“Hollande, o mal amado”: comentário

“Hollande, o mal amado”: comentário

(Continuando…)

O affair Cahuzac podia ter custado o mandato de Hollande, como com Dilma, podiam falar que ele sabia de tudo. A sorte de Hollande é que Sarkozy não é um Aecim, Jean Marc Ayrault não é um MT, e o presidente da Assemblée Nationale não é o Eduardo Cunha. Senão, um impeachment francês tinha acontecido no segundo ano de Hollande (se existisse impeachment na França).

Mas ao invés disso ele criou o parquet national financier, uma corte de juizes e procuradores pra investigar sobre crimes econômicos e financeiros.

Dilma deu isenção de impostos aos empresários e ele deu 40 bi de euros às empresas pra que criassem “1 milhão de empregos”. Sem exigência de contrapartida (garantida)?

Essa guinada ao MEDEF lhe custou um ministério que ia razoavelmente bem… Hamon, Duflot, Ayrault, Montebourg!

Por Macron , um Levy da vida?

Essa a análise que o documentário faz do comportamento dele: que foi se isolando, que ele está o tempo todo sozinho e conforme o tempo vai passando ele se isola cada vez mais, ele não escuta ninguém, as pessoas falam mas ele não escuta, ele é insensível e impermeável a “tudo”…

Esse discurso te soa familiar??

*


Muito
familiar, Patrícia… ótimo comentário e contextualização.
É outra coisa ouvir
de quem viu e viveu tudo isso de perto…
Também me chamou a atenção o fato de
ambos – Dilma e Hollande – terem sido traídos pelos respectivos sindicatos
empresariais – FIESP e MEDEF.
Ambos deram bilhões de isenção fiscal e,
em ambos os casos, os empresários não cumpriram as contrapartidas de
emprego/investimento acordadas (mas sem obrigação legal de, p.e., devolver a grana).

Como vemos, o aprendizado econômico de que subsídios são ineficientes para relançar a atividade econômica numa recessão não se deu apenas no Brasil.

Além disso, dando os anéis à direita, na hora do
“pega pra capar”, tinham alienado a sua base social e ficaram
vulneráveis, numa conjuntura dificílima – aprendizado político.
Num país maduro institucionalmente como a França, isso resulta na…
– … impossibilidade de o presidente em exercício se candidatar à sua própria
sucessão, por sua inviabilidade eleitoral.
No Brasil…
– … golpe!
Como vc bem nota:
“A sorte (da França) é que Sarkozy
não é um Aecim, Jean Marc Ayrault não é um MT, e o presidente da Assemblée
Nationale não é o Eduardo Cunha”.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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