Impotência diante da “Trumpização” global da política: passarinho com fome perde o medo de “espantalho”

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Impotência diante da “Trumpização” global da política: passarinho com fome perde o medo de “espantalho”



Por Romulus



– “É a economia, estúpido!”;



– Como é de se esperar, “taxa de desconto” do eleitor cresce no mesmo passo em que cresce a precarização de sua condição econômica;



– Política “populista” é, por definição, “insustentável”, certo?



Mas…
– Quem se preocupa com “sustentabilidade” é (apenas…) quem tem um “amanhã”, não é mesmo?



Como dizia o Betinho:
– “Quem tem fome tem pressa”!



– E pode acabar votando no Trump, no Brexit, na Le Pen…



– … e no Bolsonaro?!




*



Bernard Henri-Lévy no Globo



Li a entrevista de BHL no Globo deste fim de semana.



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Não por coincidência, ele está, desde a semana passada, fazendo o tour da mídia audiovisual francesa para divulgar o documentário que acaba de lançar sobre a retomada de Mossul, no Iraque, pelo exército iraquiano.



Assisti a longas entrevistas suas em dois programas dos canais estatais franceses por estes dias.



A última no sábado à noite, no programa “On n’est pas couché”, da France 2:



(a partir de 1:53h)



Ele mesmo não esconde a sua ênfase (quase que exclusiva…) anti-russa/Putin; anti-jihad; anti-anti-semitismo; e anti-Frente Nacional – em prejuízo de questões econômico-sociais estruturais, p.e.

– Oi, BHL?!



O Nassif, hoje, parte da entrevista de BHL ao Globo para analisar a perspectiva político-eleitoral brasileira para o futuro imediato.



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A extrapolação da dinâmica eleitoral deste ano na França (uma verdadeira novela, com várias reviravoltas…) para outras realidades, como a brasileira, carece de algumas precisões.



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Quem “destruiu François Hollande e Manuel Valls” (ala moderada do Partido Socialista) – diferentemente do que dá a entender BHL – foram eles próprios!



Com o concurso imprescindível – é claro – de “Madame Merkel”, como se referem à Chanceler da Alemanha na França.



Hollande se elegeu em 2012 com o slogan “a mudança é agora” (!); e declarando o fim do “império da Finança na Economia francesa”.



Evidentemente, não entregou.



Merkel impediu qualquer hipótese de política anticíclica para a retomada do crescimento, negando-se a rever o Tratado Orçamentário Europeu, que limita o déficit a 3% dos PIBs nacionais.



O que se viu na Economia foi apenas um “mais do mesmo” em relação aos anos Sarkozy (direita tradicional), refletindo-se – num contexto internacional e europeu desfavoráveis – na continuidade de desemprego alto, precarização da classe trabalhadora e estrangulamento da classe média.



Como tenho dito em artigos desde o ano passado, acabou a tolerância do eleitorado com estelionatos eleitorais – alô, Dilma 2!



E isso em nível global.



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Voltando…

Acabou o tolerância do eleitorado com estelionatos eleitorais.

Trump entendeu e – para nosso horror… – está tentando cumprir o que prometeu. Assim como Theresa May no Reino Unido, indo adiante com o “Brexit”.



Já o PS francês está sendo punido porque prometeu e não entregou.



“Feito” histórico:



Fato inédito, o Presidente Hollande chegou ao fim de seu mandato sem sequer poder se apresentar à sua reeleição (8% (!) de intenções de voto, em 5o (!) lugar nas pesquisas de dezembro último).



A classe trabalhadora – precarizada… – antigo feudo do PS, vota na Frente Nacional por seu programa econômico – protecionista – e social – Estado provedor.



Não exatamente por “valores” / xenofobia.



É esse o eleitorado novo que faz Le Pen filha passar de 40% em projeções de segundo turno hoje, enquanto Le Pen pai ficou no piso/teto histórico do FN, de 20%, no segundo turno de 2002 (quando a economia crescia).



A eleição francesa deste ano é entre Marine Le Pen e…



– … a sua rejeição! (apenas)



Acredito que quem passar para o segundo turno com ela ganhará. Provavelmente de algo próximo a 60/40%.



Salvo mais uma reviravolta na novela eleitoral francesa, mudando quem deve ir ao segundo turno com Le Pen, veremos então, mais uma vez, “mais do mesmo” na economia.



Se a economia global e europeia se recuperarem no período, “beleza”!



Ou seja: escaparemos do pior.



Senão, em 2022 temos encontro marcado com Madame Le Pen.



E dessa vez será para valer!



*



Moral da(s) história(s)



– Não adianta (mais…) as “elites urbanas globalizadas” (global urban elites) – das quais Bernard Henri-Lévy faz parte (e eu também!) – ficarem gritando o quanto o “espantalho” (Le Pen, Trump, “Brexit”, Bolsonaro, General Villas-Boas…) é “feio”: “quem tem fome tem pressa”.



– Como é de se esperar, a “taxa de desconto” do eleitor cresce no mesmo passo em que cresce a precarização de sua condição econômica.



– Política “populista” é, por definição, insustentável.



Mas…



– Só quem se preocupa com sustentabilidade é quem tem um amanhã, não é mesmo?



Ou seja…



– Mais do que nunca: “é a economia, estúpido!”.



*



Reza forte contra Le Pen



Rezemos, pois, para que a economia global volte a crescer.



Nem que seja ainda sob o modelo excludente e concentrador de renda dos últimos 30 anos…



Sim, porque em vez de desperdiçar a ~fé~ torcendo por “milagres” e “conversões”, no momento é mais eficaz ~rezar~ pelo “menos ruim”: o “sucesso” do purgatório social-liberal (pró-cíclico), como meio de contenção da extrema-direita, ~infernal~.



O ~paraíso~ do bem-estar social está longe, longe…



… e o ~inferno~ está ali pertinho. Já dá até para sentir o calor…



Por isso, como disse acima, no presente sufoco o “realismo religioso” manda rezar pelo “sucesso” do purgatório…
(uma “crença cética”? rs)



… e não rezar por “milagres” ou “conversões”, porque…



<<Não há mais como ter ~fé~ em que a ficha do “1%” caia quanto à incompatibilidade, no longo prazo, do neoliberalismo econômico extremado com a democracia liberal>>

– representativa, do “um homem, um voto”, com Estado de direito e instituições maiores que os ~indivíduos~ que as ocupam.



Aliás, como alimentar qualquer fé no “1%” quando o pensamento raso dos seus maiores representantes no Brasil, os irmãos Marinho, levou-os a usar todas as suas armas por 13 anos para demolir a moderadíssima tentativa de conciliação do lulismo?!



O que resta aos Marinho é o papel ridículo de convidar Bernard Henri-Lévy para ouvir dele que Lula – que eles seguem tentando destruir! – é a “esquerda respeitável”.



*



Aliás…



Certamente a menção elogiosa a Lula só passou na edição da entrevista para poder ser feito o contraponto à “esquerda não respeitável”, de Chaves e dos Castro.



Não sou “chavista” ou “castrista”, mas digo que é fácil criticar – lá de Paris… – a radicalização dos dois regimes…



Fizeram-no por gosto?



Ou foram empurrados por lockouts políticos e econômicos?



Internos e externos?



Aliás… (2)



<<Quem é que segue no poder?
Levando a cabo seus projetos nacionais?
Os “não respeitáveis” Chavismo e Castrismo?
Ou o “respeitável” Lulismo??>>



– Pois pergunte aos seus entrevistadores do Globo, Bernard Henri-Lévy…
*



Terror noturno



Assim, como o “1%” não tomará jeito, a cada solavanco da economia global, o “espantalho” estará nos esperando ali na esquina…



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– … cada vez menos “feio” e assustador.



*



P.S.: para quem quiser saber mais, tenho comentado a ~novela~ eleitoral francesa – que tem me interessado muito – nas redes sociais.



Só não escrevo um post – muito merecido… – porque a maioria no Brasil desconhece os candidatos e o que cada um representa na dinâmica político-eleitoral.



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Atualização

– Marine Le Pen “agradece” a Angela Merkel, no Parlamento Europeu, por trazer a tira-colo, em visita, o “administrador da ~Província~ França”, François Hollande:

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BHL no Globo


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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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