Isso é a Política (com “p” maiúsculo), Estúpido!

– O que o reencontro de Dilma com o povo às portas do Palácio nos ensina sobre a(s) política(s)

O que é isso? Que vídeo é esse, linkado neste post? Flagrante da chegada de uma Rock star em turnê ao Brasil?

– Não: é uma mulher que não ficou amarrada ao recato e saiu do lar para ver e ouvir o povo na rua.

– Como disse num post de hoje: Cunha/Temer, com aquela farsa abjeta de domingo, contrastada com a inegável dignidade de Dilma, conseguiram angariar-lhe apoio e solidariedade e se queimar (mais) ao mesmo tempo.

– Agora mais do que nunca estão com pavor de urnas.

– Ambos deveriam aprender com a História o que acontece quando se escorraça, trai, humilha e vilipendia um@ líder.


Esquece-se a má avaliação da véspera num átimo quando as pessoas reconhecem a dignidade d@ líder e seu compromisso com o país, independentemente dos muitos erros que possa ter cometido.


- O contraste com a vileza da alternativa engrandece-lhe.


- Graças a Deus não foi necessária uma bala no peito, nem um exílio.


- Apenas a sua cara limpa e sua postura humilde mas altiva, extravasando dignidade, naquela entrevista coletiva na segunda-feira pós-golpe.


- Ah, como eu queria ver pesquisas de opinião sobre a chapa Temer/Cunha!


- President@ Dilma: vá até o fim. Em nome desse povo aí.

– Você – e eles também – sabem bem o quanto (não) pesam nas considerações e na tomada de decisões pela chapa Cunha/Temer.

E que fenômeno é esse? De das cinzas brotar uma fênix?

– Ora, é a política, estúpido! O cacife dos atores políticos é dinâmico.

– Muda com a conjuntura.

– Certamente a grande Política, não se resume a conversas abafadas pela mão em telefones celulares, tratativas em gabinetes fechados e compra de apoio nos corredores do Congresso.

– Essa é a política em que o PMDB é mestre, não lhe neguemos isso.

– Mas um partido que não vê a urna majoritária desde 1994 – mais de 20 anos! – esqueceu-se das ondas que surgem na opinião pública também como cacife.

– É lógico: prescindem do povo há 20 anos. Na realidade muito mais, já que mesmo antes disso nunca venceram uma eleição majoritária nacional.

– Só chegaram ao poder na ausência dos titulares.

– Pelo longo divórcio com o povo explica-se por que, concentrados na ‘p’olítica, esqueceram d’A ‘P’olítica.

– Se não a tivessem esquecido, certamente não teriam judiado publicamente de uma figura sobre quem não pesa uma reprovação moral sequer.

– O resultado está aí.

– Como bem observou Ciro D’Araújo num dos posts de hoje: como Eduardo Cunha deve estar arrependido de ter “manobrado” o Regimento da Câmara – e manobrado o STF também, ora! – para forçar aquela votação por chamada nominal.

– O espetáculo abjeto era a faísca que faltava para incendiar a fênix.

Mas e agora? Será isso suficiente para frear o golpe?

– Talvez sim, talvez não.

– Mas certamente aumenta o valor político-social e histórico de eventual auto-sacrifício de Dilma.

– Com certeza a luz que a sua asa incandescente emite há de expor as carnes podres em cada uma das Instituições da “República”.

– Sim, porque não só ilumina o que estava no escuro como também queima o véu de falsas aparências e formalismos que escondia essas carnes.

Sentia-se o cheiro pútrido do todo, mas não se identificava exatamente de onde saía.

– Agora não mais.

– Não só o Brasil como também o mundo todo está atento e tomando ciência das áreas gangrenadas.

– Todos esperam para ver se serão decepadas ou deixadas de lado, levando o corpo a que estão coladas a uma morte lenta.

Repito:

– Se todo esse espetáculo trágico há de servir para alguma coisa, que seja para que o “Novo” tome consciência de que o rei “Velho” está nu.

– Esse será o triunfo de quem vai rir por último.

Nota: quem quiser ler mais sobre a ‘p’olítica e a ‘P’olítica, leia o post “Parábola multi-sincrética de duas tribos em guerra. Garanto a vocês que o “índio” Jararaca-sentada existe e realmente sabe do que fala. Há inclusive outras testemunhas de seus ensinamentos neste blog.

Nota (2): dedico este post à leitora Maria dos Montes, que ontem tocou a mim e aos outros com a sua mensagem (veja em: “Recados (2): de Maria Montes para ‘Romulus‘”)

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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