Alerta: Carmen Lúcia é resposta do Golpe para queda de Temer
Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso
- Por incrível que pareça, a queda de Temer – se caísse sozinho – seria pior para a resistência democrática do que a sua manutenção com o seu atual estado de debilidade. Dessa forma, a luta tem que ser contra o Golpe, como um todo. Com especial ênfase no seu programa econômico, financista e entreguista. Programa esse cuja aplicação levou a, entre outras coisas, a atual conflagração com os caminhoneiros.
- A “fulanização” da crise na pessoa de Temer pode levar o comando transnacional do Golpe a, caso as coisas piorem ainda mais, simplesmente apertar o botão “ejetar”. E manda-lo para os ares. Mas, aí, quem de fato cairia de paraquedas seria Carmen Lúcia. E na Presidência da República! Isso significaria que o Judiciário e a Globo assumiriam o comando do país diretamente, sem sequer a mediação da ala direita da política – muitas vezes, para nosso benefício, disruptiva, com seguidos curtos-circuitos (vide “JBS” e a prisão dos “operadores” de Temer, p.e.).
- Notem: essa ala direita – ao contrário do comando transnacional do Golpe – vai, ela também, precisar de votos – da “plebe” – em outubro próximo.
- Em suma, é “abaixo o Golpe”/ “Brasil soberano”/ “Lula livre”. E não “Fora, (só) Temer”!
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Algumas lideranças na esquerda vêm tentando colar o “Fora, Temer” como bandeira a ser empunhada por movimentos/ sindicatos – à esquerda – que venham a se somar à paralisação dos caminhoneiros, seja em manifestações de rua ou em greves paralelas. O Duplo Expresso concorda com a aposta política de aderir e, assim, contribuir para o aumento do tensionamento neste momento. Isso, apesar das contradições ideológico-sociais do movimento grevista/ lockout que tudo iniciou. É justamente aderindo e ampliando que será possível diluir as vozes tresloucadas no meio dos caminhoneiros que pedem intervenção militar.
No entanto, é equivocado antagonizar Michel Temer na “pessoa física”, pedindo a sua destituição. Evidentemente, ninguém que luta contra o Golpe pode ser a favor de Temer. O problema é que o que está ruim sempre pode piorar. Para decidir entre duas alternativas – necessariamente – ruins, temos portanto de analisar qual é a mais danosa. Para na sequência decidir, por eliminação, pela menos danosa.
Se Michel Temer sair da Presidência não será Rodrigo Maia quem vai assumir. E tampouco Eunício Oliveira, Presidente do Senado. Como fizeram em abril, por ocasião de uma viagem internacional de Temer, ambos “abdicarão” da prerrogativa dos seus cargos e entregarão a Presidência da República à Presidente do STF – e do Judiciário, a Ministra Carmen Lúcia.
Vejam o relato da Folha daquela sexta-feira 13 (!) de abril:
O presidente Michel Temer transmite cargo para a ministra Cármen Lúcia, do STF
Cármen Lúcia foi à base aérea se despedir de Temer, que viajou pela manhã.Cármen Lúcia assume Presidência nesta sexta (13)
13.abr.2018 às 12h25
Folha de S. PauloPresidente do Supremo exercerá o cargo por um dia, enquanto Temer viaja para o Peru
A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, assumiu nesta sexta-feira (13) a Presidência da República no lugar de Michel Temer (MDB), que viaja ao Peru para participar da Cúpula das Américas.
A presidente do Supremo exercerá o cargo por apenas um dia PARA EVITAR QUE OS PRESIDENTES DA CÂMARA, RODRIGO MAIA (DEM-RJ), E DO SENADO, EUNÍCIO OLIVEIRA (MDB-CE), SE TORNEM INELEGÍVEIS NESTE ANO.
Na primeira vez em que vai exercer o cargo, Cármen Lúcia deverá despachar do Palácio do Planalto ao menos na parte da tarde, onde terá documentos para assinar, seguindo o protocolo. Auxiliares disseram que ela não participará de eventos públicos como chefe do Executivo.
É a segunda vez que a Presidência será exercida por uma mulher —a primeira foi Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016. A expectativa é que Temer retorne ao Brasil neste sábado (14) e reassuma o cargo.
Em 2006, quando Lula era presidente e viajou à Argentina, a então presidente do STF, ministra Ellen Gracie, quase assumiu o Palácio do Planalto interinamente devido às ausências do país do vice, José Alencar, e dos presidentes da Câmara e do Senado à época, Aldo Rebelo e Renan Calheiros. De última hora, Renan desistiu da viagem e sentou-se na cadeira presidencial.
A agenda de Cármen Lúcia nesta sexta, divulgada pelo STF, inclui audiências com a ministra Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União) e com o general Joaquim Silva e Luna (ministro da Defesa), com o senador Valdi Raupp (MDB-RO), com representantes de entidades do setor de transportes e com o presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Jayme de Oliveira.
Assessores palacianos disseram que, em casos como esse, é comum que sejam deixados atos menos expressivos para o substituto do presidente assinar.
O PRESIDENTE DO STF É O QUARTO NA LINHA SUCESSÓRIA. COM A AUSÊNCIA DO PRESIDENTE, ASSUMIRIA O VICE-PRESIDENTE, FIGURA INEXISTENTE DEPOIS DO IMPEACHMENT DE DILMA.
NA SEQUÊNCIA, VÊM OS PRESIDENTES DA CÂMARA E DO SENADO. OS DOIS, CONTUDO, SERÃO CANDIDATOS NESTE ANO, E A LEI ELEITORAL DETERMINA QUE QUEM ASSUME A PRESIDÊNCIA NUM PRAZO DE SEIS MESES ANTES DAS ELEIÇÕES SE TORNA INELEGÍVEL.
MAIA É PRÉ-CANDIDATO À SUCESSÃO PRESIDENCIAL PELO DEM. EUNÍCIO DISPUTARÁ A REELEIÇÃO COMO SENADOR PELO CEARÁ. PARA NÃO ASSUMIREM O EXECUTIVO, ELES PRECISARIAM APENAS SE LICENCIAR DO CARGO, MAS RESOLVERAM TAMBÉM SE AUSENTAR DO PAÍS. Eunício vai ao Japão e Maia foi ao Panamá.
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Portanto, manobra do gênero seria mais uma vez empregada em caso de destituição de Temer. Seguindo a Constituição, Carmen Lúcia assumiria por 30 dias para organizar a eleição indireta de um Presidente-tampão, com mandato até o fim deste ano. Quem entrar agora só poderá disputar a reeleição da Presidência da República, em virtude do requisito legal de desimcompatibilização até 6 meses antes para disputar outro cargo. Assim, para além de Maia e Eunício, é virtualmente impossível que qualquer político do consórcio golpista – com pretensões eleitorais em 2018 – aceite ser indicado para sentar na cadeira. Restaria então o recurso à figura de um “interventor”, ou de fora ou aposentado da política (ao menos a eleitoral).
Convenhamos: ascender à cadeira de Presidente – i.e., para manter o programa econômico do Golpe – seria o beijo da morte eleitoral. E mesmo alguém que se propusesse a dar uma guinada – Lula, por absurdo – herdaria todo o ônus do quadro atual sem poder colher os frutos da reversão, que levarão anos para começarem a surgir. Aliás, tão dramática é a situação atual que é de se perguntar se até ao fim de um mandato de 4 anos tais frutos já estariam presentes e, mais que isso, percebidos pela sociedade.
Dessa forma, volto ao que disse acima: restaria o recurso à figura de um “interventor”, ou de fora ou aposentado da política.
Neste caso, quem “melhor” – para o Golpe – do que a própria Carmen Lúcia?
(1) Opera sob o comando absoluto da Globo/ Finança/ Deep State. Assim, desaparece qualquer expectativa de podermos explorar contradições no consórcio do Golpe, como quando a Globo e a JBS tentaram derrubar Temer. Como não sabe fazer política, Merval Pereira tornar-se-ia o virtual Ministro-Chefe da Casa Civil (!)
Tem mais: “Carminha” é refém de chantagem pesada por parte dos que a operam. A “freirinha” Carmen Lúcia… aquela que “nunca casou”, sabe… é ameaçada com “tesouradas”: a divulgação de determinado aspecto da sua vida pessoal, que explicaria o seu “celibato” – que, afinal, é bem diferente de “castidade”, não é mesmo?
Haveria inclusive registros em vídeo, levados ao seu conhecimento, nas mãos de mais de um ator do consórcio do Golpe: de um lado, o grupo de Temer e, do outro, a Globo.
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OBS – Lembremo-nos todos: a NSA pode hackear computadores sem dificuldade e então ativar – remotamente – a sua webcam e o seu microfone. E sem sequer acender o led!
Sim: estamos todos – incluindo “Carminha” – auto-grampeando nossas casas.
Que fazer?
I.e., para além do que faz o dono do Facebook, que tampa a sua câmera e o seu microfone com fita adesiva?
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Adivinha o que Temer levou no bolso quando foi falar com “Carminha” em 10 de março deste ano, numa tal “visita privada”?
Tão pesada é a chantagem que ela já teria ameaçado, inclusive, renunciar ao cargo no STF.
Mas não o fez. E por isso o Brasil segue refém da vergonha que “Carminha” esconde dentro do armário.
(2) Vitalícia no (não eleito) STF, Carmen Lúcia teria liberdade para tomar as medidas mais impopulares.
(no estilo do “interventor” Mario Monti, na Itália de anos atrás)
Depois de cumprida a missão, voltaria ao STF como se tivesse tirado uma breve licença apenas.
(3) Juristocrata “meritocrática”, Presidente do STF, do Conselho Nacional de Justiça e do próprio Poder Judiciário, operando em dobradinha com a PGR, sua ascensão à chefia do Executivo representaria a fusão entre esses 2 Poderes. Fundidos, facilmente emparedariam – com o apoio do 4º Poder, a Globo – o Legislativo. E toda a classe política.
(4) Juristocrata “imaculada”, que “prendeu – políticos – ladrões”, “como Lula”, sua presença “redentora” no (até ali) “imundo” Palácio do Planalto retiraria o constrangimento, hoje existente, de as Forças Armadas seguirem as ordens da Presidência da República. Lembremos, ademais, que nem Judiciário e nem Forças Armadas precisam de votos. Com o conflito distributivo acentuando-se, não seria improvável uma aliança corporativista entre essas forças – contra todas as demais rubricas do orçamento (principalmente o povo). Mais: casando com outros 2 “Poderes” não eleitos – a Finança (via juros) e a Globo (via BNDES/ publicidade estatal) – estaria aberta a porta para o endurecimento do regime.
Por isso, por incrível que pareça, a queda de Temer – se caísse sozinho – seria pior para a resistência democrática do que a sua manutenção com o seu atual estado de debilidade. Dessa forma, a luta tem que ser contra o Golpe, como um todo. Com especial ênfase no seu programa econômico, financista e entreguista. Programa esse cuja aplicação levou a, entre outras coisas, a atual conflagração com os caminhoneiros.
A “fulanização” da crise na pessoa de Temer pode levar o comando transnacional do Golpe a, caso as coisas piorem ainda mais, simplesmente apertar o botão “ejetar”. E manda-lo para os ares. Mas, aí, quem de fato cairia de paraquedas seria Carmen Lúcia. E na Presidência da República! Isso significaria que o Judiciário e a Globo assumiriam o comando do país diretamente, sem sequer a mediação da ala direita da política – muitas vezes, para nosso benefício, disruptiva, com seguidos curtos-circuitos (vide “JBS” e a prisão dos “operadores” de Temer, p.e.).
Notem: essa ala direita – ao contrário do comando transnacional do Golpe – vai, ela também, precisar de votos – da “plebe” – em outubro próximo.
Em suma, é “abaixo o Golpe”/ “abaixo o entreguismo”/ “Brasil soberano”/ “Lula livre”/ “referendo revogatório”.
E não “Fora, (só) Temer”!
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P.S.: olha o que aprovaram ainda outro dia lá no Senado…
Autoria de Ronaldo Caiado (DEM-GO) e relatoria de Antonio Anastasia (PSDB-MG). Ou seja, boa coisa – para nós – é que não haverá de ser.
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— Romulus Maya (@romulusmaya) May 28, 2018
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