Haddad digerido: análise do “desabafo” do Ex-Prefeito de SP
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Haddad digerido: análise do “desabafo” do Ex-Prefeito de SP
Mais uma vez o Núcleo Duro, e suas várias mãos, comentam a “novidade” política do momento. Desta vez, o histórico depoimento de Haddad sobre o seu percurso – e frustrações – na Prefeitura.
“Mimimi”?!
Romulus: Pessoal, finalmente tô podendo ler os comentários de vocês e o próprio texto do Haddad.
Saibam vocês que já tem várias pessoas nas redes sociais pedindo para o Núcleo Duro “decifrar”! rs
Um, inclusive, referiu-se ao texto como…
– … “mimimi do Haddad”!
Vambora:
*
Piero: Aqui um texto do Haddad que fala tudo. Tem muita coisa aí pra gente pensar….
Piero: Começaria do que é o começo (e o fim) do texto. O “problema” Dilma.
Como ela foi um fator de desintegração dentro do PT, e isso irradiou pro resto.
E como ela jogou o Lula numa situação difícil.
Começaria, assim, pelos problemas “internos” ao PT, e analisando o quanto eles ainda persistem.
Maria: Nossa, Piero!! Com todos os fatores estruturais que ele aponta e com o histórico de cada um dos atores na construção da crise, você foca uma de suas grandes vítimas – apesar dos problemas que, sim, ela acabou por causar – como eixo da análise?!
Foi “ela” que deixou o Lula em situação ruim?
A Marta estava “certa” ao encabeçar o “Volta Lula”?
Eu acho que você faria bem em reconsiderar o tamanho dos temas e problemas levantados, dos personagens imbricados na sua abordagem e na construção da crise, não?
Texto extraordinário o do Haddad. Diria que quase irretocável.
Até agora não vi análise mais abrangente e certeira.
Dá pra desdobrar os vários temas que ele entrelaça de maneira precisa e aprofundar o estudo de cada um deles.
– Patrimonialismo x República.
– Imbricação público-privado pela mediação do político.
– Papel da mídia.
– Cultura do ódio.
Tudo isso inserido no relato “etnográfico” da experiência do governo municipal, espelho do federal, que mostra como tudo isso ~foi sendo~ construído, em lutas menores e “particulares” que deixam sua digital em cada uma das faces do que virou a crise atual.
Tenho certeza de que se fizéssemos esse estudo, como lição de casa, passaríamos a entender melhor o país e o tamanho dos problemas que temos pela frente e que a crise nos obriga a enfrentar.
Só um PS: E pensar que foi esse cara que SP deixou pra trás pra eleger o Dória!!! Jesus Christ!!!
Piero: Pois é, aí fico pensando, se tivesse sido ele, não Dilma….
Maria: What might have been remains only a possibility in a world of abstraction, diz T.S.Eliot.
Em compensação, os problemas continuam inteiros e piorados à nossa frente.
E você escolhe re-crucificar a Dilma?
Patricia: Parece que a Dilma era reprovada por grande parte do partido e fora dele. Por outro lado, num vídeo sobre os “Anos Obama” eu entendi por que Lula havia escolhido Dilma: ela sabia de tudo! Da Petrobras ao BRICS.
Maria: Sim, e aí a escolha para análise é detonar o governo já sob ameaça da direita desde 2013?
Onde a árvore e onde a floresta?
Haddad descreve, sim, situações em que a visão (equivocada, porque baseada em pura miopia de economista) sobre a floresta (governo federal) levou a não entender que sem as árvores (administrações estaduais e municipais) ela não existe.
Mas daí vai uma distância a alimentar a crise, ajudando a desgastar o governo (do PT!!) em exercício, não?
Patricia: A Dilma alimentou a crise e ajudou a desgastar o governo do Haddad? Ou é o contrário?
Maria: Haddad fala de decisões concretas do governo federal (a ‘floresta”) que de fato ajudaram a desgasta-lo.
Explicar o que e como aconteceu.
O que não é o mesmo que meter o pau.
Por outro lado, é claro que a crise de SP foi o estopim das jornadas de junho e raiz do processo que terminou no impeachment.
Piero: Maria, não tô ~re~crucificando a Dilma. Essa sempre foi minha opinião. Tá pareada com o que o Haddad fala. Acho que agora já não adianta. Mas podemos aprender algo disso, não? Que uma certa intransigência dela tá fazendo o Lula pagar o pato agora. Fico pensando se não é esse o rumo das coisas agora, quando o PT começa a cacifar o texto do Dirceu…
João Antônio: Os protestos de junho de 2013 são o principal atestado de fracasso do ex-prefeito. Apesar de terem sido movimentos nacionais e de começarem antes em Porto Alegre, foi na cidade de São Paulo que ganhou notoriedade nacional e de onde irradiou uma grande onda de contágio.
Daí que o aumento da tarifa seja o plano de fundo do texto.
Fico na dúvida se o estudo apresentado por ele sobre a redução das tarifas de transporte coletivo ter menor impacto que a inflação valha em todo o território brasileiro ou só na cidade de São Paulo.
Na segunda opção fica explicado por que a municipalização do imposto da gasolina seria uma boa estratégia para o município.
Maria: João Antônio, você não deve morar em SP para falar em “atestado de fracasso” do Haddad.
Ninguém ouviu falar em movimento “nacional” ou em Porto Alegre antes da intervenção black bloc contra a Prefeitura e a truculência da polícia no 2o dia das passeatas MPL.
Foi daí que a narrativa da Globo parou de falar de “vândalos” pra falar em “manifestantes” e “protesto”, que ela própria se encarregou de “nacionalizar”, dando-lhe visibilidade e estimulando sua expansão.
Isso o Haddad descreve em detalhe, inclusive o abandono do RJ e o sentido da declaração conjunta com Alckmin.
Para não ser um “fracasso”, o quê você imaginaria que ele deveria ter feito?
Patricia: Vou copiar o trecho que responde ao João Antônio:
Crise econômica, crise política, crise ética: as maiores do gênero. Crises sobrepostas que se retroalimentavam. O impeachment foi construído por engenharia jurídica reversa.
Quem se importava se havia ou não crime de responsabilidade? Sem crime de responsabilidade e, portanto, sem cassação dos seus direitos políticos, Dilma foi afastada definitivamente da Presidência pelo Senado, em 31 de agosto de 2016, numa afronta ao texto constitucional.
Pouco antes, em 29 de julho, Lula se tornava réu pela primeira vez. Nas semanas seguintes ao impeachment, um de seus ex-ministros, Antonio Palocci, teve prisão decretada em 26 de setembro. Outro ex-ministro, Guido Mantega, teve a prisão decretada e relaxada no mesmo 22 de setembro.
Tsunami sincrônico ao período eleitoral.
Quando jornalistas me perguntam a que atribuo minha derrota em 2 de outubro de 2016, contenho o riso e asseguro: “faltou comunicação”.
João Antônio: Disse entre aspas porque esse fracasso é uma aparência, uma imagem vendida e da qual ele não conseguiu se desvincular, tanto que não conseguiu a reeleição. E 2013 entra aí como confirmação pelas massas do fracasso vendido pela mídia.
E é também um fracasso pessoal: ao ser derrotado em um movimento liderado inicialmente por uma “esquerda renovada”. Por mais que o fracasso tenha ocorrido sobretudo por mexer no vespeiro das elites, o símbolo do fracasso foi um movimento popular.
Haddad também foi muito “intransigente” para obter os seus resultados na gestão municipal e disso veio a forte oposição da qual sucumbiu.
Quase todo o artigo é sobre como ele foi criando inimizades entre os poderosos da cidade e de como isso inviabiliza a continuidade de suas políticas.
E assim como foi um fracasso para o prefeito, junho de 2013 foi um fracasso para a Presidenta.
Os resultados excelentes foram insuficientes para manter a situação sob controle.
Maria: Nisso vocês estão somando duas “intransigências” – Haddad e Dilma – que agora potencializam a carga sobre o Lula.
Com quem vocês acham que eles deveriam ter “negociado”?
– Com os bandidos do Congresso?
– Com a máfia paulistana das empresas de transporte?
– Com o MPL “horizontal” que não tinha “representante” pra mandar pra qualquer negociação?
João Antônio: Só estou comentando sobre o fracasso da “administração de resultados”.
Aparentemente, os resultados administrativos não são suficientes e podem até atrapalhar mais do que se imagina.
Patricia: João Antônio, se vc analisar a eleição de SP vai perceber que Doria ficou atrás dos brancos, nulos e abstenções somadas. Suponho que esses votos eram em boa medida do Haddad e que a galera mudou de ideia devido aos “acontecimentos” de antes das eleições.
Piero: Patricia, os bancos, nulos e abstenções estiveram dentro da margem histórica das eleições desde 85. Nem foi a maior, nem a menor ausência…
Patricia: Piero, me apresenta os históricos, por favor, porque acho que foi sim a primeira vez que um candidato ganhou no 1o turno mas com menor número que os brancos, nulos e abstenções.
Piero: Preciso cavoucar aqui o artigo onde está toda essa estatística.
Patricia: E Haddad conclui:
A comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios como negócios privados seus, na origem como negócios públicos, depois em linhas que se demarcam gradualmente.
Esse é o Dória!
Maria: Quanto ao Dória, seu exemplo está perfeito, Patrícia. Estamos dizendo a mesma coisa sob as duas pontas da questão.
Ele acha que administrar é comportar-se como “dono” da cidade, com o fim de “passar nos cobres” o que der e até (principalmente) o que não pode.
Veja a especulação imobiliária por trás do “fim da Cracolândia” ou no projeto – depois de viagem à Coreia pra fazer marketing de venda da cidade – de transformar o Bom Retiro (?!) em uma nova Seoul, como se ali houvesse só coreanos, e não judeus, bolivianos, gregos e demais imigrantes, desde os italianos, os primeiros a ocupar o bairro, deixando a memória da Rua dos Italianos…
João Antônio, “administração de resultados” é gestão empresarial da cidade e a gente vê o que está dando com o Dória.
Por outro lado, você tem razão quando diz que os resultados administrativos não são suficientes e podem até atrapalhar, como no caso do Haddad.
Principalmente quanto aos “inimigos” que ganhou ao contrariar seus interesses, não é?
João Antônio: Resultado pra quem? Temos visto que entregar o resultado à população não é suficiente, mas entregar o resultado para a elite pode render maiores lucros.
Piero: Naquela época ninguém imaginava que teríamos isso que vemos hoje.
Haddad agiu como tinha que agir.
O único senão, tenho a impressão, foi a coletiva com o Alckmin.
Maria: Mas veja que a boa intenção “civilizatória” era construir um plano integrado pro transporte metropolitano, estimulando e ampliando o transporte público pras pessoas deixarem o carro em casa e a cidade deixar o inferno do trânsito que sempre foi e agora até voltou a piorar.
Piero: É que plano de integração de transportes com quem tá enroscado até o pescoço em licitação de trem – o “Santo” do listão da Odebrecht, afinal… – não me parece ser uma boa ideia…
E isso já se sabia naquela época, não?
Maria: Ah! Tem razão, Piero. Era uma coisa a considerar melhor no plano político.
Por outro lado, talvez tivesse aquela coisa de precisar enfrentar sozinho a responsa de voltar atrás de uma decisão.
Aí, junto com o Alckmin, pelo menos poderia estar acenando pro povo com a ideia de integração do transporte metropolitano.
Você não acha que teve um pouco disso também?
Piero: Acho que sim. Acho que teve um cálculo, até bem razoável, de que sendo a prefeitura uma espécie de enclave no “Tucanistão”, era melhor aparecer como um agente “independente porém colaborativo”.
Esse, aliás, foi o tom da passagem da prefeitura pro Dória.
E o que foi uma espécie de celebração de “tom civilizatório” durou 3 dias: logo cedo, mas muito cedo, Dória soltou que Haddad era um mentiroso, deixou as contas da prefeitura em ruínas, etc.
Aí a gente pergunta: dá pra negociar com esse tipo de gente?
Esses caras ficaram piores que o Mário Amato em 89. No entanto, essa é a triste metamorfose da burguesia brasileira, que era horrível e agora é inominável.
Sinceramente, você já viu algum desses caras propor um, apenas um, gesto de diálogo com o PT, ou a esquerda?
Tudo o que houve partiu de cá prá lá, nunca vice-versa. E, seguindo esse roteiro, é o que mais hora menos hora (em 2018 ou 2032), vai ter que acontecer de novo…
Maria: Pra minha tristeza, concordo inteiramente com você e assino embaixo. E acho que você achou uma definição definitiva para a horrenda metamorfose: a burguesia brasileira, que era horrível, agora é inominável!
O próprio Haddad diz que precisaria hoje tomar o Faoro cum grano salis, porque essa relação mudou.
Hoje são os negócios privados, e em especial o capital financeiro – e internacional – que conduz, comanda e supervisiona os negócios públicos e o próprio governo, como a gente está vendo agora.
O que não mudou foi a relação público/ privado, negócios/ política, até porque são os mesmos agentes (ou sua rede de relações) que atuam nas 2 frentes ou fazem qualquer coisa pra se beneficiar de ambas.
Patricia: Maria, peguei como exemplo mais porque o Doria administra a cidade como a empresa dele. Ele decide o que é bom ou não. Se ele deve pintar tudo de cinza e depois fazer florzinha no muro.
Outro exemplo foi a biblioteca Mario de Andrade, que está na mão de um de seus amigos e que acabou com a roda de samba porque ele não curte esse som…
Maria: E isso porque a Biblioteca se chama Biblioteca Municipal Mário de Andrade, um dos maiores – senão o maior – estudioso da cultura popular brasileira!
Quanto ao atual diretor, dono da Editora Cosac Naif, sempre teve grana suficiente da família pra bancar a publicação daqueles livros (de arte e outros) maravilhosos e assim brincar de editor, mesmo que, sendo muito caros, não vendessem.
Então, fechou a editora, quando cansou de brincar.
Delicado, culto, refinadíssimo, gentilíssimo – isto é, rico de verdade, e não nouveau riche.
A ponto de, ao ser nomeado pra direção da Biblioteca, ter comentado: “Que bom, aos 52 anos vou ter meu primeiro trabalho de verdade!”
Não era um achado pro Doria uma pessoa assim? rs
Patricia: Não há essa consciência do que é público.
Maria: Nunca houve. Mas também nunca ninguém teve o despudor de fazer questão de deixar isso tão claro, como no caso do Dória.
Romulus: Ah, Pat, que honra indescritível ser lembrado ao lado do gigante Faoro!
(honradíssimo sim… mas com mais modéstia do que nunca diante desse “paralelo”… quem sou eu!)
Dorotea: Achei muito interessante a análise do Haddad de como o sucesso da administração do PT empurrou o PSDB para a direita mais conservadora. E como o partido legitimou essa direita fascista, abrindo a caixa de Pandora.
Igualmente a imprensa – a Folha de SP, sempre tucana – se tornou o veículo abjeto que é hoje.
Aquela imagem do Serra com um crucifixo numa igreja neopentecostal na campanha de 2010, para mim, foi impressionante. Identifico nela a escalada do ódio entre esquerda e direita a níveis perigosos.
Além disso, a situação foi bastante agravada pela esquerda apresentar uma mulher como candidata, trazendo à tona temas complicados como o aborto, a violência contra a mulher, assédio, etc.
Maria: E eu concordo inteiramente com a análise do Haddad.
Foi isso que a gente viu acontecer.
O bom é que ele dá nome aos bois e mostra todos os agentes implicados nesse processo: FHC, Serra e outros mais.
Maria: Convivendo com a fina flor da fina elite uspiana o Haddad não precisaria reproduzir o artigo do meu querido Andrezinho Singer. Embora, sim, deva ter lido, como uma montanha de outras coisas, você não acha?
Piero: Bom, Singer e Haddad são actantes do mesmo campo: ambos professores da CP/FFLCH; ambos PT; ambos com formações parecidas.
Se não é questão de ler e amplificar um a experiência do outro, pode bem ser uma “evolução paralela”.
O artigo do Singer é muito bom também, diga-se de passagem.
Maria: Piero, eu adoro o André, que conheço bem porque foi meu aluno e sei que tem uma cabeça privilegiada.
Só contrastava com o Haddad em termos de trajetória e experiência política.
Ambos conhecem esse mundo de trás pra diante, mas de lugares diferentes.
E Haddad com uma experiência de gestão de órgãos públicos que não foi a do André.
É claro que, como ambos pensam bem, devem dizer as mesmas coisas, ou parecidas.
Minha objeção acho que se deve muito mais à sua redação que ao conteúdo do que você dizia: “esta é a análise ~do~ André”. Faltou dizer “a mesma” ou “uma igual a”.
Como sua leitura desde o começo me pareceu meio enviesada, dava a impressão de que a análise, de que Dorotea gostou, não era do Haddad, mas de algum modo “tirada do André”.
Por isso contestei com o pedigree uspiano, quando na verdade deveria ter falado da experiência de gestão pública. Só isso. Vou ler o artigo do CEBRAB e tenho certeza desde já que é muito bom porque o André é ótimo.
Piero: Não, não… acho que me expressei mal então…
Valdir: Me permitam discordar de alguns pontos de tudo o que li até aqui.
Em síntese:
– Não, Haddad não ganharia.
– Não, o PT não ganharia, fosse qualquer candidato.
– Não, o PT não ganhou em praticamente nenhum lugar.
O objetivo, e faz tempo, é afastar o PT da politica, querem minar suas bases.
Os movimentos sociais, sindicatos e toda e qualquer forma de expressão que suporte o discurso do PT. Basta ver quantos movimentos estão sendo minados, por dentro.
É a direita, asquerosa e raivosa, mas também os de esquerda que querem que o PT não ganhe e dê vaga para os seus próprios projetos.
Não atribuam a culpa a Dilma.
Isso me entristece brutalmente.
Para que servem assessores e analistas, do Partido ou escalados para ajudar na missão?
É uma missão difícil para uma única pessoa, mesmo o Lula.
Boa articulação não é o único dom em administração pública ou privada.
Foi apenas uma questão de tempo.
Se não fosse na de 2016, seria na próxima.
Já em 2014 o Aécio teve alta votação pela rejeição ao PT.
*
Katia: Haddad:
Saberemos se o trabalhador que sentiu pela primeira vez a brisa ainda tênue da igualdade e da tolerância saberá prezá-la e cultivá-la.
Esse final é com o que eu conto. A tal semente a que tenho me referido algumas vezes.
*
Romulus: Antes ausente desta discussão, por estar cobrindo de atualizações o “baile do acordão”…
Algo que não vi abordarem ainda é a questão do “sucessor ~designado~ do Lula”.
Valdir se aproxima, ao falar que “o PT não podia ganhar”.
E não podia mesmo!
Mas eu vou além.
Havia, adicionalmente:
– o aspecto da “vitrine SP”; e, mais ainda,
– o (novo) candidato “tirado do bolso do colete” de Lula.
Lembrando que no início da campanha Haddad (“quem?”) tinha 4% nas pesquisas.
Lembro-me bem:
Lula – ainda muito combalido pelo câncer – fez um esforço sobre-humano (Ah, Lula… (suspiro)) para completar um “tour da mídia” com Haddad, literalmente, debaixo do braço.
Para que ficasse claro que…
Haddad era o “poste”, digo…
– … “o ~candidato~ do Lula”.
Lembro, inclusive, que foi ~apenas~ depois da participação de ambos ao vivo no ~popularesco~ Programa do Ratinho (auto-designado “grande amigo do Pres. Lula”), que Haddad começou sua subida nas pesquisas.
Reparem nos – recém-crescidos – cabelos ralos, na ausência da barba (raspada junto aos cabelos por Dona Marisa, companheira de saudosa memória)…
(aqui a minha singela homenagem, com essas imagens. Diante das quais não consigo evitar uma emoção. E me exasperar: Brasil selvagem! Onde a disputa “política” (aspas!) chega até o próprio homicídio!)
… e, principalmente, na debilidade física.
Lula chega ao palco com um caminhar vagaroso e hesitante.
Mas o principal: sua voz, tão característica, ainda acusava as agressões. Da doença, mas também do tratamento.
(Nota P.S.: o primeiro vídeo só vai ser visível em computadores. Não em celulares. Isso porque o SBT derrubou do youtube, com uma demanda de “direito autoral”, o trecho de ~apenas~ 1:30 min (!) que eu tinha subido. Como o SBT tampouco disponibiliza o vídeo – que eu tinha pegado do UOL! – só posso crer que querem esconder isso aí…)
Repetindo o grito da galera nas ruas:
“Lula-ladrão”: (neste dia você) roubou (novamente, como se precisasse…) meu coração!
Quantas vezes esse Senhor tem que ir pro sacrifício pessoal porque “nós” somos incapazes de sobreviver sem ele??
(suspiro)
Notem o discurso (by João Santana?) de Haddad:
(1) Haddad apresenta-se como…
– … o “novo” na política!
(ora, quem diria (!)
Se precisa de “novo” é porque o “velho” não está lá muito bom, não é mesmo?
Ou seja: por tabela, demoniza-se (light) a “velha”…
– … política!)
(2) “O povo melhorou no governo Lula/Dilma ‘da porta pra dentro’” ($$$).
(3) “Falta, agora, melhorar ‘da porta pra fora’: transportes, saúde, educação“. E conclui Haddad: “as atribuições de um… prefeito!”.
(Ou seja, nessa lógica a política ~nacional~ se resume a duas dimensões: (i) ao governo federal “basta” encher o bolso das pessoas; (ii) o restante limita-se a uma disputa entre “prefeitinhos” Brasil afora: quem constrói mais escolas, mais postos de saúde e tapa mais buracos (!))
Como apontou o João Antônio, a síntese da escola de pensamento do “governo de resultados”…
Que “se reelege sozinho” porque “tem o que mostrar”.
Detalhe:
– “Combo” Juristocratas + Cartel Midiático já colocava as asinhas de fora – na Justiça Eleitoral – há muuuuito mais tempo!
*
Parênteses: isso é a cara daquela tal de “Terceira Via” do Tony Blair!
Despolitiza-se o discurso.
Não há mais “esquerda e direita”.
Como disse Jorge Roberto Silveira, o candidato do Brizolismo à reeleição na Prefeitura de Niterói no ano 2000 (Ah, essa memória que me persegue…) – durante auge da “terceira via” do Tony Blair:
– O buraco não é de esquerda nem de direita…
– … o buraco tem que ser tapado!
Ou, no ~original~, vejamos Tony Blair, em seu primeiro ano de mandato (1997), dirigindo-se ao Parlamento da França (em francês!) em sessão solene.
Parlamento esse então sob a maioria ~socialista~ do Primeiro-Ministro Lionel Jospin, mas em coabitação com o direitista (mais para centrista) Jacques Chirac, na Presidência.
Notem como Blair arranca aplausos ~unânimes~ – da “esquerda” (aspas) e da direita! – com o lema do ~seu~ New Labour / Terceira Via:
– A gestão da Economia não é nem de direita nem de esquerda.
– Ela é boa ou ruim!
E segue Blair:
– Como, diante da transição econômica e dos enormes impactos sociais que a seguem, podemos permanecer como os garantes da segurança?
– Pois aqui vai a ~minha~ definição de “Terceira Via” ou “New Labour”:
– Devemos ser de uma fidelidade absoluta aos nossos ~valores~ fundamentais (?).
– Para entrarmos, juntos, num “novo mundo”…
– … sobre o “Velho Continente”!
Pergunto eu (retoricamente):
– Ora, quem haverá de se colocar contra “isso”??
Como disse Marine Le Pen de Emmanuel Macron em debate eleitoral neste ano:
Romulus: “Complexificar” não é falar em “jargão” para os “iniciados”. É, isso sim, considerar todas as variáveis da política e da economia com a maior objetividade possível, tentando conciliar objetivos contraditórios… e às vezes antagônicos! É bem resumido pelo “en même temps” do Macron – que de fato ~abusou~ da “complexificação” na campanha, como biombo, fumaça!, para não se comprometer com nada.
Traço aqui fulminado por Marine Le Pen, em debate do primeiro turno:
– “punch line” de Le Pen sobre Macron – “é o vazio absoluto… capaz de falar por 6 minutos sem que se retenha qualquer coisa da sua fala” (!):
(Ah, Haddad…
(suspiro…)
O nosso “Macron”…
Quer dizer…
O nosso “Macron viúva Porcina“:
– Aquele que foi sem nunca ter sido…
#ProntoFalei ?)
Pois, para meu desalento, sou forçado a repetir Marine Le Pen:
– É o vazio absoluto!
– Não se tira ~nada~ de concreto de todos os longos minutos de fala!
– Nem de Blair…
– … nem de Macron!
Nessa dinâmica político-eleitoral “despolitizada” – entre aspas mesmo, porque convém muuuuito a ~um~ dos lados da disputa política – não há mais esquerda (solidariedade) ou direita (liberdade).
Ou – sequer! – “soberanismo” vs. “globalismo”.
Há…
– apenas! –
quem “faz mais” e “melhor” (!)
Esse, como todos nós sabemos olhando em retrospecto (porque é mais fácil “prever o passado”, né??), o erro fundamental do Lulismo:
– Ceder à armadilha do…
– … “é de esquerda, mas faz”!
Ora, o “mas faz” não é objetivo!
Não adianta sambar e sapatear em cima de montanhas de estatísticas…
Na era da “pós-verdade”, todos sabemos que são (quase) irrelevantes!
O que importa, mesmo, são as tais das “narrativas”…
E, na guerra das “narrativas”, ~nós~ perdemos!
Pouco importou o ~nosso~ “mas faz” ~objetivo~…
Foi descontruído na ~subjetividade~ da sociedade/eleitorado.
Sobrou apenas o…
– “É de esquerda”…
Devidamente transformado, de forma deliberada e concertada, em “palavrão”.
Numa volta anacrônica, coordenada, ao “anticomunismo” dos anos 1950/60.
(que “comunismo”, minha gente? Do Lula?!)
*
Ufa… fecha parênteses!
Voltemos ao ~candidato~ Haddad de 2012.
Candidato que, antes da “ajuda” de Lula, dava traço no IBOPE.
Pois a esquerda, mais uma vez, dependia de Lula.
Ainda mais porque Marta (então) Suplicy não moveria uma palha pela eleição de Haddad.
Guardava enorme mágoa por ter sido preterida por Lula na escolha do candidato do PT.
(em favor, justamente, de… Haddad!)
Inclusive com queixa pública: “o que Lula tem contra mim?!”
Não satisfeita em não ajudar, Marta ainda tentou sabotar.
“Offs” e mais “Offs” desabonadores no Cartel Midiático. Ao longo de toooda a campanha.
“Off”?
Pois teve até sabotagem “On”!
Como no caso da “infeliz” (sei…) declaração aos jornais paulistas (!) de que, “agora, com o engajamento (?) dela na campanha…
(“engajamento” (aspas!) devidamente comprado: conseguiu arrancar a “boquinha” de Ministra da Cultura de Dilma, já que o seu mandato-“vitrine” de Vice-Presidenta do Senado vencera. “Holofotes, por favor!”)
– … o Lula, que é um ~Deus~, vai eleger o Haddad”.
Todos sabemos a quem ela queria desagradar com essa “comparação ~infeliz~”, devidamente explorada pelo Cartel Midiático.
(talvez naquele momento as redes “subterrâneas” evangélicas na internet/redes sociais ainda não tivessem o mesmo poder de fogo de hoje. Não havia, ainda, a popularização do Whatsapp. Ou “zapzap”, na língua do povão)
Pois bem.
Depois do tal do (inesquecível!) “empate triplo” (!) fake Serra/Russomano/Haddad do Datafolha no sábado de ~véspera~ da eleição, acabaram indo Serra e Haddad pro 2o turno. Com Russomano numa (muito) distante 3a colocação.
A esse propósito, desculpe-me o Haddad, mas…
– Quem levou Haddad ao 2o turno foi Lula
(e o João Santana!)
Mas quem o elegeu foi…
– … o Serra!
Ou melhor: a rejeição do Serra.
Queimadíssimo por ter usado a Prefeitura de trampolim antes, ainda fizera a idiotice de assinar escritura pública dizendo que “completaria o mandato”.
Para alguém que acabara de ser derrotado na eleição presidencial pela 2a vez em 2010, ficava claro demais que Serra buscava fazer exatamente o MESMO percurso de antes:
Presidência 2002>> Prefeitura 2004>> Estado 2006>> Presidência (novamente) 2010
Apenas, o (novo) “ano-alvo” passava a ser 2014.
A dúvida era apenas se ele iria para o Estado (difícil, por Alckmin poder disputar a reeleição) ou Presidência.
No coração do “Coxinhistão”, Serra foi derrotado, não por “Haddad”, mas pela sua própria rejeição!
E foi justamente a derrota nessa… hmmm… “disputa menor” – mero “trampolim” – no “eleitorado cativo” do PSDB que definitivamente rebaixou Serra no seio do Partido.
Tirou, de vez, o seu cacife de “presidenciável”.
(bem… ao menos em eleição ~direta~, façamos a ressalva tempestiva!)
O que restou a Serra depois disso?
– (Apenas) o Senado! (2014)
*
Voltando ao início do meu comentário:
– Haddad ~não~ podia ser bem sucedido na Prefeitura.
– E, muito menos, reeleger-se!
Para muuuito além de qualquer “inferno astral” ~conjuntural~…
(“Passe Livre”, “Ciclovias” (aspas), “velocidade nas Marginais” (novas aspas) ou, até mesmo, o início, em nível nacional, da operação político-judicial-midiática “delenda PT”)
-… o aspecto FUNDAMENTAL era abater, ainda na decolagem, o “herdeiro designado” de Lula.
O mensalão já abatera TODA a geração anterior à de Haddad.
Marta é inviável em eleição majoritária pela sua rejeição pessoal.
(a “Martaxa”, “arrogante”, que “relaxa e goza”… e que “tanto judiou e corneou o pobre do Suplicy, aquele senhorzinho bonzinho”)
Marta só entrou no Senado porque, em 2010, eram ~2~ (!) vagas…
E o Lulismo, como sabemos, estava então no seu auge político-eleitoral.
(não só (i) elegeu “um poste” Presidente; mas também (ii) fez quase todos os governadores aliados; (iii) entregou, mais uma vez, a maior bancada na Câmara ao PT; e (iv) fez questão de se engajar ~pessoalmente~ para derrotar, nos seus feudos, grandes nomes da direita que disputavam o Senado – e.g., Artur Virgílio – AM, Heráclito Fortes – PI, Paulo Souto – BA …
Dos “históricos” da época do “Mensalão”, só sobrou mesmo o Agripino Maia)
Que fez Lula então?
Mandou a Marta passear e foi atrás de um:
(1) “garotão”;
(mais “perigoso” ainda em tempos de rejeição à (velha) classe política – e à própria “política”)
(2) “bonitão”;
(ditto: em tempos de “apolíticos”, boa estampa é.. hmmm… metade do “programa de governo” (!))
(3) “uspiano”/ “meritocrático”/ “bem-sucedido no setor privado (num banco… oh!) antes de entrar “nessa coisa de política”.
(ditto (2): com o agravante de, assim, com esse ~CV~, poder ir ciscar futuramente no nicho eleitoral cativo do PSDB: a classe média.
Um perigo!)
Essa a razão ~política~ fundamental de por que Haddad “não podia” ter sucesso.
TODO o restante, os instrumentos conjunturais usados – com sucesso! – para o seu desgaste, são “acessórios” desse “principal”.
*
Sobre o comentário de o Piero “crucificar novamente” a Dilma, como caracterizado pela Maria, lamento informar:
– ~Eu~ também vou “cravar um novo preguinho na – alva, límpida! – mãozinha” da Dilma.
Voltando a um comentário anterior meu publicado no blog, a Dilma tem tanta “culpa” por ser vitimada pelo golpe quanto…
– … a zebra tem “culpa” por ser devorada pelo leão na Savana.
Romulus: João Antônio, vou repetir o Ciro: continua sendo esse cara bacana que você é!
Te amo e admiro assim do jeito que você é!
Mas…
– Não se candidata a deputado, por favor…
Porque não só não voto em você…
– … como ainda faço campanha contra!
Note: não busco, com isso, te ofender!
Isso que digo, para mim, é um “elogio”:
– Eu tampouco votaria “em mim”!
Eu sou “a Dilma”, só que ainda pior…
O Romulus analista ia – também! – fazer campanha ~contra~ o Romulus candidato!
Porque alguma lição nós temos que tirar do Golpe, né…
– “Dilma’s” nunca mais!
Continuaremos a amá-la e admirá-la demais, demais, demaaais da conta…
Mas…
– Lá na casa dela em Porto Alegre!
– Não no Planalto!
*
Uma vez perguntei a um amigo PhD britânico, num arroubo de moralismo (eu sou humano!), como ele “não morria de vergonha da Guerra do Ópio”.
Pois sabe o que ele me disse?
<<Você não pode culpar um leão por…
– … matar uma zebra na Savana!>>
Horrível, né?
Mas é verdade!
– Os EUA tentando desestabilizar o potencial “rival ao Sul”;
– A esquerda “Gonzaguinha” (aquela da “pureza da resposta das crianças”) exigindo “guinada à esquerda” porque “não é pelos 20 centavozzZZzzzZZzzz”…;
– A direita fisiológica querendo aumentar o “pedágio” ou, ~na alternativa~, encarnar o escorpião da fábula com o sapo e a travessia do rio (trair porque “é da sua natureza”);
– A direita PSDB querendo desgastar, de maneira oportunista (p.e., vetar as reformas ~neoliberais~ – by Dilma & Levy!), inviabilizar e derrubar o governo;
– etc., etc., etc.
Tudo isso…
– … é do jogo!
É a lei da selva…
Ou melhor: da Savana!
É o leão tentando tirar uma picanha da Zebra.
<<Se a Zebra não sabe brincar
com leões,
que não vá para a Savana…
Simples assim!>>
Não se pode culpar os “golpistas” (sim, não deixam, por isso, de ser “golpistas”, ora!) pela Dilma se fazer suscetível a um…
– … golpe!
Sim, “foi (e continua sendo) golpe”.
Mas…
<<“Foi golpe” porque a zebra era,
na verdade,
– uma… gazela!>>
<<Presa fácil…
Você pode culpar o(s) leão(ões)…
… pelo banquete?!>>
*
E por que cargas d’água Lula – o gênio político – escolheu a “gazela” então?
Os “culpados” por “isso tudo que está aí…” (o(s) golpe(s))
(…)
3) Dilma Presidente.
Coloquei ela depois de Janot de caso pensado. Dilma é a ausência completa dessa tal de “politique politicienne”, a “pequena política”, ou “politicagem”, em que Janot se mostrou um mestre.
Aquela política praticada entre pares – política corporativa, dos conchavos… – que constitui, no limite, ‘o’ instrumental de um carreirista.
“Politique Politicienne” – (Péjoratif) attitude des hommes politiques consistant à se préoccuper des questions de pouvoir entre politiciens et partis politiques davantage que de la politique au sens étymologique du terme, c’est-à-dire des affaires de la cité.
Traduzo livremente como:
“pequena política” ou “politicagem” – (uso pejorativo (!) (*)) comportamento dos políticos que consiste em dar mais atenção às disputas e acertos de poder entre os próprios políticos e os seus partidos que à “política” no sentido etimológico do termo, ou seja, os “problemas da polis”.
(*) Nota – para mim FUNDAMENTAL:
– O relatado “uso pejorativo” da expressão parte de quem tem uma visão moralista e idealizada:
(i) do exercício da política; e
(ii) do que “deve ser” um político.
Como disse acima, Dilma é a ausência completa dessa tal de politique politicienne.
(de novo:)
Não vejo demérito nenhum nisso.
Certamente haverá algum nível de aprendizado, teórico e prático, nessa “disciplina”.
Mas o bom desempenho nessa “arte” está mais para personalidade e aptidão pessoal.
Ou se é ou não se é.
Simples assim.
Eu, por exemplo, tenho também zero aptidão para a politique politicienne.
Hi-five, Dilma! Toca aqui!
*
Enigma:
– Como Lula, o incontestável gênio político, nato, acreditou que o Brasil – e, principalmente, Brasília! – estariam maduros o suficiente para conviver com – ou seria “resistir a”? – um perfil assim é um mistério.
Talvez Lula tenha confiado em uma ascendência automática sobre Dilma – que nunca se confirmou.
Isso apesar da – inquestionável! – lealdade canina de Dilma para com ele.
Terá Lula confundido os dois?
Lealdade com ascendência automática?
Bom, se for o caso, parece que até os gênios, às vezes, ainda têm algo a aprender com a experiência…
Como bônus, Dilma ainda exibe, além da falta de aptidão para a politique politicienne, o seu mix paradoxal particular:
– Imobilismo, deixando os problemas fermentarem até o ponto da explosão.
Para, então, ser acometida pelo seu…
– Voluntarismo.
Com a “pegada” autocrática de quem “sabe”, no fundo do seu coraçãozinho bem-intencionado, que está redimida porque está…
– …“fazendo o que é certo” (!).
Quem acompanhou a sua presidência entende perfeitamente como esses dois opostos conseguem conviver lado a lado…
– … em uma atuação ciclotímica!
Coloque-se na conta de Dilma, ainda, o “dedo podre” na escolha dos assessores da sua cota ~pessoal~ – para além dos arreglos políticos.
(e.g., Cardozo, Mercadante, Patriota, (a inexperiente) Gleisi (na Casa Civil), SECOM… e muuuitos “etc.”)
E, ainda, a recusa – da (ex) “guerrilheira”, para quem “lealdade” equivalia a nem mais nem menos que… “sobrevivência”! – em obedecer ao imperativo do “animal político”, “amoral”, o übermensch nietzschiano:
– Livrar-se, sem piedade e sem sequer olhar pra trás!, de quem se tornou um…
– … “peso morto”!
(e.g., Graça Foster, Cardozo (de novo!), etc.)
Para além de “pesos mortos”, às vezes Dilma se recusava a se livrar, até mesmo, de pesos…
Hmmm…
– “Assassinos” (!), digamos assim…
Ou melhor:
– De pesos… “regicidas”!
Sim… “regicida” melhor os descreve mesmo.
“Quem?”
Ora, não há mais necessidade de citá-los nominalmente um por um.
Já pregaram as suas peças tempestivamente.
(Bem… na presente republicação, a propósito do Haddad, resolvi ser menos “discreto” rs)
O resultado já se deu.
E, além do mais, lá estavam por escolha – e teimosia! – alheias a eles próprios.
*
E vou fechar com a síntese:
(1) Alguma lição nós temos que tirar do Golpe, né…
– “Dilma’s” nunca mais!
Continuaremos a amá-la e admirá-la demais, demais, demaaais…
Mas…
– Lá na casa dela em Porto Alegre!
– Não no Planalto!
*
(2) O bom desempenho na “arte” da “pequena política”/politicagem está mais para personalidade e aptidão pessoal.
Ou se é ou não se é.
Simples assim.
Eu, por exemplo, tenho também zero aptidão.
Hi-five, Dilma! Toca aqui!
E concluo me declarando, mais uma vez, a “Dilmãe”:
– “Ô, minha queriiida”…
(tá vendo? Pego até os seus cacoetes de linguagem! rs)
– Amo você demais!
Mas…
– Não voto em você em ~majoritária~ nunca mais!
Pior:
– Ainda faço campanha contra!
Durma com esse (baita) “elogio”, “minha queriiida”!
Isso porque:
<<O Brasil ~real~
(não o dos nossos sonhos…)
~não~ pode se dar “ao luxo”
de ter uma… “gazela” (!)
(digníssima…
com as melhores intenções!)
– … na Presidência da República!
Sad but true>>
E sobre o Haddad:
– Pode não ser uma “gazela”…
– Mas tampouco estou inteiramente convencido de que ele seja um… “leão”.
Último repeteco:
Discussão muito interessante agora no Whatsapp:
Eis a minha resposta ao que vai no print. Print que resumo com o slogan-sonho de consumo: “Haddad para presidente!”:
Concordo quase com tudo. Que Haddad é o nosso melhor quadro pro futuro não tenho dúvidas.
O problema é que acho que o Brasil não é politicamente maduro ainda para ter um Presidente low profile como ele.
Assim como não estava maduro suficiente para uma Presidenta como Dilma.
A nossa democracia – está agora mais que provado – é incipiente e cambaleante.
Sem um presidente “forte”, “carismático”, com muita habilidade política (como Lula) ou cheio de conchavos com as forças conservadoras (como FHC), a coisa não se segura.
Porque o golpe está sempre ali na esquina esperando um momento de fraqueza: Vargas, Jânio, Jango, Collor, Dilma.
Notem: não interessa se é de direita ou de esquerda…
Contrariou a elite e não está sentado com MUITA força na cadeira de Presidente?
– Cai!
Simples assim.
Por isso lamento muito. Mas o Brasil não está preparado para pessoas da alta qualidade de Dilma ou Haddad.
O problema é nosso. Não deles.
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<<Haddad digerido: análise do “desabafo” do Ex-Prefeito de SP>>
Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário!
Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.
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