Militares derrubarão Bolsonaro? Matando a charada
Publicado 19/mai/2019 – 13:34
Atualizado 21/mai/2019 – 12:30 – Piero Leirner e os últimos disparos na “guerra híbrida”
- Mais ilustrações da dinâmica good cop/ bad cop (“bom policial/ mau policial”) encenada por situação e “oposição” – dentro do mesmo governo! – nesta semana.
- O bobo da corte entretém as massas enquanto o rei – o real – passa incógnito e acerta-se com o carrasco no patíbulo.
- Essa tática seria até brilhante…
- … se não dependesse, para o seu sucesso, da indigência intelectual de 9 entre 10.
Militares derrubarão Bolsonaro? Matando a charada
Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso
?Matando a charada: “fake news” de que “caso Bolsonaro fosse afastado antes de completar 2 anos de mandato haveria novas eleições” está sendo plantada pelos próprios militares. Como álibi!
Por Romulus Maya
Entre tantas coisas esquisitas nos últimos dias, tem causado bastante estranheza a disseminação de uma “fake news” em particular: a de que em caso de afastamento de Bolsonaro, neste momento, “seriam convocadas novas eleições, diretas”.
Ora, não há margem para dúvida. Combinando o Artigo 81 da Constituição…
(“Art. 81. Vagando os cargos de Presidente E VICE-PRESIDENTE (!) da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. (ELEIÇÃO DIRETA)
§ 1º – Ocorrendo a vacância (DOS DOIS CARGOS!) nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição PARA AMBOS OS CARGOS será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei” (ELEIÇÃO INDIRETA))
– … com a jurisprudência consolidada do STF, desde a diplomação da CHAPA Bolsonaro/ Mourão – ou seja, mesmo antes da posse de ambos em 1o de janeiro deste ano – em caso de afastamento de Bolsonaro assume Mourão.
Simples assim.
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Aliás, é até curioso que isso tenha, nos últimos dias, se tornado tema de “debate” (sic) à luz do que ocorreu há apenas…
– … 3 anos!
Ora, Dilma Rousseff foi afastada com APENAS 1 ano e pouco de mandato, em 2016.
Houve “eleições diretas, antecipadas, em 90 dias”?
Nada disso: (para nossa desgraça) assumiu Michel Temer, não é mesmo?
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A disseminação do que é, portanto, uma clara “fake news” torna-se mais “esquisita” ainda quando, para além de “jornalista” sem escrúpulos no twitter (Ricardo Noblat – print) no dia de hoje, vimos a saber que essa “versão alternativa” da sucessão presidencial em caso de vacância é a que corre na boca de 9 entre 10 deputados – e respectivas assessorias! – no Congresso Nacional (!)
Ora, essa gente toda não tem um exemplar que seja da Constituição em seus gabinetes?Caso tenha, 90% dos 513 deputados (e suas assessorias!) é analfabeto funcional?Para além disso, padecem todos esses de Alzheimer e esqueceram-se do que aconteceu logo ali, apenas 3 anos atrás?!*Tudo muito esquisito…*Ou será que não?A “estória” passa a fazer muito mais sentido quando se identifica DE ONDE está saindo esse ruído…Ou seja, onde que os deputados ouviram essa leitura “dissonante” das regras da sucessão presidencial…*Adivinhem?– Dos Militares!Pois sim: diante de cada um que vai aos Militares reclamar de Bolsonaro e do estado atual das coisas, os mesmos seguem cultivando a percepção de que são a “alternativa” de poder, a “redentora” (opa!), ou seja, a “oposição” dentro do próprio governo (!), mas…– … logo se saem com o álibi para não agir por ora: “caso Bolsonaro fosse afastado no momento, haveria necessariamente novas eleições, com resultado imprevisível” (sic).*Depois de meses, diria que esse é um dos indícios mais claros coletados até aqui de que, de fato, toda a “contradição” no governo Bolsonaro entre Militares e “olavetes” – se não é de todo fabricada e encenada – é no mínimo administrada. E, se há parte “espontânea”, é apenas na ponta, na arrebentação. Não lá em cima, onde primeiro surgem as ondas.Para entender isso, como nos ensina Piero Leirner, é preciso compreender o conceito de “abordagem indireta”, usada no contexto de “guerra híbrida”, que se projeta não apenas do governo para fora, para a sociedade (e para a oposição formal, política e institucional), mas também para dentro, para os grupos “rivais” dos Militares.Em síntese: quem emprega a abordagem indireta com sucesso logra não apenas pautar o adversário (limitado à reatividade por reflexo) mas fazer com que esse faça, para si, o serviço de se… inviabilizar.*Percebem?Talvez os militares até queiram tirar Bolsonaro um dia, quem sabe…Mas esse dia ainda não chegou!Quem vai cobrá-los para que façam algo diante do estado geral das coisas sai com a “fake news” de… “novas eleições” (sic)!Mais: já sai até com a (convenientemente nem muito próxima mas tampouco lá tão distante) data do fim de suas angústias: “basta aguentar, um pouco mais, só até o fim de… 2020 (!)”*Cenoura e porrete!E assim seguimos…*Essa tática envolvendo a referida “fake news” seria até brilhante…– … se não dependesse, para o seu sucesso, da indigência intelectual de 9 entre 10 parlamentares no Congresso Nacional.E de suas (mais que bem pagas) assessorias!*Analfabetos funcionais todos eles?Bem, não é à toa que “Conge” Moro consegue ser Ministro em Brasília, não é mesmo?*Portanto, a hipótese a privilegiar segue sendo aquela de que os Militares só vão se livrar de Bolsonaro – i.e., se um dia vierem a fazê-lo! -, esse conveniente para-raio do governo, que atrai para si toda a rejeição, e que faz esses mesmos Militares (sem luz) brilharem pelo “contraste” (com uma fossa!), no dia em que isso se encaixar na estratégia que traçaram lá atrás.Alguns requisitos:(1) Para dentro: só agirão quando tiverem a certeza de que a ascendência carismática, direta, de Bolsonaro sobre a baixa oficialidade foi totalmente neutralizada. Não querem que haja a menor viabilidade de um hipotético (embora de todo improvável) chamado de Bolsonaro a uma insurreição da base contra o topo da hierarquia quando for a hora de sacá-lo.Por isso, aliás, os Militares vibram a cada rodada de novos tiros no pé de Bolsonaro (e olavetes).E para muitos deles, inclusive, vêm deliberadamente contribuindo.(e sempre aproveitando para “brilhar pelo contraste”!)(2) Para fora: agirão quando o caos (ainda maior?) estiver implantado e eles possam, então, surgir como a “solução de ordem”. Com a “flexibilidade institucional-jurídico-democrática”, digamos, que uma “salvação nacional” autorizaria.Ou seja, poder absoluto.Talvez, lá atrás na prancheta, isso se passasse depois do mais que cantado – e iminente – colapso financeiro do Brasil (Bovespa cair de 100 mil para 50 mil pontos, dólar chegar a 5 ou 6 Reais, etc.).
Sobre isso, como comentamos ainda nesta semana (print), a hora de estourar a bolha será – como sempre – escolhida pelas Alta Finança Transnacional, de modo a permitir que os ativos brasileiros troquem de mãos mais uma vez (por uma pechincha).
Aliás, muito mais importante do que a hipótese (inverossímil) de “auto-golpe” que a maioria está extraindo do tal texto apócrifo compartilhado por Bolsonaro é o comando com que esse é encerrado: “Sell!”. Ou seja, “vendam! (ativos brasileiros)”.
(ver print)
Com isso, Bolsonaro ameaçou melar o cronograma minuciosamente preparado pela Alta Finança Transnacional para a apropriação dos ativos da economia brasileira.
E, também, o planejamento dos Militares para se apropriarem eles – diretamente – do poder.*
Talvez agora Bolsonaro tenha, de fato, ido longe demais.Mas não pelas razões que andam falando por aí…
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Bolsonaro e olavetes como para-raio dos Militares – bis
Piero Leirner atenta para mais uma ilustração da dinâmica good cop/ bad cop encenada por situação e “oposição” – dentro do mesmo governo! – nesta semana.
As comunidades acadêmicas se mobilizaram e tomaram as ruas na última quarta-feira contra o corte na educação proposto “pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub” (sic). Muito bem.
Pois eis que na surdina, no dia seguinte a essas manifestações (!), sai Decreto do Executivo dando poderes aos Generais Heleno e Santos Cruz para, não apenas implantarem uma Stasi dedicada a fichar professores de universidades (os “marxistas culturais”?), como também de influir no preenchimento de cargos de segundo e terceiro escalão nas administrações das universidades federais, para além da escolha do reitor.
(uma formalidade, já que em geral há a indicação do mais votado pela comunidade acadêmica em lista tríplice.
Salvo – vejam só… – no período do “Professor-Presidente” FHC.
Sim, “Presidente Professor”…
E tinha gente por aí dizendo que o Brasil, no ano passado, perdeu a oportunidade de “eleger um professor”…
Esqueceram do último já, parece…
Com quem, aliás, o “Professor” do ano passado tem muita afinidade…)
Mesmo que bem elaborado, denotando meses de discretíssima preparação, tal Decreto se trata de algo claramente inconstitucional, por acabar com a autonomia universitária, consagrada no Art. 207 da CF:
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
No entanto, o que é a Constituição hoje exatamente no Brasil?
Tempos atrás, após a invasão da UFMG pela PF, numa dessas operações de destruição dos pilares do desenvolvimento brasileiro filhas da Lava Jato, o “bravo” (#SóQueAoContrário) Ministro Luis Roberto Barroso, do STF, saiu-se com uma das suas muitas tiradas para ganhar manchetes: “Policial na universidade? Só se for para estudar!”
Pois esperamos testemunhar essa mesma “bravura” dele diante dos arapongas fardados dessa Stasi anti-“marxismo cultural”, não é mesmo?
Mas o ponto é: o bobo da corte entretém as massas enquanto o rei – o real – passa incógnito e acerta-se com o carrasco no patíbulo.
Percebem?
Aliás…
E pensar que, nesta mesma semana, “tolinhos” manchetavam por aí que o mesmo General Santos Cruz, mais empoderado do que nunca com esse Decreto (assinado por Bolsonaro!), estava “prestes a cair”.
Quanta “tolice”, não é mesmo?
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De novo:
Essa tática seria até brilhante…
– … se não dependesse, para o seu sucesso, da indigência intelectual de 9 entre 10.
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Venezuela: mais uma “contradição”, conforme nos conta o bravo Chanceler Arreaza
(Via Maíra Valente)
Olho aberto para não estar sendo operado, Jorge Arreaza…
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Atualização 19/mai/2019: debate no Duplo Expresso
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Atualização 21/mai/2019: Piero Leirner e os últimos disparos na “guerra híbrida”
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