O “socialismo” do Brasil e a “Revolução Azul e Rosa”

Por Wellington Calasans, para o Duplo Expresso

Os conceitos de ciências políticas sempre serão invocados para aqueles casos onde a desinformação, a má-fé e o oportunismo tentam sobrepor o equilíbrio que permite o funcionamento civilizado de uma sociedade (ainda que filosoficamente isso abra um leque interminável para o debate).

Um dicionário nos diz que “Socialismo (é uma) doutrina política e econômica que prega a coletivização dos meios de produção e de distribuição, mediante a supressão da propriedade privada e das classes sociais”. Diante disso, e porque as questões práticas são auto-explicativas, temos no caso brasileiro um debate vazio e cínico sobre o socialismo.

De um lado, Jair Bolsonaro – há mais de 28 anos na vida pública como parlamentar gozou de privilégios que poucos brasileiros tiveram ou terão acesso – no seu discurso de campanha (e agora como presidente empossado) fala em “acabar o socialismo no Brasil”. Do outro lado, políticos e militantes – que nos últimos treze anos participaram dos governos do PT – falam sobre a inclusão social como uma prática socialista, mas esquecem que em momento algum o assunto foi tratado com conquista cidadã, mas sim como “poder de compra”.

Temos, em ambos, discursos oportunistas que exploram a ignorância da maioria dos brasileiros. Bolsonaro com o velho truque do “inimigo interno”, justifica a vocação covarde das Forças Armadas de ingressar na política para cumprir o papel de capanga das elites. Os “progressistas” sequer disfarçam a sede de poder pelo poder. Nada surpreendente para quem teve Henrique Meirelles e Joaquim Levy na conta desse “socialismo de consumo”.

Enquanto estudo publicado no início do ano passado pela organização não-governamental britânica Oxfam mostra que cinco bilionários brasileiros concentram patrimônio equivalente à renda da metade mais pobre da população do Brasil, Bolsonaro e “Progressistas” debatem um socialismo que não passa de mais um tapa na cara dos brasileiros.

A ignorância do povo é uma arma que troca de mãos e que sempre é usada contra o próprio povo pela via do entretenimento através dos grupos que estão no poder visível, mas que atendem aos invisíveis, e verdadeiros, donos deste mesmo poder.

Bolsonaro invoca o combate a um “comuno petismo bolivarianista” que só existe na sua sede de poder aparente. Por sua vez, os “intelectuais” se esforçam para defender a tese de que “o PT não se uniu a essa classe dominante por gosto. Ele o fez pelo Brasil. Já está mais do que na hora de nós entendermos isso.”

O certo é que no Brasil o socialismo é um sonho distante que alguns guardam nos livros empoeirados. Nos Governos Lula e Dilma os banqueiros ganharam dinheiro como nunca, mas a propaganda era que “aquele que comia pé e pescoço de frango, agora podia comer peito e coxa”, entre uma receita culinária e outra, o pré-sal foi entregue, os direitos trabalhistas foram extintos e quem reclamar será enquadrado nas leis antiterrorismo.

Temer não precisou mudar equipes formadas por Dilma em diversos setores estratégicos. Bolsonaro recebe um conjunto de leis que permitem o holocausto do pobre e se utiliza dos providenciais apoios de uma falsa esquerda – que agora quer ir para as ruas com homens de rosa e mulheres de azul -, uma comunicação social que defende os interesses dos bilionários e igrejas neopentecostais que lavam dinheiro do tráfico e prometem um terreno no céu para os desesperados.

É o socialismo “eza” os ricos com a… riqueza e os pobres com a… pobreza. E um viva à revolução azul e rosa.

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“AZUL” E “ROSA” É O CACETE, ENTREGUISTAS DE BOSTA!
(dos dois lados!)
Aviso desde 2016. Agora serão 4 anos disso aí:
-Enquanto se vão Petrobras, Eletrobras, soberania, emprego e renda, Bolsonaro e Damaris vão entreter polarizando com Deputados identitários e Blogs associados em pautas “morais”/ “comportamentais”/ “identitárias”.
– Perdemos a eleição com essa porra.
– Pois continuarão nos roubando com essa porra também.
Time que está ganhando não se mexe, afinal.
Lado “bom”: o Brasil miserável finalmente chegou ao primeiro mundo! Agora tem políticos e blogs “Democratas” e “Republicanos”, exatamente como nos EUA.
Um luxo (!)
Em algum lugar não determinado, George Soros e os irmãos Koch brindam com Veuve Clicquot em suas taças de ouro. Venceram: eles fazem a pauta!
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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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