Kamala Harris é “Parda”

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Por Luiz Carlos de Oliveira e Silva

Kamala Harris, a senadora candidata a vice-presidente na chapa democrata encabeçada por Joe Biden, é vista como negra nos EUA. Isto porque, para amplos setores de ambas populações branca e negra, a ideia da mestiçagem é inaceitável.
No Brasil, pessoas com a aparência semelhante à de Kamala são, de modo geral, consideradas “pardas”, para usar o jargão empregado pelo IBGE, mas já há uma tendência naquele setor do movimento negro brasileiro, mais colonizado pelo ativismo estadunidense, que igualmente recusa a ideia da mestiçagem.
Nós os “pardos”, como me parece evidente, formamos a parcela majoritária da população brasileira. Este fato deve ser assumido politicamente como uma das nossas características nacionais, o que deve implicar, segundo penso, a recusa da ideologia que, dentre outras coisas, quer mascarar o fato de Kamala não ser negra, e sim mestiça.
A mestiçagem ofende o racismo porque ataca o centro da sua “lógica”. É por isto que a mestiça e o mestiço nos EUA são “denegados”, são invisibilizados… A lamentar também o fato de a condenação da mestiçagem vir encontrando guarida em setores do movimento negro brasileiro.
Ao que tudo indica, o futuro da humanidade é mestiço, caso haja futuro para a humanidade. Muitos racistas preferem morrer antes…

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Luiz Carlos de Oliveira e Silva é professor de filosofia.

PS₁: Eu acho ruim o termo “pardo”, mas, na falta de outro, é como eu me identifico nos censos do IBGE, por este ser o termo “oficial”..

PS₂: Considerar Kamala “parda” e não negra me parece mais consequente e progressista. Os EUA deviam nos copiar, e não o contrário…

PS₃: Ver três realidades distintas onde os estadunidenses só veem duas, me parece ser uma vantagem moral comparativa a nosso favor.

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