O Jejum e a Fome
Por Wellington Calasans, para o Duplo Expresso
Definitivamente, no Brasil, o fascismo veste toga. A vasta atenção dada no Domingo de Páscoa ao suposto jejum do criminoso Deltan Dallagnol (segundo Tacla Durán, ele, “DD”, ganha propina em um esquema de delação premiada) é um tapa na cara de milhões de brasileiros que voltaram à linha de pobreza, após conhecerem, com Lula, o direito às três refeições diárias.
Segundo publicações, à esquerda e à direita, esse fanático religioso, membro da força-tarefa da Lava Jato e procurador de uma República que deveria ser laica, teria feito o primeiro jejum de fome com data marcada para acabar: o dia da liberação para a prisão de Lula. Isso depois de ter promovido um abaixo-assinado com o mesmo objetivo: a prisão de Lula após condenação em segunda instância. Mais uma vez, numa tentativa de consolidar a inutilidade do STF.
Todo o circo foi montado na página oficial do Twitter de “DD” (alcunha desse fanático religioso no crime), em pleno Domingo de Páscoa – dia de redenção para os católicos. A despeito de ter reconhecido que terá dificuldade para realizar seu sonho sádico, “DD” seguiu com os discursos de ódio e fascismo, características quase que inseparáveis de boa parte dos quadros do judiciário brasileiro nos tempos atuais:
“Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo o País, jamais será responsabilizada, na Lava Jato e além. O cenário não é bom”, afirmara o falso profeta.
“DD” ignora que mais forte que seu jejum é o desejo de regresso de Lula à Presidência da República. Isso é manifestado por milhões de brasileiros que regressaram à linha da fome e da miséria após o desmonte da indústria nacional e da supressão do emprego, os maiores “feitos” realizados pela Lava Jato.
O STF terá uma oportunidade singular de resgatar a confiança da sociedade na justiça. Ao contrário do que afirmou este fanático religioso – “O STF pode transformar Justiça Penal num conto de fadas na próxima 4ª feira. Prisão para poderosos existirá só nos Códigos” –, uma prisão em segunda instância, de Lula ou qualquer outro brasileiro, representará o fim da presunção da inocência. O que consolidaria a ditadura de toga que tenta se sustentar através de práticas e métodos fascistas.
De todas as baboseiras escritas por “DD”, a única com a qual devemos concordar é que o “momento é grave e importante”. Realmente é gravíssima a mistura promovida por ele entre justiça e religião, sobretudo quando esta mais se assemelha às seitas satânicas, onde os sacrifícios pessoais servem apenas a prática da injustiça contra inocentes.
Que a fé dos brasileiros famintos seja mais forte do que o “jejum” debochado do fanático “DD”.
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