Teoria da conspiração ou paranoia: pouco importa!



Teoria da conspiração ou paranoia: pouco importa



Um post enciclopédico!
Por Aurelio Júnior (& Romulus)



Consolidado do GGN:



Mesmo antes das “redes sociais”, onde palpiteiros como Janine, Suplicy, Sakamoto, saem falando para seu “público”, insuflando os pamonhas que os acompanham, que sempre creem em suas asneiras, o ser humano tende a crer em teorias da conspiração e multiplica-las de acordo com suas crenças, e a estes pouco ou nada importa qualquer resultado de investigação, basta que o seu “guru” diga ou suspeite de uma suposta realidade, e o mané engole com casca e tudo.



Quando vc. está em uma investigação de acidente/incidente aéreo, relativo a “personalidades”, ou a um grande numero de vitimas, vc. sabe de antemão que as mais variadas asneiras serão cometidas, jornalistas são especialistas em propaga-las, afinal jornal tem que vender, e “likes” hoje dão dinheiro em pageviews, e “especialistas” estão sempre disponíveis ( pagando bem, que mal tem ), afinal é só falar no infinitivo, na possibilidade, que o povo acredita.




Um exemplo de acidente aéreo, com VIP-G, perfeitamente investigado, triplamente (Rússia, Polônia e União Europeia + Estados Unidos ) analisado, com claras conclusões apoiadas por todos os envolvidos, relatórios finais extensamente precisos e aprovados por todas as partes, incluindo gravações da aeronave e torre + satélites, é o do TU-154 do Presidente polonês que em 2010 caiu na aproximação de Smolensk ( Rússia ), mas até hoje, 7 anos depois, a maioria dos poloneses ainda afirmam que foi uma sabotagem russa, de nada adianta explicar tecnicamente, mesmo com as conclusões do NTSB (Estados Unidos), eles não acreditam na investigação.



Mas, as “redes sociais” hoje auxiliam bastante, são uma arma importante (SocMint), pois empoderam as mais variadas e mesmo que absurdas “teorias da conspiração”, fornecem em tempo real, para instituições/agencias de inteligência um universo para a analise de “pulso” da comunidade, e investir/propagar a teoria de conspiração mais concernente ao que o “povo” acredita (percentual x tempo / resposta (negativa ou positiva) um algoritmo), é um excelente parâmetro para saber a “suposta verdade”, a crença, e por definição : esconder a realidade.



Este pessoal que detona nas “redes sociais” ainda não entendeu ou não tem ainda consciência de como eles podem ser usados, aliás nem sabem que estão sendo “robots-socmint”.



*



Subiu tem que descer



Todo acidente aéreo dá comoção nas pessoas comuns, é normal, ainda mais quando pessoas conhecidas estão entre as vítimas, e no caso de pessoas politicamente expostas, as teorias de conspiração, as mais idiotas possíveis imperam, não é de hoje que tais interpretações ocorrem, só que antes das famigeradas “redes sociais”, o alcance do besteirol, da paranoia e das neuroses era infinitamente menor, hoje até humoristas palpitam sobre acidentes aéreos, e agregam seguidores aos milhares.



O que mais causa apreensão não são estas teorias paranoicas exaradas por irresponsáveis, gente que nunca esteve em um cockpit na vida ,comentado sobre o que não conhece ou entende, mas supostos “especialistas” (pilotos inclusive), que se submetem a dar entrevistas a órgãos de comunicação de massa, palpitando e chutando possibilidades enquanto nem mesmo qualquer investigação ainda foi iniciada – em uma ocasião comentei com um amigo “boca mole” sobre isto, tipo assim : ” E se fosse vc.?, o que vc. acharia de um outro chegar na mídia e falar que vc. foi um irresponsável, um burro, um suicida?”.



Já que é para “chutar”, palpitar, pelo menos atenha-se aos dados preliminares reais, começando pela aeronave, um ótimo avião, seguro, novo, bem equipado, homologado e com todas as inspeções, tanto da aeronave como do piloto, em dia, com plano de voo depositado; após estas constatações primarias*, recorre-se ao segundo estágio, o das condições meteorológicas, que no caso da região litorânea de Santos a Marambaia, para aeronaves da “aviação geral” – que trafegam em nível de voo baixo – podem mudar de condição VFR para IFR em minutos, e tanto os aeroportos/heliportos desta região não possuem auxílios a navegação satisfatórios, as aproximações tanto em Ubatuba como em Paraty, em caso de chuva, mesmo que moderada, são complicadas – céu confunde com mar , mesmo aeronaves com radar dá doppler, tanto da massa de água como das ilhas/pedras.



*Detalhe importante : um fator “humano” invariavelmente é contribuinte neste tipo de acidente, o “DONO”, o “Proprietário” da aeronave, o “Patrão” como passageiro é uma merda, um risco operacional significativo, pois ele é um milionário, tem até avião particular e um chofer contratado, pagou caro pela aeronave, colocou todos os equipamentos solicitados, e acredita que vc. pode leva-lo a qualquer lugar, independente da meteorologia ou de outras condições operacionais, te pressiona, afinal pilotos de “aviação geral” existem muitos, vc. é substituível.



[Romulus: mais fator humano – o próprio “Teori”!



Imagina isso tudo aí sobre o “dono” e acrescente o seu desejo de, como anfitrião, passar a melhor impressão possível ao seu hóspede VIP, que gozava de pequenas férias.



Iria frustrá-las por causa de uma “chuvinha”??]



*



Precedente



A aproximação do aeródromo de Paraty (SDTK), tb. com situação de baixa visibilidade e meteorologia complicada, ocasionou no ano passado um acidente fatal com uma aeronave do mesmo modelo, o PT – LMM de propriedade dos Supermercados Shibata, ela também havia decolado de Marte por volta das 13:30.



*



“Ah, mas o pescador viu fumaça saindo da asa do avião…”



“Pescadores entrevistados pelo UOL e pela Veja afirmam que viram fumaça saindo da asa esquerda do avião em que estava o Min. Teori. Um deles disse que era tanta fumaça que parecia um daqueles aviões da esquadrilha da fumaça. E disseram ainda que: a fumaça na asa esquerda apareceu antes de o avião perder o controle e que estava sim chovendo na hora da queda, mas não era uma chuva tão forte. Que chuva forte mesmo fez no momento do resgate”.



Normal, até esperado…



Trata-se de uma interpretação de um leigo, à qual a imprensa adora dar credibilidade, pois entende de aeronáutica tanto quanto este barqueiro, os teóricos, e melhor ainda os “interessados”, tomam tais visões como uma verdade, que tecnicamente até é possível, como:



Fase 1 : Trata-se de um turbo-hélice, e, como em qualquer aeronave quando da aproximação, para pegar a “rampa”, vc. “enche ” os motores, pois em caso de não pouso, vc. possui potência para arremeter (é física básica, ter potencia disponível para aumentar a sustentação), portanto na arremetida em condições de chuva (água), ela pode “bater” no turbo relativo à “perna de vento frontal” (vento em baixa altitude é denso), que irá gerar uma esteira de vapor denso e visível (por poucos segundos), derivando do motor/turbo, e vc. compensa, pois não existe perda de potência, mas “subida de asa”, é facílimo compensar.



Opção 2: É comum, mesmo em condição de precipitação leve, o “turbilhonamento” de ponta de asa, que forma vórtices visíveis em terra (tb. é física/aerodinâmica, pois as hélices em alta rotação comprimem o ar e a água para as pontas das asas, e formam vapor de água), estes vórtices, para quem os enxerga em terra, são semelhantes a “fumaça”.



Opção 3 : Mesmo em um turbo-hélice, aeronave de baixa velocidade, mas arremetendo, com os motores “cheios”, “comendo o céu “, “escalando” chuva, “quente” de motor e bordo de ataque, pode ocorrer o fenômeno físico do choque de temperatura, entre o “ataque” da aeronave quente contra a precipitação gelada, o que propicia vórtices de vapor d’água, esteiras visíveis a metros, dissipam no contato com o “resto do céu” (além da “camada limite” de sustentação).



“Fumaça”: Não significa nada, é um termo vago, uma “esteira” para um leigo é “fumaça”, um contato de chuva com um turbo é apenas vapor de água sob pressão, mas para um leigo também é fumaça, um vórtice de camada limite (ponta de asa) também é interpretado como “fumaça”, já a “fumaça” testemunhal que procuramos, no caso de acidentes aéreos, em primeiro lugar: NUNCA é branca, nem continua, não faz esteira nem é comprimida e constante.



Capotamento: É básico em engenharia aeronáutica, de uma aeronave leve a um A380, que quando vc. “cai de asa” invariavelmente é a da direita (estibordo) que bate primeiro, e o processo após o choque – o que ocorre – é igual independente do peso ou tamanho da aeronave, o “nariz” emborca na água (dá um 180 vertical), e as tensões exercidas após a asa (além do bordo de fuga), comprimem-se sobre a proa da aeronave, ou seja a “cauda” abraça o resto, e como o estrato superior, o “deck” (onde ficam os pax), que é mais pesado, capota.



*



Volto eu, Romulus…



Obrigado pela aula!



Como disse em artigo, o que importa é o uso que marchadeiras/Curitiba boys fazem da teoria da conspiração.



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E, em um segundo momento, se o cartel midiático embarca.



Veja que Folha já deu uma carregada na manchete para uma expressão infeliz do Eliseu Padilha (gênio) para dizer o óbvio:



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Isso depende, evidentemente, de se o “mercado” passa ou não de vendido a comprado – p/, então, enquadrar a Globo.



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Po… nem o Marco Aurélio Mello aguenta mais a Lava a Jato!



Tá disposto a se “aliar ao diabo p/ enfrentar Hitler”.



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Atualização: rápido bate-bola
Do Facebook:
Maria – Estupidez e pós verdade pode ser, mas continua sendo um perigo. No próprio dia do acidente já tinha ouvido que era “o mesmo esquema que matou o Celso Daniel”! E acho que João Antônio tem razão: vai colar! Alguma ideia do que fazer pra desconstruir essa merda?



João Antônio – Tenho um tio que tem uma pequena propriedade no sul do Pará, ele mora no meio da mata, e jura que “uma fazenda de 500 mil alqueires é do Lulinha e que teria visto o tal Lulinha descer de helicóptero na fazenda”. Também tem o caso “Friboi”. Não faz o menor sentido, mas o povo acredita e todo mundo quer ser testemunha…



Romulus – Olha… é uma batalha meio inglória… teoria da conspiração pega.



ROMULUSBR.COM|BY ROMULUS & MAYA



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Maria – Já li. E você está querendo mostrar que o conhecimento técnico de quem entende de aeronaves e aeronáutica assegura que deve ter sido acidente mesmo. E daí você pula direto, depois de falar em teorias conspiratórias, pras manobras visando a indicação do substituto de Teori.



<<Pois eu acho que seria uma excelente ocasião pra falar propriamente das teorias conspiratórias que rolam por ai atribuindo o acidente ao Lula e ao PT>>



Como é uma “batalha meio inglória”, você pula esse pedaço e vai direto pra briga de cachorro grande em torno do futuro ministro. Mas se você, que tem esse espaço na opinião pública por meio do blog, nem acha que vale a pena falar disso, então quem vai falar? É pra deixar a “pós verdade” rolar solta nos ataques mais inverossímeis, dos boatos que correm há anos a internet e se atualizam conforme as circunstâncias, contra o nosso lado e tudo fica por isso mesmo?





Romulus – Não adianta ~ eu ~ falar nada. Quem me lê sabe que – acidente ou não – não foi “o Lula com um míssil cubano”.



(“A Festa de”) “Babette”, lembra?



Nem mesmo a classe média acredita que foi Lula. Vai dizer só pra fazer uso político. De que adianta argumento técnico pra essa gente?



A batalha aí é pra gente que fala “pro nosso” campo na dimensão tática: Cynara, Sakamoto… até o Paulo Pimenta.



Ou seja: retrucar que conspiração, se teve, não interessava a Lula… e sim ao outro lado. Dúvida conspiratória de sinal trocado: “foram os golpistas”?



“Razão não combate sentimento”, lembra?



Razão só na “festa da Babette” – e como sobremesa e não prato principal. Afinal, todos já sabemos que mesmo os gourmands, apreciadores da arte da “Babette” – a começar pela própria – também são vítimas de vieses cognitivos e comportamentos irracionais.



Não é mesmo?
Lembre: não tenho medo de “batalha inglória” e de ser impopular.
Mas quando adianta!

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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