Declaração de guerra do 1%: e quando o mercado não precisar mais da economia de mercado?
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Atualizado em 16/1/2017
Declaração de guerra do 1%: e quando o mercado não precisar mais da economia de mercado?
Por Romulus & Núcleo Duro
– A nossa distopia é a utopia deles, e vice-versa.
– O início: do The Guardian – “empresa japonesa substitui trabalhadores do seu escritório por inteligência artificial”.
– A transição (hoje): precarizam-se grandes parcelas populacionais nos países centrais – o grande mercado consumidor do fordismo nos “30 (anos) gloriosos” – mas essa perda é compensada pelo poder de compra das (novas) classes médias no restante do mundo, fruto direto da liberalização globalizante do comércio, mas também do fluxo de capitais.
– Amanhã: com a independência do capital em relação à mão de obra, o discurso da “espiral da prosperidade” do Adam Smith morre. E com ele a justificação ética para a economia de mercado.
– A justificativa política (e legal) – ao menos a alegada – de “incentivar a pesquisa” com direito de propriedade intelectual é justamente o “bem comum”, coletivo, de chegar-se, enquanto sociedade, ao progresso que, sem o incentivo, supostamente não existiria.
– O pós-dinheiro: o ouro já nada representará quando não puder ser cobiçado e não cumprir mais seu papel de segregador. De que adiantaria andar “nas ruas de ouro” dos céus bíblicos?
– Pois amanhã , nem mesmo a ~ cobiça ~ – do “99%” – será mais necessária!
– A luta: a única estratégia política para esse horizonte de tempo é martelar, até convencer o tal do “pobre de direita”, tese neo-newtoniana de que donos do capital “só viram longe porque se apoiaram nos ombros de bilhões durante 10 mil anos” para expropriar os meios quando a “declaração de independência” (e de guerra!) chegar.
– E é para hoje: essa deslegitimação do discurso da apropriação tem de começar bem antes do “juízo final” chegar.
Falei sobre isso recentemente quando um parente esteve aqui visitando nesta semana…
Marxista old school, ele insistia em falar em “mais valia”… leu um livro que argumentava que “nunca houve tamanha extração de mais valia”
Mas mais valia é paradigma do passado!
No presente já é relativo.
No futuro então…
Isso porque o capital vai declarar independência da força de trabalho. É apenas questão de tempo.
Aí ele disse: “ah, mas ninguém vai comprar os produtos porque ninguém vai ganhar salário”.
Ora, mas por que vai precisar vender pra quem ganha(va) salario?
Não se vendia (apenas) para ganhar ~ dinheiro ~ para comprar (outras) coisas?
Pois esse é o ponto: eles terão “as coisas” diretamente. Entre “eles”!
O que está em xeque, para o futuro, é o capitalismo ~ de massa ~ … a necessidade de escala no mercado consumidor.
Vai se tornar prescindível. A riqueza passará a ser calculada de outra maneira. Talvez até prescindindo de medida em ~ dinheiro ~ – (hoje) monopólio do Estado – que era o que facilitava as trocas na (grande) sociedade.
Voltaremos ao escambo – pré-dinheiro?
Agora na modalidade escambo-ostentação ~ pós ~ dinheiro?
Ao largo da (grande) sociedade, do Estado e da sua moeda?
Aliás…
<<Quem precisa de ~ ouro ~? Para quê? Porque é amarelinho e brilha? Por que não conchinhas do mar ou sal (de onde vem “sal-ário”), como no passado?>>
E se eu fizer anéis, brincos e colares mais amarelinhos e mais brilhantes que ouro na minha… impressora 3D?
Indo além do fetiche, o valor do ouro como convenção social de cálculo de riqueza (e meio de troca) estará superado.
Percebem?
Pois aí chegaremos à bifurcação da História, de que falava lá no post de outubro passado:
– Ou o Estado desapropria os meios, que se independetizaram da força de trabalho, ou viveremos na distopia – para o 99% – do filme “Elysium”.
Meu argumento para a desapropriação da “criação intelectual dos indivíduos ~ meritocráticos ~” é que esses meios, para chegarem onde chegaram, foram uma criação ~ social ~, coletiva:
1) eles não inventaram o ciclo completo da tecnologia sozinhos. Por acaso eles fizeram tudo ~ sozinhos ~ desde a invenção da roda e da pedra polida até a impressora 3D?
Aí é com Newton: se viram longe é porque se apoiaram nos ombros de ~ bilhões ~ de gigantes em 10 mil anos de História!
Não?
2) Reconhece-se (hoje) o direito de propriedade. Mas também a sua função social.
A justificativa para a economia de mercado não era a alocação mais eficiente dos recursos, supostamente gerando a espiral de prosperidade que levava ~ todo mundo ~ para cima – independentemente de uns poucos irem muito mais pra cima do que todos os outros?
Com a independência do capital em relação à mão de obra, o discurso da “espiral da prosperidade” do Adam Smith morre.
E com ele a justificação ética para a economia de mercado.
Não? (2)
Reações, meus caros?
*
“Núcleo Duro”:
Renato – Reações? Ué, concordo… Ou, pelo menos, me parece muito possível, muito verossímil. Também acho que no futuro do Capitalismo (que significa, basicamente, riqueza concentrada), existe um troço assim… Parece spockianamente lógico: a economia de mercado servia para extrair mais valia, e pra arrancar o que sobrou vendendo pros mesmos imbecis. Se robôs produzirem tudo, se não for necessário o trabalho (ou o consumo) da ralé, pra que serve gente pobre? Pra nada.
<<A nossa distopia é a utopia deles, e vice-versa>>
Zeca – Vivemos isso no microcosmo dos condomínios fechados, onde se colocam todas as necessidades primárias para um grupo seleto. No passado, dizíamos q em um futuro (século 21) viveríamos presos intramuros, com bandos de marginais perambulando pelas ruas (e hj vemos algo assim, porém os marginalizados no lugar dos “marginais”)
O ouro já nada representa se não puder ser cobiçado e se não cumprir seu papel de segregador. De que adiantaria andar “nas ruas de ouro” dos céus bíblicos? O amarelo logo causaria enjoos e vazios.
A “mistura” é o coração da desigualdade e na desigualdade se alimentam os egos do individualista. No fundo, ele precisa explorar, ainda q não mais necessite disto. Como na visão das hordas pelas ruas, penso q essa sociedade sem trabalho acontecerá sim, mas nada muito diferente das relações atuais; o lobo continuará sendo lobo
Romulus:
<<Pois nesse amanhã distópico, nem mesmo a ~ cobiça ~ – do “99%” – será mais necessária!>>
Piero – Bom, só pra lembrar, pro Marx pelo menos o fim do capitalismo estava contado pela tendência decrescente da taxa de lucro, quando o capital fixo (máquina) sistematicamente se sobrepõe ao variável (mão de obra). Bola cantada lá atrás… De todo modo, ele achava que isso ia ser libertador, pois a mão de obra ia se recompor de novo numa relação “totalizante” com a produção – fim da alienação – na medida em que, liberado da prisão que a condição de força de trabalho impunha, o proletariado poderia finalmente vislumbrar a revolução. Mas, enfim, o que vemos: o contrário; a transformação progressiva do proletariado em lumpen-proletariado, e a alienação total da produção, consagrada pela autonomia absoluta do meio circulante do valor gerado pelas horas de trabalho social gastas no mundo. Agora, se é o fim da classe trabalhadora, também é o fim da burguesia: afinal, uma só existe em relação à outra. Se o mundo vai ser habitado pelo lumpesinato, é certo que o extra-mundo vai ser habitado pela lumpen-burguesia: Elisyum, enfim, como diz o nobre Romulus…
Romulus – Ten um comentário meu a um post do Thomas Conti que “tem a ver” com esta discussão:
Piero – na mosca
Romulus – Contribuição do Ciro lá:
Romulus – Outro ponto para reflexão:
Na transição, enquanto não chegamos ainda à completa desnecessidade de um mercado consumidor de massa, a globalização “resolve”.
Precarizam-se grandes parcelas populacionais nos países centrais – o grande mercado consumidor do fordismo nos “30 (anos) gloriosos” – mas essa perda é compensada pelo poder de compra das (novas) classes médias no restante do mundo, fruto direto da liberalização globalizante do comércio, mas também do fluxo de capitais.
Pense num iPhone… no modelo dos “30 gloriosos” teria como mercado uma classe média americana e europeia. Chutando, hoje uns 200 milhões de cada lado do Atlântico.
Hoje, a classe média “global”, com gostos e consumo ~ internacionalizado ~ (chinesinho grita: “mamãe, eu quero um iPhone!!”) é o quê? 1 bilhão de pessoas??
Peguei o iPhone como exemplo de propósito:
Where is the iPhone Made? (Hint: Not Just China)
Romulus – “Conclusion – As you can see, the answer to the question of where the iPhone is made isn’t simple. It can boiled down to China, since that’s where all the components are assembled and the final, working devices come from, but it’s actually a complex, nuanced worldwide effort to manufacture all the parts that go into making an iPhone”.
Notem:
Esse processo não é necessariamente coordenado, numa reunião secreta da “Liga da Injustiça” no pântano:
Na verdade, a dinâmica ocorre mais “espontaneamente”, com ~ cada empresa ~ agindo para reduzir seus custos cortando a mão de obra humana ~ individualmente ~, sem atentar necessariamente para as implicações disso para a dimensão do mercado consumidor caso ~ todas ~ as empresas façam o mesmo.
Lembrando conceitos da economia, essa dinâmica lembra mais a “tragédia do bem comum” e a “beggar thy neighbour policy“:
João Antônio – Para entender o caso do dinheiro é preciso conhecer um pouco da história do papel-dinheiro e de como o papel-dinheiro não é uma criação do Estado, mas dos bancos. E saber como a financeirização da economia surgiu junto a ciência econômica, mas desenvolveu-se mais rapidamente.
No século XIV com as redescobertas dos escritos econômicos de Aristóteles, foi escrito o primeiro tratados de economia do Ocidente pelo monge francês de Oresme. Já neste tratado era condenada a prática dos reis e senhores feudais de manipular a moeda ao retirar quantidade de metais preciosos de cada moeda e trocando por metais menos nobres. A manipulação da moeda era uma corrupção física da moeda. A trapaça permitia o entesouramento de metais pelas autoridades ao roubar igualmente todo mundo em cada transação pela mercadoria padrão de troca.
Os agiotas italianos na Renascença trouxeram de volta a aceitação da cobrança de juros da Antiguidade em oposição as tradições anti-usurárias da Igreja e institucionalizaram em casas de agiotagem. Iniciava a era dos bancos enquanto o Estado moderno ainda patinava em grande parte da Europa e mal iniciavam as grandes explorações comerciais de outros continentes. A manipulação da moeda passava a ser feita com documentos, “os vales”, que eram o papel-moeda emitidos e recolhidos pelos bancos de tempos em tempos e usados no comércio como se ouro fosse, porque havia a garantia de ser trocados pelo próprio ouro. O segredo era de que poucos trocavam o papel novamente por ouro e preferiam usar o próprio papel nos negócios, e isso permitia colocar em circulação muito mais papel que “ouro real” e cobrar juros por “falso ouro”, ganhando “ouro real”.Esse sistema jamais abandonado é conhecido como “reserva fracionada” que faz com que o banco só possua uma pequena fração do dinheiro emprestado.
Junto aos bancos e a pirataria vieram as empresas coloniais capitalistas, com concessões dadas pelas monarquias, e as bolsas de valores. No entanto o padrão-ouro, ou seja a garantia de troca de títulos por ouro, combinada com especulação de títulos em bolsa criava um inconveniente: bancarrotas e crises econômicas, afinal as promessas ou “obrigações” eram sempre maiores que os recursos. E por isso surgiram os novos recursos: a instituição estatal do papel-moeda, a criação do banco central e finalmente o fim do padrão-ouro. A manipulação da moeda é feita pelo que é conhecido como inflação e as políticas econômicas de austeridade garantem que a emissão de moeda não seja feita pelos governos, mas pelos bancos dando a eles o poder de inflacionar o mercado emprestando novo papel-moeda emitido pelos bancos centrais e recolher de volta na forma de juros.
As políticas de empréstimo nos bancos garantem quem irá ou não receber novo-papel moeda para investimentos e em qual quantidade e ficará livre das perdas inflacionárias do resto do povo. Garantem também aos bancos o controle cada vez maior de propriedades reais, com imóveis e fábricas, em troca de “falso-ouro”.
Romulus – ótimo comentário.
Quem “cria” dinheiro é o banco quando se alavanca para emprestar.
E a resposta dos desesperados (enquanto ainda existe democracia e voto universal):
*
João Antônio – Essa tendência decrescente da taxa de lucro da qual fala Marx era o que previa anteriormente David Ricardo.
É uma tendência natural do aumento da quantidade de capital – ou tecnologia no sistema – dado que o capital tenderia a espalhar-se igualmente por todos os negócios (Isso havendo um equilíbrio econômico). O próprio mecanismo de oferta e demanda em um caso de excesso de capital, implica que seja necessário cada vez mais trabalhadores para manter a mesma taxa de lucro, ou rentabilidade.
A questão é que parece que ter taxas tão altas de lucro foi preterido por um ganho proporcional menor mas em escala. Ou o estágio de equilíbrio econômico, onde acontece uma igual distribuição da taxa de lucro, está muito distante.
Romulus – Como “é inevitável” mas ainda faltam algumas décadas (?) para a declaração de independência (e de guerra civil) do capital…
<<vejo como única estratégia política para esse horizonte de tempo martelar, até convencer o tal do “pobre de direita”, a minha tese neo-newtoniana do “só viram longe porque se apoiaram nos ombros de bilhões durante 10 mil anos” para expropriar os meios quando o dia chegar>>
Porque esse lumpem-proletariado de que fala o Piero hoje, é capaz de falar “amém!”
E – principalmente – a classe média, coitadinha, com seus empregos em escritório (desk jobs)… na mira das inteligências artificiais. Se bobear, vai estar aplaudindo na primeira fila!
Tava vendo na TV francesa ainda outro dia que, grosso modo, o funcionalismo ~ público ~ na França está dividido entre direita tradicional (Os Republicanos – ex-UMP) e Marine Le Pen-FN (!!).
Esquerda? Quem??
Algo a ver com a dissonância cognitiva da coxinha-lândia em que se tornou Brasília – dando 70 / 30 pro Aécio em 2014?
[fui checar melhor os números…]
Romulus – Exagerei (mas não tanto…): o resultado em Brasília em 2014 foi 62%/38 pro Aécio.
Peru batendo palma pro Natal. rs
Romulus – Contribuição do Renato e a sua cabeça sintética:
Romulus – Acho que antecipando a grande expropriação final vou eu expropriar isso aqui para título rsrs
Henrique – Lá vou eu com meus comentários:
Esse comentário todo me remeteu ao céu e ao inferno.
Um céu todo branco, igual. Todo mundo tocando harpa.
Monótono e chato.
E um inferno, quente, movimentado, agitadérrimo.
Muito melhor.
Não mudem nada. Deixem como está.
Iremos falar do quê?
João Antônio – A posição do Romulus sobre a propriedade intelectual é praticamente a mesma de Proudhon. Não consigo entretanto encontrar o exato trecho onde ele diz que não se poderia registrar o nascer do sol em seu nome por ser o primeiro a ter visto, assim também não se deveria ser possuidor de uma ideia por ter sido o primeiro a ter pensado.
Romulus – Os direitos de propriedade intelectual têm uma rationale econômica. Institui-se um monopólio, por tempo determinado, para dar incentivos à pesquisa.
Ok…
Mas…
<<a rationale política (e legal) – ao menos a alegada – do “incentivar a pesquisa” é justamente o “bem comum”, coletivo, de chegar-se, enquanto sociedade, ao progresso que, sem o incentivo, supostamente não existiria>>
A partir do momento em que deixa de haver essa rationale política, dane-se a (alegada) rationale econômica.
Romulus – Sobre um “acordão” para que o capital pague um “cala boca”, um “bolsa família” universal para toda a humanidade, tem gente com mais fé do que eu (atualmente) tenho na humanidade:
Romulus – Já eu…
Ciro – A “esperança” é que algumas tarefas não tenham custo-benefício o suficiente para a IA (ou seja, tem que se eliminar todo o custo do trabalho e benefícios do trabalhador). Seria o fim da classe média per se. O robot criada dos jetsons não vai existir, o que vai existir é um robo que faça o trabalho do george jetson…
New artificial-intelligence applications will not confirm scaremongers’ warnings or usher in a dystopian…
PROJECT-SYNDICATE.ORG|BY LUCIANO FLORIDI
“What’s more, many tasks will not be cost-effective for AI applications. For example, Amazon’s Mechanical Turk program claims to give its customers “access to more than 500,000 workers from 190 countries,” and is marketed as a form of “artificial artificial intelligence.” But as the repetition indicates, the human “Turks” are performing brainless tasks, and being paid pennies. These workers are in no position to turn down a job. The risk is that AI will only continue to polarize our societies – between haves and never-will-haves – if we do not manage its effects. It is not hard to imagine a future social hierarchy that places a few patricians above both the machines and a massive new underclass of plebs.”
Romulus – Bem lembrado… os “mechanical turks” da Amazon como futuro laboral pro 99%! :-O
Adorei a observação sobre a “escrava” Rose e o George Jetson também.
Engraçado como no futurismo dos anos 50/60 – em plena era de ouro da classe média, nos “30 gloriosos” – não se podia antever de maneira nenhuma o seu próprio fim!
Maria – Toda a discussão é muito interessante, mas um pouquinho demais viagem de science fiction em economês pro meu gosto, na preguiça da minha tarde de 6a feira de calor perto da praia… Continuem vocês o debate… eu vou tirar uma soneca…
Ciro – Eu bem que queria que fosse ficção científica mas as duas profissões que mais empregam gente no mundo são dirigir e ser caixa de varejo. Duas profissões com tecnologia já disponível que as ameaça.
Renato – Leio ficção científica desde pequenino. Me alfabetizei com uma sopa de letras que incluía a coleção Argonauta, Monteiro Lobato, Karl May e Machado de Assis. Alguns dos meus autores prediletos até descreveram distopias sombrias, baseadas em estados “socialistas”, burocracias, etc. Notadamente os mais “sérios”:1984, Admirável Mundo Novo, as colônias de insetos do Heinlein… Mas a maioria, a turma da pulp science fiction, compreendeu que o capitalismo, levado às últimas consequências, só podia dar em inferno pra 90%, paraíso pra 10%. Tanto em texto como em quadrinhos (europeus, não falo dessa coisa falocentrada da Marvel e DC).
A cultura pop tá prevendo esse fim de mundo há décadas e décadas. 🙂
Maria – É justamente porque já estava lá na science fiction que eu não me animo a discutir…
Romulus – “paraíso pra 10%”, Renato?
Vc ta muito generoso.
Chuto que fica entre o 1% e 2. No máximo 5.
Renato – Cê sabe que eu sou otimista. 🙂
Maria – O science fiction não era pra dizer que não é verdade ou que não seja ameaçador. É só porque eu prefiro trabalhar pra ajudar a derrubar a cultura do ódio e o terror do governo golpista no tempo mais curto possível (nem sei se estarei viva até lá).
Romulus – ok… respeitamos a sua preguiça, Maria.
Mas…
<<a deslegitimação do discurso da apropriação tem de começar bem antes do “juízo final” chegar>>
Para chegarmos até aqui, “eles” ficaram ~ 30 anos ~ martelando Hayek, indivíduo e mérito vs. “estrada para a servidão”, não foi?
Ciro – E isso sem falar na crítica “pertinente” do Hayek especialmente quanto a viabilidade do planejamento central de um processo dinâmico complexo (no sentido matemático) e falta de informação. Aí um experimento tipo a “Nova Matriz Econômica” falha e dá munição ao inimigo.
Ciro – Agora “estrada para a servidão” é engraçado justamente quando o sistema que ele apregoava está levando justamente a esse neo-feudalismo.
Romulus – Né?
Sobre a “Nova Matriz Econômica”, aquela coisa de “quem mais fez mal ao marxismo foram os marxistas” rs
João Antônio – Precisamos separar os autores das “imagens que a direita tem deles”. Até porque essa direita bocó do Brasil não lê realmente nada.
Romulus – a minha querida “elite jeca e pedante, que arrota ~ falsa ~ erudição”
Ciro – João Antônio, Hayek ainda tem o que se aproveite. Já Mises e Rand são textos de revelação religiosa. Adivinhe quais os reaças mais gostam?
Zeca – Pra coroar, extingue-se a profissão de professor e troca-se por sistemas frios q formem robôs homens e robôs maquinas
Sonho de uma noite de verão dos megaempresários da educação:
Maria – Que antes eu não prestava pra muita coisa – e agora pra nada (aposentada!) já sabia. Só não tinha consciência de que era parte de um processo planejado de obsolescência…
*
Repeteco:
<<A nossa distopia é a utopia deles, e vice-versa>>
<<a única estratégia política para esse horizonte de tempo é martelar, até convencer o tal do “pobre de direita”, a tese neo-newtoniana do “só viram longe porque se apoiaram nos ombros de bilhões durante 10 mil anos” para expropriar os meios quando o dia chegar>>
<<a deslegitimação do discurso da apropriação tem de começar bem antes do “juízo final” chegar>>
Vambora??
*
E porque hoje é domingo…
Fechamos com arte – e um bis:
Tito Puentes canta o mambo do 1%: “Señor Burns – el diablo con dinero”!
(o trecho do episódio de “Os Simpsons”)
“Corazón de perro”?
Pois os meus cachorros têm muito mais coração que os “Sr. Burns” da vida por aí…
*
Atualização 16/1 – reações:
– No Facebook
Olho na data, minha gente… tamos pautando a Oxfam aqui em Genebra! (rs)
A “fábrica da Audi no futuro”:
(comentário de Paulo Cesar)
Obs:
várias pessoas estão mencionando o filme “Snowpiercer” nos
comentários.
É, de fato, muito bom. O trailer:
E aqui uma crítica legal do filme:
– Ainda no GGN: “Os marxista pira” na superação da mais valia… – mas o próprio Marx ~ não ~ pirou não… ele a previu, ora!
Vendo interpretações equivocadas e extrapolações desautorizadas pelo texto original, impossível não lembrar do (golpista!) Delfim Netto: “quem mais mal fez ao marxismo foram os marxistas!” (e não a direita).
Ora, a dúvida é apenas quanto à ~ escala ~ da exclusão!
Quanto à ordem de grandeza…
Se menos de “10%”, como no estudo francês, “50%”, como no da McKinsey – de hoje!, ou mais ainda, como nos outros estudos citados na matéria da France24.
A outra “dúvida” (?) é o caminho escolhido quando chegarmos à bifurcação: socialismo ou barbárie.
* * *
Achou meu estilo “esquisito”? “Caótico”?
– Pois você não está só! Clique na imagem e chore as suas mágoas:
Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário!
Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.
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