A gestante na quarentena – COVID-19

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Por Dominique Klaczko.

Existe algo de positivo nessa quarentena para uma gestante?

Estamos atravessando um período de incertezas, perturbações, angústias. Muito medo, na realidade. Nada sabemos dos desdobramentos desse contágio, muito menos como ficará a vida pós-quarentena.

O que sabemos é que nesse momento o Chá de bebê e o chá revelação, serão cancelados. As compras do enxoval, interrompidas. As lembrancinhas da maternidade descartadas. O quarto não será finalizado.

Num primeiro instante, as mulheres barriguidinhas ficam muito tristes e desoladas… um tempo depois, se dão conta que melhor nascer saudável do que com todos esses rituais e apetrechos.

Que rituais?? Rituais performáticos , rituais falsos de aceitação do novo SER que nos levam a compras cada vez com mais exigências a uma indústria de eventos, figurinos, cenários, coreografias, gestos que falsamente nos remetem a construção de uma família dita feliz, de aparências e sem problemas, sem questões, inseguranças … um conto de fadas.

A mulher atravessa por essa performance instigada pela aceitação por sua comunidade social .

O vírus na realidade está abrindo um portal, rompendo com paradigmas ritualísticos performáticos e nos levando ao ato de desnudar-se em direção à essência da natureza, da origem, em direção à simplicidade orgânica, ao normal, em direção ao ato de parir sua cria com aqueles que são os autores desse projeto.

É a essência da vida pulsando, abrindo caminho nesse mundo em que só sabemos acumular, arrebentar as florestas, tirar os animais do seu habitat, mudar a geografia, pensar nada além do nosso umbigo, agir para nós mesmas!!!

Mega transformação planetária.Esse vírus vai trazer um tempo outro para o planeta , para vivermos outras bases, vivermos em comunhão com a vida interior.Uma mulher mais centrada na sua cria.

Quando penso algo ruim o eixo hipotalâmico pituitário afeta a hipófise. O corpo recebe tanto cortisol, se prepara para uma ameaça, você se contrai desperdiça a imunidade. Seu sistema imunológico também depende de você sentir coisas boas , acalmar seus batimentos cardíacos, transformar a ansiedade em calma, a reclusão em auto conhecimento, a impotência social em potência interna.

Vamos pensar na oportunidade que temos de estar mais vinculados às sensações do nosso bebê dentro do ventre. Nunca as grávidas sentiram tantas coisas, que até se assustam… na realidade é tudo normal, acontece que na correria do dia a dia não se percebe o corpo, as mexidas desse serzinho, porque estamos voltadas para o externo, as obrigações de todos os lados.

Quando paramos, sem ansiedades, sem correria, a percepção corporal é resgatada.A princípio nos causa estranheza e medo precisamos confirmar se é isso mesmo, um a, duas , três vezes… até que… enfim… podemos curtir e lembrar que se conversarmos com o bebê, ele responde.

E, aí, começa a grande transformação que está a nosso alcance, agora: a comunhão interna com nosso filhote.

Há quanto tempo essa comunhão não é sentida, há quanto tempo apenas percebemos o bebê em nosso ventre nos exames de imagem e passamos a ser dependentes de uma imagem para sentir.

VER É SENTIR.

Acredito que esses bebês serão a geração saudável que terá a possibilidade de provocar mudanças.

A bioquímica no corpo da mãe no momento de contato interno, no momento da calma,favorece o amadurecimento de um sistema neurológico mais inteligente, estabelece maior segurança e mesmo no caos já passamos a sensação de que existe uma saída

CAOS EXTERNO. COMUNHÃO INTERIOR COM SUA CRIA E COM SUAS SENSAÇÕES.

Dominique Klaczko, Fisioterapeuta com experiência em obstetrícia há 32 anos. Microfisioterapeuta. Terapeuta de família e casais. Vegetoterapeuta. Mestranda da UNIRIO no programa de HIV/Aids. Responsável pela implantação do primeiro projeto de fisioterapia n ambulatório de pé natal/ sala de parto e pós parto do Hospital Gaffree Guinle – Rio de Janeiro. Formação no Projeto Convergências. Especialista em Fisioterapia aplicada a Saúde da Mulher pelo COFFITO.