A estreia do articulista Henrique Matthiesen, novo colunista do Duplo Expresso

Da Redação do Duplo Expresso

O Duplo Expresso ama o debate e entende que este é o momento mais que oportuno para avaliarmos os erros que levaram o campo progressista ao quadro atual. Todos os nossos seguidores sabem o respeito e gratidão que temos por Lula como político e por todas as coisas boas que fez para o Brasil enquanto esteve à frente da Presidência da República. Defendemos a luta por Lula e sempre vamos considera-lo um preso político.
No entanto, há opiniões divergentes e com argumentos bastante contundentes. Para que todos nós possamos amadurecer, entender o que é o trabalhismo e possamos resgatar o nacionalismo desde Getúlio e culminando com Brizola, temos o prazer de somar ao nosso time de comentaristas o articulista Henrique Matthiesen.
Na reunião entre os quadros fundadores da página, o comentário do nosso colega Carlos Krebs é uma boa abertura para o debate aqui proposto:

Prezados,

O articulista é muito bem-vindo.
Seu texto é bem escrito, embora o viés fortíssimo da crítica ao PT faça-o esquecer:
1) A comparação entre Brizola e Lula é errônea. Se ficasse apenas nas que são feitas entre dois times de futebol, vá lá (um gremista diz “o Internacional só nasceu em 2006 quando ganhou seu Mundial”, e o colorado responde “o Grêmio não é Campeão Mundial FIFA”). Mas responsabilizar “as digitais da pequenez de Lula como geradora e contribuinte da eleição do Bolsonaro” é um equívoco. Essa é a versão da IstoÉ, não?
2) Dizer que a “imersão irrestrita no lodo pantanoso da corrupção e do aparelhamento” seja motivo para o PT pedir perdão à população é esquecer que há políticos em todos os partidos enlameados com a corrupção, e não entender que, se houvesse o real aparelhamento tido e havido, Dilma estaria finalizando seu mandato e Lula não estaria preso.
3) Não foi humildade que faltou ao PT para reconhecer que “as eleições de 2018 seriam favas contadas”. Foi inteligência mesmo. Parece que o senhor Henrique não entendeu que todo o processo eleitoral era uma fraude, e a própria participação dos partidos que se dizem progressistas sem denunciar este fato serviu apenas para legitimá-lo. Isso não foi exclusividade do PT.

Agora, concordo que o PT vendeu-se como um puro e limpo, e mostrou-se ser igual aos demais partidos. A diferença entre ele e os demais segue sendo a popularidade que tem fora dos gabinetes e salas condicionadas. Popularidade de Lula. Uma pena que o partido não tenha entendido isso. Ou que tenha aberto mão desta força porque, afinal, talvez seja melhor manter tudo isso que está aí…

No meu ponto de vista, é realmente muito bom que amplie-se o quadro.

Por Henrique Matthiesen*, para o Duplo Expresso

Faltou e falta grandeza ao PT

Nada é mais importante, para a cúpula do partido da estrela, do que o seu projeto hegemônico e sua soberba com as forças progressistas.

Messiânicos, conjecturam ser uma organização casta, portadora da salvação nacional e da verdade absoluta no campo da esquerda.

Cobram, inadvertidamente, o que são incapazes de praticar; afinal, para alguns iluminados do ABC, eles são as gêneses da história, a reencarnação da virtude, e desta forma, aqueles que não entendem isso são condenados à rotulação de traidores e indignos de coexistir no debate nacional.

Esta é a epítome que vem permeando o PT há muito tempo, e que agora joga o Brasil na trágica situação de ver, democraticamente, a ascensão de um fascista ao poder.

O PT não tem condições morais de cobrar absolutamente nada dos trabalhistas. A história pretérita daqueles companheiros é a síntese da ingratidão e da traição contra Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, dentre outros.

Lula jamais teve a grandeza à compreensão e o tamanho de Brizola, razão pela qual há uma disparidade gritante em seus destinos: Brizola morreu como um estadista, coerente, e reconhecido, até mesmo pelos seus adversários, como um dos gigantes do século XX.

Já o companheiro do ABC amarga a solidão de uma cela, e hoje, as digitais de sua pequenez geraram e contribuíram para a eleição de uma figura como Bolsonaro.

Incapazes de reconhecer seus graves erros como a imersão irrestrita no lodo pantanoso da corrupção e do aparelhamento, o PT deve perdão à sociedade brasileira que acreditou e sonhou com uma nova prática política.

Não é mais aceitável a narrativa vazia, de apenas perseguição e vitimização, numa manipulação que não se sustenta a cada escândalo revelado.

O PT ainda deve desculpas, do mesmo modo, pelo estelionato ocorrido no segundo governo da Presidente Dilma Rousseff, que rasgou o plano de governo, e afundou o Brasil em uma crise econômica grave. Acabou caindo, inclusive, por sua inabilidade política. Coisas que o Lula brincando de divindade, submeteu o Brasil.

Falta humildade em reconhecer que as eleições de 2018 eram favas contadas; que o ódio e o antipetismo eram fatores primordiais para a vitória da direita, e a insistência fraudulenta e insustentável, de uma candidatura de alguém condenado em 2ª instância, era mais um engodo à sociedade.

Terceirizar esta irresponsabilidade é a caracterização mais fiel da pequenez e da mesquinharia de quem não tem responsabilidade com o seu país e com seu povo.

Faz-se urgente uma profunda autocrítica dos companheiros do PT. É necessário vir a público e pedir perdão. Na atual conjuntura não é mais razoável andar com o PT. Para o bem do Brasil e até de sua refundação partidária.

Ate lá não fale de Brizola, de Darcy Ribeiro e do Trabalhismo, pois não é digno para isso; nem tem tamanho e história para tão arrogante ousadia.

 

*Henrique Matthiesen tem 42 anos de idade e nasceu em Americana-SP. Atualmente mora em Brasília – DF.
É Bacharel em Direito e articulista em diversos jornais do Brasil.
Escreve desde 2001 e tem mais de 1300 artigos publicados onde escreve, dentre os assuntos, sobre conjuntura política, literatura, história e cultura geral.
É o novo colunista do Duplo Expresso.

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