“União das esquerdas”: Duplo Expresso está fechado com Lula de A a Z, Eugênio Aragão
Publicado 10/mar/2018 – 14:38
Atualizado 10/mar/2018 – 23:20
Brasil em Transe: o alzheimer político
Por arkx
(comentário a “Os delírios de uma esquerda em convulsão febril”, artigo publicado por Eugênio Aragão em diversos sites da blogosfera. No caso específico, o GGN, de Luis Nassif. O mesmo que, alugando a sua pena para a publicação de dossiê fajuto fabricado a mando de um Deputado Federal, há quase uma semana tentou, sem sucesso, assassinar a reputação de Romulus Maya.
O comentário-resposta abaixo é de arkx, pessoa com quem Romulus Maya interage desde que se tornou articulista, no início de 2016. Ambos têm profundas divergências no que toca estratégia política. Mas respeitam-se e – o que deveria ser regra – ativamente buscam a exposição à opinião – divergente – do outro)
quando era menino, joguei muita pelada nas ruas poeirentas de terra onde eu morava. como era então bastante comum na periferia, havia muitos valões de esgoto sanitário in natura à beira das ruas e da linha férrea. volta e meia a bola caía num deles. algum de nós tinha que entrar na merda até acima dos joelhos, para o jogo poder continuar. fiz isto muitas vezes.
nesta sua conclamação [RM: em socorro de deputados questionados, desviando o foco de tais questionamentos com críticas (desproporcionais) aos “mensageiros” do Duplo Expresso, em vez de abordar a “mensagem”], o atual Ministro da Justiça Constitucional, Eugênio Aragão, não aborda os principais pontos de um episódio lamentável que jamais deveria ter sido amplificado. ou seja:
1. primeiro descarregaram linha na pipa. assim que esta voou longe e alto, mas não exatamente do jeito suposto, dispararam contra ela todas as baterias antiaéreas disponíveis. valendo-se inclusive de uma das mais sórdidas armas da Direita: o assassinato de reputação;
2. este é o resultado da interdição do debate crítico em 13 anos de Lulismo, mas vem de antes. a crítica faz parte de qualquer processo de gestão, inclusive da vida de cada um de nós. qualquer processo só pode ser bem-sucedido se fundamentado em sucessivos ciclos de planejamento/execução/avaliação. mas o Lulismo cristalizou a noção de qualquer crítica ser “fazer o jogo da Direita” contra o “nosso governo”;
3. a pauperização do debate desceu a um nível do qual há excelente péssimos exemplos aqui mesmo nesta área de comentários (no GGN). enquanto que: “O diálogo não é a conversa entre iguais, mas sim a conversa real e concreta entre diferenças que evoluem na busca do conhecimento e da ação que dele deriva. Diálogo é resistência.”;
4. a própria utilização do termo Lulismo, conceito consagrado por André Singer em seu livro “Os Sentidos do Lulismo”, é vista como pejorativa, provocando em reação convulsões raivosas. o delírio chega ao ponto de se alucinar por trás de cada crítico um “espião secreto”, pronto a detonar com uma Esquerda que jamais precisou de nada e ninguém, além dela mesma, para se auto exterminar. e este episódio lamentável é disto uma grande prova;
5. o ainda mais lamentável consiste na recusa em tentar compreender o motivo óbvio pelo qual se ganhou tanta visibilidade e se fez tanto sucesso em tão pouco tempo: simplesmente porque foi atendida uma demanda real! independente de se aprovar ou não estilo e métodos como isto se deu. existe uma enorme carência de canais que de fato expressem a gigantesca ânsia de luta contra o Golpe de 2016, bem como de agentes que vocalizem este desejo. desde a fatídica noite do vazamento do grampo em Dilma, o país acompanha perplexo e estarrecido a absoluta inapetência do Lulismo para enfrentar um golpe desde muito antes anunciado;
6. por isto tudo, e ainda por muitas outras coisas mais, não são à toa afirmações do tipo: “Dissemos que o golpe não passaria e passou. Dissemos que a condenação de Lula não ocorreria e ocorreu. Dissemos que o TRF da 4ª Região não ousaria confrontar as massas coonestando a condenação partidária de Moro e ousou. Pensávamos que o STJ daria um freio de arrumação e não deu.”;
7. nós quem, cara-pálida? nós da tribo arkx estamos neste Blog do Nassif desde 2005 escrevendo, e nos repetindo e repetindo, a inevitabilidade de tudo o que até agora ocorreu, case se continuasse no rumo equivocado que viemos;
8. assim como também já aqui postamos e tornamos a postar: Lula não pode ser preso! Lula precisa ser escoltado por uma força-tarefa para um asilo político numa Embaixada de um dos países dos (B)RIC(S), permanecendo no Brasil, mas à salvo de uma caçada implacável que o coloca inclusive sob risco de vida. o impacto político e diplomático deste fato vai ser um importante vetor para contrabalançar a correlação de forças;
9. (o) artigo (de Eugênio Aragão) confirma novamente os motivos pelos quais Janot chegou a ser PGR. Eugênio Aragão surgiu como um brilho intenso quando tudo mergulhava nas trevas do caos, da covardia e da traição. lamentavelmente, acabou sendo não mais que fugaz relâmpago em meio à tempestade interminável;
10. quando se supõe haver alguém em quem se possa confiar, mais uma insuportável decepção. triste. a vida é assim… dura! mas esta é a única vida que temos para viver.
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“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”
Por Romulus Maya
Devo dizer que, além de tudo mais a se lamentar nesse episódio, é quase certo que a rede do Duplo Expresso não poderá mais contar com a sapiência do Ministro (constitucional) da Justiça (até 31/12/2018), Eugênio Aragão, por um tempo. Constrangido com o envolvimento do seu nome no lamentável episódio, fez uma escolha.
Não cabe a nós julgá-la.
Contudo, com autorização expressa do Ministro, com quem vimos conversando desde o início do episódio, reproduzimos parte do diálogo. De notar mudança de atitude em 24h: da abstenção, expressa, ao engajamento, (nem tão) implícito.
3/mar/2018
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6/mar/2018
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7/mar/2018
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Para reduzir a perda da sua ausência, fechemos com a última (?) participação de Aragão no Duplo Expresso.
Com um reparo, ainda, ao que diz em seu texto nos criticando: não usamos as suas palavras para “desqualificar” a atuação dos Deputados em questão. Utilizamos as mesmas, isto sim, para qualificar o nosso trabalho. Ou seja, para qualificar o documento que, depois de 3 meses, conseguimos. E o qual, como Aragão bem sabe, prova crime de Sergio Moro. E que, no Brasil atual, só se presta ao uso POLÍTICO, como bem observa o próprio:
Min. 17:15:
“Enfim, eu devo lhe dizer que não tenho em relação ao sistema Judiciário qualquer tipo de esperança. Não tenho. Eu acho que isso é… se a gente por acaso em algum momento vai ter alguma vantagem para a defesa de Lula, isso é em função de circunstâncias. De circunstâncias POLÍTICAS, de avaliações POLÍTICAS de risco, mas em hipótese nenhuma pelo amor à Constituição, pelo amor às garantias fundamentais ali inscritas”.
São os Deputados que “desqualificam” a si mesmos, ao se recusarem a agir concretamente em defesa de Lula. E sem explicarem as suas motivações. Tudo o que fizemos foi estragar-lhes o álibi para a inação. Fazendo cobranças públicas e – pior de tudo – trazendo à baila, na semana passada, a prova documental de crime de Sergio Moro. Essa, não apenas ignorada mas, mais que isso, verdadeiramente colocada no “Index” pelos dois Deputados:
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Perito imparcial – bate nos Deputados e no Duplo Expresso na mesma medida – atesta fidedignidade do documento:
Mas, para além de perícia (online) numa cópia…
Por que os Deputados não requerem acesso à cópia arquivada no Ministério da Justiça do original?
Por que não pedem o levantamento do sigilo?
Por não pedem para Tacla Durán mandar a notificação que recebeu na Espanha? E prova de que compareceu à audiência marcada para 4/dez/2017? O proprio Aragão diz no vídeo acima que Tacla é quem pode levantar o sigilo, posto que esse, supostamente, operaria em seu “benefício”.
Por que os Deputados não fazem requerimento à PGR para esclarecer a questão, inclusive requisitando certidões à Justiça espanhola sobre a tramitação do pedido de cooperação direta e a marcação da audiência? Ou, até mesmo, o reenvio do original do pedido de cooperação, que partiu de Brasília rumo a Madri?
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Novamente, o único uso – efetivo – a que tal documento se presta no Brasil do golpe juristocrático é o uso político-administrativo, a cargo, exclusivamente, de PARLAMENTARES – justamente para isso eleitos por suas bases. Mais que isso, um dos deputados em questão foi deliberadamente elevado da condição de suplente – com gestões pessoais de Lula, inclusive – para que pudesse usar seu conhecimento jurídico em favor da defesa do Presidente no Parlamento.
Hipóteses que aventamos de uso político-administrativo do documento:
E.g., colhendo assinaturas para instalação de uma ‘CPI da toga’, formulando requerimento por escrito de pedido de providências à Procuradoria Geral da República, requerendo o original do documento do Duplo Expresso diretamente ao Ministério da Justiça, com o levantamento do sigilo.
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O chamamento à “união” de Aragão é mais que bem-vindo. E o Duplo Expresso saúda-o.
O “guizo” a colocar no pescoço do “gato”:
– Que “união” seria essa?
– Ou melhor: com que objetivos estratégicos a partilhar?
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Nesse tocante, o Duplo Expresso não esconde que tem um acima de todos:
– Lula!
– A sua defesa!
– E a sua eleição como Presidente da República!
O Duplo Expresso é Lula “de A a Z”. Isso significa não articular “Plano B” que legitime a farsa. E sim pagar para ver o blefe do Golpe, partindo para o impasse “institucional”: registrar Lula como candidato, nem que seja por procuração caso esteja (injustamente!) preso. Deixar seu nome na urna, levar ao ar os vídeos que deixará gravado, marcar comícios ao lado da prisão.
Dar nome aos bois: denunciar o JUDICIÁRIO, institucionalmente, como (co-) artífice do Golpe na dimensão interna e, na externa, o Deep State americano e a Finança internacional, no topo da cadeia de comando.
Ou seja: parar, imediatamente, de tocar a “flauta mágica” para as bases – mas também para si!
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“Documento-bomba”: Duplo Expresso errou… por acertar (!)
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Por isso, um bis:
E.g., colhendo assinaturas para instalação de uma ‘CPI da toga’, formulando requerimento por escrito de pedido de providências à Procuradoria Geral da República, requerendo o original do documento do Duplo Expresso diretamente ao Ministério da Justiça, com o levantamento do sigilo.
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— Romulus Maya (@romulusmaya) March 10, 2018
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ATUALIZAÇÃO 18:20 – a pergunta que não tem – e não deve mesmo ter! – resposta (definitiva): “mas e o Lula? O Lula é ‘Lula de A a Z'”?
Da seção de comentários:
Apenas um latino-americano • 2 horas atrás
Fico incomodado quando vejo o pessoal atacando o DE por razões torpes. Mas me incomoda igualmente essa tática do DE de ficar rebatendo o que ficam dizendo na net.
Romulus • 2 horas atrás
Não percebe que finalmente chegamos ao divisor de águas?
Quem é Lula de A a Z, partindo para o impasse institucional versus quem quer legitimar a farsa com “Plano B”.
Esse episódio, lamentável, ao menos serve para isso.
Apenas um latino-americano • 2 horas atrás
Tá certo, mas Lula é ‘Lula de A a Z’?
Romulus • 16 minutos atrás
Pois é. Lula é Presidente – por natureza. O que significa arbitrar os conflitos de um coletivo.
Creio que ele não tenha resposta. Ao menos não definitiva. Se já teve, é capaz de ir e vir, de acordo com as “nuvens no céu”. Isso é política. Somos nós que temos que dar a ele a força para sê-lo, fortalecendo o cacife da ala que é “Lula de A a Z” e enfraquecendo aquele da que é “Plano B”.
Lembra do Roosevelt? Do “now go out and make me do it“? Pois então…
“Aprendamos a lição justamente com um dos (melhores) gringos: Franklin Delano Roosevelt!
O ex-Presidente americano – o único a ter sido eleito para 4 mandatos! – celebremente disse a líderes sindicais que o visitavam após a sua primeira eleição:
– Concordo com vocês. Quero fazer o que reivindicam. Pois agora saiam e obriguem-me a fazê-lo.
Roosevelt pediu aos líderes sindicais que, jogando com a dinâmica (“dinâmica”!) de correlação de forças na sociedade, construíssem o álibi político para que o Presidente pudesse enquadrar os entraves conservadores que resistiam no aparelho do Estado: Legislativo e Judiciário.
– Isso é política!
O resultado?
– O New Deal e os “30 gloriosos”!”
A candidatura Haddad, que agora tenta se relançar depois de ter queimado a largada, representa a capitulação – em todos os cenários.
Representa ou (i) perder a eleição (candidato fraco, descolado das bases); ou (ii) (paradoxalmente) pior ainda: ganhar e representar o fim do PT. Que seria destruído por dentro assim como François Hollande destruiu o Partido Socialista francês. Elegeu-se com o slogan “a mudança é agora” e dizendo, em seu comício de encerramento da campanha, “a finança é o meu inimigo”. Entrou. E a finança reinou. Inclusive com a sua mistura de dauphin/ Édipo particular, o “petit génie” Emmanuel Macron, na pasta da Economia, vindo diretamente do Banco Rothschild.
Com um “Hollande/ Macron” na Presidência, o PT do resto do Brasil vai ficar parecendo o que é hoje o PT do Rio de Janeiro, depois dos anos de casamento com o PMDB de Sergio Cabral: uma micro-legenda histórica. Vai abrir espaço pra representação muito pior para o campo popular. No caso do Rio, quadros do PSOL como Freixo. Em nível nacional, não sei o que seria. Para isso, tem que ver quem conseguirá herdar o voto (verdadeiramente) “popular” – tipo do Nordeste, favelas, periferias, áreas rurais.
E mais: ninguém garante que será a esquerda!
Pode bem ser a extrema-direita…
Basta ver que no Rio de Janeiro – de novo ele (antecipando o Brasil?) – 40% dos votos de Lula, em caso de inabilitação, migram para… Bolsonaro!
Os míopes não conseguem ver, mas lutando contra a traição ao “Lula de A a Z” estou lutando – mais que pela eleição de 2018 – pela sobrevivência do PT enquanto partido relevante PARA ALÉM DE 2018.
E pela manutenção do voto “popular” na sua esfera – ao menos majoritariamente.
Se ganhar a direita, o PT será destruído pouco a pouco como está sendo, nas mãos da dobradinha Judiciário/ mídia.
Ganhando a “esquerda” fake, tipo Haddad/ Ciro, o PT será destruído por dentro, como foi o PS francês com o Holladismo.
E como, no Equador, Lenin Moreno – traidor! – está destruindo o sonho da “Revolução Cidadã” de quem o apadrinhou e levou ao poder: Rafael Correa.
Acho que essa última hipótese, a da destruição do PT por dentro, é ainda pior do que a primeira. Pois é definitiva. E não sobra nem ao menos o capital político da vitimização.
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ATUALIZAÇÃO 11/mar/2018 – 19:49 – conterrâneo exilado há 10 anos na belíssima Provence confirma:
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ATUALIZAÇÃO 23:20 – A Gleisi é “Lula de A a Z”, até as “últimas consequências” – e pessoa do entorno do Presidente também!
Como sempre, mandei o artigo assim que saiu para diversos quadros do PT. Todos viram. Poucos responderam. Um, em particular, mandou a melhor resposta possível. Pessoa das mais próximas ao Presidente Lula, respondeu com vídeo da Presidenta nacional do PT, a Senadora Gleisi Hoffmann. Eis o som e a imagem que valem por todas as palavras deste artigo (e muitas mais):
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Alô: Lula pode ser preso em questão de dias!
Preso, não controlará mais as tratativas para a estratégia “eleitoral” do PT.
(“eleitoral”?!)
Ou afirmamos o “Lula de A a Z” com ele aqui entre nós hoje, junto com ele e com os demais fiéis, ou abriremos uma avenida para o “Plano B”.
“Plano B” esse que matará o PT.
Por dentro – “Plano FH-C”…
(muitos leitores têm lembrado o exemplo de Lenin Moreno no Equador, que traiu Rafael Correa, que o elegeu, tão logo chegou ao poder!)
– … ou por fora – nas mãos da Juristocracia.
Queria acrescentar aqui um “simples assim” retórico, para fechar…
Mas confesso: não é nada simples!
Eu, ao menos, já escolhi (há muito) meu lado.
E vós?
Sois homens (e mulheres!) de fé?
E de luta?
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O Duplo Expresso está com as bases: é Lula de A a Z!
(extrato do programa de 8/mar/2018. Integralidade aqui)
Só falta constrangerem o Presidente Lula a dizer que não quer que nós o defendamos. E mesmo nesse caso, eu ainda pensaria… entre conversa de gabinete e conversa com as bases, que estão com Lula de A a Z, nós vamos escolher as bases. Porque é com essa legitimidade que estamos conversando. (…) quando temos um problema aqui de conversa de gabinete, no ar-condicionado, tentando nos pressionar, a gente vai trazer para a base. (…) nós sabemos que a política exige negociações (de bastidores) e há coisas que não convém que sejam reveladas, mas quando nós temos que agir em legítima defesa não só de nós, mas do espaço do Duplo Expresso, e em legítima defesa do Presidente Lula (e da sua defesa), que foram prejudicados por certas coisas que foram ditas, nós agiremos indo a público. É a nossa arma, Wellington. Nós somos dois cidadãos brasileiros expatriados. Tudo o que a gente pode fazer é abrir um diálogo franco com quem está nos ouvindo. Então, à conversa de gabinete e conchavo, nós preferimos falar com as pessoas que querem a proteção máxima do Presidente Lula. E que se sentem, como nós, frustradas com o que elas observam da atuação de pessoas que têm mandato e deveriam exercê-los em sua plenitude na defesa do Presidente Lula.
E mais:
Humildemente, Duplo Expresso seguirá exemplo da Rádio BBC na Europa ocupada por nazistas
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