Obrigado por fazerem o sucesso do blog!!

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Mencionei por alto aí em cima – no tamanho de um tuíte… – o que me fez começar a escrever no “distante” fevereiro de 2016, lá no GGN.
Mas isso está melhor explicado num post de 15 de abril, que reproduzo abaixo:
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Meu pai há dias tem apelado para que eu pare de escrever. Diz que teme que eu nunca mais arranje emprego no Brasil, que eu destrua minha carreira, etc.


Se é assim com um simples advogado que posta em um blog, que nem no Brasil vive, o que não sofrerá um Min. do STF?


Sempre mando meus posts pra ele, em particular. Lá em casa sempre foi um “pega pra capar”: minha mãe brizolista, sindicalizada, empregada de estatal. Meu pai, tucano de primeira hora. Vota no partido desde Covas em 89.


Cresci vendo e ouvindo embates sobre política que não raro chegavam aos gritos e portas batidas. Certamente essa politização precoce em muito influiu – benza, Deus! – na pessoa que sou hoje.


Meu pai, muito envergonhadamente diga-se em seu “favor”, apoia o golpe (na linha “instituições estão funcionando normalmente”… aff…) e inclusive postou foto no Facebook naquela última passeata pró-golpe em Copacabana.


Por isso tenho sempre marcado ele nos meus posts. Temos um diálogo franco, mas ele é incapaz de dizer o mínimo que eu quero ouvir: “é um golpe sim, mas eu o apoio”. Como filho só quero a sua sinceridade, não o convencer.


O constrangimento dele aumentou muito ultimamente, registro. Nos primeiros posts ele sempre retorquia na linha “instituições estão funcionando normalmente”. De uns 15 dias para cá (penso que desde que Moro vazou os áudios Dilma/Lula) não fala mais nada. Eu o marco nas publicações e ele nada responde.


Só manda apelos cada vez mais frequentes pelo whatsapp pedindo que eu pare de escrever, “como preocupação de pai que ama e se preocupa com o futuro de seu filho”. Ele é sincero e sua preocupação me comove.


Mas felizmente estou muito bem aqui na Suíça.


Quantos no Brasil não estarão tão confortáveis para expressar publicamente suas visões? De forma que, gozando do refúgio nos Alpes, não pretendo parar de escrever não.


Hoje me emocionei um pouco.


Conversava com pessoas próximas que temiam como eu me sentiria se no final desse tudo errado, já que estava “tão engajado”. E eu falei: pois é justamente estar engajado agora que me permitirá me sentir menos mal depois, caso o pior ocorra.


Eu fiz a minha parte (mínima que seja) e não me omiti. Emocionei-me fazendo um paralelo (muito inadequado, é verdade, pela dimensão diferente dos sacrifícios pessoais) entre aqueles que se levantaram contra o arbítrio em 70 e nós, que o fazemos hoje em 2016.


Pensava eu com olhos marejados ao responder a esses que se preocupavam comigo:


– Talvez a jovem Dilma Rousseff, tivesse nascido como eu nos anos 80, estivesse hoje louca da vida gritando em um blog ou em tweets e mais tweets.


Ela certamente pagou – e está pagando agora – um preço muito maior do que eu jamais irei pagar. E tem a minha total solidariedade, apesar das críticas que eu eventualmente lhe dirijo.


Apesar do caráter pessoal dessa mensagem, vou eu tomar a iniciativa – agora tão corriqueira – de “vazá-la” eu mesmo no meu blog. Pode fazer o mesmo se quiser.


Creio que muitos que frequentam o seu blog hão de se sentir assim também. E, da mesma forma, devem estar enfrentando questionamentos em casa de quem os ama (e que amam!).


Abraço e vamos em frente.


Não vai ter golpe. No pasarán.

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Voltamos para novembro de 2016


E teve golpe sim…

Os caras passaram…


Como disse acima, ter feito tudo o que podia me faz me sentir sim um pouco menos mal.

Houve até ocasião em que – para desespero de família e amigos – cheguei a passar, sem nem perceber (!), 72h sem comer e sem dormir, como na semana com Dilma no Senado e a votação do impeachment.

Fiquei por 3 dias praticamente na mesma posição e no mesmo lugar. Apenas assistindo a eventos históricos pelo computador e escrevendo sobre os mesmos para os amigos no blog, no twitter, no facebook…

Como disse, sinto-me menos mal por ter feito tudo o que pude, extrapolando o limite físico e a prudência com a saúde.

No entanto, certa tristeza permanece e não passará. Está comigo desde o dia em que caiu a ficha de que – “estrela global” nos longínquos 2008, 2009 e 2010… “bola da vez”… – ao fim e ao cabo o <<meu>> país não ingressara ainda no estágio de democracia madura.

Nem tampouco seria dessa vez que ingressaria no clube dos grandes.

Não…

Tive de aceitar: a minha geração foi derrotada.

Assim como outras foram antes dela.

O sonho ficou adiado.

Esquecido jamais.

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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também. 

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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