O “golpe militar”, o “sincericídio” — plantado — de Toffoli e o General tarado

Do Facebook de Romulus Maya:

O “golpe militar”, o “sincericídio” — plantado — de Toffoli e o General tarado

Muita atenção vem sendo dada no PIGuinho vermelho à entrevista do Presidente do STF à Veja.
(resumo no final)
Incrível que as “análises” (sic) limitem-se ou a reproduzir o texto ou, quando muito, sintetizar o seu conteúdo, comprando-o – e, mais importante, vendendo-o – pelo valor de face.
“Toffoli, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre evitaram tanques nas ruas em abril! Estamos à beira do golpe militar mesmo, Jesus!”
Sei…
Tem coisa melhor do que dar golpe militar…
– … sem mesmo dar?
Ganhar o poder (cargos, orçamento, controlar as políticas públicas) sem colocar nem mesmo “um cabo e um soldado” na rua?
Melhor ainda: sem sequer ter o ônus do poder, posto que todo o desgaste de imagem sobra para Bolsonaro, o para-raio “aloprado”, “cujos excessos são contidos justamente pelos Generais, a ala racional e não ideológica do governo” (sic)?
A Reforma da Previdência foi dos militares?
Ou “do Bolsonaro e do Paulo Guedes”?
Pois é…
O golpe militar JÁ foi dado. Mas de forma clandestina. Mandam usando a abordagem indireta da guerra híbrida. O melhor dos mundos.
E isso inclui o General-assessor botar Toffoli pra cantar essa melodia na Veja.
Sim, a mesma revista que semanas atrás já tinha plantado em sua capa os “perigosos terroristas” do “(r)SSS”, lembram?
Na nova narrativa plantada, Toffoli mostra que – malgrado o esgarçamento – as “instituições continuam funcionando normalmente”, com os Poderes civis plenamente capazes de fazer mediações e evitar “a ruptura”.
Qual ruptura, cara pálida?
Toffoli vende na Veja um poder de agência que STF e Parlamento simplesmente não têm!
Na realidade, a mensagem subjacente da plantação da vez é o oposto da que vai no título:
– Seu objetivo é ameaçar com a latência do tal “golpe militar”.
Que já veio!
(sem dizer o próprio nome)
“Tanque nas ruas”…
“Sangue na calçada”…
“Expurgo da esquerda”…
“Prisões e exílio em massa”…
Piero Leirner e eu vimos insistindo no Duplo Expresso que o atual golpe militar não é como os do século XX, de sustentabilidade questionável no atual momento histórico. É no modelo “democradura”. Controlada pelas sombras por um “deep state à brasileira” (Generais do GSI), montado na arapongagem mirando toda a população (e principalmente (supostas) “autoridades”). Sua face ostensiva, em vez de tanques nas ruas e Atos Institucionais com “cassações em massa”, é o Judiciário, com Lei de Segurança Nacional (Figueiredo), Lei da Ficha Limpa (PT), Lei de Organizações Criminosas combinada com nova redação do artigo 282 do Código de Processo Penal (PT), Lei Anti-Terrorismo (PT) e, finalmente, os projetos de lei No. 2418/2019 (Câmara) – o “Patriot Act” Tabajara (que legaliza a arapongagem dos Generais) e No. 2403/2019 (Câmara), que aumenta o tempo mínimo de cumprimento de pena para a progressão de regime (para 3/4) e aumenta o tempo máximo de prisão no Brasil de 30 para 50 anos!
Ambos os projetos de lei são de autoria do Deputado José Medeiros, vice líder do governo na Câmara e o mais próximo de Sérgio Moro na Casa.
Com isso tudo na mão, quem precisa de tanque?
Ainda mais quando esses tanques são, em realidade, “de papel”!
A ameaça de “intervenção militar” (clássica), do “artigo 142”, nesta quadra histórica, tem o mesmo papel da bomba nuclear: dissuasão. É pra ser temida. Nunca usada.
Até porque, num falso paradoxo, mataria perna fundamental do modelo: o discurso de que “as instituições funcionam normalmente” das “democraduras”.
E é exatamente essa a principal função dessa entrevista de Toffoli. Alimentar o falso paradoxo plantando que:
(1) “as instituições funcionam normalmente” (com STF e Parlamento empoderados inclusive); mas
(2) “à beira do abismo, com a intervenção militar ali na esquina”.
Como ninguém quer ser responsabilizado publicamente pelo “golpe militar” (o de “tanques”, de papel), toda a esquerda tende a, “à luz disso”, dizer “deixa o Toffoli e o Maia trabalharem”. “Melhor isso, mesmo que com destruição de direitos sociais e do patrimônio do Estado, do que ‘golpe militar'”.
Que já veio!
A defesa que Toffoli faz da Reforma da Previdência e do programa econômico de Paulo Guedes é, aliás, reveladora.
Mais um poder de agenciamento – agora diante da Finança – que simplesmente não tem!
Na outra ponta, chega finalmente a mais que cantada em verso e prosa associação do PT com o PCC. Mais um incentivo para a esquerda parlamentar e partidária seguir dizendo “deixa o Toffoli e o Maia trabalharem”, na esperança de não ver o seu próprio nome surgir num audio “do PCC”.
Abordagem indireta.
Espectro total.
Guerra híbrida.
Nessa entram ainda os idiotas úteis que realmente defendem a “intervenção militar” (diversos vídeos no YouTube, inclusive com militares da reserva). São fundamentais para tornarem os “tanques de papel” críveis.
Assim como Toffoli.
E essa sua “entrevista”.
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PS: é nesse registro que conseguimos encaixar também a farsa da “transferência de Lula para o Presídio de Tremembé”. Notem que Toffoli também planta na Veja a possibilidade de libertação de Lula como “estopim pro golpe militar”. Daí a manobra de colocar o bode na sala: a transferência para um presídio comum. E lograr colocar toda a esquerda comemorando (1) a prisão de Lula (na PF em Curitiba); e (2) o “poder de agência” (sic) do STF diante da Lava Jato.
Fonte na Juristocracia de SP garante: nunca houve a menor intenção de tranferir Lula. Não houve nenhuma iniciativa administrativa preparatória, o que, mais que de praxe, é regra. Até mesmo para articular o esquema de segurança para o traslado. Caricato: sequer o diretor do presídio paulista recebeu um telefonema que fosse. Soube da “transferência” pela… imprensa! Rá!
Pergunta:
– É coincidência que comecemos a semana com um bode na sala plantado por Toffoli (Militares)/ Lava Jato/ imprensa (“Lula em Tremembé”) e terminemos com mais um, também plantado por Toffoli/ Militares/ Imprensa (“golpe militar latente”)?
Dever de casa: observar o grau de sucesso de ambas as operações em pinça em cada uma das bolhas a que se dirigiam. De novo: operação psicológica de espectro total; abordagem indireta; guerra híbrida.
Parabéns ao General Heleno, o nosso “vovô voyeur”!
Já já você consegue legalizar a sua tara de ver tudo mundo peladão na webcam com o PL 2418!
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PPS: comentário de Piero Leirner:
“Toffoli, de novo, se prestando ao papel de papagaio de pirata. Tá mais repetitivo que desenho da patrulha canina.
 
A primeira coisa que a gente pode pensar sobre essa entrevista dele à Veja, dizendo que articulou com “todo mundo” um pacto pela governabilidade e pela manutenção de Bolsonaro; e que tem general sondando a “ameaça” de usar o artigo 142 (em suma: intervenção militar), é: a quem interessa ele “revelar” essa “bomba” (bem entre aspas mesmo)?
 
Vamos ao mito do eterno retorno. Alguém aí se lembra de quando ele autorizou – com Moraes, se não me engano – a busca e apreensão na casa do General Paulo Chagas? A que serviu isso? Na manhã seguinte, era um monte de militar falando em usar o famoso “cabo, soldado e jipe” para fechar o STF. E vamos lembrar: desde 2018 tem General plantado lá no STF, fazendo o papel de “passarinho que assopra no ouvido do Ministro”. Nunca, jamais, acreditem que Toffoli mandou a polícia “revirar” (hahahahaha) a casa de Chagas sem que antes o tal General tivesse no mínimo dito: – “Tudo bem, por nós”. Eu, na minha humilde opinião, achei que a ideia foi dele mesmo. Toffoli tem dado indícios e mais indícios de que sofre da síndrome de Estocolmo nas mãos deles. E tudo, mas tudo isso tem a ver de fato com sequestro.
 
Agora chegamos a essa situação, que tem vários “convenientes”:
 
Toffoli retira o protagonismo do Governo das mãos de Bolsonaro, recaindo sobre o STF + Congresso, e como resultado:
 
1) Bolsonaro acentua a narrativa de que não estão deixando ele governar;
 
2) Bosonaro acirra os ânimos de sua base, sedenta por fechar o Congresso e STF;
 
3) A Esquerda, que a essas alturas deveria saber que é a grande vítima do golpe, guerra, etc., sai em defesa das Instituições que, afinal, “estão funcionando normalmente”;
 
4) Bolsonaro e o Consórcio golpista sequestram a pauta de que as instituições estão corrompidas. Tendo o controle dessa narrativa, mantém as próprias emparedadas. vamos lembrar que até agora, todas as ameaças que ele mesmo produziu (p. ex., “as eleições estão fraudadas”) serviram para seu próprio benefício (p.ex., ele próprio ganhou a eleição, que, como sabemos mesmo, foi uma fraude);
 
5) Os militares como sempre ficam a meio-termo, usam Bolsonaro de para-raios e ninguém percebe que no fundo são eles mesmos que estão produzindo essa situação;
 
6) Como a economia não anda e a reforma da previdência cada dia mais se revela para quem acreditou nela como outro engodo, agora, sabendo que o País está governado pelos outros poderes, livra-se Bolsonaro, e, principalmente, os militares, desse ônus;
 
7) Acentua-se a narrativa de que os militares estão prontos para qualquer coisa, mas são os paladinos do garantismo;
 
? Se alguém se lembrar de mais alguma, por favor me diga rsrsrs.
 
Finalmente, como bem acaba de me dizer o Romulus Maya, “O 142 é como a bomba nuclear. Não é pra ser usado. É pra pairar perpetuamente como ameaça. (…) O fato do Toffoli plantar essa “ameaça” de “general lotado no Planalto” é muita bandeira… Daí segue todo o pessoal com medo de um tigre de papel. “Melhor isso que tá aí do que o 142″. Dureza.”
 
Palavras-Chave: caos controlado; abordagem indireta; espectro total; aproximações sucessivas; dissonância cognitiva; viés de confirmação.”
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PPPS: comentário do jurista Fernando Nogueira:
“Agora o próprio Toffoli arrancou as ilusões da esquerda aguada que ainda acreditava nas instituições: um magistrado (que deve atuar só quando provocado) sai costurando acordos POLÍTICOS por aí pra 1) não soltar Lula (como dizíamos desde sempre Lula não sai sem convulsão nas ruas); 2) aprovar a Reforma da Previdência (a qual certamente não poderá ser questionada no STF) e 3) supostamente manter os milicos nos quartéis, sem acionamento do 142. O golpe militar já foi dado, é certo, mas mais do que nunca nosso papel é DEMOLIR a legitimidade das instituições: STF, Congresso, Presidência E MILITARES. Temos que consolidar a narrativa do fim da Nova República e de que ordens e diretivas dessas instituições não guardam nenhuma legitimidade ou coercibilidade a não ser a ameaça da força bruta – algo que qualquer bandido pode apresentar. Só assim pra começar a agitar pra valer o povo contra os golpistas.”
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Resumo da “entrevista”-plantação:
“Toffoli articulou acordo para evitar impeachment de Bolsonaro
Em entrevista à Veja, presidente do STF revelou que agiu para costurar um acordo entre Congresso e governo para evitar queda do presidente
REDAÇÃO OPERA MUNDI
São Paulo (Brasil)
9 de ago de 2019 às 17:41
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, afirmou que o Brasil esteve à beira de uma crise institucional entre os meses de abril e maio e disse que atuou para tentar acalmar a situação articulando um grande acordo nacional junto com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para frear o processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro e adiar a sessão em que a Corte julgaria a legalidade das prisões em segunda instância, o que poderia resultar na libertação do ex-presidente Lula.
 
Em entrevista à revista Veja, divulgada nesta sexta-feira (09/08), o presidente do STF conta que logo nos primeiros meses do governo foi costurou o acordo entre os poderes para evitar a convulsão social e o impedimento de Bolsonaro em razão da insatisfação de militares, da classe política e de empresários, incomodados com a desastrosa condução do país pelo mandatário.
 
Um dos generais próximos ao chefe do Planalto consultou um ministro do STF para saber se estaria correta a sua interpretação da Constituição segundo a qual o Exército, em caso de necessidade, poderia usar tropas para garantir “a lei e a ordem”.
 
Segundo a reportagem, o “ponto de ebulição” da crise tinha data para acontecer: 10 de abril, quando Lula poderia ser libertado por uma decisão do STF sobre a ilegalidade da prisão em segunda instância.
 
Em entrevista à Veja, presidente do STF revelou que agiu para costurar um acordo entre Congresso e governo para evitar queda do presidente
Após mais de trinta reuniões entre os chefes do Judiciário e do Legislativo, um grande pacto foi fechado. No Congresso, o projeto do parlamentarismo e a CPI da Lava-Toga foram arquivados e a reforma da Previdência destravada. No Planalto, o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), foi calado, e Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo.
 
No Supremo, Dias Toffoli instaurou inquérito para apurar ameaças contra os ministros, adiou o julgamento que poderia soltar Lula e paralisou as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
 
“Estávamos em uma situação de muita pressão, com uma insatisfação generalizada. Mas o pacto funcionou. A reforma da Previdência foi aprovada, as instituições estão firmes. Agora o grande desafio é o país voltar a crescer. O Supremo estará atento para que julgamentos não impeçam ou atrapalhem o projeto de desenvolvimento econômico, que é tão necessário”, disse Toffoli na entrevista à Veja.”

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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