O impacto das eleições dos Estados Unidos sobre a América Latina

Por Alejandro Acosta

América Latina é considerada pela principal potência mundial, o imperialismo norte-americano, como seu quintal traseiro que precisa ser pacificado para os grandes capitalistas, em crise, poderem avançar em novos vôos.

O objetivo é manter o controle do mercado mundial, conter e derrotar as ambições imperialistas do bloco China-Rússia e neutralizar as demais potências imperialistas, principalmente os europeus e os japoneses.

Até agora os Estados Unidos têm priorizado as chamadas “guerras híbridas”, com todas suas séries de ataques, menos o envio direto de tropas, até por causa dos fiascos nos quais  se viram envolvidos no Iraque e no Afeganistão.

Mas uma coisa são as limitações de logística, tecnológicas e militares. Outra é a necessidade imperiosa imposta pelo desenvolvimento da crise capitalista mundial. Os grandes capitalistas precisam de uma grande guerra como “saída” para a sua crise.

A imposição da vitória de Biden/ Harris contra o semi descaracterizado Trump (na comparação com o Trump que assumiu o governo) representa uma clara amostra dessa política. Houve mil manobras para impor essa “vitória”. Nada muito diferente da vitória dos republicanos em 2000 (fraudada abertamente na Flórida), em 2004 (em Ohio) e a do próprio Trump em 2016 (definida em três estados por meio da fraude nas urnas eletrônicas).

Os grandes capitalistas impõem sua “saída” para manter os lucros e conter as revoltas populares e revoluções. Essa política passa pela militarização das sociedades, que se encontra em acelerado andamento.

As guerras “híbridas” podem se transformar rapidamente em guerras quentes para atingir os objetivos. Não há um Muro de Berlim entre umas e outras. Ambas são partes de uma mesma política que, para o Pentágono, continua sendo o Full Spectrum Dominance, ou Domínio Total do Espectro: por terra, ar, mar e cyber espaço.

Na América Latina o imperialismo precisa avançar no controle para aumentar o domínio e espoliação das matérias primas e reduzir as condições de vida dos trabalhadores a níveis que possibilitem a transferência das cadeias produtivas principais a partir da Ásia.

A aceleração do “Evangelistão do Pó” para toda a região, como o modelo narco-paramilitar da Colômbia, lhe é fundamental até para sustentar as guerras. A aprovação de um conjunto de leis muito reacionárias, o Patriot Act Tabajara, lhe são caras como mecanismos semi disfarçados de controle. Um novo Banestado 3.0 é a nova face das propinas para entregar, literalmente, todo o Brasil e a América Latina.

O controle das tendências revolucionárias é outro desafio fundamental. Elas podem se desenvolver rapidamente, tanto como fruto do aperto insuportável como de uma guerra.

Aumenta a temperatura social na América Latina

A Venezuela representa uma pedra no sapato dos Estados Unidos, principalmente por causa da presença da Rússia, da China e do Irã. E ainda porque, apesar do apodrecimento dos movimentos sociais, principalmente pelo Governo Maduro, a maioria do povo está armado.

As eleições que acontecerão no dia 6 de dezembro deste ano,  encontram-se muito controladas pelo madurismo, que atua como uma espécie de árbitro entre os vários grupos que disputam e compartilham o poder, encabeçados pelos generais, e ainda mais pela bolivo-burguesia aliada à antiga burguesia.

O madurismo tenta buscar uma saída em aliança com alguns setores da direita, com os russos e chineses por detrás. A saída, num país que parece terra arrasada, passa pela convocação de uma Assembleia Constituinte real a partir das eleições legislativas. Uma das primeiras medidas deverá ser a privatização da PDVSA, a empresa estatal de petróleo, que a Constituição Bolivariana de 1999 o impede. E essa medida, junto com as concessões dos demais minerais,  tornou-se uma condição devido ao brutal endividamento e a crise econômica. Os US$ 2 de salários oficiais mensais, a precariedade dos serviços públicos e as filas eternas são caldo de cultivo de um novo Caracazo.

No próximo ano, Nicolás Maduro poderá chamar um referendo revogatório e assim adiantar novas eleições presidenciais.

Para os Estados Unidos conterem a expansão da China-Rússia na América Latina, se faz necessário um controle muito estrito da América do Sul. Isso não significa que os chineses e russos não possam atuar na região. Podem fazê-lo, desde que paguem as taxas impostas pelos norte-americanos e que não dificultem a expansão do novo modelo narco-paramilitar.

Por enquanto, o imperialismo se vale da suposta “esquerda” para aplicar sua política. Mas, na prática, a contenção do movimento de massas é muito fraca, já que recorre cada vez mais exclusivamente do controle dos aparatos por meio de Estados cada vez mais reacionários. Assim que aparecer um ascenso de massas importante, essa “esquerda” reacionária, que na prática atua como uma direita, será ultrapassada e ficará totalmente pendurada nos Estados ultra reacionários, dos quais o imperialismo se vale para massacrar a população.

As eleições municipais de 2020, no Brasil, têm como objetivo legalizar mais uma “vitória” da “super forte” e “imparável” extrema-direita. Facilitando, assim, o massacre que supostamente a própria população teria votado.

No Chile, a rebelião popular tem sido mais ou menos controlada por meio do plebiscito constitucional pinochetista para mudar a Constituição de Pinochet ainda vigente.

Na Argentina, o governo peronista, imposto ao imperialismo, enfrenta enormes e crescentes dificuldades por causa da incapacidade de romper com força a destruição do imperialismo, a começar pela espoliação financeira.

No Uruguai, a “esquerda” Bolsonarista local se encontra feliz da vida porque lhe entregou o governo nacional à direita e à extrema direita, enquanto conserva o controle dos dois principais departamentos.

Na Bolívia, foi levado ao governo um novo Lenin Moreno com o objetivo de conter a escalada da temperatura social.

Os povos latino-americanos estão cada vez mais fartos do massacre imposto pelo imperialismo e seus aliados, bem como por agentes locais.

Os revolucionários, os verdadeiros democratas e anti-imperialistas, têm como principal tarefa concreta defender a América Latina do massacre. É preciso impulsionar todas as iniciativas para popularizar a escalada da gravíssima situação. É preciso colocar de pé um grande movimento de massas capaz de derrotar o imperialismo e seus agentes locais.

Quem e como venceu as eleições nos Estados Unidos

Os grandes capitalistas impuseram a vitória do Partido Democrata (PD) nas eleições nos Estados Unidos. Houve até  uma aproximação entre os chefões do PD e do Partido Republicano (PR) para impor os resultados a mando dos “super grandes” capitalistas.

Em junho de 2020, foi criado o TIP (Transition Integrity Project ou Projeto de Transição Integral) com o objetivo de evitar uma grande crise devido à enorme pressão para derrotar o trumpismo (leia sobre o TIP aqui).

Para convencer  Donald Trump, há os vários processos contra ele, que podem ser freados ou avançados. Deve-se lembrar que os Republicanos continuam com a maioria no Senado.

Os ataques contra o trumpismo foram enormes. A campanha da grande imprensa foi gigantesca. O Covid-19 gerou o colapso da economia. Houve o estouro na rebelião popular, que foi espontânea e, posteriormente, o PD tentou direcioná-la contra Trump por meio das organizações sociais que controla. A campanha contra Trump apresentando-o como um fascista, homofóbico e misógino foi gigantesca. E não que não o seja.

Houve muitos influenciadores apoiando Trump, mas o controle do PD se encontra nas mãos de reacionários ainda piores do que ele. As famílias Clinton, Obama e vários conhecidos falcões os controlam, agora em aliança com os desafetos de Trump no PR, como a família Bush, Mitt Romney e outros.

O PD incentivou o votou pelo Correios por causa do Covid. Eles tiveram quase 100 milhões de votos assim.

Houve muitas denúncias de fraude contra Trump. Votos de pessoas mortas ou em locais não correspondentes. Foram achados muitos votos de Trump na lata de lixo. Há denúncias importantes de que todos os votos estiveram sob controle do Homeland Security, que, por meio de empresas, subcontrataram as suas impressões. Todos os votos estariam encriptados e com uma marca d’água usando block-chain, o que facilitaria em muito a fraude. Mas a possibilidade de fazer uma recontagem é muito difícil.

Não se viu uma enxurrada de ações jurídicas do PR. Tudo ficou em paz. Os republicanos ligados a Bush estão rachados com Trump. Também o está Mitt Romney. Os Republicanos “Trump Nunca Mais” infiltraram-se completamente na matrix Democrata.

Muitos eleitores de Bernie Sanders, incentivados por ele, votaram no Biden, tal como o tinham feito em Hillary Clinton em 2016, porque seria o menor dos males.

O grosso dos votos da nova geração foram para o Biden, devido à propaganda de que  Trump  seria fascista e racista. Biden, portanto,  recebeu o voto anti-Trump. As pessoas mais velhas, com mais de 65 anos, quase não compareceram à votação. Quando o   fizeram foi na Florida, mas não no Arizona, por exemplo, que também é um paraíso de aposentados e baby boomers.

A reviravolta na Georgia em favor do PD foi um feito dos eleitores negros jovens dos subúrbios, apesar desse fato não ter acontecido em outros locais do Meio-Oeste.

Em Wisconsin, onde há muitos desempregados, os votos do Biden foram estranhos. Há quatro anos tinham votado maciçamente em Trump. O mesmo aconteceu em Michigan.

O fascismo nos Estados Unidos

Trump lidera um movimento de massas fascista, que conta com milícias de extrema direita armadas. O trumpismo está assentado como um movimento de massas que irá ainda se fortalecer. Eles têm mais de 70 milhões de votos, o maior contingente eleitoral dos Estados Unidos.

O grande capital se vale do fascismo para controlar os aparatos do Estado. Mas, uma vez que os controlou, tende a descartar o movimento de massas fascista e se valer dos aparatos burocráticos. Foi o que até Adolf Hitler fez com as SAs , a partir do golpe da Cervejaria de Munich, em 1936, quando passou a se apoiar nas institucionais SS.

Sob a pressão dos grandes capitalistas, predominou a política de buscar uma saída concreta para a crise. Para fazê-lo, o regime político no todo ficou afetado. O fascismo trumpista ainda deverá se manter e crescer. Em contrapartida, o PD e o PR, nos bastidores, manterão ou ainda fortalecerão os movimentos em suposta “defesa das minorias”.

Os grandes capitalistas não precisam usar um movimento fascista, pois controlam muito diretamente os aparatos do Estado. Todo movimento fascista justamente é descartado quando isso acontece, como Hitler o fez em 1936.

O Partido Democrata e o identitarismo

Quase toda a “esquerda” mundial ficou torcendo pelo Partido Democrata (PD) porque Trump seria um fascista, e o PD liderava  movimentos sociais que defenderiam as mulheres, os gays e os negros. O PD, portanto,  não tem futuro se não usar o identitarismo, que, com o fortalecimento do trumpismo,  ficou  enfraquecido.

As mulheres fascistas, e muito ligadas ao complexo industrial militar,  mostram-se prontas para voltar em cena. Hillary Clinton, Susan Rice e até Samantha Power, a ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas .A ex-conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice, que foi cortada sem cerimônias da lista de possíveis vice-presidentes em favor de Kamala, pode ser a próxima secretária de Estado. Concorre com ela o senador Chris Murphy, que impulsiona as políticas de massacre ao ISIS, e de conter, a qualquer custo, o bloco da China e Rússia.

Mas a nova Margareth Thatcher, Kamala Harris, prepara-se para entrar em cena, em breve, substituindo o idoso Joe Biden. E,  como a primeira mulher procuradora-geral da Califórnia, desde 2011, foi responsável por ter colocado muitos negros, latinos e pobres na cadeia, até por portar um cigarro de maconha. Essa política era uma derivação da lei aprovada por Biden, em 1994, ainda na era Clinton, a Lei de Controle ao Crime Violento, também conhecida como Lei Criminal Biden.

Kamala é da linha duríssima contra a Rússia e a Coreia do Norte. Ela não assinou um projeto de lei para impedir a guerra contra a Venezuela e, novamente, contra a Coreia do Norte.

Como Conselheiro de Segurança Nacional estão na disputa Tony Blinken, muito próximo de Biden, pois foi vice-conselheiro de segurança nacional,  Secretário de Estado e trabalhou na Comissão de Relações Exteriores do Senado  durante o governo Obama-Biden. O substituto de Blinken como conselheiro de segurança nacional no segundo governo Obama-Biden foi Jake Sullivan, ligado a Hillary Clinton. Ele deverá voltar em cena em posição chave.

O atual governo do PD é uma continuidade do último governo Obama, que impulsionou sete guerras, os golpes de estados na Ucrânia, Egito, Tailândia, Honduras, Paraguai, o golpe parlamentar em 2016 no Brasil e  assassinou milhares de pessoas com drones. A diferença é que agora essa política precisa escalar como saída para a maior crise capitalista da história.

A crise mundial e as eleições nos Estados Unidos

A crise capitalista avança a todo vapor nos Estados Unidos rumo a um novo colapso de proporções nunca visto antes. Pelo menos a metade das micro, pequenas e médias empresas se encontram à beira da bancarrota. As super grandes empresas, as TBFT (Muito Grande Para Falirem), têm sido resgatadas, mas o sistema  como um todo  encontra-se fraco como nunca.

Imprimir US$ 12 trilhões sem lastro produtivo, simplesmente imprimindo-os, com uma economia paralisada, somente aumenta  no mercado o volume de capital fictício, não produtivo. Obviamente, essa política aumenta os lucros dos receptores, mas não implica em uma melhora na  economia .

Outros momentos em que os grandes capitalistas tiveram lucros em proporções semelhantes foi nos períodos anteriores à crise de 1929 e à de 2008.

O Tesouro norte-americano até tentou emitir títulos da dívida pública por 50 e 100 anos. Não houve suficientes compradores interessados.É até normal, considerando que os abutres capitalistas funcionam anabolizados por recursos públicos.

Hoje, há o maior déficit e endividamento da história. É de US$ 82 mil por pessoa, US$ 220 mil por cidadão que paga impostos, US$ 2,17 milhões quando são consideradas as dívidas da seguridade social. E tudo ainda aumenta em progressão geométrica.

As taxas de juros super baixas têm como objetivo reduzir o custo dos serviços da máquina estatal e da dívida pública. Devido aos altos volumes de crédito no mercado, uma subida das taxas levaria a sociedade inteira à bancarrota. Levar as taxas para terrenos negativos, como foi feito em países europeus, colocará ainda pressão sobre a economia de conjunto.

A política central oficial dos Estados Unidos passa por aumentar de maneira exponencial o endividamento.

Uma Nova Ordem Monetária Mundial

Com as emissões de dólares sem limites, a pressão monetária é enorme. Somente no setor de varejo há meio circulante. O melhor negócio se tornou a especulação nas bolsas, o que, considerando a paralisia da produção, aumenta a bolha que em qualquer momento pode estourar. Os preços das ações e das matérias primas, que viram os preços disparar nos últimos seis meses, deverão despencar em um ou dois anos.

Os preços dos produtos de consumo poderão aumentar devido à recessão e às atividades especulativas que freiam o consumo.

Quando as taxas de juros foram, na prática, suprimidas desde 2008, essa política alimentou uma gigantesca e imparável bolha financeira. Quanto mais crescer, mais violento será o estouro. O impacto do estouro deverá ser maior nos países atrasados.

Considerando a especulação com derivativos financeiros, o endividamento mundial é de algo entre 10 e 20 vezes a produção mundial anual.

Os “super grandes” capitalistas tentam, como saída, impor o dinheiro digital com toda uma série de mecanismos para deixar um mundo no qual  o “1984”, de George Orwell, aparece como um jogo de crianças.

Uma Nova Ordem Monetária Mundial controlando em termos digitais e com mão de ferro todos os bancos centrais, é incapaz de resolver os problemas intrínsecos ao capitalismo, que tem as suas próprias leis de funcionamento. Uma nova moeda digital mundial. Para implantá-la, os “super capitalistas” se virão obrigados a atuar a partir do colapso da especulação nas bolsas e da economia mundial. Na reconstrução seria imposta a nova ordem.

Dada a profundidade da crise e das contradições, essa solução, que no centro   disputa o controle do mercado mundial, só pode ter como pano de fundo uma grande guerra.

Sopram os ventos da guerra: Estados Unidos e China/Rússia

O desenvolvimento da China é contraditório porque   as principais alavancas do controle do mercado mundial se encontram principalmente nas mãos dos Estados Unidos. O controle chinês do coração do mercado mundial, a especulação financeira, é muito pequeno. Quando a China força a sua entrada no mercado de tecnologia, o imperialismo põe o grito no céu. O mesmo aconteceu em relação ao controle do mercado de armas.

O projeto de desenvolvimento nacional decretado pelo recente Plano do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, com as linhas gerais até 2035, somente poderá levar ao aumento das  suas contradições com as potências imperialistas. A China precisa se desenvolver e ela própria passar a controlar fatias importantes dos principais componentes do mercado mundial, até para evitar que as próprias contradições sociais explodam. Há as empresas zumbis, a precariedade do mercado imobiliário, o endividamento gigantesco das empresas e dos governos provinciais. Há a necessidade de manter os empregos no país em que mais é adotada a robótica.

A inundação do mercado mundial com produtos chineses não é um problema importante para os grandes capitalistas, desde que os chineses paguem as taxas impostas. O problema começa quando os chineses buscam aumentar o controle das alavancas do mercado de alta tecnologia, e ainda disputando de igual para igual o mercado na Ásia,  começam a incomodar na África, e um pouco na América Latina.

A orientação da política chinesa para a própria economia doméstica tem muito impacto, pois além de alcançar os  objetivos tecnológicos, também chaves, possibilita construir cadeias integradas de suprimentos de alta qualidade.

Mas numa economia globalizada, o que manda é o controle das alavancas e do mercado mundial. Uma nova divisão só pode ser conseguida por meio de uma grande guerra.

O Ministério da Indústria e da Tecnologia de Informação da China “orienta” os investimentos em tecnologia de ponta, como semicondutores, aplicações 5G, Internet das Coisas, circuitos integrados, biomedicina e biotecnologia, Inteligência Artificial, supercomputação, computação quântica, ciência da matéria, novas fontes de energia para veículos de transporte e ciência espacial. Esses avanços depois serão colocados no mercado mundial, e ainda sem pagar as patentes para as “multinacionais” imperialistas. Isso é inaceitável para o grande capital.

Os chineses se preparam para a guerra. Os russos e os iranianos também. Todos eles fazem parte da OCX (Organização de Cooperação de Xangai).

Há uma guerra à morte entre dois blocos principais. Um deles, o hegemônico, liderado pelo imperialismo norte-americano. O outro, liderado pelos chineses.

A reprodução ampliada do capital (o capital só consegue se desenvolver crescendo) impõe a necessidade de ampliar o controle do mercado mundial, que por causa da crise tem se reduzido.

Sopram fortes ventos de guerra

Nunca o mercado mundial foi redividido, a não ser por meio de sangrentas guerras. Os ventos de uma guerra em largas proporções sopram cada vez mais fortes. É a clássica “saída” capitalista para as crises, desde a primeira crise mundial, que aconteceu em 1847.

A economia capitalista não funciona mais. Enfrenta crescentes dificuldades para extrair lucros da produção. Faz algum tempo que as grandes empresas lucram devido ao crescente empobrecimento da população.

Todas as principais leis que regem o funcionamento do capitalismo têm sido tensionadas ao extremo. Se por uma parte o capital precisa explorar a mão de obra para obter lucros, para conter as perdas precisa automatizar, demitir empregados, usar trabalho escravo, orientar-se à especulação financeira e impor o controle do mercado mundial por meio da guerra.

O único setor da economia que ainda produz lucros de maneira mais ou menos “fluente” é o complexo industrial militar, que hoje movimenta o grosso das economias mais fortes. Mas para a indústria de armas funcionar, é preciso utilizar os estoques, experimentar as novas armas em campo, concorrer com os concorrentes para eliminá-los, acelerar a produção tecnológica para o setor armamentista para depois utilizar os avanços em outros setores da economia. Ainda, a guerra permite a destruição de forças produtivas em larga escala e, posteriormente, procurar uma certa recuperação no esforço de reconstrução; algo parecido com o que aconteceu com os 20 anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.

O esforço de guerra ainda permite e impõe militarizar as sociedades, chegando até a decretar toques de recolher e estados de sítio. Quem pensar em organizar um protesto ou uma greve, pode ser levado à Corte Marcial. Os pinochetaços e as Operações Condor se colocam à ordem do dia.

O principal efeito das guerras contrarrevolucionárias é que elas andam juntas das revoluções, que é justamente o que a guerra buscaria conter.

As recentes eleições nos Estados Unidos deixaram muito claro o que os “super capitalistas” que controlam os mecanismos centrais do estado pretendem.

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