Novo “paninho vermelho”, velho “touro” (irracional!): uso político claro da cartada “militares nas ruas”
Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso
Temos visto, nos últimos dias, diversas manifestações acerca da intervenção federal – militar – decretada por Temer no Rio de Janeiro. Não costumo comprar análises que, em matéria tão complexa, com tantas causas e desdobramentos possíveis – mais: não necessariamente excludentes entre si!, chegam a uma “narrativa” causa-efeito simples, linear – em vez de outra, “caótica”, que tente contemplar (necessariamente com simplificações, é evidente) a multiplicidade de vetores envolvidos.
Algumas possibilidades:
– “É aventura da Globo” – Nassif
– “É a antessala de golpe militar” – Rui Costa Pimenta/PCO
– “É Temer tentando resgatar cacife político com pirotecnia” – Nota do PT (Presidência/ lideranças das bancadas nas duas Casas do Congresso)
– “Foi a ala de extrema-direita do Exército – Gen. Etchegoyen – tentando protagonismo em um não-governo” – ver abaixo.
– “É para disfarçar a falta de votos para a Reforma de Previdência” – Estadão
– “É para dissuadir o ‘morro’ (no RJ), que disse no Carnaval que desce pro asfalto caso prendam Lula” – aventei como um (apenas um!) dos (vários!) vetores no Programa Duplo Expresso de 16/fev/2018
– … ?
*
Por isso, vamos a alguns posicionamentos, algumas “linhas”, que me atraem mais na tarefa de tentar trançar o “tecido” (ou nó?) – necessariamente “caótico”:
(1) Hipótese “Temer vai a reboque de Etchegoyen”
Por “Colaborador” do Duplo Expresso – 17/fev/2018
(que tem as Forças Armadas no centro da sua pesquisa universitária e conviveu diretamente com alguns dos atores envolvidos)
No meio dessa barata-voa da tal intervenção, me ocorreu ligar alguns pontos bem desconexos:
1. Temer não dá um espirro sozinho. Ele é um fantoche do Etchegoyen; para quem não sabe, o Gen. Etchegoyen é o chefe do GSI, e desde a história da JBS fechou o cerco, “protege” Temer como um mafioso “protege” um comércio. Tenho lá minhas suspeitas do quanto a ABIN não teve dedos em toda aquela meleca do Joesley, MPF, etc. Como é que o GSI deixa um cara grampeado entrar no Jaburu? Faz-me rir. Desde então, é notável que a área de segurança tem planejado as jogadas.
2. Lembram dos protestos em Brasília? Quando desceram o sarrafo? Nessa época Etchegoyen começa a falar que o PT agia como “crime organizado”, mobilizando a militância nos parâmetros de uma força terrorista. Muita gente chamou atenção para o fato de que mais cedo ou mais tarde o desgoverno ia lançar mão da espetacular lei anti-terror que Dilma fez o favor de sancionar.
3. Ainda em 2016, mas já durante o governo Temer, um forte aliado de Etchegoyen, o site “defesanet”, começa a publicar os artigos do Gen. Pinto Silva, falando em “guerra híbrida” no Brasil. Ele claramente captura o conceito que estava sendo usado por analistas da esquerda, e o distorce. Diz que quem promove a guerra é o PT, auxiliado por agências russas, como a Sputnik. Naquele momento seu delírio chega ao ponto de dizer que a Globo estaria de algumas formas ligada à essa guerra semiótica, levantando a bandeira de temas ligados à esquerda (as tais pautas identitárias). Acontece que isso NÃO ERA UM DELÍRIO DELE; pelo contrário, ele estava produzindo contra-informação e jogando para uma plateia de militares, especialmente das escolas militares como a ECEME. Sua intenção era obviamente ela própria fabricar uma ofensiva híbrida, buscando galvanizar apoio militar ao Gen. Etchegoyen, e colocando o PT como alvo a ser destruído.
4. Mais para frente, na série de artigos sobre guerra híbrida que ele produziu (insisto nisso: os artigos são eles próprios ofensivas híbridas), ele chegou ao ponto que nos conecta ao aqui-agora: a vinculação do PT ao PCC. Na sua teoria o PT estava produzindo essa espécie de Farc brazuka, se aliando ao PCC e produzindo um braço armado. Vejam, o cara plantou isso em 2016, e começou a bombardear o meio militar com essa história.
5. Chegamos a ontem. Na fala do General Walter ele diz claramente que “foi pego de surpresa” e que “tem muita mídia aí, isso está exagerado”. Qual foi a surpresa? Esta foi uma jogada do Etchegoyen, jogada de mestre; esperou varrerem o tagarela do Mourão, e empurrou essa batata quente para o Exército. Villas-Boas ficou de mãos atadas, não tem mais ascendência sobre Etchegoyen e não pode se recusar a obedecer um decreto presidencial. Tudo o que resta, agora, é ver como ele vai coordenar isso tudo. para falar a verdade, ele poderá ter uma carta na manga (falarei o que acho que pode ser mais à frente), resta saber se vai usar. Aliás, por falar em coletiva, alguém aí percebeu que Etchegoyen, em dado momento, “atravessou” a resposta que o General Walter ia dar?
6. Evidentemente isso tudo foi articulado com as esferas estadual e municipal do RJ Tudo tinha que estar coordenado para, durante o carnaval, soltar os artefatos semióticos que iam agir como bombas estonteantes, produzindo o pânico na população do RJ. A partir disso, os passos a seguir foram muito mais fáceis.
7. De repente, a Globo começa a produzir sua pauta em linhas bem coerentes. Ela e outros órgãos de imprensa. Então algo me chamou a atenção, algo bem sutil. Hoje houve uma entrevista, bastante divertida, com uma professora da UFF, que foi à globonews com a faca nos dentes. A conclusão dela bate com a de uma outra mais conhecida, em entrevista no UOL, a Alba Zaluar: que o que estamos vendo abre caminho para o PCC. Bingo! Voltamos à palavra-chave: PCC, a assombração, o braço armado petista, a nossa FARC. É impressionante o desserviço que esse pessoal que estuda segurança pública faz quando retrata o PCC como um organograma. Não é assim. Desde a pesquisa de Karina Biondi, vemos que as coisas lá seguem muito mais uma forma de rizoma de que de uma empresa. Nesse sentido, não há “cabeça” para cortar, as mônadas trabalham numa espécie de “sintonia independente”. Mataram o Bin Laden, e daí? Acontece que os órgãos do Estado só conseguem ver nos outros imagens produzidas à sua semelhança (de maneira semelhante, é o que o MP-Moro faz com o PT).
8. Vejam que ao mesmo tempo plantaram aquele cartaz na Rocinha, dizendo que o morro iria “baixar” caso Lula fosse preso. Me lembra a camiseta do PT que a polícia enfiou no sequestrador do Abílio Diniz em 1989. Para mim aquilo foi parte das bombas semióticas plantadas pela facção-Etchegoyen do Exército e PM, típica coisa de X-9, E2.
9. Também foi plantada há uns dias a informação que o Alto-Comando do Exército teria procurado Carmem Lúcia para dizer que não toleraria Lula candidato. Procurei checar essa informação, mas não descobri se é verdade. Acho que é mais uma do Etchegoyen.
10. Então é preciso se perguntar: por que raios Etchegoyen está fazendo essa manobra toda? Claro que não tenho uma resposta, mas meu palpite é que sendo “o cara” do deep state brazuka, da comunidade de informações, ele deve ter alguma informação de que alguma bomba sobre Temer está, ou estava, prestes a cair. Algo suficientemente forte para que alguém começasse a sugerir alguma PEC para mudar a constituição e antecipar uma eleição ou fazer algum malabarismo que resolvesse o imbróglio que teremos em outubro. Adivinha? Com intervenção não há PEC, não tem malabarismo. Temer fica, aliás, Etchegoyen fica. Ficam também Moro e a organização C de Curitiba, que pelo menos durante uns dias não vão se preocupar com mais essa bomba: o Youssef, além da pena reduzida de 120 para 2 anos, tem direito a % do $ recuperado pela Lava-Jato. Vale mesmo a pena ser colaborador, só faltou dizer quanto o Zuccoloto tinha de % sobre o % do Youssef… Mas esquece, jogaram um diversionismo atômico para o bem da lava-Jato.
11. Sem contar o fato de que agora fica mais fácil lançar mão de outras intervenções…
12. Qual seria, então, a carta na manga do Villas-Boas? Ele tem boca, e pode abrir o jogo, desde o começo. Resta saber, a essas alturas, se depois de Othon, da Embraer, da Petrobras, do setor elétrico, do Satélite, e tals, se depois de tudo isso há elementos suficientes para o pessoal das FFAA acordar “no outro sentido”.
Enfim, é uma queda de braço e tantas.
(2) Hipótese “armadilha para a esquerda ‘militar-fóbica’, visando a impedir, ao evocar fantasmas (mútuos!) do passado, a articulação de uma frente ampla anti-entreguismo 2018”
Texto do parceiro Wellington Calasans, aqui no Duplo Expresso – 16/fev/2018
(…)
Os cidadãos cariocas e fluminenses estão acuados e é preciso tratar do assunto com alguma cautela. Se por um lado, Temer reduz o papel do Exército ao de Guarda Municipal do Rio, também é verdadeiro afirmar que é papel das Forças Armadas exercer a intervenção quando o caos está anunciado. Raul Seixas diria que “dois problemas se misturam: a verdade do universo e a prestação que vai vencer”. A violência e a insegurança como um todo são consequências, mas também devem ser combatidas.
Se Temer reduz o cidadão humilde do Rio de Janeiro ao estereotipo de “marginal” é urgente a necessidade de debater a origem do problema. O que leva tantas pessoas ao mundo do crime? Certamente a resposta não estará na atrofia cerebral de Bolsonaro que propõe o resgate da imbecilidade “bandido bom é bandido morto!”, mas também não podemos permitir que a desordem seja tolerada por conta do preconceito contra as Forças Armadas, como propõe alguns setores mais radicais da esquerda.
O esforço do Ministro (do governo do golpe) da Defesa, Raul Jungmann, para negar que a medida extrema seja uma intervenção militar, mas sim uma “intervenção federal, na qual o interventor é um general”, consolida o fracasso do golpe e a total ausência de projetos de País e para a sociedade. É no campo político-social que devemos concentrar a nossa crítica. A “militarfobia” ou o “holocausto dos pobres” são, em espectros opostos, pensamentos obsoletos.
A direita e os donos do poder querem afastar da esquerda os cidadãos assustados com a violência imediata e as forças de segurança. Não podemos cair nessa armadilha. A insegurança é real e as forças de segurança são compostas por brasileiros reais e tem uma função importante a cumprir. Não há motivo plausível para eles não estarem juntos conosco contra esse golpe, a favor da democracia e do estado social e soberano.
O improviso é a marca característica deste (des)governo que responde hoje pelo Brasil. Não satisfeito com a própria sepultura que cava todos os dias, agora quer jogar na vala comum as instituições e transformar o aparato militar no novo entretenimento para desviar o foco dos verdadeiros problemas que levam o Brasil ao caos e os brasileiros ao abandono.
(3) Jogada política, sim – mas com respaldo social!
Por Ricardo Cappelli
Temer aposta alto e assume desfile na Sapucaí – 16/fev/2018
(…)
Neste quadro, a intervenção federal no Rio parece natural. Será? O general Villas Boas recentemente se posicionou contra estas operações. Temer está jogando xadrez e usando o exército como peça. Não tem autoridade sobre os militares. Aceitam seu comando apenas por falta de alternativa e estrito respeito à hierarquia formal. Bater nos militares neste momento é erro grosseiro.
Ao intervir no Rio o presidente aposta alto. Numa jogada só escanteia Rodrigo Maia, pego de surpresa, abafa a derrota certa na previdência e tenta retomar o protagonismo com uma agenda de forte apelo popular. Mostra para todos que não está morto e ainda tem nas mãos uma caneta poderosa.
Deverá colher apoios no curto prazo. Se der errado perde o que já não tem. Se der certo, se fortalece no leito do discurso da ordem, viés onde Bolsonaro reina soberano. Aliás, se funcionar, será o candidato militar o maior beneficiário. Terá uma demonstração prática de sua tese para expor.
Se a intervenção se estender para outros estados teremos o exército nas ruas a partir de agora, e durante todo o processo eleitoral. Nossa democracia está em frangalhos e o ex-presidente mais popular da história pode ser preso a qualquer momento. As forças armadas assumiriam um protagonismo “desconfortável” no país.
(…)
Esquerda está com um abacaxi no colo. Como descascá-lo? – 18/fev/2018
Vamos aos fatos. O governador do estado declara durante o carnaval que perdeu o controle. São espalhadas imagens impressionantes de violência. O governo federal decide intervir. A pesquisa indica 80% de apoio popular à medida, 59% acreditam que irá melhorar. O próprio chefe do poder executivo estadual apóia a intervenção. Como ser contra?
É preciso reconhecer, o adversário marcou um gol na política. E a resposta precisa ser na política também, com inteligência e frieza. Teses acadêmicas não vão resolver. O Maracanã lotado está vibrando com o gol, posar de chorão reclamando de um impedimento que só você está vendo, infelizmente, será muito pouco produtivo.
Imagine que você é morador do estado. O fato é que a sensação de insegurança bateu no teto. Se foi promovida ou não é outro assunto. Ela é real. O exército é uma instituição muito mais confiável para a população que a PM. Fato. No meio deste caos, com sua família ameaçada, você vai ser contra o exército nas ruas?
A bandidagem, sempre que o exército vai para as ruas, costuma se encolher. É uma reação natural. Sabem que é temporário, encolhem e esperam a tropa ir embora. A tendência é que no curto prazo realmente surta algum efeito.
É um jogo político, obviamente. Apesar disto, quem está com medo quer uma solução imediata. A tal solução estruturante, de longo prazo, que é o correto, para quem está com medo fica parecendo papo de acadêmico, infelizmente.
O terreno da segurança pública em momentos de crise, costuma colocar a esquerda na defensiva, um eterno problema. A Globo montou um forte aparato de apoio à medida. É uma agenda que arrasta o debate público para um terreno tradicionalmente favorável ao discurso conservador. Repressão ao crime, à corrupção, vai tudo moldando uma agenda e desviando o debate da agenda econômica, a questão central.
Entra em cena a velha estratégia de aparentar tratar com firmeza o doente com uma mão enquanto, com a outra, se espalha a doença tornando-a endêmica.
A intervenção vai resolver a questão? Claro que não. Pode dar resultado daqui até as eleições? É uma possibilidade real. E como tal deve ser tratada e calculada politicamente.
O Plano Cruzado elegeu 22 governadores do PMDB e dobrou a bancada do partido. Desmoronou após as eleições. Já estavam todos eleitos.
Como jogar na política sem brigar com a população, sem ignorar a realidade objetiva? Não adianta dizer que é aprofundamento do golpe, que é medida eleitoreira, que é factóide e etc. É tudo isso, mas para quem está com medo o que temos para apresentar como alternativa objetiva?
Votamos contra propondo que alternativa no curto prazo para resolver uma situação de calamidade onde o próprio chefe local jogou a toalha?
O risco de isolamento se optar apenas pela negação é imenso. Considerar a medida necessária diante do caos denunciando as questões de fundo? Não há saída ou posição fácil. Temer colocou um abacaxi no colo da esquerda. Como descascá-lo?
*
Confesso que grande parte do que eu diria já foi dito pelo Ricardo Cappelli. Aliás, não é a primeira vez em que convergimos em nossas análises. Caso tivesse visto esse último artigo dele talvez não tivesse tanta pressa para escrever também um sobre “militares no RJ”, acabando por deixar na fila outro sobre a debacle da Lava Jato – para mim o tema prioritário.
Fui procurar o do dia 16 e, além dele, encontrei também esse do dia 18.
Ótimo!
Exatamente uma semana atrás já tinha falado, uma vez mais, de “reflexo pavloviano” na esquerda – e como os adversários instrumentalizam-no (quase sempre com sucesso!).
É por aí…
Em vez de falar de entreguismo/ desmonte do Estado/ perda de direitos/ Referendo Revogatório – terreno que nos é fracamente favorável, lá vai a esquerda, outra vez, morder a isca e partir para uma batalha perdida – ab initio! – na opinião pública…
Bem…
Reconheçamos: houve um upgrade na qualidade das “iscas” lançadas aos “cachorrinhos” – vermelhos! – de Pavlov, não é mesmo?
Saiu “Oh! Tem um homem pelado no museu!”…
– … e entrou “militares nas ruas! Corram: é 1964 de novo!”
*
Obs: com direito, inclusive, à coadjuvante de luxo Raquel Dodge, que – por que será? – resolveu levar ao STF agora nova tentativa de revisão da Lei da Anistia.
Tema, sabemos todos, em que a esquerda – digo, a atual geração – fica (na verdade, “continua”) “vendida”.
Aliás, assim como ficam também “vendidos” os militares da… atual geração.
Em campos opostos aqui, difícil formarem aliança tática em outros departamentos, não é mesmo?
*
Devo registrar aqui, novamente, o meu incômodo com a instrumentalização do fantasma “1964” por Rui Costa Pimenta, do PCO, na sua análise política da semana. Não é a primeira vez. Quando o tempo permite, assisto às suas análises – de grande qualidade (e que até já recomendei). No entanto, custo a acreditar que alguém com tão fina capacidade analítica, de fato, esteja “lendo equivocadamente” as seguidas manifestações públicas do Comandante do Exército, o General Villas Boas.
Já registrara o meu incômodo com a instrumentalização – indevida (oportunista?) – do trauma de 1964 em 26/set/2017:
Des
Viu hoje a análise política da semana do Rui Costa Pimenta, do PCO, Romulus?
Romulus
Vi, sim.
Acho que ele tá certo em chamar mobilização do campo popular.
Há quanto tempo não esperamos que isso, finalmente, ocorra?
Se o “espantalho fardado” se presta a esse fim, ótimo!
Mas…
(e aqui, um “mas” capital…)
Tem que tomar cuidado pra não virar profecia auto-realizada.
Imagina:
Não era pra ter golpe militar, não…
Mas aí o Boulos, o Stédile, o Rui, etc. colocam o bloco na rua.
E aí a facção golpista no Exército – minoritária – se cacifa internamente, diante do “perigo vermelho” auto demonstrado.
– Que tal??
*
E, mais uma vez, em 15/jan/2018:
– Como antecipou o Duplo Expresso, quem disse “não” a Exército reprimindo manifestantes em Porto Alegre no dia 24 foi o seu Comandante, o General Villas Boas.
– Errou analista da blogosfera que creditou tal veto a uma suposta “dignidade” (?) do Ministro da Defesa, Raul Jungmann, bem como militantes da esquerda, como Rui Costa Pimenta, que antes acusaram o General de ser simpático a uma militarização do golpe.
– Ora, trata-se justamente do oposto… nos dois casos!
Ora, o leitor/ espectador do Duplo Expresso não se surpreendeu nada, em absoluto, com as declarações do General Villas Boas. Isso porque, já há 10 dias, afirmávamos sem pestanejar que quem disse “não” ao pedido do prefeito de Porto Alegre não foi o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, que não manda nada, mas sim Villas Boas, o Comandante do Exército.
Houve, naquela oportunidade, quem na blogosfera se equivocasse, creditando a negativa do uso das Forças Armadas no dia 24 próximo na conta do Ministro Jungmann, em quem reconheceram uma suposta “dignidade” (?). Faltou ao colega analista atenção às múltiplas manifestações, mais ou menos cifradas, do General Villas Boas desde a consumação do golpe, diante da escalada das medidas anti-povo. E isso por parte das três esferas do Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário.
Ainda em 2016 as vivandeiras de quartel, saudosas de 64, já se atiçavam. Os mesmos de sempre, é claro. Aqueles para quem questão social é “caso de polícia”. Ou, no caso, caso de tropas armadas de fuzil, montadas em tanques.
Vejam o que pediam (“pediam” apenas?) os irmãos Marinho em editorial em agosto de 2016:
Ora, em maio de 2017, após conflagração em Brasília com direito até a cavalaria em disparada sobre manifestantes, o General Villas Boas já deixara os golpistas com a broxa na mão, literalmente negando fogo.
(…)
Para saber que quem desautorizara o uso das FFAA para reprimir manifestantes em Porto Alegre fora o General Villas Boas – e não o Ministro Raul Jungmann – não era necessário sequer recorrer aos eventos de maio de 2017. Bastava dar uma olhadinha na timeline do General no Twitter – e apenas da virada do ano pra cá.
? O prefeito de Porto Alegre é petista infiltrado?!
Só podemos agradecer pela ajuda na mobilização para o #OcupaTRF4 no dia 24!
Obrigado!
Pedido de militares – recusado! – foi ótimo para chamar mais povo!
Melhor só se @Raul_Jungmann mandasse mesmo!
E não foi por ser “bonzinho” que recusou.
E sim porque @Gen_VillasBoas, comandante do Exército, diria um sonoro “não!”
Agradeço, de coração, a todos os envolvidos na lambança!
❤*
Obs: também errou na sua leitura Rui Costa Pimenta, do PCO, que disse que o tuíte de Villas Boas citando Samuel Huntington seria uma apologia de um endurecimento do regime, com a sua militarização.
Ora, tratava-se justamente do oposto!
(…)
(seguem recomendação de artigos mais “nuançados” sobre o tema)
*
Em suma, tal qual touros (irracionais) faremos o que eles esperam de nós?
(…)
Sim, porque, certamente, a prioridade neste 2018 (!) pós “Porto Alegre – 24/janeiro” (!) é fustigar o (morto-vivo político) Temer…
– … e não enforcar – no berço! – o novo REGIME declarado em Porto Alegre: a JURISTOCRACIA – anti-nacional e anti-povo, de quem Barroso é o representante maior no STF – de acordo, inclusive, com o insuspeito (?) Deltan Dallagnol (!)
*
“Pão e circo”
“Reflexo pavloviano do esquerdista”
“Paninho VERMELHO agitado em frente a touros IRRACIONAIS”
*
Não sei mais o que preciso fazer pra DESENHAR!
?*
*
Será que assim, desenhado com sangue, as pessoas finalmente entendem??
Caminharemos para o abatedouro porque “o nosso argumento” – que carece, infelizmente, de representatividade social – é “o certo”?
Peraí…
Será que isso, no agregado, é “o certo” mesmo?
O que é “o certo”?
Como se pensa política?
Isolando o tema – e suas implicações imediatas – do todo?
Numa disputa no mercado de opinião já perdida – desde a largada?
E, assim, aumentar as chances de consolidação do Golpe, em todas as suas dimensões – inclusive da repressão?
Vamos antagonizar as FFAA – atenção: no seu conjunto! – impedindo a formação de uma frente ampla – da esquerda à centro-direita – de oposição à redução do Brasil a um protetorado americano?
Um “grande” (?) Porto Rico (do Sul)?
Quer dizer: um protetorado “híbrido”/ “PPP – parceria público-privada”, administrado pelo consórcio finança internacional + Deep State americano?
Vamos permitir que 2018 deixe de ser sobre independência do Brasil/ Estado forte/ direitos sociais…
– … e passe a ser sobre “bandido bom é bandido morto”?
*
Justo agora?
Quando estamos conseguindo torpedear o tema – fake! – Lava Jato/ “luta contra a corrupção”?!
*
Ai, que preguiça…
Cansa repetir as mesmas coisas…
Sempre!
Quem me entende é Cassandra:
*
Permito-me, para fechar, repetir trecho do post “‘Homem pelado’ Vol.2: MBL volta com diversionismo depois das ‘férias’?” (3/jan/2018):
Olha, até outubro de 2018:
– Aborto;
– Prisão do usuário de drogas/ internação compulsória/ descriminalização
da maconha;
[como pude esquecer de “Exército nas ruas contra a bandidagem” aqui, gente??]
– Adoção/ casamento gay/ criminalização da homofobia/ “cura gay”;
– Cotas/ “turbante de carnaval” Vol.2/ “apropriação cultural” nível
talibã;– Maioridade penal/ aumento de penas/ pena de morte/ condições dos
presídios/ “direitos humanos para humanos direitos”;– “Arte degenerada”/ Lei Rouanet/ educação religiosa nas
escolas;– Promoção do vegetarianismo versus
“direito de comer quanta carne quiser” (!);Sim, acreditem,
essa é a “nova” (sic) “polêmica” (sic):Pergunta: e quem é que vai colocar carne na mesa do brasileiro, hein??
– Eutanásia.
(Nota: a discussão sobre o
direito à morte com dignidade não avançou no Brasil tanto quanto na Europa,
onde faz parte dos temas de campanha.No entanto, tomando partido da nossa “boa” e velha hipocrisia brasileira –
a mesma da “proibição” (fake) do aborto, aliás – através de “meias palavras”,
sem nada escrito, a ortotanásia
– o famoso “pode desligar os aparelhos” – vem sendo acertado entre famílias e
médicos Brasil afora.E há tempos.
– “Ainda bem”, né, dona hipocrisia?)
Que mais, gente?
*
Eles até tinham dado um tempo depois que – apesar de apanhar muito (no
inicio!) de certos LGBTs (“queer
museu”/ “cura gay”), de certas
feministas (“estupro-ejaculação”/
aborto)
e de certos negros (“apropriação
cultural” nível talibã) – mostramos que eles estavam sendo usados.E em próprio prejuízo.
Virou meme.
(viva!)
Chegou no povão.
MEME MOSTRA COMO MBL DESVIA FOCO E AJUDA TEMER A DESTRUIR
O BRASIL
12 DE OUTUBRO DE 2017 ÀS 14:36
BRASIL 247Então deram um tempo… mas vão voltar!
*
A dor de cabeça que tive que aguentar até virar “mainstream”…
(para suprema raiva da meia dúzia de deputados “identitários” e movimentos/ ativistas que $irculam em torno deles)
Até denúncia em massa do site – como também fazem os bolsominions! – para impedir o compartilhamento teve… lembram??
O esquema é forte.
Dos dois lados.
(que secretamente se amam mais que tudo!
Um vive do outro!
E ODEIAM – ambos! – esquerda QUE GANHA (eleição majoritária!) e governa!)
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