Pré-sal – revelado plano pro “BraZil”: pobreza, exclusão e eterna dependência
Por Romulus
Terrível é pensar que, se for para reverter (no futuro) o atual desmonte, levará ao menos os mesmos 10 anos do início do século.
E isso apenas para voltarmos aonde estávamos!
Pior:
– Teremos perdido o bonde no desenvolvimento da tecnologia para explorar o Pré-sal.
– Pré-sal esse que, depois da descoberta – no Brasil!, já passou a ser explorado em outros locais com o mesmo perfil geológico na Costa Africana, Golfo do México, etc.
*
O plano “deles” é esse: tornar-nos NOVAMENTE dependentes de importação de produtos, serviços e…
– … tecnologia!
*
Uma estratégia de desenvolvimento apenas para poucos exige uma base de recursos naturais enorme em relação a um total da população pequeno. Isso é para países como Austrália, Chile, Emirados Árabes e Qatar.
Esse, definitivamente, não é o caso do Brasil, com os seus quase 210 milhões de almas!
Não há solução para o país – ao menos para quem vive nele e não pode (e não quer!) imigrar para Miami ou converter-se em “neo” senhor de engenho escravocrata – a não ser se desenvolver, complexificando a sua economia.
(incluindo TODOS os tais 210 milhões!)
*
Quem lê o Blog já conhece alguns dos bordões:
– “Elite”, no Brasil, escreve-se necessariamente entre aspas: jeca e pedante é, sem sombra de dúvida, a pior do mundo.
– Em vez de uma aristocracia, na verdade temos no Brasil, tão somente, uma oligarquia. Composta por eternos “nouveaux riches”… de geração em geração, de pai para filho (!)
Nouveaux riches pedantes que são, importam-se muito mais com a aparência do que com o conteúdo. Dessa forma, qualquer sofisticação maior no pensamento passa longe. Bem como a identificação de interesses de longo prazo do país.
– Inclusive os seus próprios!
Essa miopia atávica, casada com o eterno complexo de vira-latas, torna os membros dessa “elite” mais entreguistas do que o que esperariam as próprias potências estrangeiras!
São mais realistas que o (seu…) rei!
*
Isso já é dado. No entanto, não há como não se chocar com um CQD (“como queríamos demonstrar”) tão cabal dessas teses, como o relatado em artigo de Os Divergentes, que compartilhei nas redes sociais no final de semana:
Por José Antônio Severo
Agosto 18, 2017, 17:30
OS DIVERGENTES
“Aqui na Câmara, o pessoal já está trabalhando com uma opinião crescente de que a melhor solução para criar um governo estável é a eleição em 2018 da chapa Lula presidente e Henrique Meirelles de vice. Repetindo-se o governo exitoso da fórmula Lula/José Alencar”.
Este é um argumento apresentado a este repórter por um integrante da Amcham (*)…
(*) Câmara de comércio Brasil-Estados Unidos.
… uma entidade não governamental que reúne pessoas físicas e jurídicas, nacionais e internacionais, que se converteu numa expressão das ideias e opiniões do capitalismo em São Paulo, embora não seja tão forte nem representativa quanto a FIESP.
O que se diz: Lula é um político previsível, confiável para quem planeja e gere os negócios (investimentos) procurando visão de médios e longos prazos. Esta é a demanda dos agentes econômicos.
A Câmara Americana, como muitos a chamam, é, porém, um bom termômetro da percepção conjunta das chamadas multinacionais e do capital tupiniquim.
A Amcham é um ponto de encontro e um foro de debates. Além de empresários e executivos, nos seus auditórios se veem representantes da política, do mundo acadêmico e da sociedade civil.
Fala-se de política pelo viés da economia, economia pela ótica da política e também história aplicada, com visões objetivas do passado brasileiro, algo que possa ser entendido por estrangeiros que chegaram ao País e que não encontram quase ou nenhuma literatura para que se situem de onde estão e que povo é esse que ocupa este território e alimenta esse mercado.
Dentre muita gritaria e estridentes bate-bocas de acadêmicos, políticos e militâncias várias, além de aficionados leigos, certos cientistas sociais pinçam alguns fatos passados irrefutáveis, que explicam uma parte da realidade presente, pela História da cultura política do Brasil.
Este é o país das alianças teoricamente impossíveis. Basta mostrar a um estrangeiro recém-chegado o que foi a Independência: um acordo entre os nacionais e portugueses, encabeçada nada menos que o herdeiro do trono da Metrópole. Ou a grande reforma econômica de 1850, com as leis de terras e código comercial, tirando de cena o maior entrave por seu efeito devastador sobre o sistema financeiro, o tráfico negreiro, capitaneada por um mega-traficante, Eusébio de Queiroz. Ou a República, numa composição inexplicável entre militares (das armas minoritárias, Artilharia e Engenharia) positivistas carbonários com os magnatas do café de São Paulo e Minas Gerais. Sem falar em 1930 ou 1964, entre classes médias afluentes e indústria emergente. Ou a Nova República de 1985, reunindo, numa mesma bancada forças, como o frações da antiga Arena, com MDB autêntico e um “de acordo” discreto, mas consequente, da esquerda militante.
Menos dramática, mas igualmente improvável teoricamente, pela primeira vez na História deste planeta, em 2001 um líder sindical aguerrido vindo o chão de fábrica compõe-se com um capitão de indústria para tomar o poder num país: Lula e José Alencar.
Não será surpresa compor um governo sem surpresas em 2019, com uma dupla provada na prática, Lula e Meirelles, pensam muitos sócios da Amcham. O ministro terá até abril do ano que vem para fazer o “serviço” e arrumar as contas públicas e o mais que possa para pavimentar a trajetória do futuro governo.
Lula tinha mandado Meirelles para salvar Dilma. Ela não quis. Então nesta segunda metade do mesmo governo da dupla vencedora em 2014, coube ao banqueiro goiano a missão que poderia ter feito antes do impeachment da titular.
O Brasil continua o mesmo? O repórter deve reportar o que se ouve de fontes críveis.
Ao que comentei:
?LULA E A “ELITE” BRASILEIRA: QUANDO A 5a COLUNA DESTRÓI MAIS QUE EXÉRCITO ESTRANGEIRO
E aí você constata na real que os “imperialistas”, os gringos das multinacionais reunidos na AmCham, são muuuito mais racionais – e até menos dilapidadores (!) – que o nosso “similar local”.
Como não canso de repetir, “elite”, no Brasil, escreve-se necessariamente entre aspas.
Jeca e pedante, é, sem sombra de dúvida, a pior do mundo.
Com uma “Quinta Coluna” dessa em casa, quem é que ainda precisa de “potência estrangeira sabotadora” para implodir, hein??
Somos autossuficientes no quesito!
Tecnologia 100% autóctone!
*
A “elite” brasileira nunca mereceu o grande ativo político “Lula”.
Burra que só ela, até hoje faz de tudo para inviabiliza-lo.
Ironia das ironias, Lula é quem menos perde com isso!
Fica a dica.
(inútil para quem é tão burra, contudo…)
(suspiro)
*
PS: para padrões brasileiros uma chapa Lula/ Meirelles não seria nada demais.
Insólita seria uma chapa Dilma/ Armínio Fraga (!)
Isso sim…
E não tô nem falando do quesito carisma, hein! rs
*
“Estudo de caso”: o petróleo do Pré-sal
Comprovando como o caráter (?) de nossa “elite” é fator determinante para TODOS os desdobramentos do golpe no noticiário político e econômico, na véspera fizera outro compartilhamento relevante nas redes sociais:
NICOLA PAMPLONA
18/08/2017 17h05
FOLHA DE SÃO PAULO
O governo federal renovou o regime de isenções fiscais criado para estimular investimentos da indústria do petróleo, acenando às empresas nacionais com uma compensação após as mudanças feitas na política que protegia fornecedores brasileiros na competição com seus rivais.
Decreto publicado nesta sexta (18) prorrogou até 2040 o programa conhecido como Repetro. Criado em 1999 com prazo para terminar em 2019, ele isenta de impostos federais a importação (!) de equipamentos para a indústria do petróleo. Com a renovação, também será permitido que insumos fabricados no Brasil fiquem isentos de tributos.
O governo havia contrariado a indústria nacional antes ao promover mudanças na chamada política de conteúdo local, que obriga as petroleiras a adquirir no Brasil parte dos serviços e dos equipamentos necessários à exploração de petróleo. As exigências foram atenuadas pelo governo federal neste ano (!).
A Receita Federal não informou qual a renúncia fiscal prevista com a isenção tributária para o setor. A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) calcula que, entre 2011 e 2013, anos de grandes investimentos no setor, o governo deixou de arrecadar R$ 30 bilhões com o Repetro.
Em nota, o Ministério da Fazenda disse que a prorrogação do Repetro “se justifica porque os investimentos no setor têm longo ciclo de maturação, de forma que se impõe estabelecer horizonte com regras claras e estáveis para fomentar esses investimentos”.
“Este é o momento certo, porque as empresas começam a fazer suas avaliações para os próximos leilões [de áreas petrolíferas]”, afirmou o secretário-executivo do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), Antônio Guimarães.
O governo prevê realizar três grandes leilões neste ano. Nos últimos meses, vem anunciando medidas para atrair as petroleiras, como o fim da exclusividade da Petrobras na operação e a redução à metade do percentual exigido de compras no país.
“A prorrogação do Repetro completa um tripé que aumenta a competitividade dos ativos que serão oferecidos nos leilões, destrava investimentos e dá à indústria horizonte seguro para suas atividades”, disse a Petrobras.
O governo também publicou nesta sexta medida provisória que suspende a cobrança de tributos federais sobre insumos e matérias-primas nacionais, mas ela não mexe no ICMS, imposto estadual.
“Queremos isonomia para concorrer com os importados”, disse o presidente da Abimaq, José Velloso. Segundo ele, com a permanência do ICMS, o produto nacional fica pelo menos 18% mais caro.
Ao que comentei (junto a outros):
?ÓLEO & GÁS: O PROGRAMA BRASILEIRO DE INCENTIVO INDUSTRIAL A…
– … CINGAPURA (!)
Artur Araújo: Depois de liquidar a política de conteúdo nacional no setor de petróleo & gás – estratégica para viabilizar um parque produtivo moderno e competitivo – o governo rentista dá mais um passo decisivo para a definitiva desnacionalização.
Ao prorrogar até 2040 o Repetro, Brasília garante isenção tributária para a importação de equipamentos enquanto mantém o pouquíssimo que sobra de fornecedores brasileiros sujeitos aos custos financeiros de agiota e à incidência de impostos estaduais e municipais. Só a cobrança de ICMS encarece a produção interna em 18%, inviabilizando qualquer vantagem competitiva em relação a quem não está sujeito a esse imposto. A renúncia fiscal federal para a indústria nacional é transitória, pode ser suspensa a qualquer tempo.
Além do crime que é impedir o desenvolvimento nacional de ciência, tecnologia e engenharia, que agregariam muito valor à mera extração de gás e óleo, o Repetro exporta empregos e tem efeito dominó na cadeia de fornecedores de outros produtos industriais, com destaque para siderurgia e metalurgia. Mantém nosso setor mineral como mero vendedor de pedras.
O governo e os trabalhadores de Cingapura devem estar muito felizes com a solidariedade tupiniquim. Não têm que conviver com a Turma de Temer e podem vender bilhões de dólares.
William Nozaki: Primeiro o governo apresenta um imenso pacote de desinvestimentos e de venda de pedaços importantes da Petrobras.
Na sequencia oferece isenção fiscal para a importação no setor de petróleo.
Na intenção parece um bom auxílio ao capital nacional.
Na prática é uma boa regalia para o capital internacional que chegou no primeiro momento.
Temer e Parente trocaram a clássica política de “substituição de importações” por uma política de “substituição por importações”, de quebra desmontaram a “política de conteúdo local” e criaram uma “política de conteúdo internacional”. A Petrobras é desmontada até virar “empresa enxuta” aqui para que as petrolíferas estrangeiras se tornem “empresas integradas” no Brasil. Lamentável.
Romulus: trabalhei muito com oil & gas em grandes bancas de advocacia. O
REPETRO vem desde 1999 (FHC 2) e foi mantido nos governos petistas.
A justificativa em 99 era ajudar o desenvolvimento do upstream (a exploração das jazidas de petróleo) e, assim, diminuir o déficit da conta petróleo, depois da quebra do monopólio da Petrobras no mesmo ano, com a promulgação da Lei do Petróleo (
Lei No. 9.478/1997).
Mesmo com o REPETRO ainda presente, tivemos (depois de FHC…) o desenvolvimento da cadeia de oil & gas e da indústria naval com:
– O
PROMINP (2003 – já Lula 1), o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural;
(sob a então Ministra de Minas e Energia… uma tal de…
– … Dilma Rousseff!)
– O poder de compra da (gigantesca) carteira de encomendas da Petrobras;
– Financiamento barato via BNDES e outros fundos, como o Fundo da Marinha Mercante, e fundos locais de desenvolvimento mantidos com os royalties do petróleo, como o do Estado do RJ e o da cidade de Campos dos Goytacazes (
FUNDECAM), p.e.
Tudo isso, EVIDENTEMENTE, casado com a exigência de…
– … conteúdo local!
Tanto pela
Agência Nacional do Petróleo, nos editais de licitação de campos de petróleo a partir dali (governo Lula 1), como pela Petrobras nas suas (gigantescas) encomendas.
– Ex: navios, plataformas, sondas, serviços de apoio (logística, transporte até as plataformas, navios puxadores, etc.) e técnicos (exploração geológica, processamento dos dados obtidos por programas de computador de última geração, etc.).
– Há ainda uma grande dinamização do setor terciário ~qualificado~, como bancos financiadores, seguradoras, pesquisa (universidades) e, puxando a brasa para a minha sardinha, escritórios de advocacia, p.e.
Por isso tudo, digo que a prorrogação do REPETRO pelo governo golpista agora, per se, não quer dizer nada.
O que realmente importa é o que a Petrobras e as demais operadoras de campos de petróleo (estrangeiras…) farão com essa isenção fiscal.
(e nós bem sabemos os planos de Pedro Parente, certo?)
No governo FHC 2, o REPETRO era usado para importar (na verdade “alugar” com contratos de afretamento/ charter) plataformas ~inteiras~.
Já nos governos do PT, os fornecedores podiam importar insumos industriais até o limite da regra do conteúdo local.
Por exemplo, nossa indústria naval nunca chegou ao ponto de conseguir produzir os cascos (de navios/ plataformas), que seguiam vindo da Ásia.
(Cingapura, Coreia do Sul, China…)
Portanto, nosso olho deve continuar na Petrobras e no desmonte da cadeia de Oil & Gas via Lava a Jato/ estrangulamento financeiro/ jurídico.
Bem como nos futuros editais de licitação de campos de petróleo da Agência Nacional do Petróleo.
(ambas, Petrobras e ANP, como sabemos, sob ~ocupação~ do golpe desde 2016)
*
O PREJUÍZO NA CORRIDA PELO DESENVOLVIMENTO
O terrível é pensar que, se for para reverter (no futuro) o atual desmonte, levará ao menos os mesmos 10 anos do início do século.
(governos Lula 1 e 2 e Dilma 1)
Para voltarmos aonde estávamos!
*
Pior:
– Teremos perdido o bonde no desenvolvimento da tecnologia pra explorar o Pré-sal.
– Pré-sal esse que, depois da descoberta – no Brasil!, já passou a ser explorado em outros locais com o mesmo perfil geológico na Costa Africana, Golfo do México, etc.
*
O plano “deles” é esse: tornar-nos NOVAMENTE dependentes de importação de produtos, serviços e…
– … tecnologia!
*
A ESPERTEZA GEOPOLÍTICA DE PEDRO PARENTE NA PETROBRÁS
Não é por outra razão que o “esperto” Pedro Parente vendeu (bem barato…) várias fatias das concessões no Pré-Sal…
E a quase TODOS os grandes atores da indústria do petróleo mundo:
– E.g., EUA (Chevron), França (Total), China (Sinopec), Noruega (Statoil).
(infelizmente, rol não taxativo!)
Fez isso com o propósito deliberado de AMARRAR as mãos de todas as próximas administrações da Petrobras – e dos governos brasileiros!
Especialmente para a “eventualidade” de um governo patriótico, via ~democracia~, voltar ao poder.
Isso porque, caso um futuro governo resolva retornar à política de desenvolvimento ~local~, terá de, no mínimo, enfrentar “pressões” estrangeiras de peso…
E de TODOS os lados:
– Literalmente, dos EUA à China!
*
Visão de dentro da indústria: “Dom Cesar”
(executivo na indústria de óleo e gás, com experiência na análise da conjuntura e projeção de cenários para o mercado)
– Os três vetores da política de desnacionalização do Óleo & Gás do governo Michel Temer, por “Dom Cesar”
Este post aborda a questão da política de desnacionalização do setor de Óleo & Gás feita recentemente no Brasil. A partir do uso de três vetores que, juntos, possuem o efeito prático de promover a desnacionalização do setor de petróleo, com a perda de capacidade do país de usufruir de todos os efeitos benéficos que essa riqueza natural potencialmente proporciona.
1. O fim da Política do Conteúdo Nacional
Com a descoberta das imensas jazidas do Pré-sal em 2007, o governo brasileiro elaborou um leque de políticas governamentais visando a associar o desenvolvimento da indústria nacional à descoberta de petróleo nas bacias do pré-sal.
Com isso, buscou-se aproveitar as oportunidades e as necessidades de longo prazo criadas pela descoberta do Pré-sal para solidificar e expandir o crescimento da indústria nacional.
Após o golpe parlamentar de 2016, o atual governo deu início a um processo de mudança do marco regulatório e de desmonte da cadeia de fornecedores nacionais. Tudo isso sob o falso pretexto de que isto serviria para aumentar a competitividade interna e trazer mais eficiência na produção, uma vez que os fornecedores locais seriam “incapazes de atender à demanda do setor de Óleo e Gás”.
– A regulação foi recentemente alterada de tal forma que as operadoras estrangeiras agora podem realizar a contratação de bens e serviços no exterior, como ocorreu recentemente com a norueguesa Statoil.
Romulus: (!!!)
A partir daí tivemos o início de um padrão onde todas as empresas que desejem ingressar na exploração do pré-sal podem simplesmente solicitar a isenção de conteúdo local na ANP e, com isso, contratar cada vez mais fornecedores de bens e serviços fora do Brasil.
Essa nova política de substituição do Conteúdo Local pelo conteúdo estrangeiro tem sido estimulada pela própria ação do Ministério de Minas e Energia e da Petrobras. Isso tem provocado um processo de desmonte das empresas nacionais, tanto pelos desinvestimentos da Petrobras, como também pela eliminação dos subsídios fiscais e financeiros para a indústria nacional, a partir do fim da TJLP.
*
2. O fim da TJLP e a introdução da TLP
A recente pressão da banca nacional para decretar o fim da TJLP (taxa de juros de longo prazo, praticada pelo BNDES) não é apenas uma agenda para garantir a sustentabilidade do serviço da Dívida Pública e com isso evitar um inevitável calote por parte do governo.
Uma vez aprovada pelo Congresso a substituição da TJLP pela TLP (mais cara), com certeza a nova taxa de longo prazo trará sérios prejuízos à indústria nacional.
Sob o fraco argumento de eliminar subsídios e aproximar a TLP ao custo de oportunidade dos títulos do Tesouro, o governo destruirá de vez um dos principais mecanismos de ativação do desenvolvimento na economia brasileira.
Caso seja efetivado o fim da TJLP, na prática teremos a impossibilidade da promoção de qualquer política industrial no país.
Além disso, efetivamente o BNDES perderia por completo o sentido de sua existência. Se de fato o mercado e o governo desejam tanto baixar os juros, bastaria que reduzissem ainda mais a taxa Selic, tendo em vista que a redução da taxa referencial promoveria a queda de todo o custo do mercado.
Uma vez aprovada a TLP nos empréstimos de longo prazo, haverá um substancial aumento nos custos de financiamento da produção que inviabilizará de vez a indústria fornecedora para o mercado de Óleo e Gás.
*
Romulus: a ~brasileira~, bem entendido. Assim como TODAS as outras, nos demais setores da economia!
*
3. A prorrogação do Programa REPETRO
Com a recente prorrogação do programa REPETRO até 2040, o governo Temer mantém a isenção de impostos na importação de equipamentos da indústria de petróleo.
Ao passo que submete os fornecedores locais a custos financeiros inviáveis (item 2 acima) e à total irracionalidade dos sistemas tributários estaduais e municipais, aos quais os fornecedores estrangeiros não se submetem.
O efeito nocivo do REPETRO é que serve na prática, da maneira que passou a ser utilizado a partir do golpe, para exportar empregos e incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias fora do país. Além de desestimular a criação de uma cadeia de fornecedores de diversos ramos industriais e prestadores de serviços no mercado nacional.
*
Romulus: o que, para além da cadeia do petróleo e da indústria naval, gera diversas
externalidades positivas para o restante da economia, como “
spillover” de tecnologia, know how e mão de obra qualificada para os demais setores.
*
Conclusão:
Todos os três vetores apontados anteriormente fazem parte de um programa de governo cujo propósito maior é entregar as riquezas do pré-sal ao controle estrangeiro.
(Romulus: isso no curto prazo. No longo, é impedir o desenvolvimento no Brasil e, assim, perpetuar a dependência tecnológica e econômica do país)
As decisões estratégicas do governo de:
e, em seguida…
– … não são ações isoladas!
Tudo indica que o governo Temer adotou como política o favorecimento ao capital estrangeiro em detrimento do capital nacional.
O que temos agora é uma “Política de Conteúdo desnacional”, onde a indústria local de bens e serviços sofreria um processo de desmonte a fim de permitir que as empresas estrangeiras voltadas ao Óleo e Gás se tornem dominantes no nosso mercado.
*
Romulus: pior – sem qualquer requisito legal para que, através da sua carteira de encomendas, contribuam para o desenvolvimento e a dinamização da economia local!
Podendo escolher livremente, onde será que os gringos farão as suas contratações??
Ainda mais levando-se em conta a sabotagem deliberada da indústria nacional, submetida a custos financeiros e fiscalidade muito mais elevados.
*
Depois desses esclarecimentos de “Dom Cesar”, volto eu, Romulus, para fechar o post reproduzindo outro compartilhamento meu nas redes sociais por estes dias.
Desta vez, do economista Paulo Gala.
Tem TUDO a ver:
A maioria dos países produtores de commodities não é capaz de desenvolver sua cadeia de produção upstream.
Como um país produtor de petróleo, minério de ferro e soja da o salto pra produzir Software, maquinário e petroquímicos associados a extração dessas commodities?
Ou seja, como virar uma Noruega, Finlândia e Austrália e deixar de ser Nigéria, Argentina, Brasil ou Namíbia?
Como transformar sua especialização em commodities num salto para as partes mais nobres da cadeia?
Minha impressão é que é muito difícil remar upstream na cadeia de commodities. Em geral os grandes produtores de commodities do mundo importam o maquinário, agrotóxicos, etc.
No
ranking do atlas da complexidade aparecem alguns poucos países que são produtores de commodities e são sofisticados: Finlândia, Noruega, França, EUA, Malásia, Tailândia:
*
*
Esse ~não~ é o caso do Brasil, com os seus quase 210 milhões de almas!
Não há solução para o país – ao menos para quem vive nele e não pode (e não quer!) imigrar para Miami ou converter-se em “neo” senhor de engenho escravocrata – a não ser se desenvolver, complexificando a sua economia.
(incluindo TODOS os tais 210 milhões!)
*
E aí, ao fazer essa consideração, lembro-me de alguém que fez afirmação muito semelhante há não tanto tempo…
Não outro que o Comandante do Exército Brasileiro, General Villas-Boas, em fala no Senado (22/6/2017):
– Se fôssemos um país pequeno, poderíamos nos agregar a um projeto de desenvolvimento de um outro país. Como ocorre com muitos. Mas o Brasil não pode fazer isso, não temos outra alternativa a não ser sermos uma potência. Não uso esse termo na conotação negativa, relacionada a imperialismo, mas no sentido de que necessitamos de uma densidade muito grande.
Vide:
30 de junho de 2017
MSIA
*
“Está claro ou precisa desenhar”??
*
Leituras relacionadas:
*
Atualização 24/8: a trágica “coincidência”
* * *
*
Achou meu estilo “esquisito”? “Caótico”?
– Pois você não está só! Clique nos links para estes artigos e chore as suas mágoas:
*
A tese central do blog:
*
Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
Facebook Comments