Hy-Brazil: uma Contra-Revolução permamente
para aplicar as “medidas impopulares” derrotadas quatro vezes seguidas nas urnas, foi necessário o Golpeachment e fraudar as Eleições de 2018, mas sob pena de um inesperado efeito colateral: a ascensão BolsoNazi.
ainda que a pauta ultraliberal seja aplicada conforme o previsto, o gênio saiu da garrafa e do controle, se tornando mainstream: os Porões da Ditadura Civil-Militar agora ocupam o Palácio do Planalto.
do massacre do anarco-sindicalismo rela Revolução de 1930 a Getúlio suicidado em 1954. da guerra de São Paulo contra o Brasil em 1932 ao Golpe de 1964. do AI-5 em 1968 ao Golpeachment em 2016. do Parlamentarismo de 1961 às eleições fraudadas de 2018.
de contra-revolução em contra-revolução, o lumpem-empresariado brasileiro gerou as condições para a chegada ao governo da extrema-direita.
nem Alckmin, nem Dória, nem Luciano Huck, nem Amoedo… deu ruim!
e agora? como manter sob rédeas curtas o clã Bolsonaro? como fazer com que no Palácio os Porões dispam os aventais ensanguentados de bárbaros milicianos torturadores para vestir um modelito civilizado de estadistas?
ao se constatar o quanto o governo Bolsonaro é tosco, grotesco, primário, improvisado e despreparado se chega a supor se tratar de algum tipo de tática diversionista.
puro engano! pois o governo o governo Bolsonaro é autenticamente tosco, grotesco, primário, improvisado e despreparado.
exato como a classe dominante a quem serve caninamente.
ao contrário do Golpe de 1964, cuja doutrina implementada foi gestada por décadas na Escola Superior de Guerra (ESG) e operacionalizada pelo IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), o Golpe de 2018 carece de projeto, a não ser a pilhagem de curto prazo.
o principal são as grandes jogadas envolvendo a expropriação do patrimônio público.
para o lumpen-empresariado brasileiro, é abocanhar o máximo que puder no menor tempo possível.
para o capital financeiro global é assumir o controle total da economia brasileira.
para a geopolítica do Imperium é extirpar do Brasil a soberania nacional, agravando nossa condição subserviente, dependente e periférica, portanto altamente excludente e desigual.
o Capital em seu atual estágio não mais necessita de nenhum “liberalismo democrático”: dispensou seus disfarces, está nu diante de si mesmo.
o Capitalismo se tornou impessoal. a mão invisível do mercado já não é mais humana. os algoritmos estão no comando. todos nós, inclusive os mega empresários, nos tornamos supérfluos. o sistema ganhou dinâmica própria.
qual poder tem de fato um poderoso CEO? sua autonomia é a de um vassalo do Conselho de Administração, Conselhos Fiscais, órgão reguladores, compliances, auditorias externas, associação de acionistas, escritórios de advocacia, agências de risco, mercado…
o poder se tornou despersonalizado e não representativo porque não é quem o exerce aquele que o controla.
por outro lado, o Capitalismo se choca com os limites de seu expansionismo esquizofrênico: colonizou a totalidade do planeta, os recursos naturais estão fadados ao esgotamento e não há como superar sua contradição intrínseca, causadora da inexorável tendência decrescente da taxa de lucro.
o modelo atual do Capital é o Daesh e sua necropolítica: Viva la Muerte!
apanhada numa crise apocalíptica do Capitalismo, a burguesia brasileira também se reencontra com o seu mal de origem.
a burguesia industrial no Brasil nasce sem ter como base de apoio para o início da acumulação a pequena empresa industrial, mas sim o grande comércio ligado às atividades de importação e exportação.
do mesmo modo que a exportação, a importação é dominada em grande parte por empresas estrangeiras. por sua vez, o comércio interno é controlado pelos importadores.
ao contrário do mito do self-made man, de origem modesta e que constitui fortuna graças ao trabalho árduo e persistente, o imigrante que vem a se tornar proprietário de empresas no Brasil aqui já chega com alguma forma de capital, pertencia a famílias de classe média, possuía também instrução técnica, e, muitas vezes, havia sido contratado como administrador.
desse modo, o latifúndio exportador, a importação, o grande comércio e a burguesia imigrante, que vem a ser o núcleo da burguesia industrial nascente, estão todos intimamente conectados.
este é o mal de origem cuja maldição ainda se faz presente.
no centro do núcleo do governo Bolsonaro estão banqueiros e rentistas, exportadores de commodities e o grande comércio importador. todos sócios locais e minoritários do Capital Transnacional Financeirizado.
Bolsonaro não é apenas o momento no qual todas as máscaras caem ao chão, expondo faces repugnantes, como o instante aterrador onde tudo aquilo recalcado em nossa História retorna sinistramente para nos assombrar.
não nos iludamos: nem o clã BolsoNazi, tampouco o generalato em seu entorno e muito menos o lumpen-empresariado brasileiro, nenhum deles do setor dominante possui uma idéia sequer de como superar a catástrofe atual no Brasil.
pois são exatamente estes setores, e os interesses a quem protegem, a causa primordial de todas as nossas catástrofes.
como sabem apenas brandir e usar o martelo, assim o farão. mais cedo ou menos tarde, acabarão por acertar os próprios dedos e cravar pregos nas próprias mãos.
sob Bolsonaro o Brasil marcha para um estado de exceção, cuja configuração ainda não está completamente definida, mesmo assim já se mostra indecorosamente inevitável para uma elite hipócrita incapaz de se assumir como sempre foi: bárbara.
o cotidiano do Povo Brasileiro sempre foi a barbárie. a História da civilização humana é uma sucessão de genocídios. tanto aqui na periferia quanto lá no centro do sistema, nunca houve tanta desigualdade em meio a tanta abundância quanto agora.
não estamos num impasse entre civilização versus barbárie. estamos numa irreversível crise terminal provocada pelo Capitalismo em seu estado senil de acumulação.
situações como esta não se resolvem com pactos. não se trata de opção mas de circunstâncias objetivas.
o Capital não fará nenhum pacto. ou o derrotamos, ou seremos extintos.
“Todos – Estado e Igreja, nobres e mercadores, senhores e tropas – todos se mantinham solidários, absolutamente unificados; quando um desmoronasse, os outros viriam abaixo com certeza.”
“América Latina: Males de Origem”, Manoel Bomfim
fontes a respeito da formação da burguesia no Brasil:
– “América Latina: Males de Origem”, Manoel Bomfim;
– “Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil”, Sérgio Silva;
– “Dependência e mudança social, Theotônio dos Santos;
– “História da dualidade brasileira”, Ignácio Rangel.
– “Acumulação dependente e subdesenvolvimento”, André Gunder Frank.
– “O capitalismo tardio”, João Manuel Cardoso de Mello.
– “A industrialização de São Paulo”, Warren Dean.
– “A burguesia brasileira”, Jacob Gorender.
– “A hegemonia inacabada”, Francisco de Oliveira.
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anteriormente em Hy-Brazil:
– do momento Geisel ao momento Chávez.
– os Porões da Ditadura no Palácio do Planalto.
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