A “renovação” política de Macron na França – modelo para o Brasil?

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A “renovação” política de Macron na França – modelo para o Brasil?



Por Romulus





“De fora da política – (o secretário-geral do partido de Macron) ressaltou que a renovação da vida política planejada por Macron ‘está em marcha’ e que o fato de que metade dos candidatos do movimento vir de fora da política tradicional é uma das credenciais do grupo. (…) Segundo ele, 50% dos candidatos serão (sic) mulheres, um desejo de Macron. E nenhum deles terá antecedentes judiciais”. (íntegra no final do post)



Comentário:





Macron tinha interesse – ou ao menos o discurso – no lançamento do seu movimento de implementar a paridade homens/mulheres entre os seus candidatos ao Legislativo e, depois, entre os ministros do governo. Disse até mesmo que gostaria de indicar uma mulher Primeira-Ministra, o que levaria a paridade até o topo da cadeia de poder: Chefe de Estado homem / Chefe de Governo mulher.


Intenções louváveis!



Mas…



Depois do sonho vem a realidade. Não se ouve mais, desde o primeiro turno, essa ideia de governo paritário com Primeira Ministra.



Pior, expressamente já recuou em outra promessa de “renovação”:



– Dissera ao longo da campanha que NENHUM dos seus candidatos à Legislativa poderia ser advindo da política. Todos deveriam vir “da sociedade”.



Antes do recuo, comentário meu:



– Essa demonização dos “políticos profissionais” é desejável? Quem, na sociedade, pode se dar o luxo de ser “político diletante”? O empresário, que, como Donald Trump, passa ~momentaneamente~ o controle de seus negócios aos filhos? Ou os trabalhadores “normais”? Esses últimos podem sair dos seus empregos e – mais do que isso – do próprio mercado de trabalho, para exercer um mandato, e depois voltar como se nada houvera??



Agora, o recuo de Macron:



– Após o primeiro turno, buscando conquistar apoios da classe política na disputa contra Le Pen, Macron deu uma “nova interpretação” a “candidatos ‘vindos da sociedade'”. Agora isso não significa mais não ser político profissional, mas sim “nunca ter sido membro (só) da Assembleia Nacional”.



Ou seja: prefeitos, vereadores, conselheiros regionais e provinciais (equivalentes a “deputados estaduais”, mas em dois níveis diferentes) e Euro-deputados passam – pela mágica das palavras – a “virem da sociedade” e não mais da “falida” “política profissional”.



– Ah, bom, Monsieur Macron! 😉



Mais do que isso: a meta agora é não mais 100% de “candidatos vindos da sociedade” mas… 50%!



(lembrando: dentro dos quais já se contam os políticos locais aí de cima!)



Depois de todos esses descontos pragmatíssimos, dados pela “ressignificação” de “vindos da sociedade” e pela diminuição da meta à metade, qual será no final, efetivamente, a percentagem de candidatos “meritocráticos”, escolhidos por… “análise de CV e de carta de motivação, com aplicação ~impessoal~, pela internet” (!), hein??



(rs)



De qualquer forma, a “renovação” de Macron inclui a “moralização da política”, advogada pelo candidato ao longo de toda a campanha. Faz isso com uma auto-“ficha limpa”: nenhum candidato do En Marche pode ter sido, em qualquer momento, alvo de processos (casier judiciaire ~vierge~).



Nós brasileiros, bons conhecedores do maior exemplo de “lawfare” já experimentado no mundo ocidental (Moro ~versus~ Lula), sabemos que isso não necessariamente aprimora a democracia.



O que faz é, isso sim, instituir a ~juristocracia~ : juízes e promotores é que passam a dizer ~quem pode~ ser candidato e, portanto, eleito!



Sabem onde vigora esse modelo? Com o Judiciário dizendo quem pode ou não concorrer?



– Na República ~Islâmica~ do Irã.



Mas…



Pelo menos no Irã esse poder de veto a candidaturas – ou seja: a tutela da política e da “democracia” (?) pelo Judiciário – é legal. Está inserido na ~ordem jurídica~ pós-Revolução de Khomeini.



No Brasil, como na França (deste ano!), faz-se esse controle “de fato”…



– … e não “de direito”!



*



Voltando ao início do post:



– Macron põe a França “en marche” sim… mas para onde??



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Em tempo:



Tudo isso aí diz respeito aos “agentes” que implementarão o programa de Macron. Já com relação ao próprio, segue bastante contestado na sociedade francesa.



Os números finais dão a Macron (apenas) 42% dos votos totais do colégio eleitoral da França.



E mais: dentre esses, pesquisa IPSOS feita na boca de urna (e que acertou com precisão os votos nos candidatos), 44% diz ter votado em Macron “apenas para impedir Marine Le Pen de ganhar”.



Pois bem.



Sabem quantos então, no total de eleitores, votaram nele por qualquer outra razão – incluindo o “programa” sim, mas também “juventude” e “renovação”, entre outros?



– 23.52%!!



Portanto, a ver no que a resistência social aos planos liberalizantes do “moço” vai dar.

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“Juristocracia” – entenda:

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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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