Ejaculação, Margaret Thatcher e Venezuela: polarizar ou ser “insentão”?
Se “o demônio” pode “citar as Escrituras”, então também posso citar a “demônia”:
– Baronesa Margaret Thatcher (!)
“Arbítrio do bem” vs. “arbítrio do mal”?
– Nada disso: abaixo ‘o’ arbítrio!
Constituinte na Venezuela:
– A volta (?) do “isentão de esquerda” vs. o “diabo menos feio”.
Comentário ao artigo:
Maria: No resumo, distanciado e reflexivo, dos seus embates na internet, os termos da discussão ficaram muito mais ponderados.
Falta agora começar em algum momento um debate essencial, para além do feminismo de escândalo da hora, sobre política (a grande, nacional, internacional, geopolítica) e ampliação dos direitos de cidadania. A questão identitária está no centro desse debate. E ela não deve ser confundida com identitarismo, armadilha na raiz do punitivismo, cujas consequências você e Fernando Horta – além de poucos outros mais, juristas, inclusive mulheres – em boa hora apontaram.
Reli agora, e teria outras observações a fazer. Sobre como você fala de ~má fé ~ ou define “isentão”, a necessidade de distinguir a questão das identidades do “identitarismo”, o problema da extensão da cidadania e a necessidade de um diálogo amplo pra se ir ajustando os termos necessários pra falar de todas essas questões complicadas.
Reli agora, e teria outras observações a fazer.
A primeira é que me parece que o seu viés polêmico, mesmo muito mais matizado aqui, continua interditando esse debate. Eu já havia dito, a propósito do comentário ao artigo postado pelo Piero e pela Sandra, que ainda que concordasse com você sobre o double stand da autora, entre jurista e feminista, e que acabava pedindo uma interpretação da lei por um “Moro do bem”, havia ali ideias importantes de natureza ~hermenêutica~ para a interpretação do que subjaz à interpretação da lei, que deveriam ser levadas em conta. Você não concordou e, ~ na posição de jurista ~ acabou com o artigo e a autora.
Mesma coisa com a publicação do Khaled da lista de artigos jurídicos de vários matizes por mulheres, que te levou a classificá-lo como “isentão”, um termo pejorativo, como se a proposta do diálogo sobre essas diferentes posições fosse apenas busca de likes na internet e, em última instância, prova de má fé! Pois eu li o texto dele como alerta sobre a necessidade de se pensar a ancoragem histórica e social da construção da dogmática que regula a interpretação da lei – praticamente inseparáveis no direito penal – e que, sim, se transforma ao longo do tempo. Uma discussão hermenêutica, portanto, necessária num debate que me parece precisa ser feito. Ou se é jurista ~como você~ ou se é de má fé, porque é “isentão”?
Romulus: “Má-fé” eu só coloco na conta da autora do artigo mesmo. Ela poderia fazer TODAS essas considerações mais que necessárias – que eu mesmo no meu texto chamei de “encheção de linguiça bem escrita e pertinente”. O que escapa a você que não tem formação jurídica é o ESCÂNDALO de “esquecer” do MAIOR anátema do Direito Penal: proibida analogia in malam partem. Não conheço antropologia tanto então não sei dizer qual seria a “heresia” equivalente. Só má-fé e falta de seriedade explicam.
Num “desabafo” de Facebook (como o da Profa. Liana)? – “Ok”.
Num artigo em um portal jurídico? – É PRA BATER ATÉ ELA SE ARREPENDER de ter acordado naquele dia!
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“Isentão” não foi por ele colocar uma lista de artigos com visões divergentes. Acho louvável! Você chegou com um rótulo pronto (“Romulus tem viés polêmico”) e faz uma leitura para ser encaixada nele.
Veja a ordem do texto. Digo que ele é “isentão” por escrever 10 PARÁGRAFOS “vaselinando”, para só depois, de forma muito pouco incisiva “resolver o xis da questão” e, ao fim, ainda acrescentar mais 3 parágrafos “vaselina”.
Isso é sim SER ISENTÃO.
Sequer ousou repetir na postagem do dia seguinte o parágrafo que tanto custou a produzir (escondidinho no meio de tanta vaselina).
Por isso, só DEPOIS eu disse que, na melhor tradição “isentão”, ele indicou textos contraditórios, elogiou todos e não hierarquizou. Fica “ao gosto do freguês”.
Aliás, lembra muito certas postagens do seu amigo Renato Janine Ribeiro, por exemplo.
Como aquela em que ele “resolveu” (?) o dilema de ter de se posicionar com relação ao dramático conflito na Venezuela dizendo que “a constituinte venezuelana é golpe sim -porque os jornais europeus ‘de esquerda’ (?!) assim disseram – e eu não preciso escolher entre Maduro e…
– … TEMER”.
Oi?!
“Temer”?
É o nome de algum líder da oposição venezuelana??
Assim fica fácil, né?
É muito bonito ser ponderado e saber apreciar o valor de todas as posições.
Mas isso é um valor “meta”.
Não pode, convenientemente para não desagradar muito, quase substituir a mensagem em si:
(o desagradável e impopular)
– “Não foi estupro”.
Ou, no caso venezuelano, reconhecer que ali é golpe contra golpe.
Ou será contra-golpe contra golpe?
E que não tem “terceira via liderada pelo filho de Jesus com Buda”… é escolher entre dois diabos. O menos feio. period.
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“Encheção de linguiça bem escrita e pertinente” foi só porque ela tava devendo MUITO com a canalhice do seu “esquecimento” do “anátema”.
Evidente que a luta identitária não só é necessária como veio pra ficar.
O problema – e aí vou ter que citar o demônio (quer dizer “A demôniA”) – é o seguinte:
“We will stand on PRINCIPLE… or we will not stand at all”
(M. Thatcher apud sua cinebiografia, dirigindo-se ao Secretário de Estado americano e o seu “deixa disso”, sobre a resposta a ser dada (ou não) pelo Reino Unido à “invasão” das Malvinas pela ditadura Argentina.
Compor com os generais argentinos?
Ou ir pro pau?)
Que eu traduzo livremente para esta ocasião como:
“Não tem ‘arbítrio do bem’ que possa ‘cancelar’ o ‘arbítrio do mal’. O que tem que ser cancelado é ‘o’ arbítrio em si”.
(evidentemente aqui, com Thatcher, mais um caso em que “a Escritura” estava, cínica e oportunisticamente, na boca da demôniA, certo??)
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Olha o link maravilhoso que um leitor fez com a nova pauta “do dia” no twitter:
Esse leitor é daqueles…
Daqueles que eu não troco por uma montanha de “likes” ensebados em muita vaselina isentona.
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Mais dessa discussão em:
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Achou meu estilo “esquisito”? “Caótico”?
– Pois você não está só! Clique nos links para estes artigos e chore as suas mágoas:
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A tese central do blog:
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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
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