DSP – A opção de voltar ao poder pela via democrática

Da Redação do Duplo Expresso

O Dr. Abel Paulo Gamba é Professor de Direito Internacional da Universidade Lusíada de Angola e Trabalha na Administração Pública também em Angola. Comenta política internacional aqui no Duplo Expresso. 

Neste texto (e vídeo), Paulo Gamba resgata a história recente da Guiné-Bissau e apresenta o atual líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, como um dos mais preparados políticos do continente africano.

Importante análise para que possamos conhecer melhor a política dos países africanos de língua portuguesa.

Por Paulo Gamba, para o Duplo Expresso

Quando quiseres falar da política moderna na Guiné Bissau, há um nome incontornável: Domingos Simões Pereira. Um politico jovem e bastante popular que já ocupou cargos de topo naquele país, tal como primeiro-ministro, e actualmente é o presidente do partido que já foi liderado pela “lenda” Amilcar Cabral que neste dia 20 é lembrado pelos 45 anos da sua morte por assassinato.

Se na primeira geração do PAIGC tivemos Amilcar Cabral que foi quem liderou os Movimentos de Libertação Nacional em Cabo Verde e Guiné, sem esquecer que foi inspiração para movimentos como MPLA (Angola), FRELIMO (Moçambique), SWAPO (Namíbia), CHAMA-CHA MAPINDUZI (Tanzânia) ou a ZANU PF (Zimbabwe), hoje temos à frente deste partido histórico da Guiné-Bissau um homem que foi o secretário geral da CPLP, formado em engenharia civil, economia e ciências políticas.

Domingos Simões Pereira, carinhosamente chamado de DSP, tinha tudo para apostar na sua vida profissional numa multinacional da Europa, pois ofertas não lhe faltaram, mas o seu amor a pátria Guiné Bissau foi maior e resolveu voltar. A história  em volta de DSP dão alguma legitimidade para que este se pudesse, se tornaria um vingativo, sendo que seu pai era agricultor, tinha a sua propriedade quando  foi forçado a abandonar a sua propriedade, devido ao início da guerra de libertação nacional. Fugiu para Cacheu onde, apesar do clima hostil sabia o que o futuro lhe aguardava, e entrou para a escola, sendo que no ambiente escolar integrou um dos primeiros grupos de pioneiros na escola Kwame Nkrumah.

O ponto de partida do “menino prodígio” começa quando em 1982 beneficia de uma bolsa de formação para a antiga União Soviética e, lá, integra a associação dos estudantes da Guiné-Bissau em Odessa. Mais tarde ganha outra bolsa para cursar mestrado e até 1994 permanece nos Estados Unidos, na Universidade Publica de Fresno, onde conclui o programa de Mestrado em Ciências Técnicas da Engenharia Civil na especialidade de estruturas. Depois de regressar ao país DSP é chamado ao governo e assume as funções de Ministro das Obras Públicas entre 2004 e 2005. Teve a sua grande aparição pública quando aceita o desafio de organizar a 6° Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP. Concluída essa missão, aceita então o convite dos bispos da Igreja Católica de Guiné-Bissau à dirigir a Caritas da Guiné-Bissau na qualidade de secretário-geral.

As cartas políticas cresceram  e no congresso de Gabu é eleito membro da comissão permanente do Bureau Político do PAIGC e, mais tarde eleito Secretário executivo da CPLP. Durante os quatro anos de mandato, DSP apostou na afirmação da organização no plano internacional e junto da sociedade civil; desenvolveu acções concretas de parceria e cooperação nos mais variados domínios; não descuidou da importância do português e da cultura que une e diversifica a identidade dos povos da CPLP, por ter exercido com brilho e profissionalismo está organização,  aos 18 de Setembro de 2012, agraciou-lhe com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

É notório o percurso deste homem e a capacidade de fazer política que corre nas suas veias, faz dele o principal candidato às próximas eleições (10 de Março) no seu país. O seu partido é o mais popular, é a “força que vem do povo”, um povo que sofre, um povo desesperado que qualquer político desonesto poderia usar este “passivo” para instabilidade do país, mas não é este o compromisso de DSP, ele tem compromisso com a democracia, com a paz e com o progresso, ao contrário dos seus adversários políticos que não se observa neles nenhum discurso técnico, apenas sabem falar mal de quem vai na frente.

O povo é uma palma e DSP é outra palma, logo as duas batam as palmas rumo a construção do estado democrático e de direito.

un son mon ka ta toka palmu” – Uma só mão nunca bate palma (provérbio popular da Guiné)

Assista ao vídeo:

 

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