Lula cercado: com “amigos” assim, quem precisa de Moro?

Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso

  • Lula está – literal e figurativamente – cercado. Por conta disso, é obrigado a dar de comer também à ala sabotadora (de si!).
  • Vê-se forçado a mandar sinais contraditórios a amigos e inimigos, acendendo – concomitantemente – velas para Deus e para o diabo.
  • E, por vezes, a dois “diabos” ao mesmo tempo, para que se anulem, mutuamente, e abram espaço para…
    – … Deus?
  • A – prece – é livre, certo?
  • Sabermos há muito da atuação de células sabotadoras de Lula dentro do PT – e termos tomado a dura decisão de relatarmos isso, com todo o ônus que isso nos trouxe (e traz) – não diminui em nada a revolta. Ainda mais quando o assanhamento daqueles que, há muito, sabotam Lula chega ao ponto de nem sequer sentirem mais a necessidade de serem discretos. Não… agora está tudo (cada vez mais) às claras!
  • Tampouco, apesar de termos adotado o slogan “Duplo Expresso: a verdade chega primeiro”, somos daqueles que se comprazem, morbidamente, dizendo “nós avisamos”.

*

Acredito que falamos por todos os renitentes apoiadores do Presidente Lula, firmemente engajados na sua libertação e candidatura, quando digo que a entrevista do ex-Presidente do PT Rui Falcão à Folha de S. Paulo, hoje, foi um soco no estômago:

(…)

(…)

(…)

*

Nota: a “Central do Plano B” deita e rola, em incontida euforia, é claro:

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Sabermos há muito da atuação de células sabotadoras de Lula dentro do PT – e termos tomado a dura decisão de relatarmos isso, com todo o ônus que isso nos trouxe (e traz) – não diminui em nada a revolta. Ainda mais quando o assanhamento daqueles que, há muito, sabotam Lula chega ao ponto de nem sequer sentirem mais a necessidade de serem discretos. Não… agora está tudo (cada vez mais) às claras!

Tampouco, apesar de termos adotado o slogan “Duplo Expresso: a verdade chega primeiro”, somos daqueles que se comprazem, morbidamente, dizendo “nós avisamos”. No caso em tela, impossível – a quem quer que seja – “rir por último”. Pelo contrário: a resposta é cerrar o cenho.

A esse propósito, alguns leitores estranharam termos trazido na semana passada aqui para o Duplo Expresso – página defensora ferrenha, desde a primeira hora, da ideia de “Lula de A a Z” – a discussão sobre a hipótese de uma ANTI-candidatura. Com a possibilidade, inclusive, de que fosse encarnada pelo (eterno) Chanceler Celso Amorim.

Como explicamos dias depois, de maneira menos direta do que o ora feito, foi justamente por estarmos a par do estágio atual do embate, travado (majoritariamente) apenas entre apoiadores do Plano B vs. apoiadores do Plano…

– … B’ (!)

Um com apoio da máquina partidária e outro com o (alegado!) apoio do próprio…

– … Lula (!)

 

 

Buscamos, por conta disso, dar um “reset” na discussão. Para isso, desenvolvemos a tese da anti-candidatura e apontamos o nome de Celso Amorim, alguém em quem enxergamos os predicados para resistir ao assédio para a traição, diferentemente de (suspiro!) outros no PT:

(1) A tese de “anti-candidatura” só vinga com alguém forte de caráter o suficiente para torna-lo imune a tentativas de cooptação pela vaidade ou por pressão ou ameaça. Tem de ser 100% leal a Lula, sem pretensão política individual ou carreirismo. Mas, em vez disso, um forte compromisso com o coletivo e firmeza ideológica e nacionalista. Contam-se nos dedos de uma mão as pessoas que reúnem tais características – as características de um Estadista – na atual conjuntura.

(2) Uma (suposta) repetição da operação Perón-Cámpora 73, o que os articuladores do Plano B tentam vender – com má-fé – desde o início do ano, não seria possível no Brasil atual. Explicamos isso em artigo anterior. Não se pode tirar Lula da cadeia e trazê-lo de volta à política com um simples “indulto e convocação de novas eleições”. Inviável, inclusive, com o atual quadro jurídico-“institucional” brasileiro. O anti-candidato tem que ser muito mais capaz do que um “Cámpora 2018”.

*

GLEISI
Ficamos o dia inteiro a esperar uma manifestação da Presidente do PT, Gleisi Hoffmann, desautorizando a manifestação do – ex?? – Presidente do PT, Rui Falcão. Trata-se de claro desafio às reiteradas manifestações da Senadora e a diversas deliberações, unânimes, da Executiva Nacional da sigla (até aqui…).

Sim, bem sabemos que a Senadora se encontra em viagem ao exterior. Mais precisamente, em Cuba, participando de encontro do (ultra explorado politicamente pela direita) Foro de São Paulo.

Encontra-se, aliás, em companhia de Dilma Rousseff. Aquela que, para o Duplo Expresso, tem a obrigação de seguir sendo a Presidente – de direito – do Brasil até 1/jan/2019. E a quem não deveria ser dado trair os mais de 54 milhões de votos que recebeu. Isto é, mais uma vez, para além de, p.e., a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda ou o acordo com Romero Jucá para acabarem, juntos, com o monopólio da Petrobras na operação de blocos do Pré-Sal, em votação no Senado. Ora, tendo em vista a sua não desprezível parcela de responsabilidade pelo estado atual do Brasil, Dilma, politicamente, não tem o direito de implodir o principal pilar jurídico-político do Referendo Revogatório – do Requião, do Lula e, sobretudo, do povo brasileiro – lançando uma candidatura ao Senado que atende muito mais aos interesses da própria.

(mais sobre isso em “Extra! Dilma acaba de renunciar à Presidência (!) – detonando Referendo Revogatório (do Lula)” – 29/jun/2018)

Voltemos à Senadora Gleisi. Como dissemos, sabemos que está em viagem. Mas isso não a tem impedido de se manifestar por meio dos seus perfis nas redes sociais. Tem feito isso amiúde. Inclusive no dia de hoje.

Palavra da Senadora sobre o soco que Rui Falcão dá no estômago daqueles que se mantêm fieis a Lula?

Nenhuma.

Ainda.

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Lula está – literal e figurativamente – cercado. Como explicamos no artigo ““Bem me quer, mal me quer”: como Lula – e o Golpe – usam Fernando Haddad” (17/jul/2018), por conta disso é obrigado a dar de comer também à ala sabotadora (de si!). Vê-se forçado a mandar sinais contraditórios a amigos e inimigos, acendendo – concomitantemente – velas para Deus e para o diabo.

(e, quem sabe, por vezes a dois “diabos”, ao mesmo tempo…
Apenas para que se anulem, mutuamente…
E abram espaço para…
– … Deus?
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A – prece – é livre!)

Exemplos?

Consecutivos?

Semana após semana?

(1) Recebe (e gera fotos de), num mesmo dia, Gleisi Hoffmann (“Lula de A a Z”, pelo menos até a semana passada…) e Fernando Haddad (o Plano B por excelência):

 

(2) Recebe (e gera fotos de), num mesmo dia, João Pedro Stédile (do MST!) e Rui Falcão, da célebre CNB de SP, que tanto destaque recebe neste artigo:

 

(3) Recebe (e gera fotos dos) – fiéis e sólidos – Franklin Martins e Celso Amorim:

 

(4) Pois quem virá nesta semana, em compensação?

– Haddad e Jacques Wagner?

– Dilma e Fernando Pimentel?

– Aloisio Mercadante e José Eduardo Cardozo?

Façam suas apostas.

*

Pobre Lula!

Pobre Brasil!

*

Mas…

Não percam as esperanças… ainda. Nem tudo está perdido. Talvez a cara de pau dos sabotadores – de Lula e do Brasil – reflita, justamente, a necessidade de venderem ao público a narrativa de “fato consumado”. E o quanto antes.

Isso porque, como noticiamos no domingo:

O Duplo Expresso recebeu relatos sobre uma reunião na última semana entre membros da alta Finança, em SP, em que a hipótese de uma saída para a crise – com Lula como timoneiro – chegou a ser “aventada”. É apenas um primeiro passo, ainda. Algo no terreno das especulações. Mesmo porque careceria do principal: assentimento dos verdadeiros patrões do Golpe, fora do Brasil.
Mas, mais que tudo isso, trata-se do reconhecimento de que o “Lula de A a Z” – renitente – está trazendo frutos; com a repulsa das bases a alternativas “B” já passando a ser assimilada pelo outro lado.

 

E aí, para os articuladores do Plano B, toca dar entrevista-rendição à Folha de S. Paulo…

E, também, plantar notinhas por aí sobre a viabilidade “certa” (sic) do Plano B, em vista de “pesquisas (convenientemente) secretas”:

*

E aí, volto a outro trecho do mesmo artigo de domingo:

Pois é nosso papel tornar para o tal “Mercado” (a) opção (de Lula candidato) relativamente mais barata/ previsível do que a alternativa (o Plano B).
E isso incluiu, de nossa parte, impedir a viabilidade da hipótese de o Golpe, eventualmente logrando impedir a candidatura de Lula, conseguir escolher o (duplamente) “candidato” do PT: não apenas alguém que não encarnaria uma “anti-candidatura”, como ainda alguém que não teria a força de caráter para torna-lo imune a tentativas de cooptação pela vaidade ou por pressão ou ameaça; ou que não tivesse um forte compromisso com o coletivo e firmeza ideológica e nacionalista.
Pois é justamente aí que entraria o (eterno) Chanceler Celso Amorim.

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Acende uma vela de 7 dias, Chanceler!

Ah, Brasil…

(de novo: a prece é livre…
E, no caso, incentivada!)

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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