Lula em Curitiba: mesmo jogando em casa, intimidado, Moro fica na retranca

Atualizado 8:05
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Lula em Curitiba: mesmo jogando em casa, intimidado, Moro fica na retranca

Por Romulus

– Moro buscou, com a postura defensiva, evitar (novos) gols (humilhantes) de Lula – no campo do adversário.



– Lula nos ouviu?

– Parecia que sim:
“Pintou-se para a guerra”…
Deixou guardado no armário o “Lulinha paz e amor”…
O “ex-Chefe de Estado”… olímpico… au-dessus de la mêlée… de “boa vontade”… que “confiava e cooperava com a Justiça”…
Na… “busca pela verdade dos fatos” (!)

– “É guerra!”


– Ao final, ficamos com um zero a zero.


– “Zero a zero” tenso, contudo: um time claramente na retranca e outro mostrando os dentes.


*

O novo embate entre Lula e Moro foi diferente do primeiro. Isso porque ambos mudaram os respectivos “esquemas táticos”.



Lula aposentou o “futebol-arte”, dos “contra-ataques” espirituosos, com sorriso de canto de boca, baseados no (seu incontestável) “talento individual”.



Chegou de cenho cerrado, colocações firmes, por vezes indignadas (beirando a exaltação), e assim se manteve até o final.

Parece até que Lula leu o nosso artigo, aqui no Blog, em que pedíamos, justamente, que “se pintasse para a guerra”.

Lula não estava lá mais para “esclarecer fatos”.


Esclarecimentos já foram fartamente prestados.



E nada “tiram ou põem” em sua condição.



Nem ontem nem hoje.



Nem naquela “audiência”, parte de “processo judicial” (aspas!), nem na audiência que realmente importa no “campeonato”:



– A da opinião pública.

Cada um – incluindo TODOS nós e Sergio Moro – já formou sua CONVICÇÃO.



PROVAS – tanto antes como agora – tornam-se elementos “menores” na narrativa.



Já Sérgio Moro, intimidado, claramente jogou na retranca.



Não se arriscou a duelos verbais com Lula para além das perguntas diretas, pré-programadas em seu roteiro.



Não tentava aproveitar “rebotes” a partir das respostas de Lula.



Ou insistia na MESMA pergunta, reformulando-a, ou seguia para a seguinte.



Ou seja:



– Moro não se afastava do que estava no (seu) “script”…



– (desta vez…) não (mais…) improvisava…

Tentou evitar, assim, servir – de novo – de escada para tiradas “espirituosas” de Lula.



Compreende-se: com o ego ainda cicatrizando dos arranhões do embate de maio, parece ter aceitado que, em duelo verbal, fora do script, perderia de novo para Lula.



Preferiu, assim, jogar na retranca.



Fez bem:



– Em vez de sair com uma derrota clara, como da última vez, saiu com um zero a zero.

*

Mas, registre-se, um “zero a zero” em jogo tenso

Com um time claramente na retranca…

E outro… mostrando os dentes!

*


Cabe lembrar, contudo, que, como em maio, Moro “jogava em casa”.



Em condições normais, seria de se esperar que buscasse, ele, a vitória, certo?



Sim, seria de se esperar…

Em “condições normais”, eu bem disse…

Isso porque, diante do que ocorreu da vez anterior, entende-se, perfeitamente, a opção de Moro pelo jogo “feio”… defensivo… “segurando o resultado”.



*




Vejamos um dos raros momentos em que testemunhamos do que Moro tentou se preservar desta vez:

Min. 24 do vídeo 2:

– Foi o Senhor quem indicou Palocci para Chefe da Casa Civil (de Dilma Rousseff no final de 2010)?



– Não…

Quer dizer…
Se o Dr. Moro ler o jornal o Globo…
(verá lá afirmado que sim).
Aliás, o Senhor lê muito o jornal o Globo…



– O jornal o Globo não é o acusador aqui nem o julgador e…



– O Senhor lê tanto o jornal O Globo que o cita 15 vezes na sentença em que me condena!
Enquanto cita TODAS as minhas testemunhas de defesa só 5 vezes!
Então…
O Senhor precisa ler outros jornais (!)…



– Cerrrrto, então fazendo a pergunta objetivamente…



(e volta para o script…)

*



Percebam a diferença:



– Fosse da outra vez, Moro morderia a isca, a provocação, e seguiria em um duelo verbal em cima da pergunta original.



– Sabendo, hoje, que isso ocorreria em seu absoluto DESFAVOR, controlou-se e puxou o embate de volta para o script.

Notem, ademais, que:



– Diferentemente de maio, Moro não tentou se sair com NENHUMA “frase de efeito”.



– Nem para, p.e., defender a grande imprensa (como fizera no final da outra vez) nem para fazer novas provocações do tipo “tendo indicado diretores que tanto roubaram na Petrobras, Lula não se sentiria responsável”.

Afinal, quem fala o que quer ouve o que não quer, não é mesmo?

Moro acabou aprendendo essa lição – de humildade – em primeira mão naquela oportunidade…



Respondeu Lula então:



– O Senhor se sente responsável pelos 200 mil desempregados que a Lava Jato provocou na indústria naval?

– Não, eu…

– Pois então…
Assim como o Senhor não tinha como saber o que ia acontecer eu também não tinha, ora.



*



Como vimos hoje, assaltos como esse parecem ter sido… hmmm… “pedagógicos” para Moro.



Atendo-se ao script, o “juiz” buscou se proteger de novas sapatadas dessa natureza.



Mais que isso:



– Várias vezes intervinha para cortar tais “contra-ataques”… hmmm… “digressivos” de Lula, como aquele que citei acima, em que Lula fez uso da clara parcialidade do jornal “O Globo”, bem como da (constrangedora…) intimidade do veículo dos Marinho com o… “juiz” Moro.

(Globo…
O veículo, afinal, “autorizado” (ilegalmente…) a usar o login e a senha do “juiz” Moro para entrar no sistema da Justiça Federal e baixar – e imediatamente divulgar em rede nacional! – o grampo ILEGAL em Lula e Dilma)




Por certo, Moro assim agiu, com “carrinhos” dirigidos aos contra-ataques de Lula, na tentativa de impedir (nova) geração de…



– … MEMES!

(muitos memes…)




Fez bem.

Ponto para Moro!

Quer dizer…

Não exatamente “ponto para Moro”…

Mas sim…

– Sem pontos (de memes) para Lula desta vez (!)

*

(quer dizer… não tantos quanto em maio… rs)

Compartilhem vocês também! rs

*

Cabo de guerra (narrativo): Palocci


Lula, de maneira sagaz, quis capitalizar em cima da traição de Palocci.



Quis transformar aquele limão em limonada.



Assim, além de enfatizar o aspecto caricato das falas de Palocci, bem como o seu claro objetivo de sair da cadeia (e ainda de receber de volta o dinheiro que “ganhou”!), Lula colocou-se na posição do “amigo traído”.



Aquele que, ainda por cima, magnanimamente, tem “pena de Palocci”, por ter “terminado daquele jeito”.



Aumentando o grau de “desonra” da traição que sofreu, Lula ainda se (?) perguntou o que estaria pensando a própria mãe de Palocci, “militante – fundadora! – do PT” (!)



Provavelmente, “pesquisas qualitativas”/ “marqueteiros”/ “raposas em geral” devem ter determinado que, na disputa de “narrativas”, o aspecto “antiga amizade abalada” é muito mais relevante que o que Palocci disse “concretamente” (sic).



(“300 milhões”, “pacto se sangue”, etc.)



Para um lado e para o outro:



– Para a acusação, para tentar conferir peso às denúncias;



– Para Lula, para reforçar ainda mais a sua condição de vítima (de uma caçada “desleal”, “sem limites” para “apelações”).



*



Sem surpresa, portanto, o Cartel Midiático tenta entrar, ele também, nessa “bola dividida”…



Tenta pintar LULA (e não Palocci – haha!) como o “mau amigo”… aquele que (na hora de necessidade) “joga o outro ao mar”:

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De se notar:



– No velho esquema de manchetes combinadas pelo… CARTEL, a Folha foi a mais “agressiva” na “editorialização” das (sub) chamadas.



– Mais que O Globo, inclusive.

Notem:



– O “analista” da Folha parte da mesma constatação, de que Lula estava hoje muito menos “paz e amor” do que da outra vez.

Como disse aí em cima (e em artigo na semana passada), para mim Lula tinha que fazer isso mesmo: pintar-se para a guerra.


A Folha “traduz” isso como “nervoso”… “mais réu que candidato”.



Pois a minha leitura é justamente a oposta:



– Como já realizou antecipadamente o prejuízo da (nova) condenação – sem provas!, Lula parte para o embate (político!).



– Portanto, (muito) mais “candidato” do que “réu”, ora!



– Troca a tribuna do Judiciário – viciada… – pela da opinião pública – ainda passível de ser trabalhada!



*



(Mini) Bate-bola



João Antônio: Moro “miou” de novo.



Romulus: sobre “miada”… de se notar também um esforço – visível! – de Moro para tentar segurar o cacoete das afinadas de voz (do meio para o fim de cada frase).



Ou seja:

– Passou recibo pro nosso Blog! Hahaha



(cujo post viralizou daquela vez…
Tendo sido, inclusive, fartamente plagiado naquela oportunidade)

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Piero: Pra nós não foi de todo ruim, acho. Nem de todo bom.



Romulus: Sim, diria que foi “uneventful”. Um zero a zero. Ficou onde estava. Mas notem: um zero a zero tenso, com um time claramente na retranca e o outro mostrando os dentes.



Tania: Depois, no comício, Lula passou a bola pro povo. No palanque, falou que eles são a sua força, ou algo assim. Que “um Lula incomoda muita gente, mas milhões de Lulas incomodam muito mais”.



Romulus: No discurso na Praça, mais um elemento digno de nota:



– Aquela repetição retórica do “EU TIVE UM SONHO…”, para introduzir cada item da lista de “ambições programáticas” do seu projeto político, é…



– … matadora!



– Tomara que repita muitas vezes mais!

Uma releitura – “trágica” – de Martin Luther King…



Mostrando, claramente, “o lado da História” a que Lula se filia…



De onde bem se infere:



(i) o verdadeiro “crime” que ousou cometer… qual “lei” que ousou violar;



(ii) contra “quem”; e



(iii) o que esses mesmos querem fazer com ele.

Figurativamente, que seja…

Na impossibilidade (?) de reeditarem o fim dado a Dr. King.

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Atualização:

13/09/2017 às 10h43
Por Ricardo Mendonça
VALOR

SÃO PAULO ­ O cientista político Aldo Fornazieri afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria se comportar no depoimento desta quarta-feira (13) ao juiz Sergio Moro da mesma forma como se comportou no primeiro depoimento, em maio. O petista, segundo ele, “perde” se voltar a demonstrar contrariedade com as perguntas do juiz e Moro e terá relevante prejuízo jurídico e politico caso seja “tomado pela emoção”.

Fornazieri concorda com a ideia difundida entre os petistas de que Lula dificilmente deixará de ser novamente condenado por Moro. Por isso, diz, deveria agir desde já́ pensando nas instâncias superiores.

Como político profissional, diz o pesquisador, Lula é habituado a enfrentar momentos de pressão. No depoimento de hoje, a “melhor tática” do petista seria “permanecer calmo”, não cair em eventuais provocações e “não ser econômico nas explicações”.

O ex-presidente, na sua opinião, “tem argumentos muito fortes para se defender na questão do terreno [que foi comprado pela Odebrecht para ser repassado depois para o Instituto Lula]”: “O imóvel não foi transferido para ele nem para o instituto”, diz. “Não tem materialidade.”

Para Fornazieri, “é claro o clima de guerra entre Moro e Lula”, algo que, na sua opinião, não é bom para nenhum dos dois. Se Lula for bem-sucedido em sua tática, diz ele, poderá́ ao final reforçar a impressão de que Moro o trata com parcialidade.

Apesar da repercussão do caso, o cientista político não acredita que o depoimento de hoje tenha repercussão eleitoral. “Há uma situação de saturação e saciedade da opinião pública”, afirma. “É tanta denúncia, que as pessoas nem sabem mais quais são as acusações”.

Na sua opinião, pessoas que apoiam Lula já se depararam com várias acusações contra o petista nos últimos anos e dificilmente irão se impressionar com mais uma.


Romulus: Que “instâncias superiores”? O TRF-4??

Pfff….

Difícil dizer que Lula, tarimbado como é, “cedeu às emoções”. Se o fez (?), foi de forma deliberada (-íssima).

Do meu ponto de vista, corretamente.

Lembram do (horroroso) debate agressivo entre Dilma e Aécio no SBT, abrindo o segundo turno de 2014 e “dando o tom”??

Difícil de assistir de tão tenso?

Em que Dilma “baixou o nível” (sic – falando de denúncias contra Aécio), sob orientação expressa de João Santana?

E analistas (tipo Kennedy Alencar), inicialmente, dizendo que “os 2 perdiam com isso”?

Que “o Brasil merecia debate de melhor nível”?

Mal comparando, a lógica é a mesma.

Pautar a militância e a “conversa na esquina”.

Em tempo:
Foi a partir desse debate que Dilma, então um pouco abaixo nas pesquisas, iniciou a trajetória de ascensão que garantiu sua vitória no 2o turno.

Contando, fundamentalmente, com a RADICALIZAÇÃO que reincendiou as bases (e fez a diferença).

O que tem ali – e adiante! – é- …

– … “campanha política”!

Que mané “instâncias superiores”, o quê…

Já passamos – há muito – desse “Rubicão”.

Ainda bem que Lula parece (oxalá!!) estar assimilando essa REALIDADE.

É bom que os “parlamentares de Facebook” e demais membros do PT façam o mesmo.

*

Afinal…

Será 2018 uma miragem??

*

Em tempo (2):

Se teve alguém ali ontem que “sucumbiu” na guerra de nervos foi a “QUERIDA”…

Perdão: a “doutora” Procuradora (!) rs

(pergunta: “doutora”? Tem doutorado ela??)

Ver a partir do Min. 6 do 4o vídeo:

A Procuradora reclama do “querida”, com que Lula se dirigia a ela.

E interpela Moro para REQUERER que Lula se refira a ela “pelo tratamento protocolar DEVIDO” (!)

Hahaha

Notem o MUXOXO, um (semi) resmungo expirado – devidamente captado pelo microfone!, com que a “QUERIDA” reinicia, após Sergio Moro lhe passar novamente a palavra.

Ui!

Touché!

*

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Palocci: elefante ou bode nada sala?!

Outro aspecto “interessante” foi quando Lula, nas primeiras vezes em que se refere Palocci, diz a Moro que esse “vai querer perguntar muito sobre Palocci”…

Ao que Moro se precipita e entrega:

– Não, nem vou perguntar muito sobre isso, não…
E – de fato – pouco (-íssimo) perguntou!

*

Nada de “pacto de sangue”…

Nada de “obstrução da Justiça”…

Nada de…

– Lamento profundamente, Dr. Moro, que o Senhor tenha FEITO A DENÚNCIA…


– Não, eu não faço denúncia nenhuma, eu…


– LAMENTO PROFUNDAMENTE!

?

*

Ou seja: restou comprovado o recurso 100% cênico-político – como “esquenta”, do depoimento da semana passada.

Na mesma linha, aliás, dos “boatos” de que “Lula poderia ser preso ontem”.

(boatos esses em que a militância sempre cai, aliás…
ai ai ai…)

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Gente: é GUERRA DE NERVOS!

Quem tiver coração fraco que vá assistir série no Netflix (!)

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A tese central do blog:

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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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