Crise e os campos possíveis

CRISE E OS CAMPOS POSSÍVEIS
Luiz Carlos de Oliveira e Silva

A crise se anuncia bruta devido a chance de somar o colapso do sistema de saúde com uma crise econômica jamais vista. Esta crise pode acarretar, entre nós, a morte de dezenas de milhares de pessoas e a miséria de milhões. Ela pode nos lançar na anomia, com a “falência múltipla dos órgãos” da nossa institucionalidade…

2. Para evitarmos que isto aconteça, é preciso que articulemos, imediatamente, um forte bloco político nacional, popular e democrático, de caráter clara e decididamente anti-neoliberal, e com apoio de massas. As condições objetivas para isto, a meu ver estão dadas… As razões que sustentam esta avaliação são as seguintes:

3. A presença da ideologia neoliberal é – nesta época do capitalismo financeirizado – tão avassaladora, a ponto de (1) atravessar, com suas diversas faces, todas as classes sociais, e (2) de se constituir como o “pensamento único”. O “estado mínimo” pregado pela plutocracia, a “meritocracia” com a qual as classes médias se deixam encantar, e o “empreendedorismo” com que se enganam as camadas populares – as três formas típicas da ideologia neoliberal – têm no individualismo um traço comum de fundo.

4. O individualismo é um poderoso – e perverso – mecanismo de domínio de classe porque faz com que pessoas das classes médias e populares “introjetem” o opressor, com cada um exigindo de si mesmo padrões de eficiência e de sucesso impossíveis de serem alcançados numa economia liberal. O resultado destas exigências, não raro, são a culpa, o desânimo, o desespero… (Não é à toa que os índices de suicídio são crescentes.)

5. Um dos aspectos mais dolorosos no último filme de Ken Loach – “Você não estava aqui”, “Sorry, we missed you”, no título original em inglês – é ver os personagens se desculpando o tempo todo, uns com os outros. Pois é, o individualismo é um fardo muito pesado de se carregar e, por isto mesmo, não tem prazo de validade muito longo…

6. A permanência do individualismo é condição para que as classes médias e populares continuem sob a influência política e ideológica do neoliberalismo. A permanência destes setores sociais sob influência política e ideológica da plutocracia é uma das razões que explicam a ausência de oposição popular às reformas regressivas em curso.

7. Estou certo de que a permanência da atual força do individualismo se torna uma impossibilidade ontológica diante da crise desencadeada pela pandemia do corona vírus, que se anuncia bruta. Digo isto porque a crise fará com que cada pessoa confronte diariamente a ideologia individualista com a realidade nua e crua dos fatos, com evidente prejuízo para a ideologia.

8. Mas não será apenas o individualismo que será confrontado com a realidade nua e crua dos fatos – a visão mágica do mundo também terá que se submeter a este “choque de realidade”. Como ficarão os assim chamados pastores das igrejas neopentecostais com seus demagógicos e cretinos apelos à cura divina, diante da crise? Abre-se, assim, um campo favorável para a ciência retomar o terreno que perdera, nos setores populares, para as crendices manipuladas pelos pastores.

9. O descrédito das crendices manipuladas pelos pastores neopentecostais e a perda de vigor do individualismo podem vir de par, num processo de resgate da ciência, da ação coletiva e da política. Este resgate pode alterar a atual correlação de forças, descortinando um horizonte favorável a uma saída nacional, popular e democrática para a crise. Este é o busílis, a meu ver…

10. Um campo favorável para este resgate está aberto diante de nós. Mas, por enquanto, isto não passa de um campo favorável. O que temos diante de nós é uma crise que se anuncia bruta, uma oposição abúlica e desorientada e um endurecimento do regime sendo construído silenciosa e diligentemente, por via legal, pelas forças antinacionais, antipopulares e antidemocráticas, hegemônicas na cena política brasileira faz tempo.

CURSO DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA ONLINE
Luiz Carlos de Oliveira e Silva

1. Somando os meus esforços aos de muitos outros, vou promover, durante a quarentena, cursos online gratuitos, pelo sistema “vídeo ao vivo” do Facebook.

2. As aulas, com duas horas de duração, serão aos domingos, às terças e às quintas-feiras, sempre às 18:30 horas.

3. Os vídeos ficarão armazenados e disponíveis para consulta posterior em minha página do Facebook.

4. O curso será uma introdução à filosofia a partir da leitura comentada da “Apologia de Sócrates”, de Platão.

5. No campo dos comentários, seguem a tradução do texto de Platão com o qual trabalharemos e um material de apoio.

RESUMO
Curso online e gratuito
Uma introdução à filosofia a partir da leitura comentada da “Apologia de Sócrates”, de Platão
Domingos, terças e quintas-feiras
Das 18:30 hs às 20:30 hs

Luiz Carlos de Oliveira e Silva, professor de filosofia

Outras publicações:

A Esquerda e a Reconstrução do País

A Crise se anuncia bruta

Por um Programa Nacionalista claramente Anti-Neoliberal

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