Diários da Pandemia: Solidariedade em Tempos de Coronavírus

Da Redação do D.E.

Relato super emocionante e humano de Shira Maciel, direto de Florianópolis, no Bairro Ribeirão da Ilha, sobre o atendimento aos moradores de rua, junto com o Padre Vilson, da Paróquia de Morro da Cruz. Difícil não se comover com tal iniciativa!

“Então, querida, tudo começou duma maneira bem simples. Eu moro no lugar mágico – gratidão, meu pai eterno! Moro em cima duma montanha na frente da Serra do Tabuleiro, olhando aquele mar cristalino todo dia. A minha aguinha vem da Mãe Natureza, uma água maravilhosa. O carro aqui na porta… E eu totalmente incompetente do mundo caindo. Mal-estar um dia, dois dias, três dias…E eu tenho uma amiga muito querida, que faz um trabalho com os moradores de rua. Aí eu liguei pra ela e falei: ‘Amiga, e aí? Como é que eles tão agora?’. E eu não tive resposta. E aquilo me constrangeu profundamente. E aí eu fiquei mais uns dois dias com uma angústia, uma angústia, uma angústia…! Eu num podia falar pra minha filha que eu tava com meu peito apertado que ela ia me enfiar no hospital. ‘Ai, minha mãe vai morrer!’. Então eu tive aquele meu sofrimento, eu e eu. Um dia eu acordei e falei: ‘Já sei! Eu vou fazer marmitas pros moradores de rua’. Aí eu tenho um grupo, dum hospital que eu trabalho, eu coloquei no grupo. Em quarenta minutos, fora o grupo e um outro amigo meu também, eu tinha seiscentos e vinte reais. Eu peguei o carro, saí comprando marmita, comprei tudo. Chamei um amigo querido. Nós fizemos setenta marmitas e saímos aí pela praça Quinze. Em vinte minutos a gente espalhou essas marmitas. E de repente a gente publicou e a coisa cresceu. Dia vinte e sete de abril faz um mês. Nós estamos distribuindo alimento. Setecentos e cinquenta alimentos por semana. Nós estamos dando apoio pro sambódromo, sexta-feira, a nossa responsabilidade do lanche. Estamos dando apoio pra São José, Campinas…E tá maravilhoso, o nosso trabalho.  E não perdemos a mão de pegar nossas marmitas, colocar no carro e distribuir pras pessoas que estão na rua. Estamos com três cozinhas: a minha, a da Lu, uma amiga nossa que a gente fornece tudo pra ela, e a da Claudinha Barreto e da sua irmã, Renata, professora de Yoga. Tá funcionando de uma maneira extremamente equilibrada, está belíssimo! Hoje eu cheguei em casa – e eu até te comentei -, que eu saí do sambódromo, eram umas trezentos e cinquenta ou mais pessoas necessitadas, nós com uma mesa linda, lotada de lanche. Eu ainda levei uns bolos, café – com leite -, quarenta máscaras de doação que eu fui distribuindo entre eles, já consegui mais cem, e tudo muito equilibrado, muito lindo emocionante! Depois de lá eu tinha uma doação no carro pra aquele padre…como é que ele se chama… – esqueci o nome dele agora, querida (Padre Vilson)…daqui a pouco eu lembro – , e eu tive até lá na paróquia dele, que é no Morro da Cruz. E eu fiquei impressionada com toda organização: da cozinha, de todas as doações que ele recebe.. Tudo organizado. O que é pra mulher, o que é camiseta, blusa de lã, short, bermuda, sapato, bolsa, camisa de homem. Tudo lindo, a cozinha cheirosa! E é ele que dá o maior apoio nessa rede que tá acontecendo no sambódromo, né? E nós, que estamos fora dessa rede… eu faço parte da rede com a rua. ‘Ah, Shira, precisa de tantas marmitas, precisa de tantos lanches’. E a gente sempre tá complementando. Então o que eu tenho a dizer? São muitos colaboradores, é um trabalho belíssimo de doação. A gente sente o amor deles. Eles estão calmos, felizes, com as barriguinhas quentinhas. Agora a gente vai providenciar bastante cobertorzinho. Tô juntando as doações pra chegar num tanto – que eu já descobri quanto custa cada cobertorzinho -, quero comprar uns cem, cento e cinquenta, o que der. Mas eu pensei que eu vou deixar nessa igreja, porque eles catalogam. Eles vão lá nos trezentos e cinquenta, quatrocentos, tem o nome de cada um. ‘E o que você precisa?’. ‘Ah, preciso de um tênis’, ‘de uma calça’, ‘dum cobertor’. Então eles já vão ticando. Eu achei muito legal, essa iniciativa. Então, assim, o que eu tenho a dizer é que eu tô realizada. Se tem Corona, não tem, num sei, num tô sentindo. A doação tá fazendo parte de uma criação que eu tive. Eu sou filha duma mãe muito caridosa. E dum pai também. Então eu tenho forte isso em mim, né? Sou voluntária de um hospital aqui em Florianópolis, trabalho há doze anos. E quando tudo parou, eu não podia parar. Eu senti que eu não podia parar. Que eu podia, sim. mexer com a minha saúde física, emocional e espiritual. E o que eu tenho pra dizer é que ela tá assim repleta, com excesso, tenho até pra doar, né? Quem tá precisando dum carinho, duma risada, duma emoção, vem aqui que tá sobrando. A emoção é tão grande, a força é tão grande, a luta é tão bonita, que é muita emoção! Então eu quero agradecer toda essa oportunidade.”

Shira Maciel

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita!

Gonzaguinha

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