MST: Terra Prometida

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Por Ju Wu.

Querido diário, quarentena na roça é tudo diferente.

Aqui apenas estamos evitando os vizinhos e visitas, se aparecem mantém-se a devida distância. Nada de trocar objetos. Se trocar é preciso lavá-los. Nada de cumprimento.

” – Crianças, não cheguem perto!”

” – Ih!! Já pegou a gripe, né?!! Tá resfriado?!! “

É difícil os mais velhos entenderem isso.

É difícil que a água não é encanada. Como faz? Pega a vasilha da água lava a mão e depois lava a vasilha da água? Lava a mão, pega outra vasilha para pegar a água, lava a vasilha da água e depois lava o que tem que ser lavado!!!?

Chega da rua , do mercado, da padaria,…

O barraco é pequeno, onde boto isso? Bota no chão! Caraca! O cachorro roubou o pão!! Volta aqui!! Pega ele!!

É, é difícil. Mas nossa rotina é plantar. A capina continua, a roçada continua, o plantio continua.

O telefone não para de tocar!! Zap zap chama o dia todo:

“Vcs têm produção? Qual o preço? Podem entregar? Podem ajudar uma família q está sem alimentos?”.

Saímos da invisibilidade. Parece que entenderam que nossos alimentos são saudáveis. Parece que entenderam…

No zap zap a professora de Comunicação pergunta, que acha desta iniciativa do Diário da Pandemia na periferia?

A mim me parece que há possibilidade de a gente falar pela gente o que ninguém fala.

Parece que há possibilidade de a gente mostrar o que ninguém vê.

A iniciativa é muito boa.

Vamos divulgar a todos os amigos, estamos em Duque de Caxias, aqui a zona rural não existe. O prefeito não nos enxerga. Parece que há possibilidades.

Duque de Caxias, Assentamento Terra Prometida, 2 de abril de 2020.

Obs: hoje dia 07 a caixa d’água já está no lugar, não com a força do pensamento, mas deu tudo certo. E agora a água já é corrente. Em pleno século XXI ainda há gente feliz por ter água na torneira.