Extrema-direita: quando pichar o “espantalho” e ficar “ultrajado” não funciona mais
Extrema-direita: quando pichar o “espantalho” e ficar “ultrajado” não funciona mais
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Reações:
No Face:
Maria: Você tem razão. Mas não é só a questão do nível do debate que não se compara lá e aqui. Lá, o fantasma da UE dá credibilidade ao nacionalismo como ideia que unifica toda a reação de gente afetada pela crise econômica e que se sente incomodada por tudo o que representa o “politicamente correto”: favoreça a imigração e de repente você depara com um terrorista árabe em casa, não, não é racismo, você vê mulheres cobertas pelo hijab e depois se diz feminista etc. etc.
Resposta única a um malaise de origem diversificada.
Não existe nada comparável aqui. É só o terrorismo mediático e do governo em cima da crise da economia e sua solução austericida. Ou do judiciário sócio do golpe (vide a argumentação da mulher do Moro no processo do Lula por abuso de poder).
Bolsonaro é de um ridículo atroz, mesmo sendo aterrorizante, mas tem muita coisa difusa que sustenta seu discurso e, em especial, por seu efeito de massa, as igrejas evangélicas e sua representação política.
Li outro dia que “pós-verdade = mentira + preconceito”. E o que não falta aqui é racismo e machismo pra justificar feminicídio, homofobia, ataque a candomblés etc.
Faz um bom tempo que eu insisto na necessidade de encarar o diabo, saber o que ele pensa, como e por quê, e planejar um ataque simultâneo em vários fronts, desde a invenção de novas linguagens e formas de luta até ação institucional organizada, como propôs o Seminário da Giselle, ou campanhas do MEC sobre gênero e do MinC sobre intolerância religiosa, naturalmente detonadas mesmo antes do golpe (a do MEC que virou “escola sem partido”) ou logo depois do impeachment (a do MinC e da Palmares, simplesmente cancelada).
Olhar lá fora é fundamental pra contextualizar a briga global e entender suas estratégias, mas também é preciso pensar com urgência as especificidades de nossa indigência intelectual e política.
É só
mais um exemplo da vontade fascista de destruir a cultura, na riqueza de sua
diversidade. Uma campanha delicadíssima pelo respeito à liberdade religiosa dos
filhos do Brasil, inclusive os filhos do axé. Pura e simplesmente cancelada,
após o impeachment. Como não se sentir em um país ocupado, usurpado pelas
forças do ódio e do obscurantismo que comandaram um golpe de Estado?
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