Linha de Frente: Relatos na Fronteira Amazônica

Da Redação do D.E.

Relato-impressionante e assustador,de um Profissional de Vigilância há 10 anos, preocupado com a situação de abandono das pequenas cidades e da Fronteira Amazônica.

Benjamin Constant, município brasileiro situado na tríplice fronteira amazônica cidade de 40 mil habitantes com uma relação comercial e cultural com os povos da fronteira e uma população indígena bastante significativa, que trava uma batalha árdua para tentar manter seus munícipes salvos da pandemia. O município tem apenas um unidade hospitalar mista de média complexidade onde não se tem UTI e muito menos respiradores, o sistema de saúde que por sua enorme dificuldade logística(1 118 km da capital) onde as estradas são os rios amazônicos, tem em geral essa distancia medida em dias (3 dias descendo rio, 7 dias subindo). Estas dificuldades principalmente em obter uma integralidade de atenção a saúde, tendo em vista a concentração das estruturas de atendimento em Manaus, deixa o município dependente apenas da prevenção e controle pois após adoecimento e complicações poderemos estar condenando os indivíduos a morte pois a busca de estruturas sofisticadas em saúde é um sonho distante. A vizinha Tabatinga possui um aparato militar e de instituições federais disponíveis (Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Receita, etc.) de onde se esperava o controle das fronteiras e das ações de enfrentamento a uma questão que é nacional, principalmente em regiões de fronteira. Entretanto desde o dia 16 de Março, após o registro do coronavírus no Amazonas as equipes de saúde municipal se dedicaram a planejar as atividades e articular-se com essas instituições mas sem sucesso o apoio errático ficou só na promessa e após a primeira morte no Estado dia 24 de março foi iniciada as ações integrando as instituições municipais e a Polícia Militar. Fazendo o papel de controle de fronteiras, com triagem de pessoas e controle de entrada, assim como isolamento de quem vem de áreas com transmissão comunitária, a omissão do governo federal com abandono técnico e logístico dos municípios do interior que detem equipes em número limitado, demonstra que existe talvez um sentido neste abandono. O município assumiu os riscos e tenta controlar a fronteira na expectativa de garantir a saúde das famílias. Após a exposição de todo o caos no estado e o aumento drástico dos números na capital e no interior surgem as ações tardias, ainda tímidas, mas o mais de 1 mês abandonados infelizmente podem significar a perda de muitas vidas.

Segundo a pesquisa PNAD mais recente 53 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, vivendo com menos de 5 dólares por dia (em paridade do poder de compra).
Essa miséria normalizada nos leva a refletir porque disso? E onde estão estes recursos? Ao ver homens e mulheres aglomerando-se ao redor da única casa lotérica de uma cidade de 40 mil habitantes nos perguntarmos eles sao loucos? Nao entendem os riscos? Ameaçam a vida de todos, correm riscos de se contaminar e disseminar a doença. Mas é preciso refletir quem criou e cria essas desigualdades, essas desigualdades que permitem as medidas de isolamento necessárias a garantia do cumprimento das normas internacionais de achatamento da curva de infecção do vírus na garantia de o sistema de saúde possa suportar, mas qual sistema? Um sistema concentrado nas grandes cidades onde a oferta de profissionais, equipamentos e estruturas não garantem integralidade da atenção. Mas quem está distante dos grandes dos centros? Talvez seja o sistema que vem sofrendo com sucessivos cortes de verbas que vão dilapidando o sistema a base do sub-financiamento? Está pandemia nos faz refletir sobre duas questões:
1- Saúde é um bem da sociedade e ninguém esta seguro enquanto todos não estiverem acesso a serviços que a garantam, não pode ser negociada ou vendida. SAÚDE NÃO É MERCADORIA.

2- Uma sociedade desigual não é saudável e não pode ser defendida, a manutenção de taxas de lucro ou até mesmo as fortunas dos bilionários é absurda, deveriam ser discutidas agora mesmo. Os favorecimentos não podem continuar. O ESTADO NÃO PODE SER INSTRUMENTO DE AMPLIAÇÃO DAS DESIGUALDADES.
Vamos ser empáticos, vamos ser cuidadosos com o outro, nossas vidas dependem da saúde de quem nos cerca. Aprenderemos? Ou agora ou nunca.

Augusto César Nunes Alves

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