A economia de Guerra da Banca, a eterna farsante

Por Pedro Augusto Pinho

 

O mundo enfrenta crise real, não aquelas provocadas pela banca, desde 1987 até o início deste século XXI, para ganhar o poder que hoje exibe.

Verdade ou fantasia? Que tipo de crise nos aguarda?

Quem enriqueceu, ainda na Idade Média, enfrentando obstáculos naturais – mares, montanhas, desertos – e humanos – povos e idiomas desconhecidos – para trazer produtos do oriente para Europa? Ora, os judeus que criaram bancos em Veneza, em Gênova, nos Países Baixos, porque era proibido para os católicos. Não enfrentaram os riscos físicos, só os financeiros. E armaram os reinos da Inglaterra e dos Países Baixos para disputa das presas orientais.

A usura era pecado e a presença da Igreja era forte na sociedade medieval. E a tal ponto ficaram reféns destes banqueiros judeus, que os empreendedores e senhores de terras e das guerras acabaram por criar um movimento, a inquisição, para tomar-lhes os bens.

Com as descobertas tecnológicas no início da Idade Moderna – instrumentos náuticos e naves, na península Ibérica; máquinas produtoras de bens e energia, entre germanos, saxões e ingleses – houve um novo criador de riquezas: o industrialismo.

Mas na Inglaterra e nos Países Baixos onde as finanças participavam, como sócias, dos reis e da aristocracia, a industrialização ficou subordinada à banca.

E os grandes impérios que se formaram, o Britânico e o Holandês, levaram a banca para o controle da sociedade.

Só mais tarde, já com a sequência de novas guerras europeias, pela dominação colonial e territorial, aparece o primeiro país onde se construíra o poder pela produção industrial. Passamos então a ver uma disputa entre dois impérios: o mais antigo, com o poder financeiro, e o mais recente, com a produção industrial, o consumo de massa. Ambos bélicos e destruidores de povos e etnias.

A luta do imperialismo estadunidense contra o imperialismo financeiro, fortemente estabelecido em Londres, foi a verdadeira disputa do século XX. E concluiu com a vitória da banca, com as decisões do Reino Unido (UK) e dos Estados Unidos da América (EUA) de desregular a economia. Não haveria pecado ao sul do Equador nem crime financeiro ao redor do mundo!

Ainda hoje há quem discuta o comunismo e o capitalismo. Ora, o comunismo soviético foi uma aplicação do industrialismo, que fracassou como o estadunidense, com as desregulações dos anos 1980. Onde está o líder industrial Rockefeller, fundador da poderosíssima Standard Oil, por seus herdeiros e sucessores? Meus caros, eles e tantos outros são números nas aplicações dos BlackRock, Vanguard, Charles Schwab etc etc etc.

Temos as novas e velhas realidades lutando pelo corpo e alma da Terra e seus habitantes. E o que assistimos, e sofremos, é essa guerra, hoje híbrida – sangue e facebooks.

Mas a banca não quer que sua história seja contada desta maneira, principalmente no século XXI, quando boa parte do seu dinheiro tem origem nas drogas – produção e tráfico com dois grandes centros: Sudeste Asiático e América do Sul – e nos contrabandos de pessoas e órgãos humanos e armas.

Fica mal na foto, a rainha da Inglaterra com o grande barão da banca, e o pó branco derramando de seus bolsos.

Então a banca cria máscaras, uma de suas especialidades, e elas se mostram ora à esquerda ora fascistas, depende do lugar e da hora, ou nos árabes, islâmicos, ou nos chineses, nos terroristas contra adeptos da teologia da prosperidade, ou seja, apresenta simples e fáceis dualidades, para raciocínios primários, de sorte que os separe, antagonize e lance uns contra os outros; lucrando o terceiro, a banca, a mais esperta.

Assim devem ser lidas as publicações do mainstream, em todo mundo. A mídia hegemônica, a comunicação de massa, propriedade da banca, nada mais faz do que colocar as pessoas nestas falsas dualidades e exigir ação. Ou voto, ou depósito para salvar o dinheiro (sic).

 

Examinemos a economia que existe neste início da terceira década do século XXI.

Primeiro é necessário entender, como o velho Karl Marx já assinalava, que o capitalista, não o capital mais seu detentor, não tem pátria. Ele segue um adágio romano: ubi bene, ibi patria (onde se vive bem, aí é minha pátria).

Com os recursos da informática, de drones, de cercas virtuais, estes senhores da banca podem escolher o clima e a vista que desejam para viver e ignorar o país onde moram. Estão a um passo do conto que o criativo e excelente escritor brasileiro, o alagoano Fernando Soares Campos, escreveu “Saudades do Apocalipse” (publicado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, em 2003), e se viu plagiado por Hollywood no filme “Elysium”, de 2013.

Em outubro de 2015, a revista Forbes, publicou artigo de Tim Worstall, com várias imprecisões, que dava a impressão de os EUA terem mais pobres do que a República Popular da China (RPC).

Não é impossível, em um país que concentra renda, mesmo sendo muito menos populoso, encontrarmos mais pobres do que em outro onde a renda é parte da economia saudável, que consome, paga impostos e investe para continuar produzindo. Também de governos que tem perspectivas diferentes do emprego do capital.

Permitam-me a transcrição do artigo de Vladimir Platov, “Por que os EUA precisam de guerra?” publicado pelo AEPET Direto em 21/01/2020:

“Em 2003, o Indy Media, site na Bélgica, publicou um inteligente artigo, “Why America Needs War”, do historiador e cientista político Jacques R. Pauwels Ph.D. No artigo era declarado que as guerras são um terrível desperdício de vidas e de recursos e, por esse motivo, a maioria das pessoas se opõe às guerras”. Mas existe uma economia de guerra. E continua o artigo afirmando que “essa economia de guerra, na qual os EUA se apoiam há mais de um século, (que) permite indivíduos e empresas ricas se beneficiarem da violência e do derramamento de sangue, o que os torna propensos a advogar guerras ao invés de resolver pacificamente os conflitos”.

Está explícita uma razão pela qual pode haver mais pobres nos EUA do que na China. Sigo na transcrição. “Durante a Segunda Guerra Mundial, os possuidores de riqueza e altos executivos das grandes corporações aprenderam uma lição muito importante: durante uma guerra há dinheiro a ser ganho, muito dinheiro. Por outras palavras, a árdua tarefa de maximizar lucros – a atividade chave da economia capitalista americana – pode ser absorvida com muito mais eficiência através da guerra do que através da paz. No entanto, para isso é necessária a cooperação benevolente do Estado”.

“Isto resulta que Estados como a Rússia, China, Irã, Coreia do Norte, Cuba e Venezuela – que estavam dispostos, num momento ou outro, a discutirem suas diferenças com os EUA – serem antagonizados e designados como ameaça para os EUA e sua segurança nacional” (!).

Manchetes atuais dão conta que diversas economias nacionais, entre elas as importantes da RPC, da Federação Russa e do Irã estão se afastando do dólar.

Também se afastam do dólar os capitais financeiros, em especial os ilícitos, na direção de moedas virtuais.

É lógico que o sentido de autopreservação do capital não há de querer uma guerra de destruição global. E os EUA estacionaram na guerra fria e na suposição hollywoodiana de sua invencibilidade. O que os importantes confrontos na Coreia, no Vietnã e, recentemente, na Síria desmentiram. Publicações especializadas nos dão conta que a Rússia é o país que dispõe, no momento, dos mais avançados equipamentos e armas para guerra. E estão dispostos a cedê-los aos aliados na luta contra a agressão estadunidense.

Derrotas nas guerras armadas, evasão para moedas virtuais, acordos de transações nas moedas nacionais dos vendedores e compradores e a queda, facilmente perceptível, da capacidade científica e tecnológica dos EUA só podem resultar no enfraquecimento de uma moeda que tem a maior dívida mundial.

É esta dívida, que eliminada bruscamente, arrastaria várias outras moedas, entre elas o real brasileiro, que ainda segura o dólar estadunidense. Mas também é a razão, fora das eventuais especulações econômicas ou políticas, que não permitem a valorização do dólar.

Por conseguinte, embora a banca esteja inquieta, pois o equilíbrio, em toda acepção, não favoreça seus ganhos, não há razão para imaginarmos uma crise, especialmente da amplitude de 1929.

O que nos aflige é a banca ser estéril. Não ser produtora de bens, investidora em projetos de infraestrutura, de melhoria de vida para população. Assim, se hoje os EUA ainda não são um país de pobres, confrontado com a China, pois já o são em relação aos norte coreanos, está próximo o dia que, como nas produções hollywoodianas, a população estadunidense será formada por zumbis, ameaçando os fortificados condomínios da minoria humana.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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