Análise: “paz armada” entre STF e Lava Jato à vista? – Temer, Moreira Franco, Eduardo Cunha e Paulo Preto

Análise: “paz armada” entre STF e Lava Jato à vista? – Temer, Moreira Franco, Eduardo Cunha e Paulo Preto

Do Facebook de Romulus Maya:

? EDUARDO CUNHA E A PAZ ENTRE GILMAR E A LAVA JATO: FICA EM 2.5 BI? NÃO: CHEGA O TEMER TAMBÉM!

Na Folha de S. Paulo de hoje se nota a estranha obsessão que acomete a “agro-jornalista” Monica Bergamo:

~Plantar~ referência a Eduardo Cunha “preso”. Até em pautas que nada teriam a ver com ele.

De outra vez, puxou a fórceps (insistindo, com mais de uma pergunta) “testemunho” de José Dirceu a respeito, quando esse caminhava para a prisão de novo, no Paraná (da Lava Jato).

Dirceu, aliás, que naquela oportunidade não ficou muito tempo preso. E saiu julgando-se em condições de fazer, em entrevista a Paulo Henrique Amorim, críticas ácidas e debochadas a vários Ministros do STF – que em tese julgariam os seus recursos dentro em pouco. Até com a peruca de Luis Fux e com o intelecto de Rosa Weber (o “swing vote”!) autorizou-se a fazer piada em vídeo visto às centenas de milhares de vezes…

De se notar que, diferentemente de Eduardo Cunha, nos processos da Lava Jato Dirceu NUNCA ficou preso em Brasília. Imprestável, portanto, o “álibi” por ele fornecido sobre Cunha, já que esse fora transferido para o DF. Álibi esse, como dissemos, devidamente plantado pela insistente Monica Bergamo.

Se de fato ambos se cruzaram em algum momento na prisão, terá sido por curtíssimo período. Coisa de semanas, antes de Cunha seguir para desaparecer – na clandestinidade – em Brasília.

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Pois hoje, mais uma vez, a “agro-jornalista” encaixa referência a um Eduardo Cunha “preso” numa pauta que não lhe diria, a princípio, respeito: Paulo Preto, operador-bomba do PSDB, encaminhado para a mesma prisão-chave no Paraná. A “de Cunha”, como faz questão de enfatizar – em manchete – a (agro-) jornalista.

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Em 2017 recebemos a informação de que Cunha entrava e saía quando queria no Paraná. E que, uma vez em Brasília, sequer batia ponto, um dia que fosse, em uma das prisões da capital. Simplesmente NÃO HÁ registro do ingresso dele em NENHUM estabelecimento prisional do DF. Sequer tem prontuário de “detento”. Na verdade, em local desconhecido, encontrava-se com políticos, negociava barganhas políticas no Congresso e concedia, inclusive, entrevista de capa a revista de circulação nacional – assumidamente de fora da prisão!

Pois depois que, no fim de 2017, fizemos essa denúncia – que aliás, estranhamente, foi o que iniciou a violenta onda de ataques nas sombras que sofremos dos deputados (do PT!) Wadih Damous e Paulo Pimenta, usando inclusive blog$ amigo$ – a Lava Jato fechou o esquema no Centro Médico Penitenciário dos Pinhais. Trocou a guarda e colocou só gente de absoluta confiança. Toda a “informação” que sai de lá a partir daí o faz com a benção da Lava Jato.

Coincidentemente, todos os condenados com alto teor explosivo, conhecedores de rabos presos de gente no poder e detentores de dossiês, passaram a ser mandados para o mesmo… Centro Médico-Penitenciário dos Pinhais. Inclusive, com liberdade “geográfico-processual” suficiente para que para lá fosse “mandado” o ex-Governador – do RJ – Sergio Cabral. Aquele que, inconvenientemente, escandalizava o Rio por fazer da prisão local um hostel. Algo que desmoralizava, na mídia, a Lava Jato do RJ. Foi-se para o Paraná e, convenientemente, sumiu do noticiário.

De forma também conveniente, a partir daí Cabral da mesma forma virou álibi de um Cunha “preso”, em notinhas plantadas em série em vários veículos. E vice-versa.

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Ecumenismo político: pois agora chega a vez do “homem bomba” do PSDB, Paulo Preto, fazer o mesmo. Não só de servir de álibi para Cunha em nova notinha plantada (print acima, de Bergamo) pela agro-jornalista Monica Bergamo (sai de graça?), mas também de sumir nessa espécie de “limbo prisional”. Um Triângulo das Bermudas austral.

Mas, contudo, eis aqui algo chave: esse novo “desaparecimento no limbo” ainda está no campo das possibilidades. Algo que certamente subirá por sobre uma mesa de negociação singular: poderá constituir uma das alavancas a levar a Lava Jato a se acertar com o seu maior adversário na atualidade: Gilmar “PSDB” Mendes.

Fiquemos de olho.

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Esse é o método Lava-Jato: tomar reféns. Fizeram o mesmo com o próprio Eduardo Cunha. Antes de possibilitarem o seu sumiço, colocaram no cofre uma alavanca contra ele – e muitos outros: David Muino, o banqueiro suíço-espanhol, antes radicado em Zurique, que operava as diversas contas “ônibus” de Eduardo Cunha. Aquelas que alimentavam não apenas a Cunha e sua família mas também toda a sua ~bancada~ no Congresso. Mais de 100 nomes.

Coincidência: Muino foi extraditado para o Brasil (Paraná, é claro) no mesmo momento em que Cunha era liberado para – sumir em – Brasília.

Que coisa, né…

Diferentemente de Cunha, como Muino deve ficar preso de verdade, pôde ser mandado para a carceragem da PF em Curitiba (onde está Lula, aliás), muito mais porosa com relação à circulação de informações do que o Centro Médico-Penitenciário, blindado por Moro ainda em 2017, apenas com gente do seu esquema.

Muino já pediu no processo diversas vezes para cumprir a pena imposta por Moro na Suíça, onde a sua família se encontra – desamparada financeiramente. Seria o correto de acordo, inclusive, com o direito internacional: além de operar – na Suíça! – para Cunha, nunca teve nenhum outro laço que o unisse ao Brasil, onde é mantido sob vigilância cerrada.

Pobre Muino…

Até parece que a Lava Jato vai abrir mão dessa alavanca para chantagem.

Mulher e filhos pequenos que mendiguem na (ainda fria) Bahnhofstrasse para comer!

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Por tudo isso, fiquemos de olho.

Com, ao mesmo tempo, um porrete (tratamento estilo Lula) e uma cenoura (“sumiço” à la Cunha) a apresentar a “Paulo Preto”, há, infelizmente, o risco de que Gilmar Mendes seja forçado a se acertar com a Lava Jato.

Portanto, é possível que o principal desdobramento na política brasileira das últimas semanas – o enfrentamento da Lava Jato pelo Supremo – venha a ser descontinuado a partir de um dado momento.

Conversando, todos se entendem, não é mesmo?

Vejamos se o preço chega a 2.5 bi ou se rola um desconto…

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Ilustração do passado (que teima em não ir embora): Cunha tinha o dossiê #DarioMesser/ Banestado, que pega Moro (e senhora) e os Procuradores da Lava Jato.

A Lava Jato arranjou Davi Muino.

Ficaram quites.

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Dinâmica atual: Gilmar tem as inúmeras estripulias financeiras da Lava Jato, primeiro com a “panelinha de Curitiba” (extorsão de “delatores” e triangulação desses valores com esquentamento via “honorários dos advogados” (amigos), depois rachados clandestinamente) e depois com o fundo de 2.5 bi da Petrobras.

A Lava Jato foi e pegou Paulo Preto, a quem apresentarão a cenoura e o porrete no Paraná.

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Se fosse para apostar, apostaria mais numa composição ao estilo “paz armada” do que numa guerra, nuclear, de erradicação recíproca.

Agora toca pensar a gente nisso…

Ponto de partida: não dá é para DEPENDER de Gilmar como articulador, exclusivo, do contra-ataque ao lavajatismo.

Ora, até Paulo Pimenta e Wadih Damous, do PT, acertaram o seu preço com a Lava Jato lá atrás…

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Atenção: segundo registra a própria agro-jornalista, Paulo Preto já teria pedido a tal “cela exclusiva”. Print:

A mesma de Cunha e de Cabral. Aquela que, convenientemente, fica ao abrigo de olhares inconvenientes. Paulo Preto faz o pedido com base no fato de ter… nível superior (?!).

Incrível: Ademir Bendine, seu futuro – mas distante – “vizinho” (?), que lá vive em comunidade com João Vaccari Netto e outros, conseguiu chegar à Presidência do Banco do Brasil e da Petrobras apenas com o…

– … ensino primário??

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Em tempo: como nos ensinou Cunha, a tal “cela exclusiva”, apartada dos demais presos, constitui o portão mágico capaz de levar diretamente da grande Curitiba para…

– … o mundo encantado de Nárnia (!)

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P.S.: Mais alavancas recíprocas – Piero Leirner observa: Bretas manda prender, de forma espetaculosa, Michel Temer. Moreira Franco, sogro de Rodrigo Maia, vai pro xilindró também.

Notar: Maia enquadrara Moro ontem (colocando sua “lei anti-crime” – sic – na geladeira), daí Moro vai e enquadra Maia hoje.

Sem contar que Maia tinha mencionado Alexandre Moraes, próximo de Temer e relator dos 2.5 bi (e da investigação de Dallagnol).

Aí a Lava Jato vai pra cima do Temer no dia seguinte?

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P.P.S.: Alguns links sobre o histórico “prisional” de Cunha, seguido atentamente pelo Duplo Expresso (com muito ônus, como sabemos todos):

1) https://twitter.com/romulusmaya/status/1079804323129974785

2) https://duploexpresso.com/?p=82647

3) https://duploexpresso.com/?p=96872

4) https://twitter.com/romulusmaya/status/962760864528060416

5) https://twitter.com/romulusmaya/status/976118432092565508

6) https://twitter.com/romulusmaya/status/947462541281816577

7) https://duploexpresso.com/?p=97799

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Comentário a respeito no Duplo Expresso desta manhã:

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Do Facebook de Piero Leirner, mais possibilidades, não excludentes:

Piero Leirner:

Estava passando batido por mim alguns pontos. Devo estar delirando, mas como até agora nada é o que parece, queria colocar em dúvida essa cena entre Moro e Maia. Se alguém puder adensar eles seria bom.
1) Rodrigo Maia enquadra Moro por conta do Projeto Anti-Crime. Faz isso envolvendo na conversa o Alexandre Moraes.
2) Alexandre Moraes foi indicado por Temer, e virou “domínio do fato” que ele foi “advogado do PCC”.
3) Temer foi preso; todo mundo, eu incluso, deu como líquido e certo que isso foi uma reação de Moro em relação a Maia, especialmente porque joga uma bigorna atada ao pé de seu sogro, Moreira Franco.
4) Tem mais coisa aí. Vamos recuar. O grampo da JBS em Temer, ventilado de novo às pampas hoje na Globo e seus satélites (CBN, etc).
5) O grampo foi uma clara “peneira” do GSI à época, chefiado por Etchegoyen. Como todo mundo sabe, Temer foi vaporizado e a partir daí o protagonismo dos militares ficou cada dia mais evidente.
6) Os militares soltam a intervenção no RJ meses depois do grampo, e isto trava qualquer PEC no Congresso até 31/12. Esta(s) é(são) adiada(s) para agora. Coincidentemente, está(ão) na mão de Maia de novo.
7) Etchegoyen, à frente do GSI, já ventilava desde fins de 2016 que o PCC era o principal problema. Nos artigos que ele plantava no defesanet aos poucos eles vão produzindo a associação do PCC coma esquerda, primeiro com FARC, Hizbollah e outros delírios. Depois, sem maiores delongas, passaram a bola para o PT.
8) Maia passa a análise do projeto de Moro para Freixo e Teixeira. Bota os caras numa sinuca de bico.
9) Ao mesmo tempo em que parece “retalhar” Moro, ele joga para contemplar a construção da narrativa dos militares de que a esquerda anda de mão dada com o PCC.
10) Os militares continuam jogando em dobradinha com a Lava-Jato, mas na superfície tudo parece uma vendeta entre Moro e Maia. Essa conversa acaba, some todo mundo, e sobra o que interessa: o vínculo entre a esquerda e o PCC. Ganha Maia, ganham os militares, que mais uma vez realizaram toda operação de forma terceirizada.
Não vamos nos iludir. Jogar a esquerda na clandestinidade é o projeto do núcleo duro. Espero estar bem errado dessa vez.

 

Romulus Maya:

Um reparo apenas, Piero: em “sinuca de bico” ficou a esquerda no seu conjunto. Já os dois escolhidos morderão com gosto essa maçã envenenada. Freixo, que já conhecemos, mais o “terceiro porquinho”, “Mensageiro”, expoente do “PT Jurídico”, ex-candidato da Mensagem ao Partido à presidência do PT, companheiro de Wadih e Pimenta na “defesa” de Lula – embora espertamente sempre mais discreto. Teve mais grana – sem origem clara – na sua campanha pra deputado do que o candidato a governador do Estado do PT. E sem medo de ser feliz!
Sigo insistindo: não tem como entender o quadro geral sem levar em conta a infiltração/ cooptação/ rabo preso/ chantagem na “esquerda”. Na mão da Juristocracia e dos financiadores clandestinos.

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Em tempo (1): chega logo, novela!

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Em tempo (2): o Dossiê #DarioMesser/ Banestado, segundo o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán

Aquele dossiê que pega Moro (e senhora) e os Procuradores da Lava Jato. No vídeo eis também, incidentalmente, o flagrante inapelável do rabo preso na “esquerda”, explicado passo a passo:

 

 

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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