Rajoy: um Sergio Moro em Madri

Rajoy: um Sergio Moro em Madri
(¡Viva Franco! ¡Arriba…
… Curitiba?!)

Por Roberto Xavier
O juiz Sergio Moro se comporta como o Primeiro Ministro espanhol Mariano Rajoy, que ao tentar impedir o plebiscito pela independência da Catalunha apenas reforça os argumentos dos independentistas.
Moro, ao fazer acrobacias jurídicas e se tornar useiro e vezeiro de dois pesos e duas medidas para inviabilizar a candidatura de Lula em 2018, apenas reforça sua posição como candidato da “oposição” a Temer e a sua desconstrução das incipientes políticas públicas brasileiras.

Sem entrar no mérito do movimento separatista catalão prefiro apenas considerar um enorme absurdo do ponto de vista político tratar uma reivindicação por democracia com violência policial indiscriminada e me abster de mais comentários, mas seria importante que quem quiser se posicionar observasse que nem toda eleição é democrática, assim como nem toda imposição é autoritária. Uma coisa é o processo outra é o modelo.

Nacionalismo histórico então é uma 3ª coisa bem diferente dessas, mas se a pessoa não entende a diferença entre Estado e Governo, não conhece a história espanhola e nunca ouviu falar do casamentos do Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, acho difícil que entenda um movimento como esse.
Também é importante observar que o Primeiro Ministro Mariano Rajoy não é um Ditador, embora aja como tal e a Autoridade Catalã não é um grupo Separatista, embora também aja como tal. O que está acontecendo lá tem muito mais a ver com um mal-ajambrado pacto federativo do que o tal nacionalismo histórico. Por favor, se quiserem entender alguma coisa, olhem para a solidariedade economia, ou a falta de, da Europa em geral, da Espanha em particular e onde a Catalunha se encaixa neste contexto.
Também sem entrar no mérito do “combate a corrupção” encabeçado pelo diligente juiz curitibano e pelos paladinos da moralidade seletiva na figura dos procuradores da Operação Lava Jato tentar colar no ex-presidente a pecha de corrupto mor no pais de Cunhas, Temers, Geddeis, Jucás e Neves e tarefa inglória.
Como disse Reinaldo Azevedo em sua coluna da Folha (meu Deus, estou citando a Folha; meu Deus, estou citando Reinaldo Azevedo), “se todos são iguais, Lula é melhor”. Tentar colocar o ex-presidente na vala comum dos corruptos tem o efeito eleitoral inverso. Na visão do seu eleitorado típico o que é o pedalinho da D. Marisa diante de malas com R$ 51 milhões em dinheiro vivo.
A inviabilização da candidatura de Lula por vias judiciais só o fortalece. Pelo que apontam as pesquisas, se concorrer vence, se for preso elege um indicado. O ponto é que em política é necessário entender que é impossível prever mais que alguns dias a frente quais as consequências dos seus movimentos, seja aqui seja na Catalunha.

Esperar que um juiz sem experiência política como Sérgio Moro entenda como funciona o jogo político só faz sentido no discurso raso da classe média brasileira, mas de um político experimentado como Mariano Rajoy esperava-se um pouco mais de traquejo e maturidade, mas tanto lá quanto cá o efeito conseguido será exatamente o inverso ao desejado.

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Comentário de um leitor aqui no Blog, ontem:


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Comentei ontem no Diário do Centro do Mundo – DCM:
Coxas separatistas vão ser mantidos juntos pelos coxas não separatistas. Lembrando: coxas separatistas = imperialismo.
Se 4,6% do país quiser se separar é suficiente? São Paulo (Estado) são mais de 20%, ou seja, SP tem 4,5 x mais legitimidade para se separar do país que a Catalunha.
Depois de nos sugar por séculos? Senta lá, Cláudia.
Aí vejo o Senna em total consenso com O Globo e o DCM.
(sobre a questão catalã)

Brizola rola no túmulo.

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Mais sobre o separatismo na Catalunha em:

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Romulus Maya

Advogado internacionalista. 12 anos exilado do Brasil. Conta na SUÍÇA, sim, mas não numerada e sem numerário! Co-apresentador do @duploexpresso e blogueiro.

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