Trump, Coreia do Norte e (mais?) “excesso” de “politicamente correto identitário”: “oriental” vs. “asiático”

Publicado 22/09/2017 – 23:12
Atualizado 23/09/2017 – 20:09
../../Desktop/colagem%20coreia%20do%20norte%20orientalism%20copy.jpg
Trump, Coreia do Norte e (mais?) “excesso” de “politicamente correto identitário”: “oriental” vs. “asiático”

https://scontent-vie1-1.xx.fbcdn.net/v/t1.0-1/p100x100/21617903_1528244073908403_16739190525664341_n.jpg?oh=21da173e33f41160b78a19d8857f118d&oe=5A3E5051





A esta altura, após ameaças tão enfáticas feitas por Trump no púlpito das Nações Unidas, o governo iraniano certamente pensa se não será questão de sobrevivência optar pela estratégia da Coreia do Norte. O caminho para o Irã, que tem boa tecnologia de mísseis, é bem mais curto. Não é brincadeira, os EUA estão plantando uma catástrofe geopolítica para o médio prazo.



Bruno Garcia “Não é brincadeira, os EUA estão plantando uma catástrofe geopolítica para o médio prazo.”‬



Since 1945‬.



Romulus Maya Since 1918, né? ‬



O que Pres. Wilson deixou Inglaterra e França fazerem à Alemanha rendida – TRAINDO os “14 points” (dele mesmo!) que trouxeram o armistício – PROVOCOU a II GM. Simples assim. Resolveram “ir à forra”. E ignoraram todas as salvaguardas da rendição alemã.
../../Desktop/Screen%20Shot%202017-09-23%20at%2006.13.39.png



(e hoje “Wilson” é nome de think tank dos “bacanas” vira-latas brasileiros…
– Eles se merecem!)

E o jovem Keynes (“Cassandra”?) avisou… por escrito! Livro publicado e tudo… direto de Versailles. Onde, na qualidade de jovem burocrata prodígio, fazia parte da delegação britânica na negociação do Tratado “Paz” (?).



Keynes viu que ia dar M., claro… previu a guerra seguinte. Pediu demissão em protesto, avisou por escrito o que ia acontecer e foi cuidar da vida.



../../Desktop/Screen%20Shot%202017-09-23%20at%2006.18.41.png



DEPOIS da II GM os caras se deram conta de que o sujeito era gênio e resolveram ouvi-lo.



Resultado?



Os “30 anos gloriosos” do Ocidente!



“Simples assim” (2)



*



*



*



*



https://scontent-vie1-1.xx.fbcdn.net/v/t1.0-1/p100x100/21617903_1528244073908403_16739190525664341_n.jpg?oh=21da173e33f41160b78a19d8857f118d&oe=5A3E5051





É claro que a Coreia do Norte faz política de gente grande, com todas as implicações filosóficas e práticas deste fato. Claro também que a literatura oriental mostra que o pessoal de lá entende muito de estratégia. Mesmo assim, há um ruído preocupante nas relações com o Ocidente: a palavra. A palavra, que um dia foi ponto de honra, perdeu força no Ocidente. O que é dito e escrito não vale mais nada. Xinga-se e ameaça-se hoje, esquece-se em seguida, promete-se e não se cumpre, e por aí vai. No Brasil, então, a palavra está morta e enterrada.

No Oriente, não. Quem estuda línguas e culturas orientais percebe a diferença. A palavra pode ser a glória ou o chicote do homem; se mal dada ou desonrada, o preço é caro. Muito caro. O que se fala fica para o bem e para o mal.



O que saiu da boca suja de Trump na Assembleia Geral da ONU sobre a Coreia do Norte foi muito mais do que uma ameaça, foi uma afronta. Trump é o representante máximo do esvaziamento da palavra nos EUA.Pode ser bravata, os coreanos podem entender bem de política e de bravata, mas os impactos reais deste tipo de ação neles, nós, ocidentais sem palavra, não conseguiremos entender no todo. E é nesse ruído que reações que não calculamos ou que achamos improváveis e insanas podem acontecer. Tomara que não.

omulus Maya
Romulus Maya “literatura ~oriental~”?
Olha que os identitários vão vir puxar o seu pé, hein?
https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/ff6/2/16/1f609.png



eonardo Valente
Leonardo Valente Puxam o pé por muita coisa, mas por essa, se vierem levam um safanão.
https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/feb/2/16/1f642.png



eonardo Valente
Leonardo Valente Aliás, nunca vi essa polêmica ao se regionalizar literatura… você foi o primeiro a destacar.



omulus Maya
Romulus Maya BTW, no mais, totalmente de acordo. Não tenho pessoas próximas coreanas, mas tenho chinesas. Da “alta hierarquia”. Você tem toda a razão na sua observação “filosófico-antropológica”. Deus nos guarde!



omulus Maya
Romulus Maya Por mais que nos esforcemos, com toda a boa vontade, nem eu nem você, p.e., conseguiremos “fabricar” os mediadores pra realmente ver as coisas COMO eles veem. Só nascendo e crescendo dentro do sistema de valores deles.



E aí colocam um elefante LARANJA na loja de louças – ou seria porcelanas? – pra fazer “diplomacia”.



Estamos abusando da paciência de Deus enquanto humanidade.



*



Ref. “literatura ~oriental~”… é porque o identitarismo ~asiático~ ainda não chegou no Brasil no ponto do da “matriz”. Mas tenha fé que um dia eles chegam lá também, como cada um dos outros identitarismos importados de lá (e mal traduzidos). Na “matriz”, “oriental” (ENG) já é equivalente a “negro” (ENG). Mas não chega a ser ofensivo como “the ‘n’ word”. “não pode!”. Só pode “Asian”!



eonardo Valente



omulus Maya
Romulus Maya “Oriental” (ENG) ficou com sentido pejorativo, associado ao “hype” cultural – branco – do “orientalism” do século XIX: os “bacanas” e a realeza europeia toda tinham em seus châteaux o “Oriental room”. Totalmente “folclórico”, na pior acepção do termo. Quem já visitou palácios na Europa (UK, Áustria, França, Alemanha, p.e.) sabe do que tô falando.

Já no Sec. XX veio o “neo-orientalism” a partir dos anos 1960/70: filmes do Bruce Lee, comida chinesa delivery, sushi, “karate kid”, o personagem “punho de ferro” da Marvel, tartarugas ninja, etc.



Sempre reforçando estereótipos/ “folclore” mas também com doses de “white washing” e “cultural appropriation”.



Então é tipo o equivalente, para os asiáticos, aos filmes “Blackface” da Hollywood antiga.



eonardo Valente
Leonardo Valente Mas esta não é uma dimensão étnica, é filosófica. Então quebra-se a noção de Ocidente.



omulus Maya
Romulus Maya O problema é só o adjetivo: “oriental” em vez de “asiático”. Pode continuar com a divisão filosófica, que ninguém quis até agora “causar em cima” – eu acho! Rs

Então é só traduzir “Eastern” como “asiático” e não como “oriental” que tá beleza.

Isso, claro, nos EUA.

No Brasil a implicância com “oriental” – ao que saiba – ainda não vingou.



Acho difícil mudar coisas tipo “Far East” = “extremo ORIENTE”. Quem vai começar a falar “Extremo-Leste”??



eonardo Valente
Leonardo Valente Muita polêmica para pouco fundamento. Ainda não vi nada relevante sobre. No sentido que disse, não vai pegar, preciosismo inútil.



omulus Maya
Romulus Maya Entenda: a questão é que tem gente que literalmente VIVE da… “polêmica” (sic) ?



Dá uma olhada neste artigo aqui que você vai entender do que tô falando:

*



*



*



*



aulo Follador

Paulo Follador Ocidente ‘vê’ Oriente (assim?)

https://lh4.googleusercontent.com/0O0c1nr2X76MLRYMHVluMJQ0AwS_qaWJ_DsYB6xRD5MB_LD7AyCb_Mrk_b3TxwB8GJKLoaV2P7XKleNf39YnH2FfeZ89Cj4CTdTkFviyJkk1Xs7ZZipFuV5OwnGlBmlVh92CJUc

In this all-star misfire, Peter Sellers stars…
YOUTUBE.COM
ão Antônio
João Antônio A palavra Oriente tem o mesmo radical do verbo orientar. Significando “levante” tal como a constelação de Orion. É a direção do nascer do sol, a aurora, a vitória da luz contra as trevas. Aurora dourada, aliás, uma outra associação que existe entre Oriente e ouro, a cor do Sol. Se tem uma palavra cujo o significado não poderia ser negativo, é esta. Outra associação implícita está na palavra “origem” e a consequente originalidade.



mulus Maya

A questão é que, mais recentemente, acabou associada a esses “movimentos culturais” kitsch ocidentais. A tal da “ressignificação”, sabe…



ão Antônio
João Antônio Fica meu protesto contra ressignificações por vezes burras.



mulus Maya
Romulus Maya Oh, I hear you, brother ?



Vou colocar o seu protesto no artigo. Muito pertinente.



aria Lucia Montes
Maria Acrescente também o meu. E a tal ressignificação que você despreza nem sempre tem o sentido negativo que você lhe empresta. Faz parte da dinâmica da cultura e suas trocas. Senão você vai ter que endossar os protestos identitários contra a “apropriação cultural” de turbantes e que tais. Nesses “movimentos culturais” kitsch a que você se refere há ao menos a boa vontade, por mais equivocada que seja, de abertura ao outro. Neles você pode trabalhar para que entendam o significado original, muito mais profundo e bonito, do que se dispõem a usar ou fazer. Já com os que os desprezam porque estão longe da “verdadeira cultura” (ocidental, deles, e superior a todo o resto…) quase não há o que se possa fazer…



omulus Maya
Romulus https://lh6.googleusercontent.com/GwASsx8NH9AmGRKxl0a5qXM8zNOtV4y0wB7buSz8tU1Ka7WzcVxGAOI3BzwEfkVkSRF8_bnh5R_xBhUA-gA480cpNx2zI71_jnRe0zQTQvAngueCZf-YEuLqooE9CtfXuFsRFL4



PS: LÓGICO que tem ressignificação “do bem”!
Adoro, por exemplo, quando uma “vítima” de um termo subverte a “vitimização” e se apropria dele, “ressignificando-o”. Tipo os gays se apropriando de “viado”, como no (tão falado) “criança viada”, da tal da mostra “Queermuseu”. Ou os negros americanos usando “nigger” entre si.

iago Fan

Tiago Fan Vale assinalar, nesse exemplo específico de ressignificação – para “oriental” – que ela foi feita pelos BRANCOS. Não pelos “orientais”! Inclusive, talvez, com a melhor das intenções, como a “abertura” ventilada pela Maria. Mas, de qualquer forma, a percepção própria de quem vive SOB o signo dessa ressignificação – no caso, os próprios “asiáticos”/ “orientais” – não pode ser descartada.
Maria Certíssimo, Tiago. Mas aí voltaríamos à lógica identitária politicamente correta, não? Dizem que querem ser tratados igual a todo mundo (o que é mais que correto), porque ninguém diz: Aquele branco trabalha como… Encontrei hoje um branco que… Mas diz: Encontrei um negro na rua… Aquele japonês trabalha com…



No entanto reivindicam o reconhecimento de uma identidade própria, que só existe como construção ~contrastiva~!! Então fico confusa até na linguagem. Como chamá-los? Como querem ser chamados? Afrodescentente, OK. Então, por analogia, seria nipodescendente, sinodescendente… e descendentes de coreanos, tibetanos, vietnamitas etc. etc.? Veja se não é uma sinuca!!



uilherme Kern Assumpção
Guilherme Kern Assumpção acho que tu tens tido contato com um ativismo equivocado, quiçá elitizado e colonial. Deve ter causado uma péssima impressão em ti…



omulus Maya



https://lh5.googleusercontent.com/7ZjX0l84hXApUqQMBzsiej1L8otuBUT6JW1sEihqUzSlFDgLKqPjdRNyR5DXTuGLjiCJCHnYVKlGohwR7eSv-Z6-7dvIDxhjNEcSxVvXjW_Kk6aHsFJqpV4FMUIMQyGekGepOCk
ROMULUSBR.COM



uilherme Kern Assumpção
Guilherme Kern Assumpção Romulus Maya tu mencionou o uso da palavra oriental x asiático, o que acho bem meh, existem realmente pessoas que se ligam a isso? O que me deu um chilique mesmo é ver a palavra literatura depois de uma contextualização regional limitada. Existem tipologias de literatura, que possuem uma origem em um determinado país/microrregião, porém resumir a literatura como algo genérico da metade do planeta me faz ter convulsões.



Quem sabe o que é wuxia?



E que nada tem a ver com haikais ou a literatura sacra sânscrita?



E achei confuso afirmar literatura de lá e literatura de cá, isso é identitário? Não?!



Até onde sei as variadas formas de literatura chegaram aqui (ocidente) e são muito lidas…e o contrário também.



Com tanto cá e lá, o texto parece muito com um viés identitário. Inclusive a percepção sobre como é vista a “promessa” e a “palavra” que são uma abstração de alguns tradicionalismos que em nenhuma parte refletem a realidade. A palavra pra eles tem o mesmo valor que aqui, oportunístico.



aria Lucia Montes
Maria Lucia Montes Ta bom que não precisa ser identitário fanático, mas haja etnocentrismo pra dar conta de vocês, aff!



uilherme Kern Assumpção



omulus Maya
Romulus Maya Maria Lucia Montes, acho que antropologia vai virar cadeira obrigatoria do ensino medio rsrs

Maria Lucia Montes

Maria Lucia Montes Pois deveria mesmo… Outro dia um cara fez um pedido de amizade no FB e, não sabendo quem era, fui olhar suas postagens, tava do “nosso lado”, aceitei. Aí ele me escreveu. Foi meu aluno, e é claro que não poderia reconhecer naquele homem o jovem pra quem dei aula. Comentei que o mundo dá muita volta e a gente se encontra por caminhos estranhos. Resposta dele: pois nunca esqueci de você, da última aula de um curso de antropologia, uma pergunta, sua resposta. Eu: Pergunta, resposta? No clue pra identificar… E aí ele explicou: Perguntei pra que servia estudar antropologia. E aí você respondeu: Acho que é pra tornar a gente mais humano! E completou: Lembrei disso pro resto da vida. Guardo como uma joia… Pois então é pra isso que eu acho que se deveria ensinar antropologia na escola…



omulus Maya
Romulus Maya “tu mencionou o uso da palavra oriental x asiático…” – Guilherme Kern Assumpção



“Che”, “tu tens”… “em ti”… viva o identitarismo… gaúcho (tb!), bah!



Alias, isso é uma coisa que ia comentar em artigo em algum momento: COMO é prevalente o No. de gaúchos entre meus leitores.



Completamente “sobre-representados”, sempre com um nível de consciência politica, histórica e cultural bastante superior à media nacional.



As escolinhas do Brizola fizeram diferença, hein? https://lh5.googleusercontent.com/3n5rpL_DunE4v6viPQ-NjsHaAz8hGHbDOpBJiY8IOVnaxHb__IirCuqQt_dxiDQQ8zMlPc__hoMJ7gd--xsBp58jyUas8KpSeGvSaxpf7vJLSioaZi8MtObLIOKm2oD7cTY3TSI



Isso me chamou a atenção para o quão deletéria é a cartelização da mídia, nas mãos das 4 famílias do eixo – exclusivo – Rio-SP. Nos, “do eixo”, não somos expostos aos pensadores das outras regiões do Brasil. E autores/ articulistas do RJ e de SP são sobre-representados na mídia “nacional” (aspas!). Essa mídia reflete os gostos/ expectativas desse publico do Rio-SP, onde fica o mercado publicitário. Sobretudo SP.



Já blogando, eu “descobri”… os gaúchos! “Barbaridade!”



oão Antônio
João Antônio Até entendo por parte dos afro-americanos, porque negro – não pela população, mas pela cor preta – é sempre associado a noite, e por sua vez ao escuro, ao sono, a morte, ao medo, ao desconhecido, etc.



omulus Maya
Romulus Maya Mas justamente por isso – porque a pigmentação ~negra~ vai continuar de qualquer maneira e não existe a “color blindness” dos “early days” de combate ao racismo nos EUA – é que é mais eficaz RESSIGNIFICAR “negro”… apropriar-se do termo, em vez de inventar “eufemismos” (excessivamente) “politicamente corretos”.



(“politicamente correto” entre aspas mesmo… porque acaba sendo politicamente… ESTÚPIDO!)



uilherme Kern Assumpção



https://lh6.googleusercontent.com/nV2UJdbhkv0-Jy8I-42R54uefaYimzzG0SeWVACWIp3Q2_hJY2ylFXLJjWih16TQBoLLfeAmbv5vpvt07Ys8w6u_G9y0-15vQsgk6GZ9pPUWLEFxUpgmLJhfeTmVO_B8Lj660aM
YOUTUBE.COM



Sobre ressignificação de palavras: não gosto. Exemplo: “viado”.



Podem tentar o que for, mas isso é o que gritaram, gritam e gritarão enquanto espancam LGBTs. “Sapata” pras lésbicas. Então, ressignificação pra mim sempre foi furada quando a teoria chega na prática da violência.



omulus Maya
Romulus Maya Tipo… houve um momento nos anos 90 em que o “bacana” era falar, em vez de “deficiente físico”, “pessoa portadora de necessidades especiais”, tradução porca de “person with special needs” (como sempre).



Vi, ao vivo no estádio, o encerramento da Paralimpíada de Londres, em 2012. Esta era a mensagem, forte: sem mais “concessões” discursivas ou nas atitudes nossas – ou para conosco! – “apenas” para não ferir as suscetibilidades dos “normais” (sic).



Reparem no boneco gigante do bebê com sequelas visíveis, uma imagem “agressiva”… essa era a onda: “nós não temos que esconder nada… se te incomoda o problema é seu!”

PS: vi o thumbnail do video agora, com a Rihana…
~SÓ~ assim lembrei que ela fazia parte do show! hahaha
De longe foi o menos impactante!
“clap clap clap” pros organizadores!
Todo mundo saiu impactado… E é assim que deve ser a arte… ainda mais a política!
PPS: presença VIP-luxo de Stephen Hawking, co-host! https://lh5.googleusercontent.com/NHuHeDmvq_je6jID2BYkB6xQI2zlFVkH9a_C0Zp5AqiMU76IBy0TX7jkTauoxMKkhxPCJ5sZ-dw1bLF1G0I8XStslcL6Hwt5d-YAycTGmvfHhsQh7EyV_QF_ZMS-OEKfkiJ06kA

*


(enquanto isso, no Rio, a golpista Giselle Bundchen – nem todo gaúcho é “do bem”, né? – representando “a garota de Ipanema” (sic!!). Aff…
HAJA CONCESSÃO ao público, né??
Mas deixa quieto…)

*



Guilherme Kern Assumpção, point taken em relação à “ressignificação” por parte do oprimido não adiantar enquanto o velho significado (“vou te matar, seu VIADO de merda!”) continuar na boca do opressor. Sinuca.



uilherme Kern Assumpção



Talvez tenha dado a entender errado sobre a palavra “negra”. Não sou, portanto não iria dizer o que é melhor, porém posso fazer uma análise com “viado”, diferentemente deste, “negro” é anterior e remete a uma etnicidade, não necessariamente objetificava e descaracterizava um ~sujeito~, enquanto o “viado” reduz a condição animal e o objetificava.



Afinal, é mais fácil violentar animais, por não serem parecidos com o humano, que outros humanos, algo que existe uma determinada similaridade na característica do negro que é descaracterizado por não parecer com o branco colonizador.



uilherme Kern Assumpção
Guilherme Kern Assumpção Considero “afrodescendente” um termo muito horrível, colonizador e um embranquecimento da história negra seja qual for, africana, brasileira, norte americana etc.



omulus Maya
Romulus Maya com certeza… mas aí entra a ressignificação ao longo do tempo. Com a escravização e o tráfico, “negro” foi ressignificado e tomou caráter claramente pejorativo. A questão é qual a melhor estratégia para lidar com isso: interditar a palavra e trocar por uma nova ou brigar pela sua apropriação e ressignifica-la.



orotea Kremer Motta
Dorotea Kremer Motta Eu acho o politicamente correto muito chato, e parece sempre esconder um desprezo enrustido.



As palavras têm conotações afetivas. Ninguém vai topar o pé na mesa e dizer “fezes”, diz MERDA mesmo. A palavra “negro” pode ser dita ofensiva ou carinhosamente. Velha, veado, e muitas outras também. O emissor e o receptor sempre sabem do que se trata.



uilherme Kern Assumpção
Guilherme Kern Assumpção “Viado” pode por outros viados, assim como “sapata” pra outras sapatas. Sei lá. Acho que respeito a pessoa, se ela não gosta não chama. Bom senso.



omulus Maya
Romulus Maya Sobre “veado” e “animalização”…



Bem… em principio dizer que você é um “gato” iria pelo mesmo caminho?



Meu finado avô, que frequentou muuuuuuito a noite subversiva do velho RJ “capital da Republica”, da famosa Lapa, dizia que a origem de “veado”, ali, se deu justamente pela repressão policial. Em determinado momento chegavam os “meganhas” e os gays saíam correndo, saltando pelos obstáculos na rua, para se evadir. “Pulavam como… veados”!



Meu avô foi da época, inclusive, do (“da”?) célebre “Madame Satã”.



Mas com essa NINGUEM mexia… exímio capoeira e extremamente altivo, não levava desaforo pra casa. Aliás, meu avô dizia que quando Madame Satã chegava era melhor já ir catando as coisas e ficar pronto pra sair fora. Porque a chance de sair quebra-quebra e porradaria era altíssima! rs



omulus Maya
Romulus Maya Vcs viram o filme “Madame Sata”? Qndo vi, lembrei muito do meu avo.



aulo Follador
Paulo Follador Dorotea Kremer Motta Quando morei em PoA me chamava atenção o ‘tu vai í?, essa fala é da capital?



orotea Kremer Motta
Dorotea Kremer Motta Paulo Follador “tu vai” é de todos gaúchos.



omulus Maya
Romulus Maya No Rio, o “popular”, a língua do “povão”, é falar “tu vai”… com a conjugação “errada” (aspas!) mesmo. Usa-se em lugar de “você” mesmo.



Acho que a única pessoa no RJ que fazia a conjugação “correta” (aspas!) com o “tu”, e que o usava correntemente em lugar de “você”, era o (gaúcho!) Leonel Brizola! https://lh5.googleusercontent.com/8-LmqouULYPCyABIl44GxbZ8PtZGmd9gV3jIQkF_2yABmw4SbnKpMHVxTN78weR-qe-hWHRVCwjeVOkI7aDGtaaGXRAddnJuPktfksIlbHkfV0kf6wwcl_WBUN140K1Chswugjw



orotea Kremer Motta
Dorotea Kremer Motta aqui só se usa o “você” na fronteira com o estado de Sta. Catarina. No resto do estado é o “tu” mesmo, mas com a conjugação da terceira pessoa.



uilherme Kern Assumpção
Guilherme Kern Assumpção Isso é o legítimo fluxo de consciência, cada um aborda o tema como quer e fica tão distante da chamada que já nem tema tem haha



omulus Maya
Romulus Maya Não é maravilhoso, Guilherme Kern Assumpção?? https://lh5.googleusercontent.com/NHuHeDmvq_je6jID2BYkB6xQI2zlFVkH9a_C0Zp5AqiMU76IBy0TX7jkTauoxMKkhxPCJ5sZ-dw1bLF1G0I8XStslcL6Hwt5d-YAycTGmvfHhsQh7EyV_QF_ZMS-OEKfkiJ06kA



omulus Maya
Romulus Maya Meu nome QUASE foi “Rodrigo”, pq a minha mãe tava lendo “O tempo e o vento” qndo tava gravida de mim. Só não foi pq era, justamente, o nome da moda naquele ano. Tinha milhões já. Ai minha mãe se controlou e foi pra “Romulo”.



aulo Follador
Paulo Follador Romulus Maya já pensou, Capitão?



orotea Kremer Motta
Dorotea Kremer Motta Romulus Maya têm milhões mesmo! Um dos meus genros é Rodrigo.



omulus Maya
Romulus Maya Aqui, dois cunhados. Todos da minha época. Milhões em todas as salas de aula da minha vida. Por isso, agradeço muito à minha mãe pelo “Romulo”. O engraçado – Maria já sabe dessa história – é que quando era pequeno, tipo 3, 4, anos, não conseguia falar o “R” forte do início. Então, quando perguntavam o meu nome, dizia que era “Omulu”.



Ihhhhhhh…



Aí minha avó, que fora praticante do candomblé, ficou desesperada. É o nome do Orixá dos mortos!



Ficava dizendo que a minha mãe “tinha que dar jeito naquilo”… “ensinar o menino a falar direito”… “que falando ‘aquilo’ é que não podia” rs



Olha a minha avó cripto-macumbeira, Guilherme Kern Assumpção:



https://lh6.googleusercontent.com/VbMIblB875zV8JUI9MZPgBgRvKf-tJ6EDkP-r_Hr6bGMMxZ92jtZVOtwfJ02O3bbZjMZbTnvp0fh4xhoZRUrJUXairykn9WyY1U2uRWI3img8Z37ZqLfaELMC2jbM676zDRCEbA
Vol. 3: Canto – abafado – das três raças:…
JORNALGGN.COM.BR



uilherme Kern Assumpção
Guilherme Kern Assumpção Imagino o terror de ver o neto se chamando de orixá dos mortos…



O que seria pior;



Ter desrespeitado o orixá



Ou



Ser uma manifestação dele?



oão Antônio
João Antônio Isso de desumanização por usar uma comparação com um animal geralmente é nada a ver. Até pode ser no caso do macaco, cuja característica mais marcante é ser parecido com o homem, não sendo homem, mas não funciona com outros bichos. Leão, por ex., quase sempre é apropriado pelos exércitos como símbolo de bravura, ferocidade. A raposa é considerada um bicho esperto. E os afro-americanos também se associaram a onça preta, a pantera, para inspirarem temor.



E o gato inspirou também a palavra gatuno, o ladrão que entra e sai da sua casa sem fazer barulho.



uilherme Kern Assumpção
Guilherme Kern Assumpção Porco. Burro. Jumento. Anta. Vaca.



Animais são usadas para qualificar ou desumanizar desde sempre.



Quanto mais herbívoro e dócil o animal, maior será a sua desqualificação. Fruto do patriarcado e vinculação a qualidades agressivas como positivas.

*


https://scontent-lhr3-1.xx.fbcdn.net/v/t1.0-1/p64x64/14469446_10154769658483974_2464248256807996312_n.jpg?oh=d4c7d1383838ba9d5387641b7b82e700&oe=5A3F891B
Pedro Mozart Sobre a ressignificação: eu apoio totalmente. Aprendi isso quando fui morar na Alemanha em 1995, fui fazer um estagio em um escritório de arquitetura. Sim, sou arquiteto, mas não exerço a profissão, acabei virando publicitário quando vim morar em Sampa há 21 anos.



Um amigo gaúcho me recebeu em Munique e lá me explicou como a palavra usada para designar o movimento “gay” não era essa, pois é inglesa, e sim o termo “schwule”, que significaria “Morno”, nem quente nem frio – mais ou menos na linha do que a gente no braziu chamava de ‘gilete’, com esse sentido de cortar pros dois lados, ou seja, não ser nem macho nem fêmea exatamente.



Sempre se usava essa palavra para cortar, machucar, xingar. Então o movimento, lá pelas tantas, se deu conta e passou a usar esse mesmo termo como fator de autoafirmação. A logica me pareceu muito interessante – pois, se você não se aceita como é, e de fato um cara que gosta de outros caras, uma mulher que gosta de outras mulheres, é um meio-termo, algo que não se enquadra no binarismo tolo.



Um xingamento só é um xingamento quando você aceita que seja xingamento, quando você reconhece que a palavra usada ‘contra’ você tem o poder de te jogar pra baixo, quando você reconhece que o significado dela é negativo.



Essa é normalmente a origem dos apelidos que machucam, do bullying, pois se você não aceita que é coxo, baixinho, viado ou o que quer que saia do ‘padrão’ dominante, as pessoas passam a te chamar disso pra te xingar, ferir ou simplesmente caçoar.



Então, eu defendo que o movimento gay não seja gay, ou que seja mais do que isso, seja dos “viados”. Ou das sapatas, ou do que for.



Além de tudo, depois que comecei a estudar Jung de maneira um pouco mais constante, me dei conta de que um dos conceitos mais importantes dele – o da Sombra – se aplica nesse caso. Todos temos um lado oculto, que não gostamos ou nem sabemos direito que existe, que não aceitamos. A nossa Sombra, e ela é quem muitas vezes nos governa, nos ‘atiça’ para fazermos algo que em princípio vai contra tudo o que ‘pregamos’, defendemos, acreditamos. A Sombra explica a hipocrisia dos padres pregando a caridade e a castidade e ao mesmo tempo morrendo de amores lascivos por seus pupilos ou pupilas, e por aí vai….



Então eu acho que o melhor antídoto contra o preconceito é a aceitação de que ele tem origem interna, dentro da gente, e que se determinada palavra nos fere, ela fere porque encontra na gente um reflexo, um esteio, uma parte nossa reconhece que este preconceito está correto. Enquanto achamos que uma palavra tem o poder de nos definir de forma ‘negativa’, é porque não aceitamos que somos o que essa palavra quer dizer, não aceitamos que ela define o nosso lado ‘Sombra’.

*

aria Lucia Montes
Maria Fui tomar banho, e o papo rolando… Voltei e nem sobrou lugar pra comentar… Mas vamos lá, no atacado.



1) Acho que a sub-representação gaúcha (e do resto do país) na mídia pelo monopólio RJ-SP devia ser post no blog porque é muito interessante como você “descobriu” que o Brasil existe.



2) Achei bárbaro o passeio pelo imaginário, com os bichos como metáfora de desumanização.



3) Adoro o menininho que se chamava Omulu, mas acho que a avó e o Guilherme não trataram bem meu Pai (Atotô!). Obaluaê, Omulu ou Xapanã são diferentes nomes, formas ou qualidades de um orixá da terra, senhor da peste e da cura. Anda coberto de palha para que não vejam as marcas horrendas da varíola na sua pele. Mas por isso ele tem atadas em seu bastão, o xaxará, duas cabacinhas, das doenças e dos remédios que as curam. Sua festa é solene e perigosa, porque, ao invocá-lo, chamam a peste para dentro da aldeia e as oferendas de alimentos compartilhados com o público depois são levadas embora para que ele carregue pra longe os males que ele próprio poderia trazer.



Mas seu simbolismo maior de cura está no banho de pipoca, aquele mesmo com que as mães de santo receberam Lula em Salvador. Quando uma criança está com brotoeja, sarampo, catapora, ou um adulto com alergia, queimado de sol, com varíola etc., não se diz que está com a pele “empipocada”? Metáfora apotropaica cuidadosa, para evitar chamar o mal pelo seu nome…



Pois o milagre do poder de Obaluaê ou Omulu (Xapanã quase não é invocado, nem seu nome se diz, pelo tanto de perigo que representa) é transformar a irritação ou a ferida purulenta, que o orixá traz na própria pele, na brancura imaculada da pipoca que alimenta e cura o corpo e o protege de doenças, e assim cura e protege também a alma de todos os males (e Lula bem que precisa disso…).



É por esse poder sobre a doença e a cura que ele escolhe quem vive e quem deverá morrer. Só nesse sentido ele está associado à morte, podendo ser até cultuado em cemitério, mas como auxiliar de sua mãe, Nanã, a avó de todos os orixás, dona da morte, mas também protetora das crianças e dos animais de uma casa. Nenhum dualismo estanque é admitido na sabedoria profunda desse mundo africano. Por isso é que precisei vir aqui corrigir a imagem distorcida que vocês estavam fazendo de meu Pai. Atotô, Obaluaê!



../../Desktop/omulu.jpg

4) Cerimônia de encerramento da Paralimpíada de Londres: Quequiéisso, Romulus???!!!
Surreal, delirante, estranhíssimo e estranhamente deslumbrante! Nunca vi nada parecido em minha vida!
Festival do fogo, das estrelas, girassóis, circo e ficção científica, carros alegóricos vindos de outros mundos, máquinas, monstros e humanos fundidos em simbiose estonteante e não fazia diferença dançar numa cadeira de rodas ou sobre andas como estranhos bichos alados. A mais pura energia da vida pulsando nas tochas, no fogo dançante em toda parte! Todas as cores, todas as raças, todas as bandeiras. In spite of our many differences, we´re all here together!
Emocionante! De me fazer chorar! Precisava acontecer um festival assim a cada ano e em cada país do mundo! Celebração da vida, nos antípodas do ódio que está destruindo nossa humanidade.
Fim??



*   *   *

– Siga no Facebook:
– E no Twitter:

*
Achou meu estilo “esquisito”? “Caótico”?

– Pois você não está só! Clique nos links (4 volumes já!) e chore as suas mágoas:

  

*
A tese central do blog:

*
Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.

Facebook Comments

Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

Romulus Maya tem 1734 posts e contando. Ver todos os posts de Romulus Maya