Não sangra! Eis o “milagre” do novo (Jair) “Messias” (Bolsonaro). Seus “evangelistas”? Globo e… Blogosfera (!)

Por Romulus Maya & “Meta-analista discreto”
Publicado 9/set/2018 – 18:16
Atualizado 10/set/2018 – 16:11

  • Poxa, família Bolsonaro: nos ajudem a ajudar vocês!
    – Filho de Bolsonaro apresenta, 2 dias depois!, a tal “camisa”. Agora devidamente “ensaguentada”. E também “perfurada”, é claro.
    – Probleminha No. 1: “facada”, se houve, não pegou na palavra “Brasil”, na camisa. Se pegou, foi abaixo. E à esquerda. De toda forma, bem distante do espaço entre as letras “A” e “S” da palavra “Brasil”. Sim, nós sabemos, Bolsonaros: não teria o mesmo efeito dramático se o “esfaqueado” não fosse o “Brasil”, não é mesmo?
    – Probleminha No. 2: não há a formação, em nenhum momento, de pregas em forma de raios com centro no local da suposta “estocada”, como deveria ocorrer em virtude da pressão de um golpe na “entrada”. Tampouco, na “saída”, a faca puxa o tecido.
    Tirem a prova no vídeo em câmera lenta e ampliado.
    *
  • Embora não seja possível “profetizar” resultados imediatos para a “novela” do “Messias exangue”, e sua “paixão”, já é possível observar o caráter pós-moderno de seu enredo e elencar algumas peças soltas que serão encaixadas nos próximos dias.

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Resumo audiovisual:

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I – Antecedente: o uso da agenda de combate às “fake news” para a promoção da (auto) censura durante as eleições

Há certo tempo toda a mídia alternativa “de esquerda”, sobretudo formada por jornalistas dissidentes do Cartel Midiático brasileiro que não aceitaram o jogo de manipulação midiática contra o programa do presidente Lula, vem sendo seriamente ameaçada de censura pela casta jurídica do Estado brasileiro – a “Juristocracia” – e pelo monopólio americano da internet – Google, Facebook, Microsoft – no Brasil.

O pretexto utilizado é a ameaça que as mídias alternativas representam para a democracia, como haveria sido demonstrado na eleição americana de Donald Trump. Informações falsas teriam retirado um direito popular ao dificultar a tomada de decisões dos eleitores.

Diversas iniciativas foram tomadas desde então pelo monopólio da internet para combater as “fake news”. Mas em todo esse processo “fake news” não são exatamente falta de rigor investigativo, publicidade de boatos, e invenções grosseiras, as famosas “barrigadas”, como pode parecer inicialmente. Fosse assim, não poderíamos considerar veículos da Globo totalmente imunes às “fake news”. Quem acompanha o noticiário, principalmente o noticiário político, conhece bem a incomensurável quantidade de invenções puras, sempre baseadas em fontes em “off”, que são publicizadas no Cartel Midiático brasileiro com objetivos políticos.

Se as “fake news” são o oposto do bom jornalismo, seu território de excelência seria a imprensa tradicional. Mas em todas as iniciativas do monopólio da internet, a imprensa tradicional é considerada a principal aliada no combate às “fake news” e uma notícia ser veiculada na imprensa tradicional serve a demonstração de sua “total fidedignidade”. As associações tradicionais de imprensa, sobretudo as associações de jornalismo investigativo, ditam quem está apto a informar o público e quem não está. E mesmo mídias formadas por jornalistas experimentados que não estão alinhadas automaticamente ao Cartel são consideradas espúrias.

No cenário posterior ao Golpe de Estado que destituiu a presidente eleita Dilma Rousseff e prendeu o presidente Lula, qualquer mídia que se oponha minimente ao Golpe ou à sua agenda liberal é suspeita de divulgar “fakenews”. E para disfarçar a intenção deliberada de censurar a mídia de esquerda, e mostrar que a agenda de combate às “fake news” no Brasil é suprapartidária e supra-ideológica, são apresentadas – ao mesmo tempo – mídias de alucinados da extrema-direita, largamente incentivadas no contexto do Golpe, e que fartamente repercutem a própria mídia tradicional como mostra de verossimilhança de suas “barrigadas”.

No fim, são apresentados como “fake news” dois tipos de notícias e análises muito diferentes. De um lado, quem inventa a notícia “Dona Marisa está viva e espera Lula fugir para encontra-la na África” e, de outro, os especialistas que demonstram os erros jurídicos da atuação persecutória da Lava Jato. E para o bem da “democracia”, democracia essa que não inclui permitir que a população escolha livremente o presidente Lula nas urnas, é necessário censurar ambos os lados sem distinção e evitar que o público tenha qualquer opinião realmente alternativa à opinião dos especialistas convidados pela grande mídia, sobretudo os especialistas da FGV.

A agenda foi desmascarada pelo jornalista Luis Nassif, que confessou, 3 meses depois, ter tentado – sem sucesso – obter a credencial como fonte verificadora, para que pudesse também fazer parte do cartel de censores do Facebook. A resposta do Facebook, no entanto, foi negativa.

A mensagem explícita ou implícita do Golpe é para a mídia alternativa manter-se muito bem-comportada e não atrapalhar. E, em resposta, os veículos alternativos estão se mostrando “mais realistas que o rei”. No episódio do “estranho caso do Messias que não sangra”, não apenas não há qualquer artigo desafiando o tabu do sangue de Bolsonaro como qualquer comentarista na seção de respostas que questionar a veracidade do incidente é prontamente reprimido.

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Mais informações sobre essa estratégia de censura nos seguintes artigos:

(1) Globo coloca Duplo Expresso na linha de tiro: alvo é Lula!, Duplo Expresso, 29/ago/2018.

(2) Análise: Facebook grita “MBL” e (patos?) vermelhos cavam a própria cova, Duplo Expresso, 28/jul/2018.

(3) Xadrez do jogo político dos fake news, Luis Nassif, 18/jun/2018.

(4) Pesquisador sobre ‘fake news’ se cala sobre patrocínios privados, Luis Nassif, 15/mar/2018.

(5) Os fakenews como estratégia de censura aos blogs oposicionistas, Luis Nassif, 14/mar/2018

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Se o alvo é toda a imprensa alternativa, o “ecossistema virtual da esquerda”, como Carta Maior, Opera Mundi, Carta Campinas, etc., o artigo da Época de Pablo Ortellado e Márcio Moretto Ribeiro – dissecado no item (1) acima –, mostra os alvos iniciais, cuja a ameaça já é mais imediata, como este Duplo Expresso. A ausência temporária de Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim mostra que os dois estão muito “bem-comportados”. E que o Golpe iniciará a censura por veículos menos estabelecidos e que não cederam à pressão do Golpe pela autocensura.

São dois os “ecossistemas” de esquerda ameaçados, um de apoio velado ao PDT e outro ao PT, como está no artigo dos mesmos pesquisadores para o think tank do partido socialdemocrata alemão, o Friedrich Ebert Stiftung (FES). Um recado também aos partidos de esquerda do Brasil de que a inclusão da esquerda brasileira na aliança socialdemocrata é tênue e que se ela não se “comportar direitinho”, atrapalhando o Partido Democrata (EUA), o SPD (Alemanha) e o Partido Trabalhista (Reino Unido), a censura é apenas uma questão de tempo.

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O DCM – Diário do Centro do Mundo – e o Brasil 247, que foram ameaçados diretamente, estão a todo custo querendo provar que são “confiáveis” ao sistema. E, como se pode observar, já aderiram quase totalmente ao Golpe, ainda que não admitam publicamente ainda. A transição, não muito discreta, dá-se com o apoio editorial pesado à substituição de Lula – a pedra no sapato do Golpe – por Fernando Haddad, o “Plano B” normalizador de “eleições” fraudadas.

A capitulação é desastrosa. À medida em que o alinhamento da mídia alternativa à pauta da mídia tradicional – e, em última análise, do Golpe – aumenta na base da pura chantagem, a mídia alternativa perde público e a confiança de seus leitores. O processo conduz ao descrédito geral da mídia “alternativa” enquanto mídia, de fato, alternativa. E nada garante a não perseguição futura, inclusive durante o resto da campanha eleitoral. Quanto mais a mídia alternativa “fala fino”, mais “toma bronca”. As campanhas de combate às “fake news” são cada vez maiores e o clamor jurídico à censura é inverso à capacidade de resistência. Desistir da luta é entregar a arma ao adversário.

É o desalento do público que quer lutar, de verdade, contra o Golpe com a cooptação da mídia supostamente “alternativa” que ajuda a explicar o rápido crescimento deste Duplo Expresso. Acelerando o processo de conscientização do público sobre essa cooptação, nosso site desde o início dedica-se a fazer a meta-análise não apenas do noticiário do Cartel Midiático brasileiro, mas também daquele publicado pelo seu filhote, o “cartelzinho (supostamente) vermelho”.

Nos artigos abaixo, não apenas mostramos como os dois lados vêm operando de maneira concertada, em pinça, para sequestrar o debate político – ambos em favor da normalização do Golpe –, como ainda ilustramos a tese com exemplos que chegam a ser caricatos. No caso, (i) publicação do DCM combinada com o site de extrema-direita – e veículo da Lava Jato – “O Antagonista”; e (ii) outra, no mesmo DCM, em que se tenta desmoralizar, com informação falsa, denúncia deste Duplo Expresso – contra a Lava Jato (!):

 

*

II – O monitoramento das redes sociais

Pouco conhecidas do público são as iniciativas de think tanks, especialistas midiáticos, técnicos do monopólio da internet, “entidades da sociedade civil”, e da Juristocracia de monitorar as redes sociais.

Postagens públicas em redes sociais como Facebook e Twitter são monitoras 24 horas por dia através de softwares de coleta de dados, “crawlers”. Em 2010, o G1 admitiu que é trabalho normal do Google colher dados sobre usuários nas redes sociais para análises através de crawling. Os dados coletados pelo monopólio da internet – sobretudo o Facebook – através dos “crawlers” são analisados em outros softwares criados através da teoria matemática dos grafos. Dentro destes softwares os diversos algoritmos disponíveis permitem as mais diversas análises frias das mais tênues associações. E, às vezes, superando até mesmo a capacidade do usuário que teve seus dados coletados de compreender o ambiente virtual no qual está inserido. É por esse processo de análise de rede social pela teoria dos grafos que o Facebook oferece as famosas “páginas sugeridas”, encontra “as pessoas que você provavelmente conhece” e distribui publicidade personalizada de acordo com as suas preferências virtuais.

 

Longe de ser uma prática incipiente no Brasil, os especialistas no assunto estão em grande quantidade e já produzem as mais diversas análises comerciais e acadêmicas. Várias universidades em seus departamentos de ciências sociais já possuem núcleos de uso da tecnologia da informação para pesquisas sociais. Ortellado e Moretto Ribeiro, sem o auxílio dos especialistas do Google, já conseguiram resultados incríveis nos últimos anos, mas agora receberam reforço de peso, transfronteiriço: de um lado, o Facebook e, do outro, as Organizações Globo (Revista Época). Isso sem contar o link com o mundo político-institucional representado pelo think tank do SPD alemão.

A análise de redes sociais, ainda mais sofisticada, praticada pelo monopólio da internet não está restrita aos fins comerciais – como se isso já não fosse ruim o suficiente. Filiais de Google, Facebook e Microsoft no Brasil estão despudoramente prestando auxílio a uma finalidade jurídico-política: monitorar as movimentações políticas nas redes sociais para as “eleições” de 2018 para fornecer álibis para a censura jurídica de TSE/ MPF/ PF.

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Catraca Livre – Fake News: uma guerra de guerrilha contra as falsidades

(…)

(link aqui)

Levado adiante ou não o “Sou Responsável”, tal projeto representa o acerto entre todos esses agentes econômicos e para-políticos. Afinal, essas tais “entidades da sociedade civil” participam ativamente dos movimentos políticos – como o Golpe em 2016 – desde que mantendo a aparência exterior de “apartidarismo”. Mesmo critério presente nas “Jornadas de Junho” de 2013. “Por favor, manifestem-se, mas sem partidos, pelo Brasil (e contra o governo escolhido, que incidentalmente era de esquerda).

Tal associação é feita à “luz do dia”, sem que o grande público, entorpecido pela saturação – deliberada – com informações inúteis, perceba. A envergadura de tal aliança – que envolve desde associações profissionais como Conselhos de Medicina e de Advogados a centrais sindicais pelegas como a Força Sindical – é tamanha que nem a mente mais conspiratória a imaginaria. Provavelmente acharia grande demais para ser ocultada. Mas, no Brasil, isso é possível. Trata-se do país das “ghost news”, as notícias fantasma, que o Cartel Midiático brasileiro trata de esconder.

(às vezes com o auxílio da outra perna da “pinça”, a “Blogosfera (dita) Progressista”)

O aspecto mais notável é a tal “sala de controle de crises”, montada na FGV para o monitoramento das redes sociais, onde ferramentas de inteligência artificial e técnicos prontamente cedidos pelos gigantes mundiais da tecnologia auxiliarão os especialistas em políticas públicas da instituição na tentativa de controle.

Vale lembrar que, desde o início do Golpe, o caráter neutro da FGV tem diminuído consideravelmente. Especialistas com posições divergentes têm sido ou demitidos ou intimidados, para que não atrapalhem a maioria, engajada no Golpe. Uma verdadeira “higienização” do think tank pela direita:

(…)

 

(…)

(…)

A face pública do monitoramento é divulgada através do “Observa 2018” da FGV DAPP (link para o site do Observa 2018).

*

III – Globo fez ensaio, no Fantástico, para testar a sua capacidade de penetração para a posterior “facada sem sangue”?

Como atestou a própria “sala de crise” da FGV, o povo brasileiro está desconfiado da faca que “perfurou 3 órgãos” (fígado, intestino e pulmão) sem que se sujasse de sangue; da camiseta que permitiu tal “perfuração” sem que ela própria fosse furada; e, por fim, de o próprio Jair – “Messias”? – Bolsonaro não exibir nenhuma mancha de sangue:

 

No entanto, no dia 19 de agosto, a Rede Globo já testava o grau de ceticismo de seus telespectadores. Bem como, no verso da moeda, a sua própria capacidade de penetração. E de persuasão.

O quadro “Detetive Virtual”, do Fantástico, mostrou que coisas muito mais fantásticas que a “facada sem sangue” poderiam acontecer. Como, por exemplo, brincar com a mão desnuda em ferro líquido em temperaturas de milhares de graus Celsius sem queimar a mão e sem sentir dor. Em um vídeo mostrado pelo programa, um operário de uma siderurgia conseguiu a proeza várias vezes seguidas com um enorme sorriso no rosto:

 

A veracidade do vídeo foi atestada pela produção do programa global, que não apenas a confirmou como apresentou dois especialistas que declararam que isso era perfeitamente possível porque o metal líquido e efervescente, como lava vulcânica, tocou a pele muito rapidamente para que o operário tivesse qualquer complicação, como uma queimadura de segundo grau.

A resposta surpreendeu os telespectadores que na maioria consideraram o vídeo totalmente falso:

 

Não é por menos: tal proeza pode ser simulada até por um iniciante no uso do programa After Effects e similares. Basta ter imagens gravadas separadamente do líquido escorrendo e reunir as partes sobrepostas nas diferentes camadas. Assim como o Photoshop permite a criação de imagens quiméricas, o After Effects pode criar os mais diversos vídeos quiméricos. E em poucas horas. A montagem decepciona até fãs da Marvel, que assistiram aos efeitos especiais de “Os Vingadores” e outros filmes mais recentes. Pobre e amadoresca:

 

 

Não é “Fantástico”?

E o leitor, colocaria a mão no fogo, ou melhor, no “ferro líquido”, pela mídia tradicional?

Google e Facebook, sim, visto que a Rede Globo, por exemplo, jamais será acusada de promover “fake news”. Portanto, não corre risco de ser censurada na internet.

*

Em tempo: quando o próprio noticiário da Globo desmente a… Rede Globo! Ou, o incêndio no Museu Nacional, o crânio de Luzia e o bombeiro – com luvas! – queimado:

 

“É fan-tás-ti-co, tchan!”

*

Virá hoje à noite, no Fantástico, mais um “Detetive Virtual”?

Desta vez a explicar o “milagre” do (novo) “Messias”?

Saberemos já, já.

*

IV – Bilionário Elon Musk, da Tesla, dá o caminho das pedras para uma farsa “pós-moderna”

 

Como é fartamente conhecido, o empresário visionário, bilionário e genial Elon Musk investiu parte de sua fortuna em puro lixo espacial. Quer dizer, lixo espacial, sim, mas de classe: um luxuoso carro enviado ao espaço pela Space X, que lhe pertence, que vagará ao “infinito”, ou até ser atingido por meteorito, ao som de David Bowie.

O fato é que os vídeos do carro no espaço poderiam ter sido feitos por estagiários em fase de aprendizagem no uso de programas de edição de vídeo. Os vídeos são tão simples, com movimentos tão simples, que Elon Musk acabou por ser questionado quanto à sua veracidade.

A resposta de Musk é a de que se trata de vídeo genuíno porque um estúdio de cinema faria vídeos muito melhores, muito mais realistas e complexos. Portanto, paradoxalmente, ninguém deveria questionar se seria o vídeo falso justamente porque… parecia falso (!). No verso da moeda, seguindo tal lógica, se o vídeo parecesse verdadeiro, aí, sim, seria falso (!)

Independentemente de eventuais questionamentos ao vídeo, o importante nessa história toda é essa grande lição, em que Musk ensina o “caminho das pedras” caso alguém queira criar uma farsa pós-moderna, num mundo de hiper-realismo de softwares e computadores com processamento de teraflops. O hiper-realismo já não convence: é necessário usar táticas mais surrealistas e criar farsas que não pareçam verdadeiras. O estranhamento é a nova medida da realidade.

Ou, como colocamos na abertura do artigo de quinta-feira sobre a “facada sem sangue”:

O pior de tudo é constatar que, definitivamente, no Brasil atual não há mais espaço para a sutileza. Na distorção provocada pela vida que se “vive” em pixels e likes, paradoxalmente hoje apenas a canastrice, o overacting, a caricatura, é crível!

Anotemos algumas sincronicidades, já que o velho Tancredo nos ensinou há muito que, em política, não há coincidências.

Numa mesma semana:
(i) Bolsonaro e seu guru, Paulo Guedes, reúnem-se com os donos da maior fábrica de dramaturgia – e fake news – da América Latina, a Rede Globo;
(ii) a disparada de Lula nas intenções de voto é tamanha, que Ibope e Datafolha decidem esconder os resultados de suas respectivas pesquisas. Em reflexo, o “mercado” desaba;
(iii) Temer – e a Lava Jato – dão o beijo da morte no rival de Bolsonaro na direita, Geraldo Alckmin;
(iv) Bolsonaro, na véspera do 7 de setembro!, quando são esperadas paradas (de) militares em todo o Brasil, é “esfaqueado”. Veste camisa – verde e amarela – com os dizeres “meu partido é o Brasil”;
(v) já precificando a performance de Bolsonaro, o “mercado” vai à euforia no encerramento antes do feriadão. Seria interessante anotar quem comprou na baixa com a subida de Lula e vendeu na alta com o “tombo” (pra cima!) de Bolsonaro. Será que o Paulo Guedes sabe a resposta?

*

V – O baile do oportunismo político

Vigora entre os mais diversos ambientes políticos nacionais, principalmente na esquerda, a tese de que a propaganda deve ser oportuna. Não se pode perder uma só oportunidade de defender sua causa. E que a propaganda deve ser a mais simples possível de modo a popularizar-se rapidamente, em cada situação, e manter a esquerda sempre bem posicionada.

No entanto, essa ação propagandística tem natureza apenas reativa aos eventos de natureza política. A esquerda tem se mostrado incapaz de criar eventos políticos e pautar o debate com seus próprios fatos. Os fatos políticos são apresentados ao público unicamente pelo prisma da grande mídia, que mostra e esconde o que quer.

O resultado é um verdadeiro baile que a imprensa dá nos oportunistas políticos. Baila porque conduz a dança, segura pela mão e cria o clima para que esquerda e direita possam brilhar no salão. Tendo o controle do que será ou não noticiado.

O incidente da “facada sem sangue” enterrou por dias, no Cartel Midiático Brasileiro – e também na “Blogosfera (dita) Progressista” –, a verdadeira bandeira de luta contra o Golpe: “Eleição sem Lula é fraude”. No caso da Blogosfera, ao medo de ser sancionada pelos gigantes da internet por disseminar “fake news” (sic) questionadoras do “milagre” do novo “Messias”, soma-se, nesse caso específico, o fato de partilhar um mesmo objetivo estratégico com o Cartel Midiático Brasileiro: o descarte imediato de Lula; e sua superação – nas mentes e corações – pelo “Plano B”, de forma a normalizar a fraude. E, grosso modo, o Golpe.

No caso do “Messias milagreiro”, o sequestro de pauta foi facilitado pelo poder que a violência tem de gerar (i) convencimento sobre a realidade de um evento; e (ii) o engajamento entre os envolvidos. Uma ação violenta envolvendo uma disputa eleitoral farsesca tem, assim, o poder de legitimá-la. Tal ocorre pela crença popular de que “pessoas não se matam para manter uma fraude”. Pois bem, a resposta é que a ação violenta não é pela fraude, mas para manter o segredo quanto à realidade!

O incidente envolvendo uma arma branca e um candidato cuja principal bandeira é o porte de armas inevitavelmente leva o campo de debate político, onde os oportunistas irão desfilar, para o tema da segurança pública. Terreno que, certamente, favorece a direita eleitoralmente. Somem da pauta temas favoráveis à esquerda, como as reformas econômicas e o bem-estar da população, sobretudo mais pobre.

Entrando na pauta devidamente sequestrada, a direita argumenta que (i) se a arma era branca – não só branca como limpinha e sem sangue –, haveria ameaças à integridade física das pessoas com ou sem porte de armas; já a esquerda alega que (ii) graças ao desarmamento um “louco” não comprou uma arma e baleou o candidato.

Afinal, se Bolsonaro não pode escapar de um único “louco” com uma arma branca mesmo cercado de dezenas de seguranças e seguidores, como enfrentaria uma arma de fogo?

Nesse ponto, observamos certa importância no perfil do “es-fake-ador”, enquanto louco.

VI – O “Louco” (de estimação)

 

– O perfil do “esfaqueador” e a criação de um arquétipo para o descontentamento com:

(i) o “grande acordo nacional, com Supremo, com tudo”;

(ii) e mais o “(e)stou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar”.

(apud Romero Jucá)

Chama a atenção que, em não podendo questionar a “realidade” do evento, grande tabu, as mais diversas correntes políticas estejam a buscar um discurso na oposição ao ideal do esfaqueador, em ligeira solidariedade a Bolsonaro.

O perfil do esfaqueador contém assim um anti-programa. Chama a atenção certa afinidade com a figura do Cabo Daciolo (referência conspiratória à Maçonaria, discurso religioso ostensivo no grau mais elevado, etc.). O que indica que temos uma novidade no quadro politico: o arquétipo do “alienado”.

O trânsito entre, de um lado, (i) filiações e simpatias a partidos ou movimentos de esquerda e, do outro, (ii) igrejas, apresenta simultaneamente um programa conservador e radical. Um discurso calcado na Bíblia e uma veemente defesa da soberania nacional, contra a mídia, o mercado e a globalização (imperialismo/ nova ordem mundial). O discurso é baseado sobretudo na não-necessidade de “reformas”. Reformas essas que são sempre liberais.

Tudo isso mesclado com comportamentos excêntricos e suspeita de diagnósticos de paranoia. O “alienado” é cético com relação ao sistema e suas verdades. Prefere os russos aos americanos, é contra o estado laico, etc.

O “Louco” constitui, assim, para as correntes propulsoras do Golpe – e para aquelas que a ele querem se “HaddaPTar” – um alvo fácil: (i) para a esquerda, o inimigo passa a ser o fanatismo religioso; (ii) para os liberais, a descrença no mercado e no capitalismo.

O alienado pode ser entendido um pouco como o “Louco” do Tarot. Sua figura entre o “andarilho/ peregrino” e o “bobo da corte” permite que diga verdades inconvenientes sem repressão, por ser, justamente, “louco”.

Se antes vimos a versão apenas cômica, o Cabo Daciolo…

 

 

– …agora encontramos a versão perigosa. Adélio, o “es-fake-ador”, é um “louco perigoso”. Em vez de ir ao monte “orar” e “jejuar” contra “maçons”, vai às ruas. No entanto, vale ressaltar que o comportamento de Adélio diante da polícia parecia-se mais com o de uma pessoa drogada do que com aquele de uma pessoa em surto psicótico.

*

VII – E se o Estado-Maior for obrigado dobrar a aposta? Te cuida, Bolsonaro!

Como mostrou a própria “sala de crise” da FGV, a “es-fake-ada” foi devidamente triturada pelas redes sociais. Como se costuma dizer – com sarcasmo – nessas ocasiões, “a internet não soube lidar” com tanta… canastrice e amadorismo. E isso, apesar da interdição a questionamentos ditada pela dobradinha – em pinça – Globo/ Blogosfera.

O pior é que, mesmo depois, os “produtores” continuam seguindo a “Lei de Musk”: “tem que parecer fake para que as pessoas acreditem”.

Vejam se não:

Candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro permanece “consciente e em boas condições clínicas”, segundo boletim médico, divulgado neste sábado. A pronta recuperação do representante fascista na corrida presidencial foi tão bem-sucedida que chamou a atenção de especialistas em saúde.

Bolsonaro, fazendo o sinal característico de truculência, recupera-se quase que miraculosamente

 

Bolsonaro, fazendo o sinal característico de truculência, recupera-se quase que miraculosamente

Alegadamente esfaqueado na quinta-feira, o quadro de saúde do capitão do Exército, afastado da corporação em um processo disciplinar, não apresentou “nenhuma intercorrência nas últimas 24 horas”, informou o hospital Albert Einstein em boletim médico, nesta manhã.

O documento explica que Bolsonaro permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) depois de ter sofrido o atentado num evento de campanha e passar por uma delicada cirurgia de emergência em Juiz de Fora (MG).

Evolução
“Os exames de imagem e laboratoriais realizados durante avaliação médica mostraram resultados estáveis. Encontra-se em boas condições cardiovascular e pulmonar, sem febre ou outros sinais de infecção. Mantém jejum oral, recebendo nutrientes por via endovenosa”, descreve o boletim, assinado pela equipe médica do hospital.

De acordo com o hospital, será dada continuidade ao tratamento clínico, “sem necessidade de procedimento no momento”. A melhora foi surpreendente, a ponto de Bolsonaro ser movimentado do leito para a poltrona no início desta tarde. Ele foi fotografado, fazendo o costumeiro gesto de beligerância, por um de seus filhos,

Diante da defesa do candidato extremista, de uma solução ainda mais violente para o país, o pesquisador e tutor do curso de Bioética aplicada às Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Carlos Alberto Oliveira afirma que Bolsonaro perdeu “a oportunidade de evoluir”.

“O pior é quando nos é dada a oportunidade de aprender que o amor deve vencer o ódio. Olha o tal candidato fazendo foto simulando armas nas duas mãos…”, escreveu Oliveira, em uma rede social.

Fake

Acostumado a situações de emergência e análise do quadro clínico dos pacientes, Oliveira chama atenção para um possível exagero no noticiário sobre o candidato neofascista.

“Realmente, o candidato Bolsonaro tem um organismo muito forte. Menos de 72 horas, ele sofreu um trauma abdominal por arma branca, em choque, hemorragia intracavitária grave; foi submetido a uma laparotomia exploradora; ruptura de alças intestinais.

“Fez transfusões sanguíneas, instalou uma colostomia temporária, gravou vídeo poucas horas da cirurgia (que viralizou nas redes sociais) enfim… Ou ele é um cara muito forte (MESMO), ou…FAKE”, conclui.

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A estranheza quanto à evolução clínica de Bolsonaro soma-se a outra estranheza: aquela oriunda da errática troca de hospitais. Seria transferido, inicialmente, para o Hospital Sírio-Libanês, gerido pela comunidade árabe de SP. No entanto, após a visita de 4 médicos desse hospital de ponta, acabou indo na verdade para outro, o Albert Einstein, gerido pela (rival) comunidade judaica.

Note-se que o Deputado, de criação católica, aderiu – por conveniência político-eleitoral – ao sionismo, na sua vertente cristã:

 

 

Mesmo no discurso que Bolsonaro fez poucas horas antes do suposto “ataque”, não faltaram referências a Israel e aos EUA como modelos a serem seguidos – e como futuros parceiros preferenciais. Não faltou, tampouco, a demonização do “perigo vermelho” representado pelos seus rivais, os chineses:

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Quando até a rainha dos “isentões”, a jornalista Helena Chagas, sente-se segura para levantar, em público, suspeitas, mesmo que de forma indireta – Ave, Rainha dos Isentões! –, é porque na classe política já se consolidou o ceticismo quanto à “es-fake-ada”:

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Em tempo: “business” – o dia em que o Einstein fabricou um boletim para encobrir o vício do ex-jogador Casagrande – a pedido ($):

Da página de Carlos Henrique Machado

Reproduzo aqui esse thread mais que interessante que acabo de ler no twitter. Todos sabem que o fascista candidato foi avaliado por uma equipe do Sírio Libanês antes de ser transferido para São Paulo. Entretanto, para surpresa da classe médica de São Paulo, o candidato acabou indo para o Albert Einstein, o que gerou muitas perguntas. Pois bem… vejam esse thread, organizado pelo companheiro Toni Bulhões, em cima de vários tuítos do perfil @pagina2, jornalista e tuiteiro de longa data. O #thread:

Farei aqui um thread do @pagina2 em sequência, porque ele fez na página dele, mas como tuites isolados. Farei o flood sequenciado dele sobre a prática do hospital Albert Einstein e vocês tiram as próprias conclusões.

Hoje tem mais uma história do “Senta que la vem Page”, estrelando Casão e o Hospital Albert Einstein.
Era a manhã de algum dia que eu não me lembro quando cheguei à redação.

Era bem cedo, mas eu ja tinha comido uma empada do boteco Estadão, la na Major Quedinho. Enquanto assoprava o café, a pauteira foi explicando a madruga:
Casão, comentarista da globo hoje, estava com a namorada num Jeep Cherokee, bateu em alguns carros e capotou.

Foi atendido por policiais e pelo Corpo de Bombeiros e, como manda o protocolo, levado ao Hospital das Clínicas.
Casão não ficou muito tempo no HC. Entre o acidente e a chegada ao HC, amigos chamaram uma ambulância do hospital Albert Einstein.

Foi nesse ponto que a pauta ficou interessante.
Naquela hora da manhã, o Einstein já havia soltado uma nota dizendo que Casão estava em seu carro quando capotou e deu entrada no hospital com “politraumatismo” e estava “inconsciente na UTI”.

Legal, pensei. A essa hora e eu vou precisar fazer um obituário antes de sair pra rua. Antes de ficar chateado, a história melhorou ainda mais. Nem a PM nem os Bombeiros confirmavam que Casão tinha algum trauma. Quiça politraumatismo.

A assessoria do HC tbm negava que liberara um paciente tão mal quanto dizia o Einstein. Ou seja, tínhamos o Casão na UTI do Einstein quase morrendo, mas os bombeiros encontraram ele alterado, mas não todo quebrado.

Além disso o HC disse de todas as formas que o paciente havia recusado atendimento e optado por seguir para outro hospital. “E tinha politrauma?”, perguntei. “Não”.

Liguei para a assessoria do Einstein. Fulana, vc jura que PM, Bombeiro e HC dizem que ele tava de boa e chegou no Einstein a ponto de ficar em coma na UTI? Esse é o boletim, disse a assessora.

E, por acaso, há relato de um capotamento de ambulância do Einstein durante a transferencia? Houve briga na ambulâncias? Os enfermeiros eram Palmeirenses? Dava pra notar que ela ria do outro lado, mas se manteve na mesma linha: “Olha, tudo que temos esta no boletim, disse”.

Então o que tínhamos era um ex-craque do Corinthians que sofrera um acidente, fora resgatado com escoriações e horas depois saiu do HC e deu entrada no Einstein desacordado e com politrauma. A história opunha o público SUS (HC e Bombeiros) com o privado Einstein.

O SUS é uma merda. Até pq existe uma parada chamada CADSUS, um cadastro geral d pacientes e um outro trem chamado DATASUS, c/dados sobre td tipo d doença, violência ou trauma.
No SUS, mentir sobre o estado d saúde d uma pessoa é crime. No particular, faz parte do bizz, do negócio

Anos mais tarde, o Casão lançou um livro e contou toda a verdade: ele tava chapado e foi pro Einstein para fugir do assédio. O Einstein nunca se explicou do ocorrido e nada lhe foi perguntado.

Vcs podem dar RT nesse flood de como os boletins do Einsteins são tão confiáveis quanto uma kombi 69 subindo a Serra.

Todo o thread acima copiado do perfil @pagina2

Cada vez mais se acentuam ‘indícios’ sobre o ataque do talher fake.
Por que o Albert Einstein? Por que não o Sírio Libanês?
Por que a própria familia admitiu a princípio que foi um ferimento de raspão e depois todo o drama?
30 guarda-costas que nada guardavam?

Tantas perguntas.

*

Vale lembrar que indivíduos ligados ao Einstein financiam eventos da direita ultra-liberal:

 

E que Bolsonaro, convertido ao sionismo cristão, mantém excelente trânsito na comunidade judaica brasileira, para a qual deu diversas palestras, apesar de um certo “barulho minoritário” (sic):

(…)

 

A esse propósito, vale ressaltar que, em caso de necessidade, lideranças da comunidade judaica identificadas com o sionismo não hesitam em sair ao socorro de Bolsonaro:

*

Nesse cenário, contextualizando a agudização do conflito político no Brasil dentro do acirramento da disputa geopolítica entre o “Ocidente” anglo-sionista e as potências da Eurásia, notadamente Rússia e China, torna-se relevante alerta do antropólogo e professor da UFSCar Piero Leirner:

 

“Podem esperar outra pior”…

Poderiam, dobrando a aposta, dar cabo de Bolsonaro? Para “provar” que houve, sim, “facada”? Nessa hipótese, qual Vice reeditaria Sarney-1985? O General Mourão? Ou Paulo Guedes?

Poderiam, ao mesmo tempo, trabalhar o “Louco”? Para inserir método (“marxista!”) na sua “loucura”? Para que ele, finalmente, “revelasse” os “verdadeiros mandantes” na “conspiração”?

Nesse tocante, vale outro alerta de Piero:

*

OBS (1): Sobre a adesão – subalterna – de parte significativa das Forças Armadas ao “Ocidente” anglo-sionista contra o “ataque híbrido” (sic) eurasiano, recomenda-se a leitura de artigo de autoria do próprio Piero Leirner, publicado aqui no Duplo Expresso meses atrás:

*

OBS (2): sobre a potencial adesão da Juristocracia a Bolsonaro, note-se a abundância de policiais federais na sua segurança. Inclusive no momento do “atentado” em Juiz de Fora:

– Depois:

*

– Antes: a “ofensividade” representada pelo fotógrafo:

 

– Esse parece ter sido o único jornal (local) que levantou que haveria um segundo suspeito, que foi logo liberado sem que fossem dados maiores esclarecimentos:

(…)

 

Registre-se, ademais, que foi um policial (federal? De que superintendência? Curitiba?) à paisana que estava lá (fazendo o quê?) quem prendeu o principal suspeito:

 

Ou seja, a Polícia Federal está no jogo. Censura e violenta fotógrafo do Jornal Tribuna de Minas que tentava, apenas, fazer o seu trabalho e fotografar Bolsonaro e o “Louco” suspeito após a confusão do “atentado”.

O que tantos policiais federais estavam fazendo na cena do “crime”?

Será que uma das suas funções seria, justamente, censurar quem estava fotografando e filmando imagens que não conviessem à versão Globo-Bolsonaro-Mourão-Blogosfera? Como de fato fizeram, de forma violenta, com esse fotógrafo mineiro?

Aliás, onde estão as imagens das várias pessoas que estavam filmando a cena muito mais de perto? E que poderiam esclarecer realmente se houve alguma perfuração?

 

Depois, com anestesia e cuidados de um cirurgião plástico, podem até produzir uma bela cicatriz, para que Bolsonaro possa exibir em campanha. E não pelas mãos daquele “Louco”, com uma (suposta) “faca de cozinha”… vai que ele errasse a mão, não é mesmo?

A esse propósito, circula neste momento, em grupos de Whatsapp de apoiadores de Bolsonaro, mais um recibo passado quanto à descrença da opinião pública com relação à narrativa de “atentado”. Ou melhor, passou a circular nessas redes – apenas nas últimas horas – a “prova” de que Bolsonaro, de fato, teria sido submetido aos – ultra invasivos – procedimentos de laparotomia exploradora e instalação de colostomia temporária:

 

“Probleminha”:

(além de não se mostrar o rosto do “operado”, é claro!)

– Bolsonaro não tem nenhum cabelo no peito!

O que é atestado por este vídeo, do início deste ano:

*

Nota: adivinhem quem compartilhou (mais uma!) foto falsa (só nesta semana)?

  • Ele mesmo, Magno Malta:

 

  • (apenas!) 3 dias antes…

(rs)

*

Passando mais recibo ainda do estrago oriundo da chuva de questionamentos, o filho de Bolsonaro terminou por fabricar a fatídica “camisa”. Mas… com alguns probleminhas de execução, como notarão a seguir:

Poxa, Bolsonaros: nos ajudem a ajudar vocês!

– Filho de Bolsonaro apresenta, 2 dias depois!, a tal “camisa”. Agora devidamente “ensaguentada”. E também “perfurada”, é claro.

– Probleminha No. 1: “facada”, se houve, não pegou na palavra “Brasil”, na camisa. Se pegou, foi abaixo. E à esquerda. De toda forma, bem distante do espaço entre as letras “A” e “S” da palavra “Brasil”. Sim, nós sabemos, Bolsonaros: não teria o mesmo efeito dramático se o “esfaqueado” não fosse o “Brasil”, não é mesmo?

– Probleminha No. 2: não há a formação, em nenhum momento, de pregas em forma de raios com centro no local da suposta “estocada”, como deveria ocorrer em virtude da pressão de um golpe na “entrada”. Tampouco, na “saída”, a faca puxa o tecido.

Tirem a prova no vídeo abaixo, em câmera lenta e ampliado:

 

E ajudem, também, a espalhar os memes:

  • Versão estendida:

 

  • Versão sumária:

 

  • O “milagre” (fake) do novo “Messias” (fake):

*

E aí, Igreja?

“Amém”?

Ou…

– … “aí tem”??

*

Em tempo: depois de questionado, o filho de Bolsonaro teve de “admitir” que se tratava, sim, de uma fabricação. Como os questionamentos já inundavam as redes, o Cartel Midiático e os Bolsonaro acharam por bem realizar o prejuízo e partir para uma contenção – pública – de danos. Reparem que a matéria foi ao ar no UOL “apenas” 19h (!) depois do tuíte do Bolsonarinho:

 

– Ô! Imagina se não…

Ora, se essa camisa, verde e amarela, com esses dizeres, foi fabricada justamente para isso!

*

VIII – Imposturas do novo “herói” nacional

Em oposição a todo o circo de autoridades solidarizando-se com Bolsonaro, considerando o incidente como uma “ameaça à democracia” e “demonstração de intolerância”, vale relembrar quem é o novo herói do país em apenas meio minuto.

 

Bolsonaro deseja fechar imediatamente o Congresso, estabelecer uma ditadura com tortura e genocídio. Ao declarar que o primeiro a ser morto seria Fernando Henrique Cardoso, demonstra que serão 30 mil mortos apenas de alvos políticos. Em um regime ditatorial de Bolsonaro, essas mortes políticas se somariam com grandes massacres da população da periferia.

Bolsonaro admite no vídeo que ficaria feliz se morressem inocentes, de crimes reais ou imaginários, mas inocentes segundo o próprio, desde que essas mortes de inocentes não impedissem as mortes de culpados – pelo crime de oposição política.

O próprio Bolsonaro é que representa a maior ameaça não só à democracia, como à civilização brasileira.

*

IX – As reações inesperadas nas redes sociais ao incidente:

Enquanto os mais diversos oportunistas políticos, a começar por todos os candidatos a presidente, e analistas da mídia tradicional e alternativa traçam um cenário de amplo apoio e solidariedade ao “dócil mártir da democracia”, a FGV – em sua “sala de crises” – utilizando os já conhecidos “crawlers” – ao recolher e analisar todas as reações públicas no Twitter nas primeiras horas após o incidente descobriu que a população parece não estar comprando esse atentado “pós-moderno, que seria verdadeiro porque parece ser falso”, e nem expressando muita empatia com o “mocinho”:

 

As “nuvens” azul e verde, que se esperavam majoritárias, reuniram juntas menos de 30% das reações emitidas na rede social.

A quantidade mais expressiva de pessoas que reagiram ao incidente é justamente a dos incrédulos, tal como ocorreu diante do vídeo cuja veracidade o Fantástico assegurou. O povo não põe sua mão no fogo pelos atores envolvidos no episódio.

A pesquisa indica que o tabu de jamais falar sobre a veracidade do acontecimento, presente em toda a mídia, inclusive a mídia “de esquerda”, não existe entre a população.

Os “verdes” aqui representam um misto de “racionalistas” com oportunistas políticos, os famosos “isentões”. Leonardo Sakamoto, que minimizou o papel do Cartel Midiático nos eventos anteriores e posteriores ao afastamento de Dilma, correu para escrever um artigo onde questiona a lucidez geral: o povo brasileiro está profanando o tabu do sangue do Jair Messias (!)

Assim como na fábula “A Roupa Nova do Rei”, somente os inteligentes “não questionam”:

 

Problema: este Duplo Expresso, assim como diversos outros indivíduos nas redes sociais, correu a interpretar o papel do menino petulante que acusa, na frente de todos, a nudez régia. No caminho mostramos, ademais, que também estavam com suas vergonhas expostas a Rede Globo e…

– … a “Blogosfera (dita) progressista”!

*

Para testarmos a tese de que há uma explosão de “fake news” e “teorias da conspiração” na internet sobre o incidente Bolsonaro e que isso representa uma grave ameaça à democracia, resolvemos verificar como andam os canais “alternativos” no Youtube. Afinal, se verdadeira essa tese, deveria haver nessa plataforma de hospedagem de vídeos (do Google) dezenas de “teóricos da conspiração” questionando a veracidade do ocorrido, bem como as intenções espúrias dos atores envolvidos.

Mas que nada!

 

Dois dias após o incidente com Bolsonaro, os mais famosos canais alternativos estavam “trabalhando normalmente”, gravando vídeos novos, mas sem abordar o tema do incidente de Bolsonaro. O canal Verdade Oculta até estava comentando sobre assuntos da política nacional, mas com meses de atraso. O canal Fatos Desconhecidos estava postando suas tradicionais curiosidades. E o canal de teorias conspiratórias Oculto Revelado postando traduções de vídeos gringos sobre temas aleatórios.

Nenhum desses abordou ao menos com uma “live” o tema do estranhíssimo “atentado” a Bolsonaro. Em um vídeo, inclusive, um seguidor fez questão de registrar seu estranhamento:

 

Por outro lado, outros canais dedicados a “boatos” e teorias conspiratórias, não só gravaram vídeos em apoio a Bolsonaro como também gravaram “broncas” em todas as pessoas que ousaram, apenas, duvidar da veracidade do atentado.

Sobre os boatos, vale lembrar que Pablo Ortellado, em uma postagem no Facebook, ensinou que boato é permitido, pois quem espalha boato não engana o povo por não aparentar alguma especialização técnica ou trato jornalístico.

De todos estes teóricos da conspiração que põem a mão no fogo por Bolsonaro, chama atenção o do canal ENZUH. Em vídeo dedicado a responder se o “atentado” a Bolsonaro foi falso ele não só garante que é verdadeiro como dispara que duvidoso mesmo seria o atentado a Marielle Franco (!):

 

Pois bem, quem olhar vídeos antigos do canal do mesmo usuário descobre que defender que a terra é plana é uma das teorias menos loucas que Enzo já publicou. É daí para pior…

*

Muito estranho! Contrariando a tese vigente de que só os “loucos” questionam o incidente, os malucos estão todos crédulos! Quase a totalidade dos vídeos e textos feitos com uma capa “clickbait” – isca para cliques – sobre o incidente ser falso termina com um louquinho censurando as pessoas que não acreditam na história.

Também fica evidente que na conjuntura atual do país: a) o tabu do sangue do Bolsonaro é mais forte que o tabu da esfericidade da Terra; e b) os teóricos da conspiração brasileiros possuem uma tremenda falta de imaginação e não vivem fora da órbita do History Channel.

*

X- Mídia tradicional espalha dezenas de notícias falsas. Mas em pinça com a “Blogosfera” (!)

O episódio está desorientado as pessoas que buscam alguma informação confiável devido a um furacão de notícias falsas divulgadas pela própria mídia tradicional, “insuspeitíssima”.

Se não é possível determinar no momento quais são as notícias falsas é perfeitamente possível demonstrar sua frequência.

A mesma Revista Veja que divulgou que Bolsonaro estava com colete, divulgou horas depois que ele estava sem colete. O mesmo jornal que divulgou que o ferimento foi superficial divulgou, horas depois, que o estado de saúde de Bolsonaro era gravíssimo. A mesma TV Globo que anunciou que Bolsonaro passava por uma pequena cirurgia na parte lateral do corpo, divulgou horas depois que ele foi cortado de cima a baixo, do púbis ao peito.

Pois bem, se a notícia do corte superficial for verdadeira, a notícia do corte profundo é falsa. E vice-versa. Se a notícia do colete for verdadeira, a notícia da falta de colete é falsa. E daí por diante.

Assim, está comprovado que, independentemente de sabermos quais são as notícias verdadeiras e as falsas divulgadas pela mídia tradicional, sabemos que foram divulgadas aos montes. E em centenas de órgãos de imprensa, dos nacionais aos regionais.

A mídia (dita) “alternativa” sequer comenta a abordagem da mídia tradicional no caso. Nada de análises de discurso, comparações de manchetes e conteúdos ou questionamentos sobre a competência jornalística. Se não é proposital, tal apagão só poderia ser explicado por uma incompetência generalizada da profissão jornalística.

A postura em relação ao caso na mídia alternativa é um indicativo forte da situação de (auto) censura velada da imprensa que existe no Brasil. Todos dizem que o incidente foi verdadeiro e que não se deve questionar a veracidade do acontecido, mas ninguém noticia os “fatos concretos” sobre o ocorrido com Bolsonaro, como se ele teve uma cirurgia grande ou pequena. Tal postura revela um medo completo de divulgar uma informação divergente daquelas propagadas pela grande mídia e sofrer posterior censura por parte do TSE – com auxílio do monitoramento digital – por divulgar “fake news”.

Fernando Horta conseguiu forçar ao máximo a barra no GGN de Luis Nassif. Em artigo com título “clickbait” – isca (falsa!) para cliques – sobre o atentado ter sido falso, querendo no entanto reforçar o tabu, inovou nas “leis da realidade”: afirmou categoricamente (com base em quê?) que o “atentado” era verdadeiro, mas a consequência, os desdobramentos, seriam falsos (!)

(…)

 

Muito esperto esse Fernando Horta: com a pegadinha explícita do título, mesmo sempre respeitando a total interdição, reinante à direita e à esquerda, a qualquer questionamento sobre a “veracidade” do “atentado”, conseguiu milhares de clicks, de um público majoritariamente cético.

Visibilidade certamente muito bem-vinda para quem, em menos de um mês, tentará transformar “curtidas” de rede social em votos. Buscando novos rumos profissionais, Horta almeja sentar-se sobre uma das 513 cadeiras na Câmara dos Deputados:

*

XI – Conclusões sobre e para a novela pós-moderna

Embora não seja possível “profetizar” resultados imediatos para a “novela” do “Messias exangue”, e sua “paixão”, já é possível observar o caráter pós-moderno de seu enredo e elencar algumas peças soltas que serão encaixadas nos próximos dias.

Algo bastante conhecido das práticas das novelas globais é possuir um enredo fixo inicial, mas finais variáveis conforme a reação do telespectador após discretas pesquisas de opinião. A história é escrita enquanto as cenas são gravadas, com os autores poucos capítulos à frente.

Um dos aspectos de filmes contemporâneos que ainda confunde muitas pessoas é o descolamento entre a linha temporal da história e as cenas apresentadas, visto que as pessoas naturalmente estão acostumadas a narrativas em que o tempo flui do passado ao futuro, de forma linear.

Supôs-se que a foto de Bolsonaro no hospital, por ter sido repercutida após a foto de Bolsonaro carregado pelas ruas “ferido” e o vídeo do incidente, seria posterior aos mesmos. A rotina da mente é de início pensar que os três acontecimentos foram seguidos, um após o outro. Até pela lógica de que, em um atentado, primeiro a pessoa é ferida, depois é carregada ao hospital e só depois encontra-se na sala de cirurgia. No entanto, é oportuno observar que foi divulgado que Bolsonaro havia visitado um hospital no dia do incidente.

Num mar de dúvidas e contradições, com idas e vindas nas versões sucessivas, sequer pode haver certeza sobre a ordem cronológica das cenas apresentadas ao público. E é de se supor que tal incerteza persista com relação à divulgação de relatos e imagens que visem a preencher, pouco a pouco, as muitas lacunas no episódio. Portanto, não necessariamente tais relatos e imagens foram produzidos nas datas creditadas.

Temos, então, um “conceito” de todo um episódio histórico-audiovisual enquanto quebra-cabeças:

1) O Fantástico de hoje, 09/09/18, de onde se espera “novidades”, “exclusivas” sobre a “paixão” do novo “Messias” (fake). Seria pedir demais um link ao vivo do quarto no Einstein, produção? Mais relatos da junta médica, incrédula diante da tamanha força e vigor do paciente? A conferir;

2) Referências renovadas a Tancredo Neves (e portanto à controversa ascensão de Sarney), inclusive em novo filme que será lançado em breve;

3) As “investigações” (sic) sobre os “poderosos interesses” – “vermelhos”? “Eurasianos”? (rs) – que estariam por trás do “ataque” que se serviu do “Louco”;

4) O incêndio do Museu Nacional – a primeira frente de sequestro de pauta da semana, visando a enterrar Lula e a sua resistência num mar de saturação noticiosa (uma das formas de diversionismo);

5) O Plano B – tão interessado quanto seus associados no Golpe (i.e., no Golpe ostensivo) no enterro noticioso das seguidas provas de resistência de Lula. Isso, juntamente com o receio de censura, explica a interdição ao questionamento do tabu do “novo Messias” na Blogosfera, quase toda ela já embarcada na operação de descarte de Lula;

6) A perseguição aos imigrantes da Venezuela em Roraima. Venezuela, afinal, “vermelha”: pé fincado no Continente Sul-americano pelos “perigosos eurasianos”, e desde Hugo Chavez (!)

 

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ATUALIZAÇÃO 10/set/2018: atualizações deste artigo foram comentadas no Duplo Expresso desta segunda-feira

  • A partir de 1:08:50

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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