Beabá: quem é o doleiro que pode destruir Moro – e como ele trabalha

Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso

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Max Tuba
Max Tuba – Romulus Maya, o programa amanhã de manhã precisa ser bem desenhado das reais intenções desses mais de um bilhão que a lava-jato diz que vai recuperar dos doleiros no Uruguai e Paraguai. Amanhã chamem alguém do Bacen para explicar pra gente essa movimentação toda que pra mim que sou economista e contador ainda não entendi por falta de maiores informações.

 

Romulus Maya
Romulus Maya é o sistema dólar-cabo. Digamos que é o “tataravô” das criptomoedas. Mas não passa pelo BACEN. Quer dizer, não passa na saída. Passa na volta, quando entra como (pseudo) “investidor estrangeiro”. Sobre isso, leia o artigo “Operando contra o país: o papel do Banco Central no Golpe de 2016” (19/abr/2018), publicado no DuplEx. As entregas e retiradas de dinheiro em Reais/ Dólar são físicas no Brasil, usando carro forte e tudo! A pessoa, p.e., dá 10 milhões em Reais e o doleiro faz aparecer numa conta offshore, em paraíso fiscal (Suíça, Jersey, Cingapura, Cayman, Dubai, etc.), o valor correspondente em Dólar. Mas é como banco: não é o mesmo dinheiro físico. O doleiro – já – tem fundos fora (em USD) e dentro do brasil (nas duas moedas). Esse seria o “capital social” do “banco”, digamos. E vai fazendo as compensações no Brasil e no respectivo paraíso fiscal, tirando a sua comissão. Assim, seu “capital social” vai crescendo e ele vai podendo arcar com operações cada vez maiores. Fora isso, é muito comum os doleiros operarem em consórcio, para darem conta de grandes volumes. Know-how legitimamente brasileiro! Aqui na Suíça, p.e., há casas que fazem remessas de imigrantes para os seus países de origem nesse mesmo esquema. Quase todas são de doleiros… brasileiros!

Mais informações sobre como funciona você também encontra no artigo de 7/jan/2018, “Sergio Moro & Dario Messer, o doleiro: o elo “perdido” – e explosivo – ligando Lava Jato e Bane$tado”:

 

Novamente: diferentemente da operação Lava Jato, o caso Banestado foi praticamente ignorado pela mídia. Isso pode ser explicado pelo fato de a investigação ter descoberto várias contas CC5 em nome de grandes empresas brasileiras de mídia, dentre as quais a Globo. Baseados na praça do Rio de Janeiro, os Marinho eram eles próprios clientes do doleiro Dario Messer, que conduzia suas operações de lavagem e evasão de divisas.

Para quem não é do mercado: as contas “CC5” foram criadas em 1969 pelo Banco Central para permitir a estrangeiros não residentes a movimentação de dinheiro no Brasil. Essas contas também eram o caminho para multinacionais remeterem lucros e dividendos ou internar recursos para o financiamento de suas atividades. Por dispensarem autorização prévia do BACEN, as CC5 viraram o canal ideal para a evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Uma vez estourado o escândalo Banestado, a operação abafa para encerrar de vez os trabalhos de investigação começou em 2001. Durante esse período, milhares de inquéritos foram abertos em todo o País. Contudo, nenhum político importante ou dirigente de grande empresa foi condenado de forma definitiva. A maioria das empresas envolvidas conseguiu negociar com a Receita Federal o pagamento de impostos devidos e, assim, encerrar os processos tributários e penais abertos contra si.

Em relação às empresas de mídia que usaram as contas CC5 para praticar evasão de divisas e lavagem de dinheiro, não se tratou apenas da Globo e dos Marinho. A quebra dos sigilos bancários revelou que o Grupo Abril fez uso frequente das contas CC5, tendo movimentado um total de 60 milhões de Reais. Já o Grupo SBT, do empresário Silvio Santos, movimentou 37,8 milhões de Reais segundo a investigação.

Se na esfera judicial o caso Banestado teve o seu fim escrito pelas mãos do juiz Sergio Moro, no Parlamento a apuração conduzida pela CPI do Banestado teve o mesmo destino. De maneira totalmente inabitual, essa Comissão Parlamentar encerrou os seus trabalhos sem sequer votar a minuta de relatório final!

Explica-se: o esquema das CC5 pegava de A a Z do sistema político, embora em proporções bastante diferentes. O maior implicado, evidentemente, era o PSDB. Afinal, desde 1994 o partido tomara conta da máquina federal bem como de várias máquinas estaduais relevantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Isso sem contar grandes municípios. No que tange ao PT, que acabara de chegar ao poder na esfera federal, o partido administrara até ali algumas prefeituras relevantes, como a de São Paulo, bem como os Estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Acre. Portanto, embora com graus bastante diferentes de exposição ao escândalo das CC5, ambos, PSDB e PT, acabaram atuando no sentido de enterrar, o mais breve possível, os trabalhos da investigação.

O que se viu nessa CPI foi a tentativa de se proteger os cardeais de ambos os partidos, bem como de blindar aliados citados na investigação. Por fim, registre-se que o encerramento da apuração se deu em dezembro de 2004. Já no ano seguinte, em 2005, surge o “escândalo” seguinte, o caso do “Mensalão”. Na prática, em termos editoriais, tratou-se de uma tentativa bem-sucedida da Globo de fazer “subir a pauta”, sepultando de vez o interesse em se investigar as contas CC5. Afinal, como dito acima, esse sistema fora utilizado pelos próprios irmãos Marinho para retirar dinheiro “frio” do grupo, como caixa dois, do Brasil.

 

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Bônus (3) – 2017/ 2018: Dario Messer, o doleiro da famigliaMarinho, é novamente protegido por Sergio Moro

No presente, a mídia e a Lava Jato (em Curitiba e no Rio de Janeiro) tentam clara operação de diversionismo, atribuindo à personagem “Juca Bala”, um bagrinho, “protagonismo” (sic) nos diversos esquemas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas investigados. Ora, enquanto isso Dario Messer, o maior doleiro/ lavador do Brasil, segue operando tranquilamente no Paraguai, (deliberadamente!) fora do radar das autoridades brasileiras.

Em depoimento aos investigadores da operação Lava Jato no Rio de Janeiro, o doleiro Vinicius Borin contou que Vinícius Claret, o tal “Juca Bala”, recebia o dinheiro do esquema da Odebrecht no Uruguai. Preso naquele país desde março, Juca Bala chegou recentemente ao Rio de Janeiro, acompanhado de muita “fanfarra”: sua chegada produziu muito barulho na grande mídia.

Evidente: Globo – e associadas anãs – cumprem, assim, a parte que lhes cabe na tática (concertada) de diversionismo.

Ora, até as pedras do Cais do Valongo sabem que “Juca Bala” chega ao Rio com trato já combinado: fechará (mais um!) acordo de “delação camarada” com os procuradores da Lava Jato. Não fosse assim, não teria, por livre e espontânea vontade, desistido (!) de se opor na Justiça uruguaia ao pedido de sua extradição para o Brasil.

A esse respeito, vale lembrar algo que antecipamos no Duplo Expresso no fim do ano passado: tratava-se de pedido de extradição meramente “cenográfico”, destinado a ser plantado – na mídia – pelo juiz Marcelo Bretas, aquele subprojeto de Sergio Moro vindo da Baixada Fluminense. Bretas buscava, assim, proteção nas instâncias superiores do Judiciário, uma vez que diversos desembargadores são clientes do esquema do qual Juca Bala faz parte. Bretas nada mais queria do que colocar uma faca no pescoço de desembargadores e de certos Ministros de Tribunais Superiores, inclusive do STF.

(pergunta: quem são os cariocas “eshperrrtosh” no STF, hein?)

Juca Bala usa como fachada dos negócios uma loja de surfe em Punta Del Leste, a Paddle Boards Uruguay, a fim de justificar o padrão de vida que leva naquele rico balneário. O esquema operado por ele é similar ao de outros esquemas de lavagem de dinheiro no Brasil, que consiste em fazer chegar até os locais indicados pelos clientes cédulas de real, euro ou dólares, transportadas por carro forte a depender do volume.

Até aí a narrativa veiculada na grande imprensa é verídica. Fica faltando apenas um pequeno “detalhe”, (diligentemente!) sonegado pela dobradinha Globo/ Lava Jato:

– Juca Bala nunca foi o cabeça do gigantesco esquema de lavagem e evasão de divisas em que trabalha!

– Ele sempre foi apenas um preposto de Dario Messer, esse sim o maior doleiro do Brasil.

– E, por “coincidência”, um antigo conhecido do juiz Sergio Moro.

– Bem como, evidentemente, de seus “amigos” na inteligência dos EUA.

Eis metáfora esclarecedora:

– Se Dario Messer fosse o “bicheiro”, ou seja, o banqueiro do jogo do bicho, o tal “Juca Bala” não passaria de um dos seus (modestos) “apontadores”!

– Sim, apontadores: aqueles cidadãos, humildes, que ficam sentados em banquinhos espalhados pelas esquinas do território do bicheiro. E que passam seus dias a tomar nota dos jogos de quem resolve “fazer uma fezinha”.

– Repito: Messer & Juca Bala – o bicheiro e o apontador!

A primeira vez em que Messer apareceu no radar da Justiça brasileira foi no escândalo do Banestado, como grande operador na remessa de divisas via contas CC5. Naquela oportunidade, teve “sorte” e conseguiu se safar. Não sem a ajuda de uma investigação judicial “malconduzida”, que só “logrou” chegar a alguns cabos e sargentos da hierarquia da lavagem de dinheiro. Ficaram de fora generais do esquema criminoso, bem como as empresas e autoridades que dele se serviam.

Nascido no bairro chique do Leblon, no Rio de Janeiro, a família de Messer tinha passagem prévia pelo Paraguai. Dario conseguiu obter assim, sem muita dificuldade, a nacionalidade daquele país.

Proximidade com o poder: o atual Presidente do Paraguai, Horácio Cartes, refere-se a Mordko Messer como o seu “segundo pai”. Trata-se, evidentemente, do pai de Dario. Num trocadilho inteligente, o jornal paraguaio ABC Color chamou Dario Messer de “gran hermano” de Cartes. Usou essa expressão no lugar “hermano mayor”, que seria a tradução correta para “irmão mais velho”. O uso de “gran hermano”, ou, em português, “grande irmão”, indica o verdadeiro papel que Messer exerce no Paraguai:

– A eminência parda.

– Dario Messer (dir.) e o Presidente do Paraguai, Horácio Cartes, visitam Jerusalém.
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Dario Messer possui, portanto, grande influência na política do país vizinho. Circula, ademais, com grande desenvoltura nos meios financeiros e empresariais paraguaios.

A história da relação entre Cartes e o clã Messer teve início nos anos 1980. Mordko Messer, o patriarca, deu apoio moral e financeiro a Cartes quando o político tentava se defender de acusações de evasão de divisas.

– Bem… digamos, “no mínimo”, evasão de divisas, sabe…
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Passada a “turbulência”, Dario Messer passou a gozar de grande “prestígio” junto ao presidente Cartes.

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Partida súbita: logo que tiveram início as investigações da operação Lava Jato, Dario Messer transferiu sua residência para o Paraguai. Despachou, ademais, parentes próximos para Israel.

A história se repete?

Da mesma forma que sumira da investigação no caso Banestado, que morreu na jurisdição de Sergio Moro, o maior doleiro do Brasil em atividade – e operador predileto do maior conglomerado de comunicações do país, a Globo – passa incólume diante daquela que se autointitula “a maior investigação de corrupção de todos os tempos”, a Lava Jato.

Trata-se, em realidade, do segundo maior…

– … acobertamento da história dos crimes do colarinho branco do Brasil.

Perde, evidentemente, para o maior acobertamento: o caso Banestado: 134 bilhões… de dólares!

Lembrem: com direito, segundo nossa fonte na inteligência europeia, ao pagamento de “pedágio” de 0.8% desse total para que as investigações fossem “descontinuadas”.

Ou seja: 1.072 bilhão!

Repito: de dó-la-res!

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Como pedido, tratamos em detalhes de Dario Messer vs. Lava Jato no Duplo Expresso de hoje:

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MAIS SOBRE O TEMA EM:

Sim, o Duplo Expresso avisou… e desde 2016. Culminando na publicação do artigo “Sergio Moro & Dario Messer, o doleiro: o elo ‘perdido’ – e explosivo – ligando Lava Jato e Bane$tado”, em 7/jan/2018.
– Moro/ Bretas/ EUA visam não apenas a se blindarem contra a possibilidade de traições – no governo Temer/ PMDB/ PSDB, no STF/ STJ, na Globo, na Avenida Paulista e… no “PT JUDICIÁRIO” (e no “PT com rabo preso”) – como também a garantir a consecução do seu objetivo político maior nos processos – leia-se “delenda Lula, delenda PT ” – quando os recursos começam a chegar a Brasília (onde passa a haver choques com o STF e o STJ).
(mais: “delenda bois de piranha no PSDB/ PMDB/ ‘Centrão’”)
– Bônus: Moro e Bretas (e EUA) podem ainda estar fartos da chantagem de Eduardo Cunha – e associados. Resolveram então desarmá-los, controlando a fonte primária do dossiê “Banestado”. O custo de imagem da blindagem a Cunha – uma cortesia do Duplo Expresso – pode ter se tornado caro demais. Pegam os ácidos limões que o Duplo Expresso atirou (Cunha & Messer) – até aqui com exclusividade (por que será?) – e fazem uma limonada.
(será “limodada suíça”?)
– Se alguém ainda acreditava no sucesso dos recursos de Lula em Brasília e colocava aí (ingenuamente) as suas fichas na luta contra o Golpe…
– Precisa desenhar, Lula? Precisa desenhar, (ala não-traíra do) PT? Precisa desenhar, bois de piranha da direita? Então a gente desenha…

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Por Ligia Deslandes, para o Duplo Expresso
Presidente no Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo – Rio de Janeiro 

  • Inimigo “externo”: o Brasil tem ao redor de 450 bilhões de dólares não declarados no exterior, operando ciclicamente contra si. Essa massa de dinheiro se comporta como investidor “estrangeiro”: ganha quando o Brasil perde, pois realiza lucros em dólares e não em reais.
  • Mas, diferentemente do investidor estrangeiro verdadeiro, opera em um mercado que bem conhece. Inclusive contando com informação privilegiada para se posicionar. Quando não com operações estruturadas sob medida por seus sócios no poder, possibilitando ganhos ainda maiores, em mecanismo de dupla alavanca.
  • E quem são os verdadeiros donos de tanto dinheiro não declarado no exterior? Trata-se de recursos, em sua maioria, de origem ilícita. Cuja origem remonta ao modo de operar pós-instituição da correção monetária, no Regime Militar.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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