Cafezinho no WC 29/9: STF no Golpe e independência da Catalunha

?Cafezinho no WC 29/9: STF no Golpe e independência da Catalunha

Mais sobre a atuação de Lewandowski e do STF no “impeachment” (aspas!) em:

*Retificação: o “PP”, o partido de direita espanhol, é “Partido Popular”. E não “Partido Progressista” (como o “PP” brasileiro). Explico o lapso: nem o de lá é “popular” e nem o de cá é “progressista”, não é mesmo?


Visca Catalunya pais liure??



(palavra de ordem dos nacionalistas catalães:
“viva a Catalunha, país livre!”)

Romulus, advogado internacionalista e blogueiro fala no programa Cafezinho no WC com Wellington Calasans sobre o independentistmo na Catalunha.


(referendo marcado para o domingo).



Mais uma vez falando verdades “inconvenientes”, como: o partido nacionalista catalão é de direita, neoliberal ao extremo na gestão da Generalitat (governo local), por exemplo.



A esquerda sempre foi historicamente favorável à autonomia, mas contra a secessão. O operariado catalão – região mais industrializada do país, sempre foi crucial para o avanço da luta da classe trabalhadora – como um todo – na Espanha. Desde a redemocratização, o Partido Socialista Catalão, “irmão” regional do Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE), sempre foi forte na na Catalunha. Por exemplo, depois das queda do Franquismo, governou Barcelona (a capital) ininterruptamente por mais de 30 anos!
(1979-2011)

Bem… até recentemente, quer dizer. Os ventos da crise e a tragédia da austeridade made in Bruxelas fizeram o nacionalismo catalão ganhar impulso e reconquistar o governo local anos atrás, bem como a prefeitura de Barcelona.


(Obs: na eleição seguinte, com fragmentação ainda maior da representação política, ganhou a candidata do Podemos)



Pior: o maior argumento no sentido da secessão é o fiscal-econômico-financeiro, com a Catalunha sendo a região que mais entrega, liquidamente, receitas fiscais para o governo central redistribuir para regiões menos desenvolvidas (especialmente do sul do país).



Morei na Catalunha. Amo a região, amo o Barça (rs). Conheço algumas lideranças do movimento independentista.



Tirando, evidentemente, o histórico terrível de opressão política e cultural sob o Franquismo (obrigando, p.e., até mesmo as pessoas a mudarem seus nomes e proibindo o uso da língua catalã) o que sobra hoje  é basicamente a falta de solidariedade econômica entre regiões com níveis muito distantes de riqueza e desenvolvimento.



Soa muito com o que coxinhas paulistas falariam do Nordeste, p.e.



Inclusive com a mesma alegação folclórica de “falta de vontade de trabalhar duro” dos andaluzes, p.e. (!)



Um perfeito da Catalunha, para justificar o referendo do próximo domingo, chegou a dizer que estar a Catalunha na Espanha seria o equivalente a ter a Dinamarca no Magreb (!)



Citando Fraçois Miterrand, “o nacionalismo é a guerra”.



E isso inclui, por que não?, nacionalismos regionais, “subnacionais”.



Viva a solidariedade e irmandade entre os povos!



(principalmente entre os povos dentro de um mesmo país!)



Quem quiser ouvir ao vivo, o programa vai ao ar sexta-feira, entre 6 e 7am, horário de Brasília.

*

P.S. – Histórico



Como parte de promessa de campanha, o ex 1o Ministro Jorge Luiz Rodriguez Zapatero – grande admirador de Lula – negociou junto aos catalães o chamado “Estatuto da Catalunha”, que aumentava o grau de autonomia política, fiscal e cultural da região, caminhando no sentido de um federalismo plurinacional.



Seguindo o exemplo do que se faz no Brasil, a direita (o PP), então na oposição, tentou torpedear esse entendimento PO-LÍ-TI-CO com uma carteirada de juiz:



– aproveitando-se do fato de que a maioria dos Ministros da Corte Constitucional tinha sido nomeada no governo anterior, de direita, entrou com uma ação alegando a inconstitucionalidade do “Estatut de Catalunya”.



Como esperado, os Ministros da Corte RETALHARAM o documento e tiraram dele tudo que era mais relevante.



Ao mesmo tempo, a austeridade patrocinada por Angela Merkel em toda a Eurozona implodiu os socialistas na eleição seguinte. E, diante da humilhação em Madri, os nacionalistas catalães voltaram ao poder no governo regional, com a plataforma eleitoral de chamar um referendo de independência.



A esquerda – tanto o PSOE/ PSC quanto a “nova esquerda” Podemos – são contrários à secessão. PSOE/ PSC preferem trabalhar num pacto politico, que resulte na reforma da Constituição na direção federalista.



Mas para o PP, herdeiro do Franquismo e das Falanges espanholas, esse tema é questão de honra junto às bases.



*



MALAISE SOCIAL



Note que o movimento é muito forte entre os jovens.

Background:

Desemprego Espanha: 17.6%

Entre jovens: 39% !!!



O fenômeno “ni-ni”: nem trabalham, nem estudam.



Combinação da globalização, com impactos desiguais (TLCs),  desindustrialização, o poder do lobby da finança, austeridade, precarização das relações de trabalho (“contratos vasura” – “contratos LIXO”).



A resposta a isso só pode ser em nível continental e GLOBAL. É um problema estrutural da atual fase do capitalismo. Se não pode ser enfrentado eficazmente em nível nacional, que dirá com a secessão regional!

*

É interessante notar que uma parte da Catalunha está na França, constituindo o departamento fronteiriço dos “Pirineus Orientais”. La não existe nenhuma pressão separatista e a língua hoje é um idioma praticamente morto.

O que sobrou foi o forte sotaque quando falam francês! rs



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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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