Ideólogo da “’bancocracia’ neoliberal tupiniquim”

Por César Fonseca, para o Duplo Expresso

RECEITA DE TIO SAM

Ao longo dos próximos 20 anos, tempo de duração do congelamento dos gastos públicos sociais e do descongelamento dos gastos públicos financeiros, principal medida macroeconômica do governo golpista Temer, para desmontar o nacionalismo varguista/lulista, como exige Washington, a economia estará submetida a essa camisa de força neoliberal.

A taxa de crescimento das despesas públicas, conforme a narrativa do economista Chico Lopes, formado em Harvard, no Valor Econômico, bíblia dos banqueiros, dessa quarta (1° de agosto), “deverá ser não superior à taxa de inflação que, em condições normais, é inferior à taxa de crescimento do PIB”.

Consequentemente, conclui: “a despesa pública como percentual do PIB estará caindo ao longo do tempo, ao passo que a receita pública manterá uma relação estável com o PIB”.

Como se vê, tal narrativa, meramente abstrata, sujeita a chuvas e trovoadas, é a aposta do mercado financeiro no congelamento das rendas do povo e descongelamento das rendas dos especuladores, como medida econômica altamente positiva para garantir crescimento sustentável da economia!

Será?

Quem garante que as despesas financeiras descongeladas se manterão estáveis enquanto estarão congeladas despesas não-financeiras (educação, saúde, segurança, infraestrutura, etc.) que são renda disponível para o consumo, produção, emprego, arrecadação e investimentos, bem como para pagamento das próprias despesas financeiras?


Tal lógica, evidentemente, fragiliza as finanças públicas que justifica venda de ativos para pagar dívidas, já que não haverá dinheiro em caixa para tocar programas de investimentos, calculadamente, bloqueados.

Afinal, a sustentação dos gastos financeiros, que não geram crescimento, dependerá dos gastos não-financeiros, os únicos capazes de produzir desenvolvimento minimamente sustentável.


ABSTRAÇÃO NEOLIBERAL

Chico, cauteloso com sua própria narrativa abstrata, ressalta a necessidade de existir condições normais de temperatura e pressão, para sua teorização dar certo.

Conclui com um chute: “a despesa pública gasta no social que, dialeticamente, é investimento, como percentagem do PIB, estará caindo ao longo do tempo, ao passo que a receita, para os credores/especuladores, se manterá estável em comparação ao PIB, dependendo das circunstâncias sobre as quais não se tem controle”.

Se vai entrar menos dinheiro em caixa, como haverá estabilidade de receita?

Ou não seria o contrário, pura instabilidade, se estará entrando menos dinheiro, por conta do garrote vil nos gastos sociais que geram arrecadação?

Como haverá estabilidade econômica, se o congelamento destrói consumo, sem o qual o empresário não investe?

Nesse contexto, as despesas aumentam ou diminuem no compasso da queda da receita?

As crises fiscais ensinam que os juros crescem se o risco financeiro do tesouro aumenta, quanto mais afetada arrecadação abalada por receita cadente, baleada pelo congelamento neoliberal.

Os países ricos, especialmente, os Estados Unidos, o mais poderoso deles, depois do crash de 2008, ensinaram como combater ajuste fiscal para valer; adotaram juro zero ou negativo; diminuíram, dessa forma, despesas do governo, das famílias e dos empresários; a economia americana voltou a crescer com o acrescimento da providência nacionalista protecionista.


ECONOMICÍDIO TUPINIQUIM

Os ricos não caem na armadilha neoliberal de combater déficit fiscal matando a galinha dos ovos de ouro que são investimentos públicos sociais.

Essa tarefa fica para os que golpeiam a democracia como os que colocaram Temer e cia Ltda. no poder, cujo destino é a desmoralização popular completa, a conferir-lhes inviabilidade eleitoral.

Por que Trump se viabiliza eleitoralmente?

Porque, ao lado dos juros cadentes, zero ou negativo, congelados pelo governo Obama, depois do crash de 2008, o atual titular da Casa Branca passou a praticar nacionalismo protecionista e guerra comercial.

No ambiente de guerra, será recomendável o neoliberalismo congelador de gastos públicos e descongelador de gastos com juros, como faz o ilegítimo Temer e cia Ltda, inviável, eleitoralmente, com aquele que aplicou tal terapia?

Não à toa, Henrique Meirelles, ideólogo do receituário econômico glacial, rasteja em 1% em pesquisa eleitoral como candidato do PMDB.

Os economistas neoliberais tupiniquins, tipo Chico Lopes, seguem a receita da bancocracia à qual se subordinam para se viabilizarem como consultores muito bem pagos por ela: descongelamento de juro e congelamento de investimento.

Puro anticapitalismo.

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