“Bilionário leu o Duplo Expresso e também pede anistia a Lula? – Parte 4 de MDB e a governabilidade”
Por Gustavo Galvão*, para o Duplo Expresso
O golpe não é mais aquele. Há 2 anos o golpe era uma unanimidade absoluta nas elites políticas, jurídicas e empresariais brasileiras.
Hoje não mais. Uma parte do STF quer a volta da legalidade e da democracia. Sabemos que a democracia só poderia pensar em voltar depois da liberdade da candidatura Lula, porque não é Lula que está preso, mas sua candidatura, impedi-la sempre foi o maior objetivo da Lava-Jato, que controla o Judiciário.
Cláudio Lembo um jurista sério da elite paulista já disse publicamente que a justiça brasileira não existe mais, que ela já não tem nenhuma credibilidade e legitimidade. Parabéns Moro!
Hoje vimos que até naquele antro de fascistas do TRF4 de Porto Alegre há um juiz sério.
Por acaso, hoje (08/07/18) também no Estadão há uma entrevista que exibe uma divergência pública importante no meio empresarial, mais especificamente um dos maiores bilionários do Continente, Elie Horn, da Cyrela, que se tornou um dos gigantes mundiais da construção de residências nos governos do PT com ajuda fundamental das políticas do governo Lula.
A divergência desse bilionário em relação ao golpe é especialmente interessante, porque parece que ele está lendo o Duplo Expresso.
Há menos de uma semana o Duplo Expresso publicou um artigo e um projeto de lei defendendo a importância de uma nova lei Anistia regulamentando o artigo referente esse assunto na Constituição: “Anistia Geral para pacificar o Brasil e gerar emprego”
Dias depois, o bilionário Elie Horn aparece publicamente concordando com nossa proposta. Segundo ele: “é necessário pensar numa espécie de anistia para políticos“.
Para isso seria importante para Brasil sair da crise e “diz não temer as eleições e clama por um novo ‘começo’ de país”.
” (…) Temos de evoluir, ter ideias. Cada dia que passa há crianças morrendo de fome, de doenças. Isso não pode ser permitido. Qual a solução? Acabar com tudo isso. (…)”
“(…) Só que tem de haver recomeço total, uma espécie de reestruturação do País, com regras novas. Temos de partir do zero. Muito melhor do que corrigir com emendas. Muitas vezes procurar o passado não vai ter fim. Pega um ponto zero, esquece todo o passado e começa a viver com regras novas, rígidas. Daqui em diante, quem infringir terá problemas, punições. Não se consegue consertar tudo. É impossível. Então, corta: hoje é hoje e ontem já morreu.”
Estadão: Teme o desfecho das eleições?
“Tivemos uma crise grave no setor imobiliário [durante o governo Temer]. Dizem que foi a pior. Falam o mesmo das eleições. Não acho. Em 2002, foi pior? Não houve problema, porque Lula passou a ser um gestor democrático, liberou bastante as regras dos negócios. O país balança, mas não cai. Aprendi a não ter medo”.
Estadão: O sr. tem candidato?
Segredo político. Sou antirradical e anti-extremismo.
Estadão: Qual seria o melhor desfecho?
“Um presidente que faça leis a favor do liberalismo, que acabe com a miséria. Qual é esse candidato? Não sei ainda.”
Não sabe ou não quer dizer?
Se ele não sabe, o povo brasileiro sabe. As pesquisas mostram que já o escolheu novamente. Só que dessa vez no primeiro turno.
No resto da entrevista a gente percebe que esse bilionário é neoliberal e não é um petista ou lulista por convicção. Ao contrário é um neoliberal convicto e elogia o governo Temer. Ele se diz, em outra reportagem publicada no mesmo jornal, sócio e admirador de Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro.
Esse empresário não foi perseguido pela Lava-Jato como tantos outros. Por sorte, seus negócios não atrapalhavam governos estrangeiros.
Mesmo assim, ele deixa claro, ainda que de forma comedida, que já é hora de parar com os expurgos políticos promovidos pela Lava-Jato e voltarmos à democracia, porque o governo Temer-Lava-Jato já prejudicou demais os negócios.
Sigamos o conselho do bilionário e vamos levar ao Congresso o projeto de lei de anistia lançado aqui no Duplo Expresso: “Anistia Geral para pacificar o Brasil e gerar emprego”.
Fontes:
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,para-a-economia-do-pais-o-ano-ja-esta-perdido,70002393641
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fundador-da-cyrela-avalia-investir-no-setor-financeiro,70002393649
*Gustavo Galvão é economista pela UFMG, doutor em economia pela UFRJ, funcionário do BNDES, assessor parlamentar e comentarista de economia do Duplo Expresso.
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