Guerra comercial China x EUA se intensifica na sucessão presidencial brasileira
Por César Fonseca, para o Duplo Expresso
Os chineses resolveram dar outro passo para pressionar o Brasil a ser seu parceiro na guerra comercial contra os Estados Unidos, que se intensifica no território nacional, no campo do agronegócio, petróleo e gás.
Essa é a razão principal que trouxe ao Brasil o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, acompanhado de empresários norte-americanos super interessados em participarem dessas duas verdadeiras minas de ouro para usufruto do seu interesse, evidentemente.
A China depois de jogar duro com os agricultores, impondo-lhes sobretaxas para entrar em território chinês, passa a fazer o mesmo com os mineradores, em Minas Gerais e no Pará.
Tudo motivo político. Os chineses querem Lula livre para participar da eleição. Trata-se de parceiro geoestratégico chinês para construção do bloco comercial euro-asiático na guerra comercial detonada por Trump contra China.
Os exportadores de minérios, como os exportadores agrícolas estão preocupadíssimos.
Há mais de seis meses, informam fontes do Congresso ligadas aos interesses minerais, os chineses desaceleraram estrategicamente, negócios na área extrativista, quando antes eram grandes interessados.
Destacam que motivos políticos estão por trás da atitude chinesa.
E agora se dispõem a sobretaxar também minérios.
Sucateamento mineral à vista
Grandes empresas, como a Vale do Rio Doce e demais que atuam no setor mineral, na extração, comercialização e exportação passam a correr perigo.
Aconteceria com elas o mesmo o que está acontecendo com os empresários do agronegócio nacional, preocupados com sobretaxa de 38% sobre o frango, podendo estender-se para farelos, grãos, carnes etc.
O mercado chinês é o que mais consome alimentos e minérios, dadas taxas positivas de crescimento econômico que colocaram a China no topo da economia mundial, levando os Estados Unidos à guerra comercial contra ela.
Os chineses mandaram o recado: querem reciprocidade estratégica.
Oferecem mercado, mas em contrapartida pregam participação brasileira no bloco comercial asiático do qual a China é economia ponta de lança.
Afinal, ela prepara-se para financiar em moeda chinesa, o yuan, o comércio asiático no século 21.
Se o Brasil estivesse, como estava, nos BRICS, seria candidato natural a esse novo intercâmbio, por meio dos BRICS, que se espraiará no mercado euro-asiático ao longo do século 21.
O comércio global liberal, regulado no faz de conta pela Organização Mundial do Comércio(OMC) acabou.
Entra no seu lugar blocos comerciais.
Em qual deles estará o Brasil?
No da China, promissor, ou no dos Estados Unidos, onde Trump taxa todo mundo?
Entre dois senhores imperiais
Na Guerra comercial, o Brasil portanto, ficou entre dois impérios: China e Estados Unidos.
De um lado, o americano, que atua com espírito de dominação e força para fechar negócios e exige dos parceiros ajustes fiscais e monetários que abram suas economias para as empresas americanas.
De outro, a opção chinesa, da qual o Brasil estava dentro, com os BRICS, mas teve que sair à força depois do golpe de 2016 financiado por Tio Sam que arregimentou seus aliados internos, a mídia, o judiciário e o legislativo, para derrubar governo popular democraticamente eleito.
Fora dos BRICS, no entanto, o Brasil, submetido à terapia neoliberal ditada pela Casa Branca vai para o saco.
Pequim também joga pesado para fazer valer seus interesses.
Suspende politicamente as compras para forçar aliança com o Brasil.
O poder de fogo chinês pode quebrar a economia primária nacional, o agronegócio e o extrativismo mineral, caso deixe de consumir seus produtos por algum tempo.
Briga de cachorro grande
Com Temer/PMDB/PSDB aliado geoestratégico de Washington depois do golpe de 2016, China ficou sem interlocutor no Brasil.
Perde terreno de forma rápida.
Com a Petrobras na mão, fornecedora do agronegócio a preços competitivos, Washington pode dominar mercado de alimentos.
O governo chinês tem que alimentar mais de 2 bilhões de habitantes e precisa de fontes seguras de abastecimento.
Ficar na mão dos americanos, para os chineses, nem pensar.
Por isso joga com vara de dois bicos:
1 – pressiona o agronegócio e o setor mineral a apoiar eleições livres para todos para ter amigo disputando eleição
2 – amplia outros mercados, como na África, de onde os chineses possam comprar pagando metade do frete, relativamente, ao Brasil etc.
O recado chinês chegou aos políticos conservadores do Centro Oeste brasileiro: de que lado vocês estão?
Pence no ataque
O pau, portanto, quebra na guerra comercial China X Estados Unidos.
Os empresários americanos que acompanham Mike Pence pressionaram o ministro das Minas e Energia, Moreira Franco para ampliarem sua participação no mercado da engenharia nacional e de serviços.
Trata-se do mesmo comportamento que adotaram depois que o governo americano derrubou Saddam Hussein com argumento de que escondia armas atômicas etc.
As obras de engenharia e construção civil ficaram, com a queda de Saddam, nas mãos americanas.
Querem aqui no Brasil, fazer o mesmo removendo do cenário econômico as empreiteiras nacionais, detonadas pela Operação Lava Jato, montada pelo departamento de justiça americano, para desestruturar política e economicamente a Petrobras.
Com a Petrobras sob orientação de Washington, os demais setores da economia, especialmente o agronegócio ficam para os empresários americanos explorarem.
Os americanos com o petróleo e o agronegócio brasileiros nas mãos para controlar os preços internacionais dos dois setores estratégicos, vão deitar e rolar.
Pegarão setores falidos do agronegócio no jogo da guerra comercial para comprar patrimônio barato.
Essa possibilidade, no entanto, pode mudar se Lula, graças às pressões chinesas, disputar e vencer eleição, algo dado de barato pelas pesquisas eleitorais.
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