Guerra “civil”: Lava Jato apunhala (clã) Bolsonaro. E os militares nisso aí?

Por Romulus Maya, para o Duplo Expresso

  • Hipóteses (não excludentes):
    (1) Assim como Moro, Bretas quer carimbar passagem – só de ida – pra Brasília. Tribunal Superior?
    (2) Mais um lance na disputa entre os segmentos do consórcio que sustenta Bolsonaro. O vazamento vem da Juristocracia. E atinge o clã Bolsonaro. Até aqui não parecia haver conflito entre esses núcleos. Há, sim, conflitos – publicizados até – entre o clã e a ala militar. Certo?
    Então… a Juristocracia fez isso em coordenação com a ala militar?
  • A disputa entre Mourão e os filhos – “herdeiros”, afinal – já prenuncia sucessão?
    De vivo??
    De “vivo”…
  • Nota: são “eles” que estão nos fartos dossiês…
    Mas reféns, mesmo, são o Brasil (e suas riquezas); e os brasileiros (e suas misérias).

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GUERRA CIVIL: JURISTOCRACIA APUNHALA – CLÃ – BOLSONARO. E OS MILITARES NISSO TUDO?
Dossiê pra lá, dossiê pra cá…
Por que razão a Lava Jato do Rio vazou informações comprometendo um filho e a esposa de Bolsonaro nos repasses ECUMÊNICOS do “caixinha único supra-partidário” da Assembleia Legislativa do RJ?
O Duplo Expresso foi o primeiro – e até aqui o único – veículo a falar desse caixinha, ainda em 2017 (ver parte final deste artigo).
Justamente o modelo que o (esquecido… por onde anda?) Eduardo Cunha viu nos anos 90, gostou e resolveu levar para Brasília. Foi com esse modelo que elegeu a SUA bancada – também suprapartidária – de mais de 100 deputados. Não tivesse sido afastado, possivelmente chegaria à meta de universalizar a centralização da arrecadação “paralela”, escolhendo quem dos 513 deputados teria financiamento (de verdade) ou não. E, com isso, voltaria na próxima legislatura.
Como no modelo original da ALERJ, perpetuar-se-ia, com os votos dos agraciados, na presidência da Casa. Até poder partir para dar “o” salto maior. Deixando – é claro – um preposto no seu lugar.
Exatamente como fez Sérgio Cabral (também sumido do noticiário, né?), o criador do Caixinha, quando foi pra chefia do Executivo estadual.
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Bolsonaro tinha filho na ALERJ?
(eleito agora senador)
Tinha, ora.
Certo então que recebeu do Caixinha, como já explicava o artigo do DE.
Mas além dele receberam deputados de todos os partidos. Situação e oposição. Inclusive do PSOL. E inclusive financiando candidatura de deputados FEDERAIS.
(lembrar a raiva de certo deputado – federal – pelo PT do Rio não reeleito, p.e., quando relatamos a existência e o funcionamento do Caixinha. “Recomendou” que não tocássemos mais no assunto, não foi?)
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Portanto, em resumo, a Lava Jato do Rio tem em mãos o similar local do que foi a “planilha da Odebrecht” para a matriz, curitibana:
– O dossiê que pega de A a Z.
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Por que então, tal qual se faz em Curitiba, os cariocas estão a fazer vazamentos – e persecução penal – seletivos?
Por que, antes, só o PMDB?
Por que, agora, filho e esposa de Bolsonaro, Presidente eleito?
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Hipóteses (não excludentes):
– Assim como Moro, Bretas quer carimbar passagem – só de ida – pra Brasília. Tribunal Superior?
– Mais um lance na disputa entre os segmentos do consórcio que sustenta Bolsonaro.
O vazamento vem da Juristocracia. E atinge o clã Bolsonaro.
Até aqui não parecia haver conflito entre esses núcleos.
Há, sim, conflitos – publicizados até – entre o clã e a ala militar.
Certo?
Então… a Juristocracia fez isso em coordenação com a ala militar?
Em coordenação mesmo?
Ou obedecendo?
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Vale notar que o vazamento foi para Fausto Macedo, o canal oficial da Lava Jato.
Mas ele publica no Estadão, veículo que ouve bastante militares.
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Isso tudo lembra a tal “sinergia”, de que sempre nos lembra Piero Leirner, anotada há um tempo pelo Comandante do Exército, General Vilas Boas, existente entre o Comando Militar do Sul e o TRF-4, não é mesmo?
Sinergia…
Inimigos comuns…
“Primeiro a gente tira o Lula e depois…”
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Em tempo: ontem foi o aniversário de 80 anos do GSI, criado por Vagas. Cerimônia no Planalto. Para surpresa geral, Mourão não deu as caras. Assim como não tem aparecido em outros eventos com Bolsonaro.
O General coloca distância?
Foi pra isso também que saiu a matéria ontem no Globo, sobre um suposto “silêncio” imposto pelo “chefe”(?)-Capitão ao… General?
A disputa entre Mourão e os filhos – “herdeiros”, afinal – já prenuncia sucessão?
De vivo??
De “vivo”…
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PS: são “eles” que estão nos fartos dossiês…
(inclusive os da “esquerda” – sic)
Mas reféns, mesmo, são o Brasil – e suas riquezas -; e os brasileiros – e suas misérias.
 
PPS: É duro saber que a 1km da minha casa, em Berna, capital da Suíça, repousam inertes os documentos – integrais – da Odebrecht. Aqueles que – pela discrepância para com o que se mostrou no Brasil – desmascaram Sergio Moro, comprovando tudo o que seu esquema ocultou. E também o que falsificou de provas.
E por que, para supresa geral de advogados suíços atuando no caso, nenhum processado do PT vem aqui pedir acesso a esses documentos à Procuradoria suíça?
Rabo preso?
De novo: os verdadeiros reféns dos dossiê somos nós, que não estamos neles.
Já eles… se entedem…
“Dossiê pra lá, dossiê pra cá”, lembram?
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Coaf relata conta de ex-assessor de Flávio Bolsonaro
Fábio Serapião/BRASÍLIA
06 Dezembro 2018 | 05h00

Documento aponta movimentação atípica no valor de R$ 1,2 milhão de Fabrício Queiroz, PM que era lotado no gabinete do deputado

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro – entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

O documento foi anexado pelo Ministério Público Federal à investigação que deu origem à Operação Furna da Onça, realizada no mês passado e que levou à prisão dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Fabrício José Carlos de Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro deste ano. Registrado como assessor parlamentar, Queiroz é também policial militar e, além de motorista, atuava como segurança do deputado.

O Coaf informou que foi comunicado das movimentações de Queiroz pelo banco porque elas são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamentar.

O relatório também cita que foram encontradas na conta transações envolvendo dinheiro em espécie, embora Queiroz exercesse uma atividade cuja “característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso”.

O nome de Queiroz consta da folha de pagamento da Alerj de setembro com salário de R$ 8.517. Ele era lotado com cargo em comissão de Assessor Parlamentar III, símbolo CCDAL- 3, no gabinete de Flávio Bolsonaro. Conforme o relatório do Coaf, ele ainda acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar.

Funcionários

Nem Flávio Bolsonaro nem o seu ex-motorista foram alvo da operação que prendeu dez deputados fluminenses, deflagrada no dia 8 de novembro. O Ministério Público Federal investiga o envolvimento dos parlamentares estaduais em um esquema de pagamento de “mensalinho” na Assembleia.

Queiroz foi citado na investigação porque o Coaf mapeou, a pedido dos procuradores da República, todos os funcionários e ex-servidores da Alerj citados em comunicados sobre transações financeiras suspeitas.

Para traçar um padrão entre as movimentações financeiras, em parte utilizadas para pedir a prisão de funcionários da Alerj, o Coaf organizou os dados em uma lista com 22 nomes. O motorista de Bolsonaro é o 20.º no documento de 422 páginas que reúne informações sobre R$ 200 milhões em transações realizadas em contas de funcionários da Alerj. Na conta em nome de Queiroz, o Coaf identificou a movimentação de R$ 1,2 milhão no período de 12 meses.

O Coaf é a unidade responsável por monitorar e receber todas as informações dos bancos sobre transações suspeitas ou atípicas. Pela lei, os bancos devem informar qualquer transação que não siga o padrão do cliente. Quando a transação é em dinheiro, o banco informa sempre que o valor for igual ou superior a R$ 50 mil.

Michelle

Uma das transações na conta de Queiroz citadas no relatório do Coaf é um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro aparece na lista sobre valores pagos pelo PM.

“Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função – Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil”, diz o documento do Coaf.

Ao longo de um ano, o órgão também encontrou cerca de R$ 320 mil em saque na conta mantida pelo motorista do filho de Bolsonaro. Desse total, R$ 159 mil foi sacado numa agência bancária no prédio da Alerj, no centro do Rio. Também chamou a atenção dos investigadores as transações realizadas entre Queiroz e outros funcionários da Assembleia. O documento lista todas as movimentações e seus destinatários ou remetentes.

Os técnicos do órgão também receberam informações sobre transações consideradas pelo órgão como suspeitas após janeiro de 2017. Segundo o Coaf, entre fevereiro e abril do ano passado, o banco comunicou sobre 10 transações “fracionadas” no valor total de R$ 49 mil que poderia configurar uma “possível tentativa de burla aos controles”.

“A conta teria apresentado aparente fracionamento nos saques em espécie, cujos valores estão diluídos abaixo do limite diário. Foi considerado fator essencial para a comunicação pela possibilidade de ocultação de origem/destino dos portadores”, afirma o relatório do Coaf. (COLABOROU CONSTANÇA REZENDE/RIO)

 

COM A PALAVRA, FABRÍCIO JOSÉ CARLOS DE QUEIROZ

Procurado pelo Estado para se manifestar sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão em sua conta, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor parlamentar do deputado Flávio Bolsonaro, respondeu que não sabe “nada sobre o assunto”.

COM A PALAVRA, O SENADOR ELEITO FLÁVIO BOLSONARO

A chefia de gabinete de Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo PSL-RJ, afirmou que Queiroz trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista do deputado, “com quem construiu uma relação de amizade e confiança”.

A assessoria afirmou ainda que o filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro não tem “informação de qualquer fato que desabone” a conduta do ex-assessor parlamentar.

“No dia 16 de outubro de 2018, a pedido, ele foi exonerado do gabinete para tratar de sua passagem para a inatividade”, informou o gabinete, por meio de nota.

COM A PALAVRA, O PRESIDENTE ELEITO JAIR BOLSONARO

Procurada pelo Estado, a assessoria do presidente eleito Jair Bolsonaro não respondeu sobre o assunto, nem sobre o cheque no valor de R$ 24 mil que teria sido destinado a Michelle Bolsonaro. O espaço está aberto para manifestações.

COM A PALAVRA, A FUTURA PRIMEIRA-DAMA MICHELE BOLSONARO

A futura primeira-dama não foi localizada na quarta-feira, 5. O espaço está aberto para manifestações.

 

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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