Novos Alvos da Banca: Militares, Magistrados e Promotores

Por Pedro Augusto Pinho*, para o Duplo Expresso

Vivemos a guerra híbrida do sistema financeiro internacional contra a humanidade. Os argumentos são envolvidos nas mais atraentes embalagens e se apresentam sempre a favor da banca, como abrevio este sistema demolidor.
Pelas redes sociais foi divulgada a seguinte tabela de valores médios de aposentadorias, onde logo encontramos inconsistências, incoerências, além da anônima autoria. É o fake da banca em ação. Com que propósito?
Eis a Tabela:
INSS: R$ 1.240,00
Por Tempo de Contribuição: R$ 1.944,67
Executivo: R$ 7.583,00
Militares: R$ 9.597,00
Ministério Público: R$ 18.053,00
Judiciário: R$ 26.302,00
Legislativo: R$ 28.547,00
O que esconde este esforço para o desmanche da Previdência Pública no Brasil?

Esopo, na conhecida fábula de “O Lobo e O Cordeiro”, onde todos argumentos lógicos, irrefutáveis, desmentem o lobo, trás a seguinte moral: o tirano sempre encontrará pretexto para sua tirania.
Enganam-se os que imaginam que por estarem, hoje, no governo, ficarão isentos da voracidade da banca. O discurso, a narrativa da banca busca no fundo das emoções, na ausência da racionalidade e na deturpação dos fatos o apoio que prejudicará os próprios apoiadores.
Começa com as fatias mais fáceis, menos perceptíveis da voracidade e, por fim, devoram todo cordeiro.
Rememore, o caro leitor, as campanhas da banca nos anos 1990 contra o Estado: um elefante na loja de louça.

Primeiro, os agentes da banca controlam os orçamentos. Tiram a capacidade de ação do Estado. Não lhe permite contratar médicos, odontólogos, enfermeiros e a prestação da saúde fica precária; não permite contratar professores, profissionais das diversas áreas, fiscais e, ao fim, o tumulto, as irregularidades começam a surgir no Estado. Jamais se atribui à corrupção, própria da banca em todo mundo, que obtém isenção tributária sobre seus lucros, vantagens fiscais para importar ou exportar e, ao fim, o perdão bilionários das dívidas, deixando o Estado sem recursos.
E sem recursos, o Estado cai na Segunda armadilha da banca: a dívida. Foi assim que toda construção importantíssima, fundamental para um Estado Soberano, do Governo Geisel foi destruída nos governos seguintes.
E a maior ou das maiores revoluções sociais do Brasil contemporâneo, a previdência rural, aprovada nos Governos Médici e Geisel – Lei Complementar nº 11 de 1971, Decretos nº 71.498, de 1972, e nº 75.208, de 1975 – está por ser destruída nesta contrarreforma encaminhada ao Congresso Nacional.
Não são dezenas, mas centenas, talvez milhares de municípios brasileiros que tem na previdência pública, majoritariamente oriunda da previdência rural, a renda que movimenta a vida municipal.
Depois virá a Terceira parte, como já demonstra a tabela que coloquei no início deste artigo. Avançará pelas aposentadorias e pensões dos militares, dos magistrados e membros do Ministério Público.
Uma intensa propaganda precederá o encaminhamento desta “reforma”, “indispensável para o Brasil crescer”(sic). E terá apoio, até por vingança, de todos que já foram tungados pelos parlamentares, pelos membros do governo que constarão das próximas listas.

Há quase duas décadas acompanho a banca. Nos primeiros escritos relacionava os que seriam os “donos do mundo”, feliz expressão de meu mestre e amigo, economista Marcos Coimbra. Eram nomes de famílias que enriqueceram por gerações, ora provenientes das nobrezas europeias ora dos “robber barons” (os barões ladrões) estadunidenses. Vejamos, como exemplo, o nome Rockefeller, criador da poderosa Standard Oil, cujos descendentes influenciaram políticas nos Estados Unidos da América (EUA) e internacionais. Onde estão os Rockefeller?
Como todos já sabem, a banca tem dois objetivos: primeiro, apropriar-se de todas as rendas, qualquer que seja a origem, e segundo, promover a permanente concentração de renda.
Dentro deste segundo objetivo, que é, ao fim, autofágico, a banca constituiu as empresas de investimentos. Assim, ao tempo que dava invisibilidade e eventualmente a morte financeira para alguns membros, possibilitava que o Zé Ninguém – nós, caro leitor, e nossos amigos – que somos incapazes de aplicar um bilhão de dólares, pudéssemos, iludidos por falsas razões, contribuir para o enriquecimento dos trilionários da banca.
Quantos de vocês ou seus conhecidos já perderam dinheiro “na bolsa” ou num fundo de investimentos? Vocês foram enganados para colocar seu dinheiro nas mãos de intermediários da banca, cuja remuneração depende de quão hábeis foram em lhes colocar o arco-íris diante dos olhos. Eventuais ganhos são a “sorte de principiante”, só o continuado estudo e o acompanhamento dos fluxos financeiros e dos interesses da banca podem lhes proporcionar algum retorno.
Muitas pessoas sensatas, sem qualquer filiação política ou identificação ideológica, começam a questionar este tipo de democracia que só se volta contra o povo. O que está acontecendo? Por que os eleitos com um discurso, o mudam na prática legislativa ou na ação executiva?
Um caso atualíssimo, que não está nas redes midiáticas, na grande imprensa, nas televisões, nem mesmo em sites virtuais, com a frequência que sua importância exigiria, é o movimento dos coletes amarelos, que começou na França, se espalha pela Europa, chegando ao Haiti e países francófonos.
Tendo início há quatro meses, vem crescendo em manifestantes e apoio, como nos informa Patrícia Vauquier, comentarista do Duplo Expresso, malgrado toda repressão selvagem que o Governo Macron lhes impinge. Agora Macron, um ex-empregado do Banco Rothschild, colocado por ardil político no Governo francês, está buscando rotular nos coletes amarelos a pecha antissemita. Para os que não sabem, há na França rigorosa lei contra discriminação racial.
É mais uma das tentativas de dividir ou extinguir os “gilets jaunes”.
Por que esta fúria da banca? Porque os coletes amarelos, que começaram questionando impostos, já estão fazendo as pessoas entenderem que as comunicações de massa não informam, mas doutrinam, escamoteiam a verdade dos fatos, são compradas ou contratadas para reforçar preconceitos, incutir sentimentos opostos à solidariedade e à paz social.
Também, à Sergio Moro, Macron impõe a prisão administrativa. Não para reduzir a violência urbana ou a corrupção que também campeia na França, mas para tolher, ameaçar as lideranças dos coletes amarelos, que já tem quatro membros de destaque presos.
Possivelmente o prezado leitor estará se perguntando: teria o Pedro levantado voo? Estaria delirando? Não, meu caro. Tudo está ligado à ideológica banca e seu projeto de domínio mundial, que até parece obra de ficção científica. Uma distopia como em “1984”, romance de George Orwell. Inclusive com a redução para 10 a 15% da atual população mundial. É um projeto global (globalização financeira), sistêmico, que ataca a industrialização e todas receitas diferentes dos juros.

Os franceses, neste momento, honrando uma tradição multissecular da Nação, não estão lutando apenas contra a elite escravagista nacional, mas contra a elite que pretende escravizar toda reduzida população sobrevivente.
Aqui, o que vemos, é mais uma investida contra o fragílimo Estado Brasileiro que sucessivos governantes, da banca ou sem que se lhe impedisse atuações, nos conduziram desde 1985. Diante desta proposta de “reforma” da previdência, que nos levará à primeira república, sou obrigado a concordar que não havia diferença entre Bolsonaro e Haddad, além do estilo: ambos agiriam de acordo com a banca.
São privatizações, alienação do território nacional, ausência de auditoria para desmascarar a dívida que alimenta a banca, e outras ações contra os Objetivos Nacionais Permanentes do Brasil. Neste caso da privatização, da financeirização da previdência: a paz social.
O Monitor Mercantil de terça-feira, 19/02/2019, na matéria que entrevista Luis Ricardo Martins, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas da Previdência Complementar (Previdência fechada rende 12,13% e já representa 13,4% do PIB) nos informa que “cerca de 144 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) apresentaram superávit, o maior número desde 2012, e 78 registraram déficit”. O que fará o caro leitor se estiver contribuindo para uma das deficitárias?

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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