Mãos Limpas: Itália ruma para o cemitério. E o Brasil da Lava a Jato?, por Romulus
Itália ruma para o cemitério. E o Brasil?
Por Romulus
No post “Xadrez de um Supremo que se apequenou – II”, comentando um livro italiano sobre a escalada do neofascismo na Itália pós “Mãos Limpas”, Nassif transcreve:
“E ainda os cortes na despesa pública relativamente à saúde e educação, a agressão aos sindicatos, precarização do trabalho e, portanto, das condições de vida de milhões de pessoas. Enfim, o projeto de desconstituição, manifestou-se nas propostas de lei destinadas a reduzir a liberdade de imprensa em matéria de interceptações e de direito de greve”.
E, depois da transcrição do livro, Nassif se pergunta:
Alguma semelhança com o Supremo e com o Brasil de Temer?
– Toda, Nassif!
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O trágico, para a maioria da população, é que, contrariamente ao que quer fazer crer o lobby da finança e do 1%, o resultado econômico e social dessa liberalização selvagem e desse arrocho é desastroso.
Resultado 1
Crescimento econômico pífio – isso quando há crescimento. Sempre na rabeira da Zona do Euro.
Pouco antes da crise financeira de 2008, a Espanha, em feito histórico, estava em vias de passar o PIB da Itália!
Resultado 2
Jovens: ou desempregados ou em “CDD” – contrato de duração determinada (temporários).
Pulam de um para outro, sem nenhuma garantia trabalhista, estabilidade ou perspectiva de crescimento profissional.
Resultado 3
Como ter filhos assim?
Dias atrás via na TV francesa reportagem sobre a explosão de protestos de jovens italianos a esse respeito.
A despeito se sua vontade de serem pais e de constituírem família, apontavam para a precariedade de sua situação laboral como o impeditivo para terem filhos.
Uma das entrevistadas se exasperava:
– Pensar em filho como, se o meu contrato de trabalho dura menos que uma gravidez?!
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E o que lhes restava então?
O êxodo migratório, que os empurra há anos para áreas da União Europeia com melhores perspectivas, no Norte.
[Nota: inclusive, aqui na Suíça, isso resultou, entre outros fatores, na aprovação em referendo da suspensão do acordo de livre trânsito de mão de obra com a UE.
Os Cantões que deram a maior votação a essa iniciativa do SVP (sigla em alemão), o partido populista de extrema direita, foram os dois italianos (acima de 90%!), diante do afluxo de jovens “primos” ao sul da fronteira alpina em busca de empregos]
A Itália se torna, pouco a pouco, um país fantasma.
Hoje está ainda no estágio de país-asilo geriátrico:
– Muitos velhos, agraciados com a idade avançada que lhes proporciona o estilo de vida mediterrâneo;
– Cada vez menos nascidos; e
– Desaparecimento dos jovens em idade produtiva, que vão tentar fazer suas vidas em outras sociedades.
Pois é…
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Linha do tempo
Depois da fundação de Roma na Idade Antiga, do Renascimento nos séculos XV e XVI e do Ressurgimento no XIX, eis que chega o estágio “país asilo geriátrico”.
Antessala para o último:
– “País cemitério”!
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Reportagem a esse respeito, da época dos protestos:
“Suicídio demográfico”: taxa de natalidade desaba há 20 anos.
“20 anos”??
Que “coincidência”!
Justamente a idade da Operação “Mãos Limpas”!
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Contrassenso: como buscar crescimento econômico com uma população que não para de envelhecer?
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Salve-se quem puder
Na Europa ainda resta aos jovens, ao menos, a opção de migrar para o Norte.
E no Brasil?
Será possível para 200 milhões fazer como no Amapá e migrar também para a “Europa”, cruzando o rio que separa o Estado da Guiana ~Francesa~?!
Aviso a quem se animar:
Há uma ponte cruzando o rio que separa os dois países.
Foi construída, como não poderia deixar de ser, por iniciativa de Lula, com o seu olhar voltado também para o Sul e para os vizinhos.
(FHC combinara com Jacques Chirac uma ponte, mas evidentemente não colocou nem mesmo a pedra fundamental. rs)
Contudo, o afluxo de amapaenses em busca do salário mínimo de EUR 1.150,00 da França já resultou num aumento considerável no patrulhamento da fronteira.
[Fronteira essa – saibam vocês para o próximo quiz de que participarem – que é a maior fronteira terrestre da França.
Sempre tem essa pergunta em quiz por aqui…]
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Brasil rumo ao cemitério?
O pior é que, dada a demofobia da nossa elite, tenho certeza de que veem o colapso na natalidade e o êxodo de jovens como uma externalidade (ultra) positiva da política de arrocho.
– “Querido” 1%, saiba que não é bem assim, não…
Os pobres sempre foram pressionados por dificuldades econômicas e mesmo assim constituíram suas famílias.
O custo de criação do indivíduo (mais) elevado, com escola particular, plano de saúde, curso de inglês, etc., é em outro lugar da sociedade:
– Quem vai sumir demograficamente é, grosso modo, a classe média tradicional! E os brancos!
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Não deixa de ser uma vingancinha mais que merecida da Senzala, não é mesmo?
E aí, quem sabe quando os números chegarem a 9 para 1, não haverá a nossa “Revolução Haitiana” (tardia)?
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Atualização (19:30):
A fala da jovem italiana que queria mas não podia ter filhos por causa da precariedade laboral me foi lembrada pela Prsicila:
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Atualização 3/11/16:
O testemunho de quem está lá em Milão, vendo de pertinho:
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Achou meu estilo “esquisito”? “Caótico”?
– Pois você não está só! Clique na imagem e chore suas mágoas:
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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
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