em dado momento. Mais difícil de desestabilizar ou de remover em caso de necessidade, a Finança transnacional nunca tem como ideal um (proto-) ditador. Tem esse, isso sim, como “mal menor” a ser, eventualmente, tolerado.
Para além disso, por mais improvável que seja, dada a composição atual da matriz ideológica média nas Forças Armadas (entreguista e liberal), a Finança tem memória e não esquece de todo do “golpe no golpe” de 1967, que levou o Brasil ao ápice do seu nacional-desenvolvimentismo econômico, já com Médici e Geisel.
Melhor prevenir do que remediar.
Com Bolsonaro fraco e pendurado em diversos dossiês cabeludos, tal incerteza, ainda que modestíssima, nem sequer se coloca.
*
(2) Mas e os militares nisso tudo?
Não são picados pela mosca azul?
Bem, para além de eventuais ambições individuais (Mourão vs. Heleno/ Bolsonaro?), coletivamente não há por que mudar o esquema atual, em que o grupo fardado no poder tem o bônus (poder, cargos, orçamentos) sem muito do ônus (imagético) de governar. Para isso, convenientemente, tem ao lado o “para-raio” Bolsonaro. Ainda mais em período de contração duradoura da economia brasileira, que caminha para a depressão. E, ademais, com o mundo às vésperas de entrar em nova crise de amplas proporções.
Na confortável condição “hamletiana” de ser, ao mesmo tempo, poder e “alternativa” de poder, situação e “oposição”, convém aos militares manter Bolsonaro como para-choque. A ser, eventualmente, descartado, depois de servir ao seu propósito.
A falta de vontade dos militares de assumirem a cara do governo diretamente ficou ainda mais clara quando o Duplo Expresso levantou, na semana passada, que é deles que partiu a “fake news” mais absurda – e no entanto cuidadosamente plantada e cultivada – dos últimos tempos:
– Aquela dando conta de que, em caso de afastamento de Bolsonaro “nos dois primeiros anos de mandato”, “não assume Mourão mas, sim, convocam-se novas eleições, diretas” (!)
Sobre isso, comentamos dias atrás:
?Matando a charada: “fake news” de que “caso Bolsonaro fosse afastado antes de completar 2 anos de mandato haveria novas eleições” está sendo plantada pelos próprios militares. Como álibi!
Por Romulus Maya
Entre tantas coisas esquisitas nos últimos dias, tem causado bastante estranheza a disseminação de uma “fake news” em particular: a de que em caso de afastamento de Bolsonaro, neste momento, “seriam convocadas novas eleições, diretas”.
Ora, não há margem para dúvida. Combinando o Artigo 81 da Constituição…
(“Art. 81. Vagando os cargos de Presidente E VICE-PRESIDENTE (!) da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. (ELEIÇÃO DIRETA)
§ 1º – Ocorrendo a vacância (DOS DOIS CARGOS!) nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição PARA AMBOS OS CARGOS será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei” (ELEIÇÃO INDIRETA))
– … com a jurisprudência consolidada do STF, desde a diplomação da CHAPA Bolsonaro/ Mourão – ou seja, mesmo antes da posse de ambos em 1o de janeiro deste ano – em caso de afastamento de Bolsonaro assume Mourão.
Simples assim.
*
Aliás, é até curioso que isso tenha, nos últimos dias, se tornado tema de “debate” (sic) à luz do que ocorreu há apenas…
– … 3 anos!
Ora, Dilma Rousseff foi afastada com APENAS 1 ano e pouco de mandato, em 2016.
Houve “eleições diretas, antecipadas, em 90 dias”?
Nada disso: (para nossa desgraça) assumiu Michel Temer, não é mesmo?
*
A disseminação do que é, portanto, uma clara “fake news” torna-se mais “esquisita” ainda quando, para além de “jornalista” sem escrúpulos no twitter (Ricardo Noblat – print) no dia de hoje, vimos a saber que essa “versão alternativa” da sucessão presidencial em caso de vacância é a que corre na boca de 9 entre 10 deputados – e respectivas assessorias! – no Congresso Nacional (!)
Ora, essa gente toda não tem um exemplar que seja da Constituição em seus gabinetes?Caso tenha, 90% dos 513 deputados (e suas assessorias!) é analfabeto funcional?Para além disso, padecem todos esses de Alzheimer e esqueceram-se do que aconteceu logo ali, apenas 3 anos atrás?!*Tudo muito esquisito…*Ou será que não?A “estória” passa a fazer muito mais sentido quando se identifica DE ONDE está saindo esse ruído…Ou seja, onde que os deputados ouviram essa leitura “dissonante” das regras da sucessão presidencial…*Adivinhem?– Dos Militares!Pois sim: diante de cada um que vai aos Militares reclamar de Bolsonaro e do estado atual das coisas, os mesmos seguem cultivando a percepção de que são a “alternativa” de poder, a “redentora” (opa!), ou seja, a “oposição” dentro do próprio governo (!), mas…– … logo se saem com o álibi para não agir por ora: “caso Bolsonaro fosse afastado no momento, haveria necessariamente novas eleições, com resultado imprevisível” (sic).*Depois de meses, diria que esse é um dos indícios mais claros coletados até aqui de que, de fato, toda a “contradição” no governo Bolsonaro entre Militares e “olavetes” – se não é de todo fabricada e encenada – é no mínimo administrada. E, se há parte “espontânea”, é apenas na ponta, na arrebentação. Não lá em cima, onde primeiro surgem as ondas.Para entender isso, como nos ensina Piero Leirner, é preciso compreender o conceito de “abordagem indireta”, usada no contexto de “guerra híbrida”, que se projeta não apenas do governo para fora, para a sociedade (e para a oposição formal, política e institucional), mas também para dentro, para os grupos “rivais” dos Militares.Em síntese: quem emprega a abordagem indireta com sucesso logra não apenas pautar o adversário (limitado à reatividade por reflexo) mas fazer com que esse faça, para si, o serviço de se… inviabilizar.*Percebem?Talvez os militares até queiram tirar Bolsonaro um dia, quem sabe…Mas esse dia ainda não chegou!Quem vai cobrá-los para que façam algo diante do estado geral das coisas sai com a “fake news” de… “novas eleições” (sic)!Mais: já sai até com a (convenientemente nem muito próxima mas tampouco lá tão distante) data do fim de suas angústias: “basta aguentar, um pouco mais, só até o fim de… 2020 (!)”*Cenoura e porrete!E assim seguimos…*Essa tática envolvendo a referida “fake news” seria até brilhante…– … se não dependesse, para o seu sucesso, da indigência intelectual de 9 entre 10 parlamentares no Congresso Nacional.E de suas (mais que bem pagas) assessorias!*Analfabetos funcionais todos eles?Bem, não é à toa que “Conge” Moro consegue ser Ministro em Brasília, não é mesmo?*Portanto, a hipótese a privilegiar segue sendo aquela de que os Militares só vão se livrar de Bolsonaro – i.e., se um dia vierem a fazê-lo! -, esse conveniente para-raio do governo, que atrai para si toda a rejeição, e que faz esses mesmos Militares (sem luz) brilharem pelo “contraste” (com uma fossa!), no dia em que isso se encaixar na estratégia que traçaram lá atrás.Alguns requisitos:(1) Para dentro: só agirão quando tiverem a certeza de que a ascendência carismática, direta, de Bolsonaro sobre a baixa oficialidade foi totalmente neutralizada. Não querem que haja a menor viabilidade de um hipotético (embora de todo improvável) chamado de Bolsonaro a uma insurreição da base contra o topo da hierarquia quando for a hora de sacá-lo.Por isso, aliás, os Militares vibram a cada rodada de novos tiros no pé de Bolsonaro (e olavetes).E para muitos deles, inclusive, vêm deliberadamente contribuindo.(e sempre aproveitando para “brilhar pelo contraste”!)(2) Para fora: agirão quando o caos (ainda maior?) estiver implantado e eles possam, então, surgir como a “solução de ordem”. Com a “flexibilidade institucional-jurídico-democrática”, digamos, que uma “salvação nacional” autorizaria.Ou seja, poder absoluto.Talvez, lá atrás na prancheta, isso se passasse depois do mais que cantado – e iminente – colapso financeiro do Brasil (Bovespa cair de 100 mil para 50 mil pontos, dólar chegar a 5 ou 6 Reais, etc.).
Sobre isso, como comentamos ainda nesta semana (print), a hora de estourar a bolha será – como sempre – escolhida pelas Alta Finança Transnacional, de modo a permitir que os ativos brasileiros troquem de mãos mais uma vez (por uma pechincha).
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(3) Entra em campo a Globo: a coisa muda de figura
A questão é que, talvez, parlamentares e respectivas assessorias não sejam lá tão burros assim…
Porque, se é mesmo apenas burrice a questão, ela vai muito além de Brasília…
E passou a ser partilhada, inclusive, por experientes jornalistas das…
– … Organizações Globo!
Mais especificamente, colunistas “sóbrias”, do “sóbrio” jornal Valor Econômico. Eis que, numa mesma semana, na verdade em dias seguidos, Maria Cristina Fernandes e Claudia Safatle estampam no jornal a mesma “fake news” sobre a sucessão presidencial espalhada em Brasília:
*
Esquisito é pouco, não é mesmo?
Seria o velho barulho do “prego no vinil” por parte dos editores (e dos proprietários) no texto das jornalistas da casa?
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(4) “Pinça”: o PT (Jurídico) nessa jogada
Eis que, concomitantemente ao “posicionamento” da Globo, surge isto aqui – com grande destaque – no Brasil 171, a “Central do Plano B” (e, portanto, do “PT Jurídico”):
Reproduz-se, ali, “notinha” plantada na coluna “Painel” da Folha de S. Paulo:
“Apresentar propostas alternativas”…
“Baseadas em Haddad”…
Sei…
Essa orientação “de Lula” (sic), que visivelmente na primeira entrevista concedida (a Monica Bergamo, da mesma Folha!) espinafrou Bolsonaro e cortejou sem muita discrição Mourão, tem tanto valor quanto uma nota de três Reais.
Aliás, lembrou-me imediatamente do que ouvi de um dirigente petista logo que comecei a escrever sobre política: “a primeira coisa que você precisa entender sobre esse ‘o Lula disse que…’ dentro do PT é que todo mundo no partido usa essa fórmula para colocar as suas ideias na boca dele”.
Pois.
*
Para piorar, nessa tal de “oposição propositiva”, “com base no programa do Haddad”, surge um baita espaço para, apenas, tosquiar o “bode” da Previdência, não é mesmo?
A fonte em Brasília estava certa: já está tudo acertado.
Sobrou-nos, tão somente, o “Telecatch”.
*
Ainda tratando do “PT Jurídico”, tudo se torna ainda mais “bizarro” (?) ao constatarmos que, ao mesmo tempo em que parlamentares do PT – e respectivas assessorias – são os mais empenhados em espalhar a “fake news” sobre a sucessão presidencial no Congresso, menos de dois meses atrás saía de um prócer do mesmo “PT Jurídico”, o Deputado Paulo Teixeira, uma tal de “PEC Anti-Mourão”:
(texto da referida PEC aqui)
Ou seja, uma Proposta de Emenda à Constituição que modificaria (olho no tempo verbal!) as regras atuais para que, aí sim, fossem convocadas novas eleições (diretas) em caso de afastamento do titular da Presidência.
Se precisa de PEC é porque hoje não é assim, certo?
E, longe de ter sido promulgada, ela se encontra, ao contrário, paradinha na Câmara, sofrendo ademais sucessivos pedidos de retirada de assinatura por parte de Deputados.
Como explicar essa (suposta) guinada de 180 graus no entendimento desse pessoal sobre as regras vigentes, claríssimas!, sobre sucessão presidencial?
Em menos de dois (!) meses?
Ora, o “PT Jurídico” é tudo menos esquizofrênico…
*
(5) “Um grande acordo (anti-) nacional” – Jucá, Romero
180 graus, na realidade, é a amplitude do alinhamento: “casualmente”, o “Fica, Bolsonaro!” passou contar com o apoio de fato, ao menos, de:
(i) o próprio Bolsonaro, claro;
(ii) a Finança;
(iii) a Globo;
((ii) e (iii) são sinônimos, afinal)
(iv) os militares “hamletianos”, tentando dar sequência ao cronograma original;
(v) o “PT Jurídico”; e
(vi) 90% do Congresso Nacional, incluindo “oposição”, “Centrão” e Presidências das duas Casas (Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, ambos do DEM).
Falta, apenas, combinar com o povo, não é mesmo?
Sim, porque se a partir de um evento catalisador/ catártico a coisa desandar de vez – atropelando o cronograma planejado pelos militares lá atrás de desgaste lento e contínuo de Bolsonaro – aí, sim, esses podem se ver forçados a assumir a cara do governo desde já, não mais com a proteção do para-choque aloprado.
Nesse caso, sairiam atropelados todos, com os “liberais” da Finança transnacional – e por tabela a Globo – tendo de tolerar o “mal menor”: um (não totalmente previsível) novo “General-Presidente”.
*
Aliás, “General-Presidente” esse sucedido, depois, por quem?
De que maneira?
Em eleições “democráticas, livres e justas” em 2022?
Sei não…
Aliás, eis pergunta prospectiva bastante inquietante:
– Queimado o cartucho dos militares, quem haverá de segurar a onda num Brasil cada vez mais próximo da versão “Mad Max”?
*
(6) O seguro anti-Mourão
Bolsonaro, com seus inúmeros rolos (milícias, “Caixinha da ALERJ”, caixa 2…), não têm uma “espada de Dâmocles” sobre a cabeça, não…
– … tem, isso sim, um garrote – todo ele ciliciado, com pregos – em volta do pescoço.
Basta apertar quando convém.
E Mourão?
Será que já estão nas mãos dos poderosos dossiês a seu respeito?
Tem ele esqueletos no armário?
Bem, publicamente, há ao menos uma história, antiga, envolvendo licitação, ainda no Exército…
Mas parece muito pouco.
E dificilmente colocaria em xeque o seu lugar. Seja na cadeia de sucessão, seja futuramente na cadeira de Presidente.
Ou seja, faltariam ainda facas afiadas no pescoço de Mourão.
Pois não é por outra razão que a Finança, precavida que só ela, mesmo optando por manter Bolsonaro por ora, já se prepara para a eventualidade de as coisas se precipitarem: já começa a afiar uma espada para pendurar, se for o caso, sobre a cabeça de Mourão.
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(7) A bomba (secreta)
O Duplo Expresso levantou, e aqui divulga com exclusividade, que há uma articulação entre o DEM – dos Presidentes da Câmara e do Senado (Maia e Alcolumbre) – e o PT (“Jurídico”) para a coleta de assinaturas e instalação de uma CPMI para investigar o uso de robôs e fake news nas eleições. Ou seja, algo que, para muito além de Bolsonaro, tem o potencial de colocar em xeque a legitimidade de Mourão enquanto Vice ou, mais para a frente, como Presidente da República.
Como não haveria necessidade de fabricar novas facas a colocar no pescoço de Bolsonaro, o alvo de tal iniciativa é, claramente, o General-Vice, Hamilton Mourão.
Mais: como ao DEM não convém fazer oposição aberta, nem a Bolsonaro hoje, nem a Mourão amanhã, no acerto coube ao PT propor e recolher assinaturas para tal CPMI.
Notem: tudo com bastante discrição, é claro. Praticamente uma operação semiclandestina. Apesar do potencial explosivo, e de suas óbvias motivações, tal iniciativa é escamoteada, sendo pintada no Congresso como uma inofensiva “CPI do cyberbullying”.
Ou seja, algo destinado a lavar a alma de gordinhos chamados de “baleias” no Facebook, por exemplo…
Até parece.
O Duplo Expresso teve acesso a documentos e relatos que evidenciam tal articulação. Por ora, guardados pelos editores.
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(8) Conclusão
Voltamos ao início:
Presidente fraco é um manjar. Não só em Brasília, onde os contra-poderes – na política e nas instituições – aproveitam para aumentar o valor do pedágio, mas também em São Paulo (na verdade, em Nova York e Londres).
Portanto, estão todos – Bolsonaro, Finança, Globo, militares, “PT Jurídico” e 90% do Congresso Nacional – num “grande acordo (anti-) nacional, com Supremo, com tudo” (apud Jucá) para manter o circo de um governo que é, ao mesmo tempo, situação e “oposição”, poder e “alternativa” de poder.
Convém, a todos esses, manter a falsa dicotomia “militares vs. olavetes”, “Bolsonaro vs. Mourão”, enquanto for possível.
E, em qualquer caso, manter também o mais importante: a política econômica – antinacional e anti-povo – de Paulo Guedes.
Em princípio, “lubrificada” com cerol. Mas sempre cabendo uma pequena tosquiada no bode, aqui e ali…
E olhe lá!
Para garantir isso, inclusive, já afiam uma espada anti-Mourão.
Afinal, bem sabe a Finança, que inclusive opera essa modalidade: seguro morreu de velho.
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O Brasil não é, mesmo, para principiantes.
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Atualização: debate no Duplo Expresso
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Atualização 27/mai/2019: confirmação independente
Fonte com trânsito entre os militares confirma a tese do artigo, com o seguinte relato:
Você está certíssimo: estão afiando a espada, mesmo.
A questão é que, aparentemente, só o questionamento da fake “eleição” poderia ser usado.
Mourão não teria, ao que se sabe, esqueletos – próprios – no armário.
Porém, o que fazer com todo o Judiciário cúmplice?
Com urnas fraudadas, etc.?
Não é difícil só para os militares.
Eles também têm calcanhares de Aquiles.
À luz disso, na verdade esse freio com o “Fica, Bolsonaro!” pode servir, adicionalmente, para ganharem tempo e concluírem uma devassa na vida de Mourão et caterva em busca de recheio para os respectivos dossiês.
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Atualização 28/mai/2019: discussão do artigo com o antropólogo Piero Leirner
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