Movimentos Identitários e a Esquerda

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MOVIMENTOS IDENTITÁRIOS E A ESQUERDA: o caso “Pantera negra”
Luiz Carlos de Oliveira e Silva

A respeito do debate provocado pelo filme “Pantera negra”, sobretudo acerca de uma crítica de esquerda ao filme, digo o seguinte:

1. Tendo em vista a natureza mesma de suas pautas, não há uma ligação essencial entre as lutas identitárias e esquerda. Esta ligação se deu, e de certo modo ainda se dá, por razões conjunturais e não estruturais.

2. Devido ao dinamismo próprio aos movimentos sociais, os movimentos identitários tendem, no tempo, a descolar sua agenda e a sua luta daquelas da esquerda.

3. Este dinamismo faz com este deslocamento se imponha, por necessidade de ampliação do alcance da luta. Permanecer na esquerda limitar-lhe-ia o alcance. Deve-se a isto, a meu ver, a boa acolhida ao filme “Pantera Negra” por parte do movimento negro.

4. Não acho que os movimentos identitários estejam errados em assim proceder. Há pessoas de esquerda nos movimentos identitários, claro, mas os movimentos, eles próprios, não são de esquerda, nem de direita. Eles são movimentos identitários, com a sua agenda própria e a sua “lógica” própria.

5. Repito: não acho que os movimentos identitários estejam errados em assim proceder. Não faz sentido, tendo em vista a “natureza” das lutas identitárias, “exigir” que eles sejam de esquerda.

6. A luta por reconhecimento de “minorias” (lutas identitárias), apesar de entrecruzar, aqui e ali, a luta de classes, não está inscrita nesta. Claro que há facções de esquerda nestes movimentos, que articulam luta identitária com a luta de classe, mas isto não desmente a “tese”.

7. Isto, a meu ver, é um “fato objetivo”. Exigir dos movimentos identitários o que não está na “natureza” deles (a luta de classes”), é pregar no deserto. Um equívoco…