Cientista Robson Sávio comenta o “Judiciário da Casa Grande”

Da Redação do Duplo Expresso,

O Cientista Social Robson Sávio comenta em um vídeo bastante didático o aprofundamento do golpe e a parcialidade elitista do judiciário brasileiro.

Leia aqui a transcrição feita pela produtora do Duplo Expresso, Camila Govedice:

Olá!

Nessa semana ficou bastante claro que além de uma coalisão política formada por um congresso de larápios, salvo exceções, e de um Executivo que não tem nenhum compromisso com o povo e com a nação e também é povoado por elementos de baixíssima reputação, nós temos também um Judiciário comprometido com a Casa Grande. Um espécie de feitor da Casa Grande contra os pobres e contra também os interesses da nação.

Os três poderes da república se amalgamaram num único poder contra o povo brasileiro, contra os trabalhadores, contra a nação. Esse único poder contra o povo e a nação está a serviço do capitalismo internacional, de um capitalismo que é cada vez mais concentrador de riqueza e renda nas mãos de pouquíssimas pessoas. Um modelo de capitalismo que quer expropriar todas as riquezas dos países em desenvolvimento, que quer sugar ao máximo a força de trabalho da grande massa dos trabalhadores, que quer manter a opressão, principalmente nos países subdesenvolvidos em fase de desenvolvimento. É um capitalismo que se expande nessa fase do neoliberalismo voltado para massacrar todas as conquistas sociais e civilizatórias que a humanidade conseguiu após a Segunda Guerra Mundial e que muito tardiamente o Brasil começou a conseguir a partir da Constituição Federal de 1988 e principalmente durante os governos do Partido dos Trabalhadores, apesar de todos os equívocos e eventuais enganos.

Nós precisamos de ter muita clareza de que esse grupo é um grupo poderosíssimo, que não somente se estrutura dentro dessa coalisão formada pelos três poderes no Brasil, mas que também tem interesses internacionais por trás dessa verdadeira gangue de malfeitores. Como reverter essa situação? Nós só podemos reverter essa situação fortalecendo os movimentos sociais e a cidadania e esse não é um processo fácil. No Brasil, a maioria das pessoas, a maioria dos trabalhadores não tem noção, não tem ideia do que é cidadania, sequer sabem que são sujeitos de direitos. Muitos desses direitos são tutelados até hoje. Ora, uma grande massa que sequer tem consciência dos seus direitos, como terá consciência que está perdendo direitos? É isso que nós temos que pensar. Não adianta ficar xingando o povo, dizendo que o povo não reage porque a maioria das pessoas não tem consciência de cidadania, não tem consciência de que são titulares de direitos e portanto também não tem consciência de que estão perdendo direitos. É isso que nós temos que entender. E os grupos que tem um pouco mais de formação política, a classe média progressista e democrática, os sindicatos, os grupos eclesiais que são grupos, não os conservadores, mas grupos progressistas, nós temos um dever árduo, mas que precisa de ser feito: formar a população para, tendo consciência de que são sujeitos de direitos, consigam perceber que essa empreitada golpista só traz malefícios para o trabalhador e a partir daí construir junto com o povo uma resistência democrática forte e pujante. Somente assim nós conseguiremos, a médio prazo, reverter esse golpe tão bem arquitetado e tão poderoso.

Nós podemos e devemos aproveitar do processo eleitoral desse ano para trabalhar no sentido de fortalecer a discussão sobre cidadania, a discussão sobre uma sociedade que deve se apropriar dos seus direitos para poder reivindicá-los. Esse processo eleitoral deve ser um processo pedagógico nesse sentido. Não devemos ter muito mais ilusões além disso daí. Devemos reforçar a formação para criar musculatura social a fim de enfrentarmos esse golpe que é um golpe muito bem articulado, muito bem montado, esse pessoal não tem nenhum escrúpulo, não tem nenhum limite, não tem nenhuma ética, não tem compromisso com as leis, pelo contrário, hoje os operadores da lei, os operadores do Direito são sócios dos golpistas e portanto, há que pensar formas muito inteligentes e articuladas de nós garantirmos a resistência democrática a médio e longo prazo. A empreitada, ela é difícil, a empreitada, ela é custosa, mas o pior de tudo é se nós desistirmos, o pior de tudo é se nós não mantivermos a esperança na luta, a firmeza de que é passo por passo que nós vamos conseguir restituir o Brasil para todos os brasileiros.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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